sábado, 19 de abril de 2014

16 argumentos que mostram que Cristo não morreu pela salvação de todos os homens


Por John Owen


1. Dois argumentos baseados na natureza do novo concerto

Argumento 1 - Em Mateus 26:28 o Senhor Jesus Cristo fala de "o meu sangue, o sangue do Novo Testamento". Este novo "testamento", ou "concerto" é um novo acordo, ou contrato, que Deus fez para salvar os homens. O sangue de Cristo derramado em Sua morte, é o preço desse acordo, e diz respeito somente àqueles a quem o acordo se aplica.

Este novo acordo, ou aliança, é diferente do velho acordo que Deus fez com os homens. Pelo velho acordo (ou concerto) Deus prometeu salvar todos os que guardassem as Suas leis: "o homem que fizer estas coisas viverá por elas". (Romanos 10:5; Levítico 18:5). Mas, em razão dos homens serem pecadores, eles não podem guardar as leis de Deus. Portanto, o velho acordo ficou sem efeito.

No novo acordo, Deus promete colocar Suas leis em nossas mentes e escrevê-las em nossos corações (Hebreus 8:10). É claro, então, que esse acordo diz respeito somente àqueles em cujos corações e mentes Deus realmente faz isso. Desde que Deus, obviamente, não faz isso para todos os homens, todos os homens não podem estar incluídos no acordo pelo qual Cristo morreu.

Alguns têm sugerido que Deus iria escrever Sua lei em nossas mentes se apenas crêssemos. Mas, fé é a mesma coisa que ter a lei de Deus escrita em nossos corações!

Então, falar como alguns, significa dizer: "se a lei está em nossos corações (isto é, como ela é, em todos os crentes), Deus promete que Ele irá escrever Sua lei em nossos corações" - o que é uma tolice! A natureza do novo concerto deixa claro que a morte de Cristo não foi por todos os homens.

Argumento 2 - O evangelho - em outras palavras, as novas sobre o novo concerto - tem estado no mundo desde os tempos de Cristo. Contudo, nações inteiras têm vivido sem qualquer conhecimento dele. Se o objetivo da morte de Cristo era salvar todos os homens, sob a condição de que eles cressem, então o evangelho devia ter sido anunciado a todos os homens.

Se Deus não providenciou para que todos os homens ouvissem o evangelho, então, ou deveria ser possível que todos os homens fossem salvos sem fé e sem conhecimento do evangelho, ou o propósito de salvar todos os homens falhou, uma vez que nem todos os homens ouviram o evangelho. A primeira afirmativa não pode ser verdadeira, pois a fé é uma parte da salvação (ver Parte Dois, capítulo cinco). A última afirmativa também não pode ser verdadeira; seria próprio da sabedoria de Deus enviar Cristo para morrer a fim de que todos os homens fossem salvos, sem, contudo, certificar-Se de que todos os homens ouvissem o evangelho? Seria a benignidade de Deus demonstrada através de tal comportamento?

Isso seria como se um médico dissesse que tem um remédio que curaria a doença de todos. E, no entanto, escondesse, deliberadamente, tal conhecimento de muitas pessoas. Poderíamos realmente argumentar, nesse caso, que o médico pretendia, genuinamente, curar a doença de todos?

Há muitos versículos bíblicos que deixam claro que milhões jamais ouviram uma palavra sobre Cristo. E não podemos apresentar outra razão para isso, senão a razão que o próprio Jesus deu: "Sim, ó Pai, porque assim te aprouve". (Mateus 11:26). Tais versículos como Salmo 147: 19-20; Atos 14: 16; Atos 16: 6-7; confirmam os fatos de nossa experiência comum de que o Senhor não tomou qualquer providência para assegurar que todos ouvissem o evangelho. Precisamos concluir que não é propósito de Deus salvar todos os homens.

2. Três argumentos baseados nas descrições bíblicas da salvação

Argumento 3 - As Escrituras descrevem o que Jesus Cristo obteve com Sua morte como "redenção eterna" (isto é, nossa libertação do pecado, da morte e do inferno, para sempre). Ora, se esta bênção foi comprada para todos os homens, então todos os homens têm esta redenção eterna automaticamente; ou ela está à disposição de todos os homens na dependência do cumprimento de certas condições.

De acordo com nossa experiência, não é verdade, de maneira alguma, que todos os homens têm redenção eterna. Portanto, seria a redenção eterna disponível sob certas condições?

Pergunto, Cristo satisfez essas condições por nós, ou apenas nos tornamos merecedores do cumprimento dessas condições se outras condições forem cumpridas por nós? A primeira dessas afirmativas - que Cristo realmente cumpriu todas as condições necessárias quanto ao dom da redenção eterna - significa que todos os homens têm realmente essa redenção; o que, como já temos visto, não concorda com nossa experiência a respeito dos homens! Temos que dizer, portanto, que se Cristo não cumpriu as condições para que todos os homens obtivessem a redenção, Ele deveria ter cumprido essas condições apenas por aqueles que cumpririam outras condições. Estamos agora andando em círculos, fazendo com que aquelas condições que foram cumpridas dependam de que outras condições sejam cumpridas! Estes argumentos demonstram quão irracional é supor que Cristo morreu a fim de obter a salvação eterna para todos os homens.

Se insiste ainda que a redenção eterna é obtida sob o cumprimento de certas condições, então, todos os homens deveriam ser notificados. Mas, esse conhecimento lhes tem sido sonegado, como vimos na Terceira Parte, capítulo um.

Além disso, se a obtenção da redenção eterna depende do homem cumprir condições, então ou eles têm ou não têm o poder para fazer isso. Se são capazes por si mesmos de cumprir as condições necessárias, então temos que dizer que todos os homens podem, por si mesmos, crer no evangelho. Mas isto é bastante contrário às Escrituras, as quais mostram que os homens estão mortos em pecado e, portanto, não podem cumprir quaisquer condições.

Se concordamos que os homens não podem, por si mesmos, cumprir as condições para a obtenção da salvação eterna, então, ou Deus intenta dar-lhes esta habilidade, ou não. Se Ele realmente intenta isto, então, por que não o faz? Assim, todos os homens seriam salvos.

Se, entretanto, Deus não pretende dar a todos os homens a capacidade de crer, e, contudo, Cristo morreu para que todos os homens tenham a salvação eterna, então, Deus está requerendo dos homens que tenham habilidades as quais Ele recusa dar-lhes. Isto não seria uma loucura? É como se Deus prometesse dar a um homem morto o poder de vivificar-se a si mesmo, mas ao mesmo tempo não tenha a intenção de lhe dar o poder prometido!

Argumento 4 - A Bíblia descreve cuidadosamente aqueles pelos quais Cristo morreu. Lemos que toda a raça humana pode ser dividida em dois grupos, e que Cristo morreu apenas por um desses grupos.

Os versículos bíblicos que mostram que Deus dividiu os homens em dois grupos são:

Mat. 25:12 e 32 Jo. 10:14,26
Jo. 17:9, 1Ts. 5:9
Rom. 9:11-23


Daí aprendemos que há aqueles a quem Deus ama, e aqueles a quem Ele odeia; aqueles a quem Ele conhece, e aqueles a quem Ele não conhece.

