sábado, 31 de maio de 2025

O Dever no Vale: Uma Reflexão sobre Jó e a Fé Proativa


A vida é uma jornada marcada por montanhas e vales, por sorrisos e lágrimas. A Bíblia nos ensina que as provações fazem parte da experiência humana. Jó 14:1 expressa com clareza essa realidade:

Original Hebraico: אָדָם יְלוּד אִשָּׁה קְצַר יָמִים וּשְׂבַע רֹגֶז׃
Transliteração: Adam yelud ishah q'tzar yamim u'sva rogez.
Tradução: “O homem, nascido da mulher, é de poucos dias e cheio de inquietação.”

Yeshua (Jesus) também nos advertiu em João 16:33:

Original Grego: Ταῦτα λελάληκα ὑμῖν... ἐν τῷ κόσμῳ θλῖψιν ἕξετε...
Transliteração: Tauta lelalēka hymin... en tō kosmō thlipsin hexete...
Tradução: “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”

Agostinho declarou: “Deus só teve um Filho nesta terra sem pecado, mas nenhum sem sofrimento.” Diante dos vales da vida, temos duas escolhas: nos aproximarmos de Deus ou nos afastarmos Dele. Como disse Joseph Lincoln: “O calor azeda o leite, mas adoça as maçãs.”

As provações não são para nos destruir, mas para nos moldar. Como afirma Romanos 8:28:

Original Grego: Οἴδαμεν δὲ ὅτι τοῖς ἀγαπῶσιν τὸν Θεὸν πάντα συνεργεῖ εἰς ἀγαθόν...
Transliteração: Oidamen de hoti tois agapōsin ton Theon panta synergei eis agathon...
Tradução: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, dos que são chamados segundo o seu propósito.”

Eclesiastes 3:10 nos lembra que o sofrimento também tem propósito:

Original Hebraico: רָאִיתִי אֶת־הָעִנְיָן אֲשֶׁר נָתַן אֱלֹהִים לִבְנֵי הָאָדָם...
Transliteração: Ra'iti et-ha'inyan asher natan Elohim livnei ha'adam...
Tradução: “Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens para com ele serem exercitados.”

Nossos vales não devem ser tempos de passividade, mas de fé ativa.


I. Devoção no Vale: A Adoração em Meio à Tempestade

Quando Jó perdeu tudo — filhos, bens e saúde — sua reação foi marcante. Em Jó 1:20, está escrito:

Original Hebraico: וַיָּקָם אִיּוֹב... וַיִּשְׁתַּחֲוֶה׃
Transliteração: Vayaqom Iyov... vayishtahaveh.
Tradução: “Então Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça, prostrou-se em terra e adorou.”

Ele lamentou, sim — mas adorou. A dor não destruiu sua fé, apenas a purificou.

Pergunte-se: o que seria necessário para que você se voltasse contra Deus?

Jó afirmou com ousadia em Jó 13:15:

Original Hebraico: הֵן יִקְטְלֵנִי לֹא אֲיַחֵל...
Transliteração: Hen yiqt'leni lo ayachel...
Tradução: “Ainda que Ele me mate, nele esperarei.”

Assim como a ostra só gera pérola por causa da dor, assim também o sofrimento pode revelar em nós algo precioso aos olhos de Deus. As estrelas mais brilhantes são forjadas nas noites mais escuras.

Lembre-se: Yeshua sofreu por você. O preço pago por sua redenção foi imensurável. Olhe para Ele. Como declara Isaías 51:1:

Original Hebraico: שִׁמְעוּ אֵלַי רֹדְפֵי צֶדֶק...
Transliteração: Shim'u elay rodfei tzedeq...
Tradução: “Ouvi-me, vós que seguis a justiça, que buscais ao Senhor. Olhai para a rocha de onde fostes cortados.”


II. Dependência no Vale: Confiando na Soberania Divina

Mesmo no fundo do poço, Jó não murmurou. Sua atitude foi de reverência e dependência.

Nos vales, é vital lembrar:

1. Os caminhos de Deus são mais altos que os nossos.
Isaías 55:8-9 nos ensina:

Transliteração: Ki lo machshevotai machshevoteichem...
Tradução: “Meus pensamentos não são os vossos pensamentos... meus caminhos são mais altos.”

2. Não podemos produzir fruto sem Ele.
Yeshua declarou em João 15:5:

Transliteração: Chōris emou ou dynasthe poiein ouden.
Tradução: “Sem mim, nada podeis fazer.”

3. Devemos buscar o Reino acima de tudo.
Mateus 6:33:

Transliteração: Zēteite de prōton tēn basileian tou Theou...
Tradução: “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”

4. Preocupação não resolve nada.
Filipenses 4:6-7:

Transliteração: Mēden merimnate...
Tradução: “Não andeis ansiosos por coisa alguma... e a paz de Deus guardará os vossos corações.”

Como Mark Twain ironizou: “Sou um homem velho e passei por muitas dificuldades — a maioria delas nunca aconteceu.”

5. Toda provação gera peso de glória.
2 Coríntios 4:17:

Transliteração: To gar parautika elaphron tēs thlipseōs hēmōn...
Tradução: “A nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um eterno peso de glória, acima de toda comparação.”


Conclusão: Proatividade na Fé

Os vales não são lugares de estagnação. São oportunidades de crescimento, amadurecimento e entrega. Jó não ficou parado no lamento — ele se posicionou em fé.

A verdadeira espiritualidade não é negar a dor, mas enfrentá-la com confiança em Deus. A fé proativa age mesmo quando o coração sangra. Ela clama, chora, ora — mas nunca desiste de crer.

