domingo, 23 de junho de 2024

O MODELO DE LIDERANÇA DE JESUS


Por uma Liderança Relevante e Inspiradora 

(II Co. 3.1-6)

¹ Porventura começamos outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recomendação para vós, ou de recomendação de vós?

² Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens.

³ Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.

⁴ E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;

Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,

⁶ O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica. 


Nesta segunda carta, o apóstolo Paulo responde a um ataque à sua liderança. 

Ele questiona: "Por que eu precisaria de uma carta, quando fui eu mesmo quem gerou vocês?" (I Co. 4.15). 

A liderança envolve autoridade, mas também pode facilmente se transformar em abuso de poder.


Princípio 1: Raízes no Coração**


Paulo desafia os impostores a mostrarem suas obras. 

Um líder relevante e inspirador é aquele cujo ministério tem raízes profundas no coração. 

Isso se reflete em um caráter santo e genuíno

A verdadeira liderança vai além do poder e busca impactar vidas de maneira positiva.


Paulo invoca dois grandes profetas: Ezequiel e Jeremias! 

O coração é terra sagrada onde só Deus caminha

Se o seu coração não for fiel, seu ministério será uma tragédia!


1. Que o seu ministério seja dependente de Deus: "A nossa capacidade vem de Deus." 

A liderança precisa ser dependente de Deus, 

baseada em Cristo e desenvolvida através do Espírito! Confie em Deus!


2. Que o seu ministério sinalize para o tempo das coisas novas: 

Novos tempos, eternas verdades! 

Antes que seja tarde demais! 


2. Jesus: o maior! (Rm. 11.36)

³⁶ Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. 


A NATUREZA DA LIDERANÇA DE JESUS


A Divindade de Jesus


É impossível — e, de certa forma, seria incorreto — pensar nas obras de Jesus sem considerar quem Ele é. Por isso, antes de ser feita uma análise sobre o modelo de liderança deixado por Jesus, é imprescin­dível que se faça uma reflexão a respeito da sua natureza.


No Evangelho escrito por João, encontram-se apenas sete milagres de Jesus, e cada um deles é acompanhado da expressão “Eu sou”, feita pelo próprio Senhor, o que indica que as suas obras resultam da sua essência, isto é, de quem Ele é.


Mas, afinal, quem é Jesus e qual a sua natureza? Como fruto da revelação divina, Pedro respondeu a essa pergunta e afirmou que Jesus é “o Cristo, o Filho do Deus vivo”            (Mt 16.16,17). 

Essa declaração foi um reconhecimento público da divindade de Jesus (Jo 14.5-11).

Por isso, todas as obras de Jesus decorrem e refletem o seu caráter divino, inclusive as suas ações como líder, razão por que o modelo de liderança que Ele deixou deve ser o padrão máximo de referência e ideal a ser alcançado, pois Jesus retrata perfeitamente aquilo que o Senhor Deus espera de um líder.


A Autoconsciência de Jesus


Uma das marcas mais visíveis e perceptíveis nas atitudes de Jesus é a plena consciência de que Ele sempre teve de ser o Filho de Deus (Mt 11.25-27). 

Por diversas vezes, a Bíblia registra o Senhor Jesus, quer fosse pregando, quer orando, reafirmando a sua natureza — ou seja, Ele não tinha dúvida de onde veio e nem de quem o enviou (Jo 16.28; 17.18-25).

A serenidade e a segurança com que Jesus enfrentou o interrogatório de Pilatos é de impressionar, e isso se deu justamente pela convicção do Mestre acerca de si mesmo, de quem o enviou e de que Ele estava sob os cuidados do seu Pai (Jo 18.36; 19.10,11). 

É essa mesma certeza que deu a Jesus as condições necessárias para lidar com equilíbrio e tranquilidade com Judas Iscariotes, que haveria de traí-lo (Jo 13.18,19).

Jesus deixa o exemplo de que o líder cristão deve ter plena cons­ciência da natureza do seu chamado e de quem o enviou.

Jesus e a Consciência de sua Missão

Ciente da sua natureza e de quem o enviou, Jesus pôde ter clareza sobre a sua missão, ou seja, do que Ele veio fazer no mundo. 