Outros versículos deixam claro que Cristo morreu apenas por um destes dois grupos. É-nos dito que Ele morreu por:

Seu povo - Mt. 1:21
Suas ovelhas - Jo. 10:11,14
Sua igreja - At. 20:28
Seus eleitos - Rom. 8:32-34
Seus filhos - Heb. 2:13

Acaso não deveríamos concluir, de tudo isso, que Cristo nã morreu por aqueles que não são Seu povo, ou Suas ovelhas, ou Sua Igreja? Ele não pode, portanto, ter morrido por todos os homens.

Argumento 5 - Não devemos descrever a salvação de nenhuma maneira diferente daquela que a Bíblia a descreve. E a Bíblia não diz, em lugar algum, que Cristo morreu "por todos os homens", ou por cada homem em particular. Ela diz que Cristo deu Sua vida "em resgate de todos"; entretanto, isso não pode provar que signifique mais que "todas as Suas ovelhas" ou "todos os Seus eleitos". Se estudarmos cuidadosamente qualquer versículo que emprega a palavra "todos" e o examinarmos em seu contexto, logo estaremos convencidos de que, em lugar algum, as Escrituras dizem que Cristo morreu por todos os homens, sem exceção de nenhum.

(Na Quarta Parte, capítulos três e quatro, vamos considerar, detalhadamente, muitos versículos bíblicos nos quais as palavras "mundo" e "todos" são usadas em conexão com a morte de Cristo.)

3. Dois argumentos baseados na natureza da obra de Cristo

Argumento 6 - Há muitos versículos bíblicos que falam do Senhor Jesus Cristo tornando-Se responsável por outros na Sua morte; por exemplo:

Ele morreu por nós - Rom. 5:8
Foi feito maldição por nós - Gál. 3:13
Foi feito pecado por nós - 2Co. 5:21

Tais expressões deixam claro que qualidade de substituto de outro.

Ora, se Ele morreu em lugar de outros, segue-se que todos aqueles cujo lugar Ele tomou devem estar agora livres da ira e do julgamento de Deus. (Deus não pode punir justamente Cristo e aqueles a quem Ele substituiu!) Contudo, está claro que nem todos os homens estão livres da ira de Deus (ver João 3:36). Portanto, Cristo não pode ter sido o substituto de todos os homens.

Se insiste ainda que Cristo realmente morreu como um substituto de todos os
homens, então devemos concluir que Sua morte não foi um sacrifício bastante suficiente, pois nem todos os homens são salvos do pecado e do julgamento!

De fato, se Cristo realmente morreu em lugar de todos os homens, então, ou Ele Se ofereceu a Si mesmo como um sacrifício por todos os pecados deles (neste caso, todos os homens são salvos), ou foi um sacrifício por alguns dos pecados deles apenas (neste caso, ninguém é salvo, pois alguns pecados permanecem). Nem uma nem outra dessas declarações pode ser verdadeira, como nós já temos visto neste livro (Primeira Parte, capítulo três). Deve ser evidente que não podemos dizer, de maneira alguma, que Cristo morreu por todos os homens.

Argumento 7 - As Escrituras descrevem a natureza da obra que Cristo realizou, como a obra de um mediador e de um sacerdote:

Ele "é Mediador dum novo Testamento" (Hebreus 9:15). Ele age como um mediador sendo o sacerdote daqueles que Ele leva a Deus. Que Jesus Cristo não é o sacerdote de todos é óbvio, tanto pela experiência como pelas Escrituras; nós já discutimos isso na Segunda Parte, capítulo dois.

4. Três argumentos baseados na natureza da santidade e da fé

Argumento 8 - Se a morte de Cristo é o meio pelo qual aqueles por quem Ele morreu são purificados do pecado e são santificados, então Ele deve ter morrido somente por aqueles que realmente estão limpos de pecados e santificados. É óbvio que nem todos os homens são santificados. Portanto, Cristo não morreu por todos os homens.

Talvez eu deva provar que a morte de Cristo é, de fato, o meio para obter a purificação e a santidade. Vou fazer isso de duas maneiras:

Primeira, o padrão de adoração do Velho Testamento destinava-se a ensinar verdades a respeito da morte de Cristo. O sangue dos sacrifícios do Velho Testamento fez com que aqueles por quem era derramado se tornassem adoradores aceitáveis a Deus. Se foi assim, quanto mais o sangue de Cristo deve realmente purificar do pecado aqueles por quem Ele morreu? (Hebreus 9: 13-14).

Segunda, há versículos bíblicos que declaram com clareza que a morte de Cristo faz realmente as coisas que ela intencionava fazer; o corpo do pecado é destruído, para que não mais sirvamos ao pecado (Romanos 6:6); temos redenção através do Seu sangue (Colossenses 1: 14); Ele Se deu a Si mesmo para nos remir e nos purificar (Tito 2: 14). Estes versículos, e muitos outros, enfatizam que a santidade é o resultado certo nas vidas daqueles por quem Cristo morreu. Visto que todos os homens não são santos, Cristo não morreu por todos os homens.

Alguns sugerem - inutilmente! - que a morte de Cristo não é a única causa dessa santidade. Dizem que ela somente se torna verdadeira ou real quando o Espírito Santo a traz, ou quando é recebida por fé. Mas a obra do Espírito Santo, e o dom da fé, são também o resultado ou o fruto da morte de Cristo! Assim sendo, essa sugestão não altera o fato que a verdadeira santidade é o resultado certo somente nas vidas daqueles por quem Cristo morreu. O fato do juiz dar permissão ao carcereiro para destrancar a porta da prisão, não é a causa do prisioneiro ser posto em liberdade; a causa é que alguém pagou seus débitos por ele.

Argumento 9 - A fé é essencial à salvação. Isso é claro nas Escrituras (Hebreus 11:6) e a maioria das pessoas aceita o fato. Mas, como já temos visto, tudo que é necessário para a salvação foi obtido para nós por Cristo.

Ora, se esta fé essencial é obtida para todos os homens por Cristo, então é nossa com ou sem certas condições. Se é sem condições, então todos os homens a têm. Mas isso é contrário à experiência, e também às Escrituras (2 Tessalonicenses 3:2). Se a fé é dada somente sob certas condições, então eu pergunto: sob que condições?

Alguns dizem que a fé é dada sob a condição de que nós não resistamos à graça de Deus. Contudo, não resistir significa, realmente, obedecer. Obedecer significa crer. Portanto, o que estes amigos realmente estão dizendo é: "a fé é concedida somente àqueles que crêem" (isto é, àqueles que têm fé!). Isso é completamente absurdo.

Por outro lado, alguns argumentam que a fé não é obtida para nós pela morte de Cristo. Então, seria a fé um ato de nossa própria vontade? Mas isso é bastante contrário àquilo que muitos versículos bíblicos ensinam, e ignora o fato de que os incrédulos estão mortos em pecados, incapazes de realizar qualquer ato espiritual (I Coríntios 2:14). Portanto, volto à posição de que a fé é obtida por Cristo. 

A fé é uma parte essencial da santidade. No Argumento 8, mostrei que a santidade é obtida para nós pela morte de Cristo. Portanto, Ele também obteve a fé para nós. Negar isso é dizer que Ele obteve apenas uma santidade parcial, isto é, uma fé deficiente. Ninguém sugere isso seriamente. Mais ainda, Deus escolheu Seu povo, como nos é dito, a fim de que ele fosse santo; Deus "nos elegeu ... para que fôssemos santos" (Efésios 1 :4). Repetindo, a fé é uma parte essencial da santidade. Ao eleger Seu povo para ser santo, necessariamente Deus decidiu que ele teria fé.