No vale, adore.
No vale, confie.
No vale, lembre-se de quem é o seu Deus.

Porque, no tempo certo, o Pastor do vale também é o Rei da montanha.

terça-feira, 27 de maio de 2025

O sofrimento do Servo não é acidental-Isaias 53

 Isaías 53 é um dos capítulos mais impactantes e discutidos do Antigo Testamento, conhecido como o "Cântico do Servo Sofredor". 


Ele se destaca por sua descrição vívida de um indivíduo que sofre intensamente, não por seus próprios pecados, mas em favor de muitos, culminando em sua exaltação. 


Este capítulo é central para a compreensão da teologia cristã da expiação e é um ponto de divergência significativa com a interpretação judaica tradicional.


Contexto e Estrutura

Isaías 53 faz parte de uma seção maior em Isaías (capítulos 40-55) que trata do "Servo do Senhor". Existem quatro "Cânticos do Servo" em Isaías (42:1-4; 49:1-6; 50:4-9; 52:13-53:12), e Isaías 53 é o quarto e mais detalhado deles. 


Embora a identidade do Servo nos primeiros cânticos possa ser ambígua (às vezes referindo-se a Israel, outras vezes a um indivíduo), em Isaías 53 a descrição é tão específica que muitos o veem como um indivíduo profético.


O capítulo 53 é precedido por Isaías 52:13-15, que já introduz o Servo com uma nota de exaltação surpreendente, dada sua aparência desfigurada. 


A estrutura de Isaías 53 pode ser dividida em seções que descrevem a humilhação e o sofrimento do Servo, a razão de seu sofrimento e a exaltação que se segue:


53:1-3: A incredulidade e a rejeição do Servo.


Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? (v.1) - Questiona a receptividade à mensagem sobre o Servo.


Cresceu como um renovo e como raiz em terra seca; sem formosura e sem beleza para que o víssemos; e sem aparência para que o desejássemos. (v.2) - Descreve a humildade e a falta de atrativos mundanos do Servo.


Foi desprezado e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores e experimentado no sofrimento; e, como um de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e não fizemos caso dele. (v.3) - Enfatiza a rejeição e o sofrimento profundo do Servo.


53:4-6: O sofrimento vicário do Servo.


Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. (v.4) - 


Revela que o sofrimento do Servo é pelos outros, e não por si mesmo.


Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. (v.5) - Deixa claro o propósito expiatório de seu sofrimento.


Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. (v.6) - Reafirma a natureza substitutiva de sua obra, assumindo a culpa coletiva.


53:7-9: A submissão e a injustiça sofrida pelo Servo.


Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro é levado ao matadouro e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. (v.7) - Destaca a mansidão e a ausência de resistência do Servo diante da injustiça.


Pela opressão e pelo juízo foi tirado; e quem declarará a sua geração? Porque foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi ferido. (v.8) - Descreve sua morte injusta, "cortado" da vida, e o motivo dessa morte.


E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca. (v.9) - Mostra que, apesar de ser sem pecado, ele foi tratado como transgressor, mas teve um sepultamento honroso.


53:10-12: A exaltação e o propósito divino do sofrimento do Servo.


Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma fizer uma oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará em sua mão. 


(v.10) - Revela que o sofrimento do Servo foi parte do plano divino e resultará em uma "posteridade" e sucesso.


O trabalho de sua alma ele verá e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. 


(v.11) - Aponta para a satisfação do Servo e o resultado de sua obra: a justificação de muitos.


Pelo que lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos e intercedeu pelos transgressores. 


(v.12) - Conclui com a exaltação do Servo e a extensão de sua intercessão.


Interpretações Teológicas


1. A Interpretação Cristã (Messiânica):

Para o cristianismo, Isaías 53 é uma das mais claras e detalhadas profecias sobre Jesus Cristo. 

Cada detalhe da descrição do Servo Sofredor é visto como um prenúncio da vida, morte, e ressurreição de Jesus:


Humildade e Rejeição (v.1-3): Jesus não veio com pompa, nasceu em um estábulo e foi desprezado por muitos de seu próprio povo, que esperavam um Messias político e militar.


Sofrimento Vicário (v.4-6): A teologia cristã enfatiza que Jesus tomou sobre si as enfermidades e dores da humanidade, sendo crucificado como sacrifício pelos pecados do mundo. "Pelas suas pisaduras fomos sarados" é um versículo central que aponta para a cura espiritual e física através do sacrifício de Cristo.


Submissão Inocente (v.7-9): A mansidão de Jesus diante da prisão, dos julgamentos injustos e da crucificação é vista como o cumprimento literal de "não abriu a sua boca". 


Embora inocente, Ele foi contado entre os malfeitores e sepultado no túmulo de um homem rico (José de Arimatéia).

Propósito Divino e Exaltação (v.10-12): A morte de Jesus não foi um acidente, mas parte do plano de Deus ("ao Senhor agradou moê-lo"). 


Sua ressurreição, ascensão e a justificação daqueles que creem n'Ele são o cumprimento da "posteridade" e da "satisfação" do Servo. 


A intercessão pelos pecadores (v.12) é vista na oração de Jesus na cruz: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34), e em sua contínua intercessão como Sumo Sacerdote no céu.


O Novo Testamento cita ou faz alusão a Isaías 53 várias vezes, aplicando-o diretamente a Jesus (e.g., Mateus 8:17; João 12:38; Atos 8:32-35; Romanos 10:16; 1 Pedro 2:24-25).