Essa consciência Ele teve desde muito cedo, conforme se vê nas firmes e convictas palavras que dirigiu aos seus pais quando estes o encontra­ram entre os doutores da Lei, conforme se lê: “[…] 

Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lc 2.49).


A verdade é que, em cada etapa da sua trajetória na terra, Jesus teve muita clareza acerca da sua missão, quer fosse sobre o seu mi­nistério como pregador (Mc 1.38), quer fosse da sua responsabilidade em servir e não ser servido (10.45), do momento em que Ele voltaria para o Pai (Jo 16.28), da certeza de que veio salvar os perdidos      (Lc 19.10) e de que daria a vida pelas suas ovelhas (Jo 10.11).


O conhecimento e a compreensão da sua missão terrena deram a Jesus as condições necessárias para lograr êxito em muitas frentes da sua liderança, dentre as quais se destacam duas aqui: 

I) Cumprir o seu papel mesmo diante das afrontas dos fariseus          (Lc 5.20-26); 


II) Manter-se fiel à mensagem a ser pregada, mesmo sabendo que a multidão iria rejeitá-lo e abandoná-lo (Jo 6.60-69). Assim como Jesus, o líder cristão deve ter consciência a respeito da sua missão e, assim, cumpri-la com fidelidade.


O MODELO DE LIDERANÇA DE JESUS


Uma Liderança Fundamentada no Amor


Do ponto de vista bíblico, nenhuma obra terá valor algum se não tiver o amor como a sua fonte. Em outras palavras, é o amor que valida e dá autenticidade a toda e qualquer ação da Igreja (1 Co 13). 

A igreja que estava em Éfeso é um exemplo de que nada adianta ser zeloso na doutrina, ter boas qualidades e ser dedicado ao trabalho pelo Reino de Deus se não tiver o amor          (Ap 2.1-7).


Tudo o que Jesus realizou no seu ministério terreno — como, por exemplo, os seus milagres, as suas pregações, os seus ensinamentos e o modelo de liderança que deixou — 

só foi possível porque Ele foi enviado pelo Pai, e isso aconteceu “porque Deus amou o mundo de tal maneira” (Jo 3.16). 

Desse modo, a base do ministério de Jesus, inclusive a sua liderança, é o amor.

Toda a trajetória de Jesus na terra foi, portanto, permeada pelo amor, só que nada traduz isso melhor do que a entrega da sua vida na cruz por amor da humanidade (Rm 5.6-8). 

Biblicamente, amor NÃO é sentimento e nem mesmo se demonstra em palavras, mas é traduzido em obras, assim como Deus provou o seu amor (1 Jo 3.11,16-19; 4.7-21).

O amor moveu e autenticou tudo o que Jesus fez, e assim devem ser aqueles que visam seguir o seu modelo de liderança.


Uma Liderança Sacrificial


Partindo do princípio da natureza divina de Jesus, qualquer análise a respeito da sua obra em favor da humanidade, inclusive a sua li­derança, deve começar com base na sua disposição em sacrificar-se em favor do outro; 

afinal de contas, o cumprimento da sua missão começou com a sua renúncia em ser igual a Deus,  a sua decisão em fazer-se servo e em tornar-se homem, para que finalmente pudesse padecer e morrer de forma humilhante (Fp 2.6-8).


Em Atos 10.38,39, está registrado o testemunho de Pedro acerca da disposição que Jesus teve durante o seu ministério terreno em movimentar-se em direção às pessoas para fazer-lhes o bem, mesmo sabendo que isso lhe custaria a própria vida, pois Ele viria a ser maltratado, humilhado e crucificado. 


Jesus liderou sob o modelo da liderança sacrificial.


Uma Liderança em Favor do Próximo


Depois de ter verificado a natureza divina da liderança de Jesus e o seu modelo sacrificial de liderança, 

esta lição volta-se para o fato de que o olhar do Mestre sempre esteve voltado para o outro e nunca para si mesmo. 

Firmado no princípio apresentado a Abraão de que nele todas as famílias da terra viriam a ser abençoadas (Gn 12.3), o Senhor Jesus replicou o que foi previsto pelo profeta Isaías e disse ter recebido a unção divina com vistas a abençoar outras pessoas; 

ou seja, Ele reconheceu estar cheio do Espírito Santo não para fins pessoais, mas, sim, para “evangelizar os pobres […], curar os quebrantados do coração […], apregoar liberdade aos cativos […], dar vista aos cegos […], pôr em liberdade os oprimidos”.                                (Is 61.1-3; Lc 4.18-19).