Era parte do pacto entre Deus, o Pai, e Deus, o Filho, que todos aqueles por quem Cristo morreu tivessem as bênçãos que o Pai tencionava dar-lhes. A fé é uma das bênçãos que o Pai dá (Hebreus 8:10,11).

As Escrituras afirmam claramente que a fé é obtida para nós por Jesus Cristo, que é "o autor e consumador da fé" (Hebreus 12:2). Declarações como esta e as declarações dos três parágrafos acima, que acabamos de ler, confirmam, todas elas, que a morte de Cristo obtém fé para Seu povo. Visto que não são todos os homens que a têm, Cristo não pode ter morri do por todos os homens.

Argumento 10 - O povo de Israel era, de muitas maneiras, uma espécie de ilustração da Igreja de Deus do Novo Testamento (I Coríntios 10:11). Seus sacerdotes e sacrifícios eram exemplos daquilo que Jesus viria fazer pela Igreja de Deus. Jerusalém, a cidade deles, é usada como uma figura do céu do crente (Hebreus 12:22).

Um verdadeiro israelita é um crente (João 1:47) e um verdadeiro crente é um israelita (Gálatas 3:29). Portanto, eu argumento da seguinte maneira:

Se a nação dos judeus foi escolhida por Deus, entre todas as nações do mundo, para ilustrar Suas relações com a Igreja, segue-se, então, que a morte de Cristo foi somente pela Igreja e não pelo. mundo todo. A maneira como Deus tratou o Seu povo escolhido no Velho Testamento é uma ilustração de que a salvação obtida por Cristo não é para todos os homens, mas é apenas para o Seu povo escolhido.

5. Um argumento baseado no significado da palavra "redenção"

Argumento 11 - A maneira como a Bíblia descreve uma doutrina deve nos ajudar a entender a doutrina. Uma palavra bíblica que é usada para descrever a salvação obtida por Cristo é a palavra redenção. Exemplo: " ...temos a redenção pelo seu sangue" (Colossenses 1:14). Essa palavra significa "libertar uma pessoa do cativeiro através do pagamento de um preço". A pessoa não está redimida a não ser que seja libertada. Por isso, a própria palavra nos ensina que Cristo não pode ter obtido a redenção para aqueles que não estão livres. A redenção universal (assim chamada!) que finalmente deixa alguns ainda no cativeiro é uma contradição de termos.

O sangue de Cristo é realmente chamado de preço, e de resgate, em alguns versículos bíblicos (vide Mateus 20:28). Ora, o propósito de um resgate é obter a libertação daqueles pelos quais o preço é pago. É inconcebível que um resgate seja pago e a pessoa ainda continue prisioneira. Por conseguinte, como pode ser argumentado que Cristo morreu por todos os homens, quando nem todos os homens são salvos? Somente os que estão realmente livres do pecado podem ser aqueles por quem Cristo morreu. "Redenção" não pode ser "universal", como "romano" não pode ser "católico"! A redenção tem que ser particular, visto que somente alguns são redimidos.

6. Um argumento baseado no significado da palavra “reconciliação

Argumento 12 - Uma outra palavra que a Bíblia usa para descrever aquilo que
Cristo obteve mediante Sua morte, é a palavra reconciliação: "...inimigos... vos reconciliou." (Colossenses 1:21). Reconciliação quer dizer restaurar as relações de amizade entre duas partes que anteriormente eram inimigas. Na salvação, da qual a Bíblia nos fala, Deus é reconciliado conosco e nós somos reconciliados com Deus. 

Estas duas coisas têm que ser verdadeiras; a reconciliação de uma parte e da outra são dois atos separados, mas ambos são necessários para tornar uma reconciliação completa. É uma tolice sugerir que Deus, por intermédio da morte de Cristo, agora está reconciliado com todos os homens, mas que somente alguns homens estão reconciliados com Ele. Espero que ninguém sugira que Deus e todos os homens estão reconciliados desta maneira. Isso seria uma reconciliação capenga! Não há verdadeira reconciliação a menos que ambas as partes estejam reconciliadas uma com a outra.

O efeito da morte de Cristo foi a reconciliação tanto de Deus com os homens como os homens com Deus; "fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho" (Romanos 5:10) e "nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação." (Romanos 5:11). Ambas as reconciliações são, também, mencionadas em II Coríntios 5:19-20 - "Deus ... reconciliando consigo", e "vos reconcilieis com Deus"

Ora, como esta dupla reconciliação pode ser "reconciliada" com a noção de que
a morte de Cristo é para todos os homens, eu não posso entender! Porque, se todos os homens são, pela morte de Cristo, assim duplamente reconciliados, como pode acontecer que a ira de Deus esteja sobre alguns? (João 3:36). Sem dúvida alguma, Cristo somente pode ter morri do por aqueles que estão realmente reconciliados.

7. Um argumento baseado no significado da palavra " satisfação"

Argumento 13 - E verdade que a palavra satisfação não é usada na versão inglesa da Bíblia, com referência à morte de Cristo. Mas, aquilo que a palavra significa, isto é, "um pagamento total daquilo que é devido a um credor por um devedor" é um pensamento frequentemente usado no Novo Testamento, quando se refere à morte de Cristo.

Em nosso caso, os homens são devedores a Deus, pois falharam em obedecer aos Seus mandamentos. A satisfação requerida para pagar nosso pecado é a morte - "o salário do pecado é a morte" (Romanos 6:23). As leis de Deus nos acusam, expressando a justiça e a verdade de Deus. Perante elas estamos convictos de que somos seus transgressores, merecendo, portanto, morrer. A salvação só é possível se Cristo pagar nosso débito e, assim, satisfazer a justiça de Deus. Sua morte é chamada de uma "oferta" (Efésios 5:2) e de "propiciação" (l João 2:2). A palavra oferta significa um sacrifício de expiação ou um sacrifício para fazer reparação devido o pecado.

Propiciação significa uma oferta para satisfazer a justiça ofendida. Dessa forma, podemos usar corretamente a palavra satisfação para abranger todo o ensino bíblico quanto ao significado da morte de Cristo.

Ora, se Cristo pela Sua morte realmente fez uma satisfação por alguns, então Deus precisa agora estar completamente satisfeito com eles. Deus não pode requerer licitamente um segundo pagamento de qualquer espécie. Então, como pode ser que Cristo tenha morrido por todos os homens e ainda muitos vivam e morram como pecadores sob a condenação da lei de Deus? Reconciliem essas coisas aqueles que podem! Afirmo que somente os que estão realmente livres do débito nesta vida podem ser aqueles pelos quais Cristo pagou a satisfação.

8. Dois argumentos baseados no valor da morte de Cristo

Argumento 14 - O Novo Testamento fala, frequentemente, do valor da morte de Cristo, com a qual Ele pôde comprar e obter certas coisas. Exemplo: é dito que a redenção eterna é obtida "por seu próprio sangue" (Hebreus 9:12); é dito que a Igreja de Deus foi resgatada "com seu próprio sangue." (Atos 20:28); e os cristãos são chamados "povo adquirido" (I Pedro 2:9).