2. A Interpretação Judaica Tradicional:

No judaísmo, a interpretação de Isaías 53 é complexa e varia, mas a visão predominante é que o Servo não se refere a um Messias individual, mas sim:


O Povo de Israel: A interpretação mais comum vê o "Servo" como o povo de Israel coletivamente, que sofre pelas nações do mundo, levando sobre si a culpa e as doenças de outros. 


O sofrimento de Israel ao longo da história (perseguições, exílios, Holocausto) é visto como um sofrimento vicário, que serve como uma luz para as nações e uma expiação para o mundo. 

O retorno do exílio babilônico e a restauração do templo são vistos como a exaltação do Servo.


O Profeta Isaías: Uma minoria de estudiosos judeus vê o Servo como o próprio profeta Isaías, sofrendo em nome de Israel.


Um Remanescente Justo: Alguns sugerem que o Servo representa um remanescente justo dentro de Israel, que sofre pelos pecados da nação.


A recusa em aceitar a interpretação messiânica individual de Isaías 53 é um dos principais pontos de divergência teológica entre o judaísmo e o cristianismo. 


Os judeus apontam que o Servo é chamado de "Israel" em outros cânticos do Servo (Isaías 49:3) e que a ideia de um Messias que sofre e morre pelos pecados não se alinha com a expectativa tradicional de um Messias triunfante que lidera Israel a uma era messiânica de paz e justiça.


Temas Centrais

Sofrimento Vicário/Substitutivo: O tema mais proeminente é o sofrimento de um indivíduo em benefício de outros. 


O Servo leva as transgressões, iniquidades, enfermidades e dores de "muitos", pagando o preço que eles deveriam pagar.


Inocência do Servo: Apesar de seu sofrimento extremo, o Servo é caracterizado como sem pecado ("nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca"). Sua pureza contrasta drasticamente com a culpa daqueles por quem ele sofre.


Plano Divino: O sofrimento do Servo não é acidental, mas parte do propósito soberano de Deus ("ao Senhor agradou moê-lo"). Isso destaca a dimensão redentora e intencional do sacrifício.


Redenção e Justificação: Através do sofrimento do Servo, "muitos" são justificados. Sua obra leva à "paz" e à "cura" (espiritual e, para alguns, física).


Humildade e Exaltação: O Servo começa em uma posição de desprezo e rejeição, mas é finalmente exaltado, recebendo uma porção com os grandes. 


Este é um padrão recorrente na Bíblia, onde a humildade precede a exaltação (cf. Filipenses 2:5-11).


Intercessão: O Servo não só sofre, mas também intercede pelos transgressores, mostrando uma compaixão profunda e contínua.


Relevância e Impacto

Isaías 53 é fundamental para a teologia cristã por várias razões:


Base para a Doutrina da Expiação: Ele fornece a base profética para a compreensão da morte de Jesus como um sacrifício expiatório pelos pecados da humanidade.


Identidade de Jesus como Messias: Para os cristãos, é a prova mais convincente do Antigo Testamento de que Jesus é o Messias prometido, que veio não para conquistar politicamente, mas para redimir espiritualmente através do sofrimento.


Compreensão do Amor de Deus: O capítulo revela um Deus que, em seu amor, providencia um caminho para a redenção através do sacrifício de seu próprio "Servo".


Modelo de Sofrimento: Para os crentes, o Servo Sofredor é um modelo de paciência, humildade e obediência diante do sofrimento injusto.


Em suma, Isaías 53 é uma joia profética que descreve um Servo que sofre vicariamente, sem culpa, como parte do plano divino para justificar e redimir a humanidade. 


Sua riqueza teológica e sua aplicação na vida de Jesus Cristo o tornam um dos pilares da fé cristã, enquanto sua interpretação continua a ser um tema de profundo estudo e debate entre as tradições religiosas.







domingo, 25 de maio de 2025

A Fórmula Divina para a Comunhão: Uma Travessia em 1 João 1:1-10


¹ O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida

² (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada);


³ O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.

Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra.


E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: Que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas.

Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade.


Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.

Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.


⁹ Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.

¹⁰ Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. 


Introdução: O Anseio pela Comunhão

A palavra "comunhão" (do grego koinonia) ressoa em nossos corações. Ela evoca a ideia de compartilhar, de ter "coisas em comum", de estar juntos em um terreno comum. 


Imagine a magnificência desta verdade: Deus deseja ter um relacionamento íntimo e pessoal com você, onde Ele e você estão unidos em um propósito. 


Para muitos, isso pode parecer inatingível, algo místico ou reservado a poucos. 


Contudo, o apóstolo João, em sua primeira epístola, nos revela a fórmula exata para que a comunhão estreita com o Pai se torne uma experiência cristã normal e diária.


É vital compreender que um verdadeiro filho de Deus pode, sim, tropeçar e cair em pecado. 


Contudo, há sempre um profundo desejo por uma rápida recuperação. 

O coração do cristão genuíno não encontra paz nem satisfação enquanto essa situação não for resolvida e o pecado não for corrigido diante de Deus. 


O pecado rompe a comunhão, mas, bendito seja o Eterno, Ele nos provê uma fórmula para restaurar e manter essa comunhão dia após dia.


Vamos compartilhar sobre como é possível experimentar a "plenitude de alegria" à qual João se refere no versículo 4. 


A partir desses versículos, veremos como você pode aproximar-se de Deus e permanecer nessa doce e maravilhosa comunhão. 


Aqui está a Fórmula da Graça de Deus para a verdadeira Comunhão.