Destacam-se aqui dois acontecimentos relacionados ao ministério de Jesus: 

I) Aquele vez em que, depois de ter jejuado quarenta dias e de ter sido tentado pelo Diabo no deserto, Jesus teve fome, e o Diabo sugeriu-lhe que Ele transformasse pedras em pães, mas Jesus repreendeu-o ao dizer que o homem não vive só de pão, mas de ou­vir a palavra de Deus (Lc 4.3,4); 

e II) Aquela vez em que Jesus usou o seu poder para multiplicar cinco pães e dois peixes para saciar a fome de uma grande multidão. (Jo 6.1-15).


Eis a pergunta: Por que Jesus não transformou as pedras em pães para saciar a sua fome de quarenta dias sem comer, mas multiplicou os pães e peixes para saciar a fome de uma multidão que estava há horas sem comer?

Eis a resposta: Jesus nunca usou o seu poder para beneficiar-se a si mesmo, mas sempre se disponibilizou dEle para abençoar outras pessoas.

Jesus sempre liderou em favor dos seus liderados.


JESUS, UM LÍDER PRÁTICO


Um Líder Próximo de seus Liderados


Jesus não foi um líder de “gabinete”, mas sempre esteve entre os seus liderados, viveu entre eles, comeu com eles, conversou com eles, conheceu os seus dramas e atendeu-os nas suas necessidades (Hb 4.14-16). 

Jesus não esperava que as pessoas fossem a Ele, mas Ele mesmo se dirigia a elas com a finalidade de pregar-lhes o evangelho do Reino. (Lc 13.22).


Um exemplo significativo de que Jesus foi um líder que fez questão de estar entre os seus liderados e buscou liderar a partir da realidade de cada um deles é o seu ministério como pregador. 


Um dos métodos mais usados pelo Mestre foi a parábola, cujo termo significa “estar ao lado” e que objetivou facilitar a compreensão dos ouvintes ao transmitir verdades eternas e espirituais por meio de exemplos do cotidiano, como a agricultura, a dona de casa, a relação de pais e filhos, o cuidado do pastor com as suas ovelhas, a relação dos senhores com os seus servos e tantos outros.


Jesus pregava a partir da realidade dos seus ouvintes, como de­monstração de interesse por eles e de que compreendessem o que efetivamente Ele quis ensinar. 

Desse modo, o Mestre foi um líder que trabalhou entre os seus liderados e espera que os que por Ele foram chamados a exercer a liderança cristã sigam este mesmo modelo.


Uma Liderança Pautada na Oração


Não há um momento sequer nos registros bíblicos acerca do minis­tério terreno de Jesus no qual Ele não esteja em oração; aliás, Jesus não ensinou os discípulos a pregar e nem a liderar — pelo menos não teoricamente —, mas ensinou-os a orar (Lc 11.1-4).


Jesus orou em cada momento da sua passagem pela terra, como se vê: 

I) No início e durante todo o seu ministério (Mt 14.23; Lc 9.28);

II) Orou durante uma noite inteira para escolher os que seriam os seus apóstolos (Lc 6.12-16);

III) Orou antes de ser crucificado (Mc 14.32-42); 

IV) Orou durante a sua crucificação (15.34-35); 

V) Orou pelos discípulos que estavam com Ele e por aqueles que ainda viriam a ser os seus discípulos(Lc 22.32; Jo 17.20-21).

Sendo assim, um dos principais legados de Jesus como líder é, sem dúvida, a sua vida de oração, que deve ser imitada por aqueles que são chamados a atuar na liderança cristã na atualidade.


Uma Advertência à Liderança Cristã


Outra marca da liderança de Jesus que deve nortear a vida dos líderes cristãos na atualidade foi a sua discrição. 

Essa característica do ministério de Jesus assume um aspecto que ultrapassa o modelo a ser seguido e 

assume uma natureza exortativa e de advertência, pois não são poucos os que têm entrado pelo caminho da busca por popularidade e tem-se perdido e levado outros a perderem-se também.