Cristo por Sua morte, então, comprou para todos aqueles por quem Ele morreu, todas aquelas coisas que a Bíblia salienta como resultados de Sua morte. O valor da Sua morte comprou a libertação do poder do pecado e da ira de Deus, da morte e do poder do diabo, da maldição da lei e da culpa do pecado. O valor da Sua morte obteve a reconciliação com Deus, paz e redenção eterna. Estas coisas são agora dons gratuitos de Deus, porque Cristo as comprou. Se Cristo morreu por todos os homens, por que então todos os homens não têm essas coisas? Será que o valor da Sua morte não é suficiente?

Será que Deus é injusto por não dar a todos aquilo que Cristo comprou? Tem que ser óbvio que Cristo não pode ter morrido para adquirir essas coisas para todos os homens, e sim somente para aqueles que realmente desfrutam delas.

Argumento 15 - Há frases que são frequentemente empregadas para se fazer referência à morte de Cristo, tais como: morrendo por nós; suportando nossos pecados; sendo nossa segurança. O significado evidente de tais frases é que Cristo, em Sua morte, foi um substituto de outros para que eles pudessem ser livres.

Se, em Sua morte, Cristo foi um substituto de outros. como podem eles mesmos morrerem também, carregando ainda seus próprios pecados? Assim sendo, Cristo não pode ter sido um substituto a favor deles. Daí, fica claro que Ele não pode ter morrido por todos os homens.

De fato, dizer que Cristo morreu por todos os homens é a maneira mais rápida de provar que Ele não morreu por ninguém. Porque se Ele morreu em lugar de todos, e, contudo, nem todos são salvos, então Ele falhou em Seu propósito.

9. Um argumento geral baseado em versículos específicos das Escrituras 

Argumento 16 - Há um grande número de versículos bíblicos que eu poderia usar para argumentar que Cristo não morreu pelos pecados de todos os homens. Vou selecionar apenas nove, e, com eles, encerrar nossos argumentos nesta parte.

1. Gênesis 3: 15. Este é o primeiro versículo bíblico no qual Deus indica que há uma diferença entre o povo de Deus e seus inimigos. "...sua semente" (da mulher) significa Jesus Cristo e, portanto, também todos os crentes em Cristo. (Isto é claro a partir do fato de que a profecia sobre a semente da mulher é cumprida em Cristo e em Seu povo). "...tua semente" (da serpente) significa todos os homens incrédulos do mundo (Vide João 8:44). Desde que Deus prometeu somente inimizade entre a semente da serpente e a semente da mulher, é óbvio que Cristo, a semente da mulher, não morreu pela semente da serpente!

2. Mateus 7:23. Cristo aqui declara que há pessoas que Ele jamais conheceu. Contudo, em outro lugar (João 10:14 a 17) Ele diz que conhece todo o Seu povo. Será que Ele não conhece todos aqueles por quem morreu? Se há alguns que Ele não conhece, então Ele não pode ter morrido por eles.

3. Mateus 11:25-27. Conforme estas palavras, é claro que há alguns dos quais Deus esconde o evangelho. Se é a vontade do Pai que o evangelho não seja revelado a eles, Cristo não pode ter morrido por eles. E nós devemos notar que Cristo, aqui, agradece ao Pai por fazer esta diferença entre homens - uma diferença que somente alguns homens ainda se recusam a acreditar!

4. João 10:11, 15-16, 27-28. Destes versículos fica bastante claro que:

I. Nem todos os homens são ovelhas de Cristo.
II. A diferença entre os homens um dia será óbvia.
III. As ovelhas de Cristo são identificadas como "aquelas que ouvem a voz de Cristo"; outros não a ouvem.
IV. Alguns que ainda não são identificados como ovelhas já estão escolhidos e se tornarão conhecidos ("outras ovelhas").
V. Cristo morreu, não por todos, mas especificamente por Suas ovelhas.
VI. Aqueles por quem Cristo morreu são os que Lhe foram dados pelo Pai. Ele não pode, então, ter morrido por aqueles que não Lhe foram dados.

5. Romanos 8:32-34. Destes versículos entendemos com clareza que a morte de Cristo pertence somente ao povo eleito de Deus e, também, que a intercessão de Cristo é somente em favor desse mesmo povo.

6. Efésios 1: 7. A partir deste versículo, podemos dizer que se o sangue de Cristo foi derramado por todos, então todos devem ter esta redenção e este perdão. Mas, certamente, nem todas as pessoas os possuem.

7. II Coríntios 5:21. Portanto, em Sua morte Cristo foi feito pecado por todos aqueles que nEle foram feitos justiça de Deus. Se Ele foi feito pecado por todos, então, por que todos não são feitos justiça?

8. João 17:9. A intercessão de Cristo não é por todos os homens, e, portanto, nem a Sua morte o foi. (Ver Segunda Parte, capítulos quatro e cinco).

9. Efésios 5:25. Cristo ama a Igreja e isto é um exemplo de como um homem deve amar a sua esposa. Mas se Cristo amou outros tanto quanto a Sua Igreja, até ao ponto de morrer por eles, então os homens podem certamente amar outras mulheres além de suas esposas!

Pensei que poderia acrescentar outros argumentos - mas, considerando aquilo que já disse, estou certo de que o que já foi argumentado é bastante para satisfazer os que se satisfarão com argumentos; no entanto, aqueles que são obstinados não se satisfarão ainda que eu inclua outros argumentos. Portanto, encerro meus argumentos aqui

***
Fonte: John Owen, Por quem Cristo morreu, págs. 49-70. Editora PES - 1986.

Nao existe uma doutrina perfeita?

Você escreve que "não há mesmo uma doutrina tida como correta, perfeita etc., e acho que isso é uma regra deixada de propósito pelo próprio Deus que, na sua infinita sabedoria, já previa que essas coisas [as diferentes religiões com suas diferentes doutrinas] aconteceriam". Discordo de você. Deus jamais deixaria o homem sem recursos para adorar em espírito e em verdade. A sã doutrina é claramente ensinada nas epístolas (não ainda no Antigo Testamento, quando a igreja ainda não havia sido formada) e a confusão que os homens fazem nada tem a ver com Deus.



Esse modo de pensar é o mesmo que insinuar que o Espírito Santo estava de gozação, quando disse por intermédio de Paulo a Tito: "Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes... Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina." (Tt 1:9; 2:1).

Deus nos deixou a "sã doutrina", porém a confusão que se espalhou pela cristandade é fruto da falta de fé do homem em crer no que Deus disse e o cumprimento do que foi dito aqui: "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências." (2 Tm 4:3).

Você conclui que Deus teria deixado o homem no escuro, sem uma doutrina certa e viável, para que "ninguém venha a se gloriar de si mesmo nem tampouco de sua denominação". Isto soa estranho, pois Deus não criou nenhuma denominação e todas elas são, portanto, fruto da desobediência do homem. Por mais cristãos sinceros e verdadeiros que existam nelas, nenhuma foi autorizada por Deus. Ao contrário, a Palavra nos exorta a não fazermos divisão entre irmãos (o que é exatamente o que uma denominação faz, inclusive identificando-os por diferentes nomes).