I. Reconhecendo Nossos Pecados (1 João 1:8, 10)


⁸ Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.


¹⁰ Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. 


A base para a comunhão com Deus reside em nossa capacidade de admitir o nosso pecado. 

Deus é misericordioso para perdoar, mas o perdão é precedido pela confissão genuína.


A. A Ilusão do Mundo sobre o Pecado

O mundo frequentemente adota uma postura negacionista ou minimizadora em relação ao pecado:


"Não existe pecado": Muitos afirmam que o pecado é uma invenção ou que não é uma realidade universal. 


A Palavra de Deus, no entanto, é clara:

Romanos 3:23 - "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus."


Gálatas 3:22 - "Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos que creem."


Eclesiastes 7:20 - "Pois não há homem justo sobre a terra que faça o bem e nunca peque."


"O pecado é um acidente na vida de um homem em evolução": Esta visão é diametralmente oposta à revelação divina. 


O homem não evoluiu em direção à perfeição; ao contrário, ele se desintegrou da imagem de Deus por meio do pecado (Gênesis 1:26).


²⁶ E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra


B. Pecado como Afronta a Deus

Para que o pecado seja verdadeiramente tratado, ele deve ser visto como uma afronta direta ao próprio Deus. 


Enquanto não o reconhecermos como um ataque pessoal ao Criador, o perdão será ilusório e a comunhão genuína, impossível. Movimentos de autoajuda e técnicas para lidar com a culpa, embora populares, são frequentemente tentativas de gerenciar a culpa sem confrontar a realidade do pecado. 


Se o pecado é apenas um "erro" ou uma "doença", não há necessidade de Deus, de Jesus, de salvação, da Bíblia, ou de admitir a própria pecaminosidade. 


Este era o dilema do Jovem Rico (Mateus 19:16-22), que se apegava à sua própria justiça.


²¹ Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.


²² E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades. 


C. As Soluções Ineficazes do Mundo

As tentativas do mundo para lidar com o pecado são falhas porque não chegam à raiz do problema:


Evolução: Ignora a queda e a pecaminosidade inerente do homem.


Educação: Acha que o homem pode ser ensinado a viver sem pecado, mas não remove a inclinação ao mal.


Ciência: Busca resolver mistérios da natureza, mas não pode mudar o coração humano.


Sociologia: Atribui o pecado ao ambiente, desconsiderando a responsabilidade individual.


Psicologia: Foca na autoanálise e na eliminação da culpa por meios próprios, sem a intervenção divina.


Religião: Reduz a fé a doutrinas, rituais e boas obras, buscando aceitação por mérito.


Nenhuma dessas abordagens funciona, pois nenhuma delas lida com o cerne da questão: o homem continua sendo um pecador. 


Há apenas um plano eficaz para remover a culpa do pecado:


O Plano de Deus: 

Admita seu pecado, confie plenamente em Deus por meio de Yeshua, Seu Filho, e Ele removerá tanto o seu pecado quanto a sua culpa. Ele o libertará, e isso não tem preço.


II. Arrependendo-se do Nosso Pecado (1 João 1:9)


Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. 


Se reconhecemos nosso pecado e o confessamos a Deus, e verdadeiramente nos arrependemos dele, Ele nos perdoará e purificará nossas vidas.


A. A Promessa Divina

Hebreus 8:12 - "Porque serei misericordioso para com as suas iniquidades, e dos seus pecados e de suas iniquidades não me lembrarei mais."


Isaías 43:25 - "Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembrarei."


Isaías 1:18 - "Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã."


B. A Natureza do Arrependimento

O que é arrependimento (metanoia em grego, que significa mudança de mente)? 


É uma mudança total de coração e mente, que resulta em uma mudança de direção e ação. 


O verdadeiro arrependimento sempre produz uma relação radicalmente transformada com Deus. 

É como marchar para a retaguarda, ou seja, dar as costas ao pecado e voltar-se para Deus.



C. Frutos do Arrependimento


Quando verdadeiramente nos arrependemos (deixando o pecado para trás e nos afastando dele!), nosso pecado é removido para sempre de nós, e a culpa é substituída por paz e alegria.


III. Revelando Nossos Pecados (1 João 1:7)


Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. 


É crucial entender a diferença entre relacionamento e comunhão. 

O pecado pode e destrói sua comunhão com Ele. 


Lembre-se de Adão no Jardim (Gênesis 3), que, após pecar, tentou se esconder de Deus.


A. Perigo da Ocultação


Muitos crentes tentam esconder o pecado em suas vidas, agindo como se tudo estivesse bem. 


Isso é uma mentira – mentem para si mesmos, para os outros e para Deus! 


Eventualmente, começam a acreditar na própria mentira. Nesse ponto, negam seu pecado e, ao fazê-lo, chamam Deus de mentiroso (1 João 1:10)!


¹⁰ Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. 


Isso é extremamente perigoso! 

Você nunca prosperará com pecado oculto em sua vida 


(Provérbios 28:13: "O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e as abandona alcançará misericórdia"). 


O pecado deve ser trazido à luz. 

Quando isso acontece, podemos ter uma comunhão pura e honesta com os outros, conosco mesmos e, mais importante, com Deus.


B. A Luz Divina que Revela


A luz revela o erro. É por isso que muitas pessoas evitam a igreja regularmente. 


A luz da Palavra de Deus expõe seu pecado, e o Espírito Santo traz convicção ao coração, forçando-as a ver seus pecados pelo que realmente são: uma abominação para Deus. 