Em primeiro lugar, Jesus não foi movido pela busca de populari­dade, mas sempre buscou manter-se fiel à missão que recebeu do Pai (Jo 6.60-71). 

Em segundo lugar, Jesus nunca investiu na sua imagem; aliás, Ele sempre se afastava quando a multidão era muito grande  (Lc 5.1-3,15,16). 


Se, no entanto, Ele não investiu na sua própria imagem, dedicou-se a investir no bom nome, como se vê no exemplo do cego de Jericó, que, embora não tivesse condições de conhecer a sua face em virtude da sua deficiência visual, conhecia bem o seu nome (Mc 10.46-52).

Deus prometeu engrandecer o nome de Abrão, mas não a Abraão, e isso porque pessoas passam, mas o nome permanece (Gn 12.2). 


Diante disso, o modelo deixado por Jesus e a ser seguido adverte a cada um dos que militam na liderança cristã a investir naquilo que realmente importa, isto é, no bom nome, e não na própria imagem.

Definitivamente, Jesus é o maior líder que já existiu, e o seu mo­delo de liderança deve ser perseguido por todos os líderes cristãos.


CONCLUSÃO


Ao término dessa jornada, ficam várias questões a ser respondidas a partir de uma reflexão profunda, sincera e per­manente sobre a necessidade de líderes cristãos fiéis, bem preparados, compromissados com a verdade do evangelho, capazes de dialogar com a sociedade atual sem corromper-se com o mundo e o seu siste­ma. 


Para que isso seja possível, faz-se necessário: 

I) Ter consciência da natureza do chamado, isto é, saber com clareza e firmeza quem o escolheu para liderar — em alguma medida — sobre a igreja; 


II) Conhecer os métodos deixados pelo Senhor como meios e instrumentos para a execução do trabalho da liderança cristã; 


e III) Estabelecer bem e com precisão os objetivos a ser alcançados no exercício da liderança cristã.


Tendo a certeza de que foi Deus quem o escolheu para trabalhar e cooperar com o que Ele está realizando no mundo por meio da sua Igreja, conhecer os métodos bíblicos e os objetivos preestabele­cidos por certo fará de você um líder cristão bem-sucedido, 


cujos frutos colhidos serão doces, não obstante os momentos amargos a ser enfrentados, assim como duradouros, ainda que para isso é preciso o aprofundamento das raízes, o que demanda tempo, dedicação e treinamento, incluindo leitura bíblica e oração.


Siga, portanto, os bons exemplos aqui expostos e dependa de Deus, e certamente o Senhor fará com que você triunfe sobre todas as adversidades inerentes ao exercício da liderança cristã.

Dostoievski escreveu: Se me dissessem que Cristo não é a verdade, eu diria:                     vai-te, verdade, pois tudo o que eu quero é Cristo!”

Jesus enfrentou, no deserto, as tentações do **ter** (fazer das pedras, pães); 

do **fazer** (atirar-se no vazio sem o risco de se ferir) 

e do **poder** (possuir os reinos do mundo).


Uma liderança completa


1. A difícil liderança da humildade

Jesus vivia uma humildade total

Se Jesus Cristo é o nosso supremo modelo de liderança, então nenhuma arrogância, prepotência, “nariz empinado”, postura de chefe, pode ser a nossa marca!


Jesus exerceu um ministério curto de três anos, ousou reformular a lei de Moisés,  fez-se pobre entre os pobres, pregou em aramaico e jamais escreveu uma linha! 

E nunca foi esquecido!

Jesus teve humildade suficiente para passar despercebido. Precisamos sair da vitrine! 

Voltemos à liderança da humildade!


2. A arriscada liderança do servir

Jesus nos mostrou a virtude do servir radical.  Ele mudou o conceito de poder, fazendo-o servir. 

Essa liderança do servir radical só é viável para aqueles que ainda levam uma cruz!

Infelizmente, a liderança do êxito muitas vezes abafa a liderança do servir. 

Jesus valorizava a pedra bruta, em vez da bem polida.


3. A admirável liderança da total dependência

Renunciar à tentação do domínio é fundamental. 

A liderança da total dependência se baseia no relacionamento. 

Jesus é o Deus dos relacionamentos, e não há lugar no ministério para “o lobo isolado”.


Vamos voltar à liderança da total dependência de Jesus.


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