Você continua dizendo que acredita que eu mesmo não esteja totalmente livre de cometer um ou outro erro, excesso, omissão ou mesmo má interpretação de alguma passagem das Sagradas Escriturar, por eu também ser humano e passível de erros, como qualquer outro. Evidentemente, mas o fato de eu ser passível de erros não é desculpa para distorcer ou me afastar daquilo que Deus ensina em sua Palavra. Se não entendo ou enxergo algo, devo ficar submisso ao Espírito Santo e à Palavra até que Deus me dê entendimento.

Mas certas coisas são evidentes demais na doutrina dos apóstolos, quando as comparamos com os sistemas que os homens criaram. A falha do homem não compromete jamais o fato de que Deus nos deixou tudo o que precisávamos para obedecê-lo, "visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude." (2 Pe 1:3). Se usarmos o mesmo raciocínio que você usou poderíamos pecar à vontade, pois se Deus sabia que iríamos pecar, então já não é mais uma responsabilidade nossa, e acabamos dividindo a culpa com Deus.

por Mario Persona

segunda-feira, 14 de abril de 2014

O que fez Jesus ficar assim? “Nem parece que foi há dois milênios”.

Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno? (Mt.23.33)

O que o fez ficar assim? Ou: “Nem parece que foi há dois milênios”.
Foi essa raça que o tirou do sério. E que ele não pensou duas vezes em desmascarar. Como eles eram?
E esse será o choque de gerações que está preparado para os últimos dias: a geração da serpente e a dos profetas de Deus. A raça de víboras e a raça de adoradores. Fiquemos do lado de quem nunca perdeu uma batalha, simplesmente porque é invencível: Jesus Cristo, o nosso general.


Jesus na maioria do tempo era calmo, manso amoroso. Não eram comuns rompantes de agressividade. Para falar a verdade temos somente um incidente digno de nota registrado nos sinóticos, que é a pouco discreta visita que ele faz ao templo e aos vendilhões que ali estavam.

Nesta passagem a Mateus ele ataca com convicção os fariseus, de uma forma que ainda não tinha sido vista. Antes dele, só João Batista havia, por assim dizer, pegado pesado na mensagem, em Mateus 3:7, e se dirigindo a quem? Sim, aos mesmos fariseus. Homens que estão cada vez mais atuais.

Serpentes e raça de víboras, foi os termos que ele usou. E não o fez por acaso. A serpente, figura metafórica do diabo, sempre se apresentou como a grande inimiga de Deus e da igreja. Em Apocalipse 12:9 satanás é apresentado como ‘a grande serpente’. Ou seja, se ele é a grande, é porque existem outras, menores, que participam de sua mesma natureza, que o imitam, como se fossem iguais a ele, ou, como bem diz o Salvador, fosse de sua raça.

Mt. 23:1-4. Suas palavras não condiziam com suas ações. Serpentes usam máscaras. Trocam várias vezes de pele durante suas vidas. Suas decisões não são tomadas de acordo com o que é certo, mas sim de acordo com o que lhe é conveniente, o que lhes trás vantagens. Veja o caso dos fariseus. Entre dar ouvidos ao Messias e arrumar uma série de confusões com o Império Romano ou simplesmente eliminar o jovem filho de um carpinteiro humilde da Galileia, o que eles escolheram?

MT. 23:5-7. Os fariseus amavam a glória dos homens. Eram muito vaidosos. Assim como muitos crentes destes dias finais, achavam que suas vestes (SUA APARÊNCIA) lhes conferiam mais santidade. Gostavam de ser reconhecidos, paparicados, bajulados.

Como nos dias atuais, onde os ministros promovem mais os seus nomes e de suas denominações do que o de Cristo, Senhor e Salvador, a tal ponto que suas imagens são pintadas do lado de fora das igrejas. Jesus, em João 5.41, diz: “Eu não aceito glória dos homens”.Ninguém pode querer aparecer mais do que Jeová. Ele não divide sua glória com ninguém. (Is. 42.8).

MT.23:13-16. Eles pregavam sua religião, e não o amor de Deus. Usavam sua posição de líderes espirituais para explorarem o povo, enganavam os mais humildes com uma doutrina corrompida para com isso tirarem vantagens. Viviam se digladiando para converterem os homens à sua crença, de modo que qualquer um que não fizesse parte dela estaria destinado á condenação. Em Marcos 9.38-40  vemos os discípulos indo pelo mesmo caminho, e sendo repreendidos por Jesus, como se dissesse: “O que isso? Só porque não é um dos doze não pode ser salvo?”. Será que é só em nossa igreja que há salvação?

MT. 23:23-24. Seus valores eram invertidos. Achavam que a oferta e o dízimo justificavam seus pecados. Exatamente como é ensinado hoje. Lembram da parábola do fariseu e do publicano (cobrador de impostos)? Até hoje tem gente na igreja achando que tem ‘licença para pecar’, uma espécie de ‘agente 666’ (lembra do 007, que tinha ‘licença para matar?), porque nas festas da igreja ofertas grandes quantias de dinheiro, doa o transporte, presenteia o pastor, etc. Com isso se sentem à vontade para fazer o que quiserem. Como disse Cristo, por fora parecem estar muito bem. Por dentro estão podres. E mal se dão conta disso.

Mt. 23:29-32. Os fariseus pertencem a uma geração que vem desde os primeiro reis de Israel: os perseguidores de profetas. Geração que tem seu ápice no casal Acabe e Jezabel. Uma geração que não suporta a verdade, a separação das trevas, a libertação do pecado, a restauração de vidas. Uma geração que se acostumou com a corrupção, com a hipocrisia, com as máscaras. E todas as vezes que Deus levanta homens e mulheres que, nas pegadas de Cristo, não se misturam com essas coisas, essas pessoas são perseguidas e mal vistas pela sociedade. São os estranhos, loucos, isolados, rebeldes. Assim como um dia disseram de Jesus. Assim como temos que estar preparados para ouvir. Mt,5.11,12 “Bem aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e disserem todo o mal contra vós por minha causa. Regozijai-vos e alegrai-vos, porque grande é o vosso galardão nos céus, pois assim perseguiram os profetas antes de vós”.

Pr Neto Curvina

Queimado em Nome do Senhor - Ronaldo Lidório

Ao dissertar sobre o caráter cristão, nossa posição diante de Deus e dos homens, daquilo que somos em
Cristo, até onde vai nosso compromisso, bem como sobre a intervenção de Deus em meio às crises pelas quais passamos, quero lhes mostrar justamente que Deus, soberanamente, dirige nossos passos para que entremos em consonância com Ele mesmo.

O escritor de Hebreus, no capítulo 12, traz para nós um elemento tremendamente sério, ao afirmar que “as coisas não abaladas permanecerão” (Hb 12:27): o que é abalável. Quando Deus resolve balançar as coisas não permanecem, são abaladas e devem sair de cena. O escrito trata então do que não pode ser abalado - que é justamente o “reino inabalável” de nosso Deus, pois nossas vidas, o reino, seus planos e o cumprimento delas estão baseadas não em como nós enxergamos, ou de acordo com o que arquitetamos, mas sim, na pessoa do nosso Deus. Depreendemos daí que tudo o que não é do reino inabalável em nós, certamente não permanecerá - só o que for baseado em Deus fica, o resto sai de cena, cai!