As pessoas temem a exposição e, por isso, se afastam da luz (imagine a luz incidindo sobre um copo sujo).


Existem dois tipos de convicção:


Geral: Um sentimento de culpa sem uma razão específica. Frequentemente de origem satânica.


Específica: Sempre provém do Espírito de Deus. Deus deseja ter comunhão com você como um filho ou filha. 


Portanto, Ele o chama de forma direta, revelando um pecado específico.


Antes que o pecado possa ser tratado, ele deve ser exposto à luz. 


O que você tem escondido? Seja o que for, saiba que Deus já sabe! Ele quer que você seja honesto.


IV. Relacionando Nossos Pecados (1 João 1:9)

O versículo 9 aborda a questão da confissão.


A. A Essência da Confissão

O que é confissão ("dizer o mesmo")? 

É simplesmente nomear seu pecado a Deus, especificamente, e concordar com Ele quanto à natureza desse pecado. 


A confissão deve ser imediata. 

Você não esperaria o dia todo para tirar um cisco do olho, não é? 

A oração do pecador arrependido deve ser um clamor constante por purificação.


B. Comunhão Constante, Não Ausência de Pecado


Uma vida verdadeiramente cheia do Espírito não é uma vida sem pecado. 

É uma vida vivida em estreita comunhão com Deus. 


Se aprendêssemos o princípio da confissão instantânea, viveríamos vidas mais consistentes, evitando a "montanha-russa espiritual". 


Muitos carregam montanhas de pecados não confessados, acumulados como pilhas de roupa suja nos cantos de nossos corações.


V. Descansando no Senhor (1 João 1:9)


A melhor notícia do mundo para o cristão é que existe um lugar onde podemos lidar com nossos pecados. 


Um lugar onde nossa culpa pode ser trocada por paz. 


Todos os homens procuram um lugar assim, mas muitos o buscam em vão, em vícios, filosofias ou prazeres efêmeros. 


Jesus o oferece gratuitamente. 

Está em Seu Sangue precioso. Jesus é a única resposta.


A. Fidelidade e Justiça de Deus


Fiel: Ele sempre perdoa e purifica. Não importa quantas vezes você venha a Ele, Ele o receberá e o purificará. 


Ele também esquece! (Salmos 103:12: "Quanto dista o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.")


Justo: Ele apaga o nosso pecado e nos declara "inocentes!" 


Ele nunca mais nos lembrará de nossos pecados! 

Somos vistos como o próprio Filho (Romanos 4:24: "mas também por causa de nós, a quem será imputado, a nós que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor").


Ele fará isso por quem quiser!


João 6:37 - "Todo aquele que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora."


Mateus 11:28 - "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei."


Apocalipse 22:17 - "E o Espírito e a Noiva dizem: Vem! E quem ouve, diga: Vem! E quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a água da vida."


Concluindo: O Convite à Comunhão Restaurada


O primeiro e mais fundamental passo para a comunhão com Deus é a admissão do pecado. 


Compreenda: você não pode se salvar, nem se purificar por conta própria. 


Jesus já fez o trabalho completo. 

Ele simplesmente pede que você responda a Ele pela fé.


Quando você fizer isso, será recebido, perdoado, purificado e estará em comunhão com Ele. 


Não é isso que você deseja? 

Venha a Ele agora e receba!


Alguns dos filhos de Deus precisam voltar para casa hoje. Você se afastou demais e carrega um fardo de culpa. 

Não há mais necessidade de fazer isso. 

Jesus espera para aliviar sua carga.

Outros nunca confiaram em Jesus para a salvação. 


Por favor, não caminhe para a perdição quando Deus abriu um caminho para que você seja livre e eternamente salvo de seus pecados.


Você deseja andar em comunhão com o Senhor? 

É possível, mas você precisa seguir o caminho Dele.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Nossa confiança em Deus anula a voz do desespero. Salmo 11

 Shalom! "É uma grande alegria mergulhar nas profundezas do Salmo 11. Este salmo, poderoso e inspirador, nos fala sobre a confiança em D'us em meio à adversidade e à injustiça."


Vamos explorá-lo versículo por versículo, buscando a compreensão espiritual.


Salmo 11: Confiança no Senhor em Tempos de Adversidade

O Salmo 11 (תהילים יא) é um salmo de Davi (לְדָוִד - leDavíd), um salmo de confiança que ecoa a verdade de que o justo não precisa temer quando sua confiança está em D'us.


Versículo 1: A Fundamentação da Confiança

בַּיהוָה חָסִיתִי אֵיךְ תֹּאמְרוּ לְנַפְשִׁי נוּדִי הַרְכֶם צִפּוֹר׃

Em YHWH eu me refugio (confio); como vocês dizem à minha alma: "Fugi para o seu monte, como um pássaro?"


בַּיהוָה חָסִיתִי (baYHWH chassíti): Esta frase é a âncora do salmo. "Chassíti" vem da raiz חסה (chasah), que significa "refugiar-se", "buscar abrigo", "confiar plenamente". 


"É um verbo que expressa dependência total e segurança encontradas em D'us. Davi não diz 'tentarei confiar', mas 'eu me refugiei (e continuo a fazê-lo) em YHWH'."


O Nome YHWH (יהוה) é o nome pessoal e pactual de D'us, aquele que é o Criador, o Eterno, o fiel às Suas promessas.


אֵיךְ תֹּאמְרוּ לְנַפְשִׁי נוּדִי הַרְכֶם צִפּוֹר׃ (eich tomrú l'nafshí núdi harkem tzippor): Aqui, Davi confronta a voz daqueles que o aconselham a fugir, a desistir, a buscar refúgio humano. "Núdi" (נוּדִי) é imperativo, significando "fuja", "migre". 


A comparação com um pássaro (צִפּוֹר - tzippor) que busca refúgio no monte sugere uma fuga desesperada e sem direção fixa, apenas buscando sobrevivência. 


"A pergunta 'Como vocês dizem...?' expressa a incongruência entre a confiança em D'us e a sugestão de covardia, quase como um desabafo retórico."


Conexão Espiritual: Assim como Davi, muitas vezes enfrentamos vozes (internas ou externas) que nos incitam ao medo e à fuga diante das dificuldades. 


No Novo Testamento, Yeshua nos ensina a não temer (Lucas 12:4-7), pois nosso Pai Celestial cuida até dos pardais. 

Nossa confiança Nele deve anular a voz do desespero.


Versículo 2: A Realidade da Ameaça

כִּי הִנֵּה הָרְשָׁעִים יִדְרְכוּן קֶשֶׁת כּוֹנְנוּ חִצָּם עַל יֶתֶר לִירוֹת בְּמוֹ אֹפֶל לְיִשְׁרֵי לֵב׃

Pois eis que os ímpios armam o arco, preparam sua flecha na corda, para atirar na escuridão contra os retos de coração.


כִּי הִנֵּה הָרְשָׁעִים יִדְרְכוּן קֶשֶׁת (ki hinnê harrsha'ím yidrkhún qeshet): "Hinnê" (הִנֵּה) significa "eis" ou "veja", chamando a atenção para a iminente ameaça. 


Os ímpios (הָרְשָׁעִים - harrsha'ím) são aqueles que agem fora da vontade de D'us, que pervertem a justiça. "Yidrkhún" (יִדְרְכוּן) significa "pisam" ou "esticam", referindo-se ao ato de armar o arco.


כּוֹנְנוּ חִצָּם עַל יֶתֶר לִירוֹת בְּמוֹ אֹפֶל לְיִשְׁרֵי לֵב׃ (kon'nú chitzám al yeter lirót b'mo ófel l'yishrê lev): Eles preparam (כּוֹנְנוּ - kon'nú) suas flechas (חִצָּם - chitzám) na corda (יֶתֶר - yeter), prontos para atirar (לִירוֹת - lirót) "na escuridão" (בְּמוֹ אֹפֶל - b'mo ófel). 


A escuridão pode significar sigilo, traição, ou que a verdade está obscurecida.  


"O alvo são os 'retos de coração' (לְיִשְׁרֵי לֵב – l’yishrê lev), ou seja, aqueles que buscam viver em integridade diante de D'us." 


Conexão Espiritual: A vida do justo muitas vezes é marcada por ataques velados e traiçoeiros do inimigo ou daqueles que se opõem à verdade. Yeshua foi alvo de tramas e conspirações (João 7:1; 8:59). 


Essa realidade não nos surpreende, mas nos lembra que a batalha espiritual é real.


Versículo 3: A Desordem e o Fundamento

כִּי הַשָּׁתוֹת יֵהָרֵסוּן צַדִּיק מַה פָּעָל׃

Quando os fundamentos são destruídos, o que pode fazer o justo?


כִּי הַשָּׁתוֹת יֵהָרֵסוּן (ki hashshatôt yeharsún): "Hashshatôt" (הַשָּׁתוֹת) significa "os fundamentos", "as bases". Refere-se aos pilares da sociedade, da justiça, da moralidade. "Yeharsún" (יֵהָרֵסוּן) significa "são destruídos", "são demolidos". 


A pergunta expressa a crise: quando os princípios básicos são subvertidos e a ordem social desmorona, o que resta?


צַדִּיק מַה פָּעָל׃ (tzaddíq ma pa'ál): "Tzaddíq" (צַדִּיק) é o "justo". A pergunta retórica "ma pa'ál" (מה פָעָל) significa "o que ele fez?" ou "o que ele pode fazer?". Reflete a perplexidade e a aparente impotência do justo diante de tal cenário.


Conexão Espiritual: No Livro de Enoque, vemos a preocupação com a corrupção e a perversão da justiça na terra (Enoque 1:1-2). 


Essa desordem moral e social é um sinal dos "últimos dias", onde o mal prevalece. No entanto, o justo sempre pode apelar para um fundamento mais elevado: o próprio D'us. 


Yeshua nos disse que "sobre esta rocha edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela" (Mateus 16:18) – o fundamento inabalável é Ele mesmo.


Versículo 4: O Trono de D'us nos Céus

יְהוָה בְּהֵיכַל קָדְשׁוֹ יְהוָה בַּשָּׁמַיִם כִּסְאוֹ עֵינָיו יֶחֱזוּ עַפְעַפָּיו יִבְחֲנוּ בְּנֵי אָדָם׃

YHWH está em Seu santo templo; YHWH, Seu trono está nos céus; Seus olhos veem, Suas pálpebras examinam os filhos dos homens.


יְהוָה בְּהֵיכַל קָדְשׁוֹ (YHWH b'heykál qodshó): O salmista, em contraste com a desordem terrestre, eleva seu olhar para a soberania de D'us. "Heykál qodshó" (הֵיכַל קָדְשׁוֹ) é Seu "santo templo", que pode se referir tanto ao templo terrestre quanto, e mais profundamente, à Sua morada celestial.


יְהוָה בַּשָּׁמַיִם כִּסְאוֹ (YHWH bashshamáyim kiss'ó): Seu trono (כִּסְאוֹ - kiss'ó) está nos céus (בַּשָּׁמַיִם - bashshamáyim). 