Em 1421, Diego Moranis, cristão conhecido ao sul da Espanha pelas suas ricas lojas de tecido, certo domingo após a siesta, momento em que todos os nobres andavam pelas ruas acompanhados de suas famílias, saiu correndo pelas ruas e praças rasgando roupas e gritando:

“Tenho tido mais lucro que devia; tenho pagado mal meus empregados; tenho roubado dízimos; não tenho ajudado viúvas e órfãos e escolho empregadas por me atraírem pela beleza, apesar de ter esposa. Oh! Deus queima o meu coração ou não poderei viver!”

Após três dias de joelhos na praça, com roupas rasgadas e sem comer ou beber, Moranis voltou para sua casa; havia um sorriso em seus lábios e um brilho em seus olhos. Reduziu o preço das mercadorias, aumentou o salário dos empregados, entregou os dízimos atrasados, abrigou órfãos e viúvas em sua casa e no sótão de suas lojas e pediu perdão em público à esposa e empregadas. Uma nova frase foi colocada abaixo do nome Diego Moranis esculpido nas lojas maiores - que dizia: “Queimado em nome do Senhor.
Quando conseguimos olhar para a Missão da Igreja como Deus vê, percebemos que uma alma vale muito mais que o mundo inteiro, e que grandes movimentos geralmente começam com um coração quebrantado. Perceberemos também que o Senhor nunca esteve, não está e jamais estará disposto a usar um povo que não seja santo.

Missões é uma ação com muitos perfis. Envolve chamado, preparo, treino, envio, manutenção, fidelidade e estratégia. Mas creio que olhando de perto o coração de Deus veremos que o caráter cristão fala mais alto do que a habilidade da igreja. Precisamos alcançar as nações, traduzir a Palavra e plantar igrejas até os confins da terra. Mas o Senhor chama por um povo santo e apenas o que está em Jesus - rocha inabalável - não será derribado! Antes de irmos às nações é preciso escrever: “Queimado em nome do Senhor.”

A obra de Deus em nossa obra


Por Abraham Kuyper


O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (1Ts 5:23)

A diferença entre santificação e boas obras precisa ficar bem entendida.

Muitos confundem as duas, e creem que santificação significa viver uma vida honrável e virtuosa; e, uma vez que isto é o mesmo que boas obras, a santificação, sem a qual nenhum homem verá a Deus, é tomada no sentido de um sincero e diligente esforço para fazer boas obras.

Mas este raciocínio é falso. A uva não deve ser confundida com a vinha, o relâmpago com o trovão, o nascimento com a concepção, não mais do que santificação com boas obras. A santificação é o grão, a semente da qual germinarão o caule e folhas das boas obras; mas, isto não identifica o grão com o broto. Aquele encontra-se no solo e através de suas fibras se agarra às raízes internamente. O último dispara do solo, externamente e visivelmente. Assim, a santificação é o implantar do germe, da disposição e da inclinação, os quais produzirão a florada e o fruto de uma boa obra.

Santificação é obra de Deus em nós, através da qual Ele concede aos nossos membros uma disposição santa, enchendo-nos interiormente com regozijo na Sua lei com repugnância ao pecado. Mas boas obras são atos de homem, que brotam desta disposição santa. Por conseguinte, a santificação é a fonte de boas obras, a lâmpada que brilhará com a sua luz, o capital do qual elas são o dividendo.

Permita-nos repetir: Santificação é uma obra de Deus; boas obras são de homens. A santificação opera internamente; boas obras são externas. A santificação comunica algo ao homem, as boas obras tiram algo dele. A santificação força a raiz dentro do chão, as boas obras forçam o fruto para fora da árvore frutífera. Confundir estes dois faz as pessoas se extraviarem.

O Pietista diz: A santificação é obra do homem; não se pode insistir nisso com ênfase suficiente. Trata-se do nosso melhor esforço para sermos santos. E o Místico mantém: Nós não podemos fazer boas obras, e não podemos insistir nelas, pois o homem é incapaz; só Deus pode operá-las nele, independentemente dele.

Naturalmente, ambos estão igualmente errados e não estão de acordo com a Escritura. O primeiro, ao reduzir a santificação a boas obras, tira-a das mãos de Deus a coloca sobre os homens, que nunca as podem executar; e o último, em fazendo as boas obras tomarem o lugar da santificação, libera o homem da tarefa que lhe foi designada e clama que Deus a executará. Ambos erros devem ser combatidos.

Tanto a santificação como as boas obras devem ser reconhecidas. Ministros da Palavra, e através deles o povo de Deus, devem entender que a santificação é um ato de Deus, que Ele executa no homem; e que Deus ordenou ao homem fazer boas obras para a glória do Seu nome. E isto terá efeito duplo: (1) O povo de Deus reconhecerá sua completa incapacidade para receber uma disposição santa que não seja como uma dádiva da graça livre, e então eles sinceramente orarão por esta graça. (2) Eles orarão para que os Seus eleitos, nos quais esta obra já foi operada, possam mostrá-la adiante, em obras que glorifiquem a Deus: ― assim como nos escolheu nEle (Jesus Cristo), antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele; e em amor (Ef 1:4).

Embora esta distinção seja bem clara, duas coisas podem causar confusão: Primeira, o fato de que a santidade pode ser atribuída às próprias boas obras. Alguém pode ser santo, mas também fazer boas obras. A Confissão, falando de Jesus Cristo, diz das tantas obras santas, que fez por nós e em nosso lugar [Confissão de Fé Belga — Artigo 22 — A Justificação Pela Fé Em Cristo]. Assim é que a santidade pode ser externa e interna.

A passagem seguinte refere-se não a santificação, mas a boas obras: Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento... (2Pe 3:11); segundo é santo Aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento (1Pe 1:15); de conceder-nos que, livres das mãos de inimigos, O adorássemos sem temor, em santidade e justiça perante Ele, todos os nossos dias (Lc 1:74-75).

Vemos que a palavra “santo” é utilizada em ambos, na nossa disposição interior e dos resultados dela, a vida exterior. Pode ser dito tanto da fonte como da água, que contém ferro; tanto da árvore como do fruto, que são bons; tanto da vela como da luz, que são claras. E, uma vez que santidade pode ser atribuída a ambas, a disposição interior e a vida exterior, santificação pode ser entendida como se referindo à santificação da nossa vida. Isto pode levar à suposição que uma vida exterior impecável é a mesma coisa que santificação. E se for assim, então santificação nada mais é senão uma tarefa imposta, e não um dom concedido. Deveria ser, portanto, cuidadosamente notado que a santificação da mente, das afeições e disposições não é obra nossa, mas sim de Deus; e que a vida santa a qual surge a partir daí é nossa.

Segunda, a outra causa de confusão são as muitas passagens da Bíblia que exortam e encorajam-nos a santificar, a purificar e a aperfeiçoar as nossas vidas, sim, mesmo a ― aperfeiçoar a nossa santidade (2Cor 7:1) e oferecermo-nos como servos para santificação (Ro 6:19); e a sermos isentos de culpa (1Ts 3:13).