"Isso enfatiza a transcendência e a soberania absoluta de D'us. 

Ele não está alheio ao que acontece na Terra; ao contrário, governa sobre tudo." 


עֵינָיו יֶחֱזוּ עַפְעַפָּיו יִבְחֲנוּ בְּנֵי אָדָם׃ (eináv yechezu af'afáv yivchanu b'nê adám): Seus olhos (עֵינָיו - eináv) veem (יֶחֱזוּ - yechezu), Suas pálpebras (עַפְעַפָּיו - af'afáv) examinam (יִבְחֲנוּ - yivchanu) os filhos dos homens (בְּנֵי אָדָם - b'nê adám). A linguagem antropomórfica enfatiza a onisciente vigilância de D'us. Nada passa despercebido a Ele.


Pensamento dos Sábios: Os sábios de Israel frequentemente meditavam sobre a onisciência de D'us, como Maimônides, que afirmava que "o Santo, bendito seja Ele, sabe tudo o que aconteceu, o que acontece e o que acontecerá". Esta é a base da nossa confiança.


Conexão Espiritual: No Novo Testamento, somos lembrados que D'us vê e conhece tudo (Hebreus 4:13). Ele é o Juiz justo que retribuirá a cada um segundo suas obras. A soberania de D'us sobre o universo é a garantia de que o mal não prevalecerá indefinidamente.


Versículo 5: O Teste e o Ódio ao Mal

יְהוָה צַדִּיק יִבְחָן וְרָשָׁע וְאֹהֵב חָמָס שָׂנְאָה נַפְשׁוֹ׃

YHWH prova o justo, mas o ímpio e aquele que ama a violência, Sua alma odeia.


יְהוָה צַדִּיק יִבְחָן (YHWH tzaddíq yivchan): "O verbo יִבְחָן (yivchan) significa 'prova', 'examina', 'testa'. 

D'us permite que o justo passe por provações não para castigar, mas para refinar, fortalecer a fé e revelar o que há no coração 

(ver Tiago 1:2-4)."


וְרָשָׁע וְאֹהֵב חָמָס שָׂנְאָה נַפְשׁוֹ׃ (v'rashá v'ohêv chamas san'á nafshó): Mas o ímpio (רָשָׁע - rashá) e "aquele que ama a violência" (וְאֹהֵב חָמָס - v'ohêv chamas) são objetos de ódio por parte da alma (נַפְשׁוֹ - nafshó) de D'us. 


A palavra חָמָס (chamas) significa violência, iniquidade, injustiça. 

O ódio de D'us não é uma paixão humana descontrolada, mas uma rejeição santa e absoluta de tudo o que é contrário à Sua justiça e santidade.


Conexão Espiritual: A provação do justo é um tema recorrente nas Escrituras. Abraão foi provado (Gênesis 22), Jó foi provado. Yeshua também foi provado no deserto. 


No Novo Testamento, aprendemos que as provações nos aperfeiçoam (Romanos 5:3-4). O ódio de D'us ao pecado e à injustiça se manifesta em Sua ira contra a impiedade (Romanos 1:18).


Versículo 6: O Juízo sobre os Ímpios

יַמְטֵר עַל רְשָׁעִים פַּחִים אֵשׁ וְגָפְרִית וְרוּחַ זִלְעָפוֹת מְנָת כּוֹסָם׃

Ele fará chover sobre os ímpios armadilhas, fogo e enxofre, e vento abrasador será a porção do seu copo.


יַמְטֵר עַל רְשָׁעִים פַּחִים (yamter al rsha'ím pachím): "Yamter" (יַמְטֵר) significa "Ele fará chover". D'us trará juízo sobre os ímpios. "Pachím" (פַּחִים) significa "armadilhas", "laços". Isso sugere que o juízo virá de forma inesperada e esmagadora, prendendo os ímpios em suas próprias iniquidades.


אֵשׁ וְגָפְרִית וְרוּחַ זִלְעָפוֹת מְנָת כּוֹסָם׃ (êsh v'gafrít v'rúach zil'afót m'nat kosám): Fogo e enxofre (אֵשׁ וְגָפְרִית - êsh v'gafrít) remetem diretamente ao juízo sobre Sodoma e Gomorra (Gênesis 19:24), símbolo da destruição divina sobre a impiedade. 


Vento abrasador (וְרוּחַ זִלְעָפוֹת - v'rúach zil'afót) denota um vento tempestuoso e devastador, possivelmente um "vento de ira". 


"Tudo isso será a porção do seu copo (מְנָת כּוֹסָם – m’nat kosám), uma imagem bíblica comum para o destino ou para o juízo (Salmo 75:8; Isaías 51:17)."


Conexão Espiritual: A justiça divina não falha. O Novo Testamento também fala do juízo final, onde os ímpios sofrerão a retribuição (2 Tessalonicenses 1:7-9; Apocalipse 21:8). 

O juízo de D'us é certo e justo, garantindo que o mal não terá a última palavra.


Versículo 7: A Justiça de D'us e a Visão do Justo

כִּי צַדִּיק יְהוָה צְדָקוֹת אָהֵב יָשָׁר יֶחֱזוּ פָנֵימוֹ׃

Pois justo é YHWH; Ele ama a justiça. O reto verá a Sua face.


כִּי צַדִּיק יְהוָה צְדָקוֹת אָהֵב (ki tzaddíq YHWH tzedaqót ahêv): Esta é a conclusão e a certeza do salmo. "Tzaddíq YHWH" (צַדִּיק יְהוָה) - "Justo é YHWH". Esta é a Sua essência. 