E não devemos enfraquecer estas passagens, como os místicos o fazem; que dizem que estes textos significam, não que devêssemos oferecer os nossos membros, mas que Deus Ele Próprio tomará cuidado especial para que eles sejam assim oferecidos. Esses são truques que levam homens a brincar com a Palavra de Deus: É um abuso da Escritura, em benefício de introduzir as teorias próprias de alguém, sob a cobertura de autoridade divina. Os pregadores que, por medo de imporem responsabilidades sobre homens se abstêm da exortação, e cegam o fio dos mandamentos divinos por representa-los como promessas, tomam sobre si mesmos uma pesada responsabilidade.

Embora saibamos que nenhum homem jamais executou uma única boa obra sem Deus, quem nEle operou ambos, o querer e o executar; embora sinceramente concordemos com a Confissão, que diz que somos devedores a Deus pelas boas obras que fazemos e não Ele a nós... [Confissão de Fé Belga — Artigo 24 ― A Santificação — Referências Bíblicas: 1Co 1:30: 1Co 4:7; Ef 2:10]; e regozijamo-nos com o apóstolo no fato ― Pois somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas (Ef 2:10); ainda assim isto não nos absolve da tarefa de exortarmos os irmãos.

É um fato que apraz a Deus usar o homem como um instrumento, e pelo estímulo de sua própria capacidade e responsabilidade, incitá-lo à atividade. Um soldado da cavalaria, no campo de batalha, é bem ciente do quanto ele depende dos bons serviços do seu cavalo; e também de que o animal não pode correr a não ser que Deus o capacite. Sendo um homem reverente a Deus, ele ora antes de montar para que o Senhor capacite seu cavalo para trazer-lhe vitória; mas após haver montado, ele usa os joelhos e as esporas, relho e voz, ele usa toda sua força para fazer com que o cavalo faça o que deve fazer. E o mesmo é verdade na santificação. A menos que o sopro do Senhor mova-se no jardim da alma, nem uma folha pode mexer-se. Só o Senhor executa a obra, desde o início ao fim. Mas Ele a executa, parcialmente através de meios; e o instrumento escolhido muitas vezes é o próprio homem, que coopera com Deus. E a esta instrumentalidade humana a Bíblia se refere quando, com relação à santificação, ela nos admoesta a fazermos boas obras. Como na natureza Deus dá a semente e as forças e nutrientes no solo e na chuva e na luz do sol para o completo desenvolvimento natural do fruto da terra, enquanto que ao mesmo tempo Ele usa o agricultor para executar a Sua obra, assim também na santificação: Deus faz com que ela opera efetivamente, mas Ele usa o instrumento humano para cooperar consigo, assim como o serrote trabalha em conjunto com aquele que o maneja.

No entanto, isto não deveria ser entendido como se na santificação Deus Se houvesse feito absolutamente dependente do instrumento humano. Isto é impossível; por sua própria natureza o homem pode realmente danificar a santificação, mas nunca, jamais adicionalmente a ela. Por sua natureza ele a odeia e opõe-se a ela. Ademais, ele é absolutamente incapaz de produzir a partir da sua própria e corrupta natureza qualquer coisa que seja para o seu próprio crescimento em santificação. A cooperação instrumental do homem não deve, portanto, ser inapropriadamente tomada, por atribuir-se ao homem um poder para o bem, ou por obscurecer-se a obra de Deus.

É necessário uma cuidadosa discriminação. Aquele que implanta a disposição santa é o Senhor. Os esforços combinados de todos estes instrumentos não poderiam implantar uma única característica da mente santa, não mais do que todas as ferramentas juntas de um carpinteiro não podem produzir o rascunho do molde de um painel. O artista pinta sobre a tela; mas com todos os seus esforços, o seu cavalete, seus pincéis e sua caixa de tintas não podem nunca rascunhar uma única figura. O escultor molda a imagem; mas por si mesmos o seu cinzel, sua marreta e seu tamborete não podem nunca destacar uma única lasca do mármore rude. Gravar as características de santidade no pecador é uma obra do mais elevado sentido artístico, indizivelmente divina. E o Artista que a executa é o Senhor, como São Paulo O chama, O Artista e O Arquiteto da Cidade que tem fundamentos (Hb 11:10). O fato de que apraz ao Senhor utilizar-se de instrumentos para algumas partes da obra não concede aos instrumentos qualquer valor que seja, muito menos capacidade para alcançar qualquer coisa por si mesmos, sem o Artista. Ele é O único Operador.

Mas como Artista, Ele usa três instrumentos diferentes, a saber, a Palavra, Suas relações providenciais, e a própria pessoa regenerada.

1. A Palavra é um poder vital na Igreja, que penetra até ao ponto de dividir as juntas e tutano, e, como tal, é um instrumento divinamente decretado para criar impressões numa pessoa; e estas impressões são os meios pelos quais as inclinações santas são implantadas em seu coração.

2. Experiências de vida também nos causam impressões mais ou menos duradouras; e Deus usa estas também como instrumentos para criar disposições santas.

3. O terceiro instrumento refere-se ao efeito do hábito, do costume. Atos pecaminosos repetitivos fazem audacioso o pecador e criam hábitos pecaminosos; desta forma ele coopera para tornar-se um pecador ainda maior. Numa maneira similar o santo coopera para com a sua própria salvação, ao permitir que a disposição santa irradie-se em boas obras. O ato frequente de fazer o bem cria o hábito. O hábito gradualmente torna-se uma segunda natureza. E é esta poderosa influência do hábito, do costume, que Deus usa para ensinar-nos a santidade. Desta forma Deus pode fazer de um santo o instrumental na santificação de outro.

Um arquiteto constrói um palácio o qual o faz famoso, como um artista. É verdade que o contratante, uma pessoa importante no lugar, é quem erigiu a estrutura; mas o seu nome raramente é mencionado; toda a honra só é reservada para o arquiteto. Na santificação não é a Palavra por Si só que é efetiva, mas aquela Palavra manejada pelo Espírito Santo. Nem é só a experiência de vida, mas aquela experiência usada pelo Artista Santo. E nem tampouco é a pessoa regenerada que serve de exemplo e capataz, mas o Deus Triúno, glorioso, ao serviço de quem ele trabalha.


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Fonte: A Obra do Espírito Santo, Cultura Cristã, págs 493-497.
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domingo, 13 de abril de 2014

A Soberania de Deus | R.C. Sproul


O Sincretismo Neopentecostal


Por Thomas Magnum


Quando tratamos desse problema, não listamos isso somente como forma acusativa e crítica inconsequente. Diante da atual temática neopentecostal, principalmente em solo brasileiro, podemos tratar também da questão da linguagem utilizada em seus arraiais, nisso enquadramos a pregação, a música e o “dialeto” usado no contexto religioso e social da terceira onda do pentecostalismo. Também iremos tratar nesse artigo do problema semiótico, ou seja, do simbolismo empregado pelo movimento para disseminar suas ideias e crendices entre os fiéis. No campo semiótico temos, por exemplo, os pontos de contato, que segundo os líderes do neopentecostalismo servem de pontos de fé, ou mediadores de fé entre o fiel e o divino. O presente trabalho visa mostrar ao leitor que o misticismo e a forte ligação pagã católica estão entranhados na alma das igrejas neopentecostais. E que isso resulta de mentes carnais e que tem cedido às palavras da serpente que como seduziu Adão e Eva, tem seduzido desde os tempos remotos a inclinação religiosa do homem a cultuar seu próprio eu. Criando sua própria religião e ignorando a revelação de Deus a suas criaturas.

Discernimento Bíblico

Geralmente quando escrevo sobre erros doutrinários é comum receber algumas mensagens ou “conselhos” de crentes, citando Mateus 7.1: “Não julgueis, para que não sejais julgados”. Uma quantidade considerável de crentes toma por base esse texto e dizem ser errado julgar posicionamentos religiosos. Mas o que Jesus estava ensinando aqui? Ele estava proibindo todo e qualquer julgamento? Visto que em João Ele diz: Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça, João 7.24. Vemos que nem todo julgamento é proibido nas Escrituras, o Teólogo Reformado Willian Hendriksen esclarece: 

Aqui o Senhor condena o espirito de censura, o juízo áspero, a auto-justificativa em detrimento de outros e isso sem misericórdia, sem amor [1].


Ao analisarmos com mais atenção as recomendações Bíblicas vemos que o julgamento faz parte da preservação da são doutrina e da ordem na igreja do Senhor. Vejamos alguns textos bíblicos. 

Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro?1 Coríntios 5.12

Quanto àquele que provoca divisões, advirta-o uma e duas vezes. Depois disso, rejeite-o.Tito 3.10

Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. 1 João 4.1

Cuidado com os cães, cuidado com esses que praticam o mal, cuidado com a falsa circuncisão!” Filipenses 3.2

Alguns se desviaram dessas coisas, voltando-se para discussões inúteis, querendo ser mestres da lei, quando não compreendem nem o que dizem nem as coisas acerca das quais fazem afirmações tão categóricas.” 1 Timóteo 1.6-7

Dada essa introdução ao questionamento, iremos agora nos ater aos fatos do neopentecostalismo. 

A Linguagem 

Frases de efeito como: você é um vencedor, você é filho do Rei, é cabeça e não cauda. Jesus conquistou tudo na cruz, seu carro, seu emprego, seu casamento, seu sucesso. Ao compreendermos esse tipo de linguagem percebemos que não há muitas diferenças de palestras motivacionais ou livros de autoajuda. O fato de o homem moderno está imerso em desespero e angústia contribui para a fixação popular desses jargões. Como disse Sartre: o homem é angústia. 

A proliferação do sincretismo religioso nas igrejas neopentecostais eleva essa angústia que remete a religião do medo da idade média. Por outro lado, temos o negativo no que se refere a imposição de julgo sobre o fiel. A presença de encostos, demônios que precisam ser expulsos, de mapeamentos espirituais que precisam ser feitos, para repreenderem as “entidades” espirituais do governo de localidades são promotores ativos de prisão emocional e espiritual de muitas pessoas. 

A deificação do líder também é algo curioso. Um dia desses visitei uma irmã de uma igreja neopentecostal, ao entrar em sua casa observei que na parede tinha a foto do Pastor de sua igreja. Ela me disse que ele disse aos irmãos de sua igreja que fizessem isso, pois, afastaria o mal de seus lares. É interessante porque isso se assemelha muito a crença em padroeiros, algo bem forte no nordeste brasileiro, principalmente em cidades sertanejas. Vemos dentro do movimento lideres tomando literalmente o lugar de mediadores, usurpando o sacerdócio de Cristo e dispensando o ministério do Espirito Santo. 

A prática católica de pagamento de penitencias também é algo muito similar em igrejas neopentecostais. O crente tem que participar das campanhas financeiras, das correntes, das quebras de maldição e por aí vai. O interessante da história é que em tudo isso gira o capital financeiro. 

O pagamento das indulgências e desembolso de valores para de missas do sétimo dia, para que o ente falecido saia do purgatório tomou uma nova cara no neopentecostalismo. O contribuir não mais é fruto da gratidão do coração do cristão, mas, um pagamento por uma “vitória” que deseja se alcançar. A questão da obtenção das bênçãos de Deus por meio de obras e esforços humanos foi algo rebatido pelos reformadores, agora retorna em roupa nova aos arraiais evangélicos. As obras devem ser fruto da fé e não o contrário como disse Thiago:  

Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” Tiago 2.26

A Questão Semiótica

Quando falamos em semiótica nos referimos aos símbolos utilizados no neopentecostalismo, nisso iremos perceber o sincretismo presente dentro de tal movimento que não tem nada de pentecostal. Percebemos tal sincretismo principalmente no contexto brasileiro, devido à formação social e religiosa do país. 

Desde o período colonial com o catolicismo e depois as práticas religiosas dos povos africanos, que se misturando com a pajelança indígena deram origem ao fenômeno da religiosidade brasileira. A mistura do catolicismo e candomblé, depois do catolicismo com o pentecostalismo, a partir do surgimento do movimento carismático. Chegando finalmente na mistura de elementos pentecostais com baixo espiritismo. O dualismo presente, a figura pontifícia do líder maior, o valor da tradição em detrimento a doutrina bíblica. A idolatria e uso de pontos de contato para mediarem a fé do crente. 

É interessante sublinharmos aqui, a questão do líder maior que geralmente se distingue na nomenclatura: Apóstolo, Bispo, Patriarca, Anjo, Arcanjo. Entendemos essa questão hierárquica como o pensamento de um sumo pontífice. Isso leva o líder a ter de uma forma mais fácil o controle administrativo e psicológico do rebanho. A cega submissão, a divinização do líder, sua palavra “é Deus falando”. Cristo é diminuído como na pregação de Edir Macedo, diz ele que “Jesus não precisava ter feito o milagre de transformar água em vinho, não havia necessidade”. Outro fator importante para  mencionarmos é questão dos apetrechos, amuletos e superstições que estão presentes: a rosa, corredor do sal grosso, o manto ungido, campanha de troca de anjo da guarda, a campanha dos trezentos e dezoito, fogueira santa, escrever os pecados num pedaço de papel e queimar, ungir os pertences com óleo de Israel, ter uma foto do líder em casa e campanha do embelezamento. Isso é real, mas faço a pergunta, isso é bíblico?  Onde está na Bíblia algum Apóstolo ungindo seu cavalo? Onde está um discípulo trocando de anjo? Onde diz que Jesus mandou queimar os pecados numa fogueira? Ou enterrar os pecados? Como disse o pastor Lucinho? Ou cheirar a Bíblia? Ou fazer um quarto em casa para o Espirito Santo morar? Ou marcar território urinando? Ou a unção dos animais, em que cada pessoa imita um bicho? Absurdo é a única palavra que vem a mente.

A antiga crença católica que as imagens nos templos eram meios pedagógicos para os menos instruídos volta à tona no meio “evangélico”. As práticas romanas abomináveis, que precederam a reforma estão agora nas igrejas evangélicas. Pastores usando quipá judaico, com candelabros judaicos nos templos, esse fato não é novo como disse Salomão: O que foi isso é o que há de ser; e o que se fez isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol” (Eclesiastes 1.9). As igrejas da galácia foram assoladas por essas práticas judaicas, que judaizantes queriam inserir no culto cristão. O galacionismo continua, o gnosticismo continua, o docetismo ainda é presente. 

Paulo nos adverte: Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho”;

que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo. Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado!” (Gálatas 1.6-9). E ainda nos diz a Escritura: Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores.” (Mateus 7.15). Esses tais são os que tem erguido seu império religioso, vale citar mais uma advertência bíblica: 

Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. (2 Timóteo 3.1-5). 

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Divulgação: Bereianos