"Ele ama a justiça (צְדָקוֹת אָהֵב – tzedaqót ahêv); não apenas a pratica, mas tem afeição por ela. Isso contrasta com o ódio de D'us à violência e à impiedade (v. 5)." 


יָשָׁר יֶחֱזוּ פָנֵימוֹ׃ (yashár yechezu fanêmo): "Yashár" (יָשָׁר) é "o reto", "o íntegro". Este é o mesmo "reto de coração" do versículo 2. A promessa é que ele verá a Sua face (יֶחֱזוּ פָנֵימוֹ - yechezu fanêmo). Ver a face de D'us na Bíblia é uma expressão de ter acesso à Sua presença, à Sua aprovação, à Sua bênção, à Sua intimidade e ao Seu favor. É a recompensa máxima para aqueles que O buscam e confiam Nele.


Conexão Espiritual: No Novo Testamento, Yeshua proclama: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a D'us" (Mateus 5:8). A visão da face de D'us é a esperança da vida eterna, onde o justo desfrutará da plenitude da presença do Eterno (Apocalipse 22:3-5).


Aplicações Práticas para Nossos Dias:

Confiança Inabalável em D'us: Quando as "vozes" nos dizem para fugir ou desistir, lembre-se do Salmo 11:1. 


"Nossa confiança deve estar em YHWH, não nas circunstâncias ou em nossa própria capacidade de resolver tudo." 


Percepção da Realidade do Mal: Reconheça que a injustiça e a maldade são reais e podem nos atacar. Não se iluda, mas também não se desespere.


Fundamentos em Crise: Em tempos de desordem moral e social, onde os valores parecem estar se desintegrando, não se desanime. D'us é o fundamento inabalável, e é Nele que devemos edificar nossa vida e esperança.


A Soberania de D'us: Lembre-se que D'us está no controle. Ele está em Seu trono, Ele vê, Ele examina e Ele julga. Sua vigilância é constante e Seu juízo é certo.


A Provação do Justo: Entenda que D'us permite provações na vida do justo para seu crescimento e refinamento. Não significa que Ele nos desamparou, mas que está nos capacitando.


A Certeza da Justiça Divina: Tenha a certeza de que D'us é justo e que a retribuição virá sobre os ímpios. Não precisamos buscar vingança, pois a justiça pertence a D'us.


A Recompensa do Justo: A maior recompensa do justo é a própria presença de D'us. Viver em retidão nos garante a aprovação divina e a promessa de vê-Lo face a face.


Que este estudo do Salmo 11 possa fortalecer sua fé e sua confiança no Eterno, mesmo diante das maiores adversidades. 


Ele é o nosso refúgio e fortaleza, e Sua justiça prevalecerá!


quarta-feira, 21 de maio de 2025

Apocalipse 14:12-13 com Comparações a Daniel 12:13 e 2 Timóteo 4:7

1. Apocalipse 14:12-13 em Foco 

Versículo 12 
"Aqui está a perseverança dos santos que obedecem aos mandamentos de Deus e permanecem fiéis a Jesus." 

  • Perseverança (hypomonē): Resistência ativa, como a de um soldado em batalha. 

  • Mandamentos e Fé em Jesus: Une a ética da Torá (Êxodo 20) com a graça do Evangelho (João 1.17). 

Versículo 13 
"Felizes os mortos que morrem no Senhor [...] suas obras os seguirão." 

  • Felizes (makarioi): A morte não é tragédia, mas triunfo (Filipenses 1.21). 

  • Obras que seguem: O legado dos fiéis é eternizado por Deus. 

2. Comparação com Daniel 12:13 

"Tu, porém, vá até o fim. Descansarás e, ao final dos dias, te levantarás para receber a herança reservada a ti." 

Pontos de Conexão 

  • Perseverança até o fim: 
    Tanto Daniel quanto Apocalipse destacam a resistência em tempos de caos. Daniel, no contexto do exílio; Apocalipse, sob a opressão da figura simbólica da Babilônia. 

  • Descanso e recompensa: 
    Em Daniel, "descansarás" indica o repouso temporário na morte, aguardando a ressurreição. 
    Em Apocalipse, "descansem de seus trabalhos" aponta para alívio imediato com promessa de recompensa futura. 

  • Herança eterna: 
    Em Daniel, a herança é a ressurreição. 
    Em Apocalipse, é o reconhecimento das obras que permanecem. Ambas visões apontam para a vida além da morte. 

Diferença 
Daniel foca na espera da ressurreição futura. 
Apocalipse celebra o descanso presente dos mártires, já sob o altar celestial (Apocalipse 6.9 a 11). 

3. Comparação com 2 Timóteo 4:7-8 

"Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça [...] a todos os que amam a sua vinda." 

Pontos de Conexão 

  • Perseverança como combate: 
    Paulo utiliza imagens de guerra e de esporte. O Apocalipse retrata os santos em batalha espiritual. Ambos valorizam a fidelidade contínua. 

  • Recompensa após a morte: 
    "Coroa da justiça", em 2 Timóteo, é um símbolo de vitória, dada por Cristo, o Justo Juiz. 
    Em Apocalipse, a recompensa inclui descanso pessoal e impacto eterno das ações vividas com fé. 

  • Foco na vinda de Cristo: 
    Paulo aguarda a manifestação de Jesus. 
    Apocalipse antecipa a colheita escatológica. 

Diferença 
2 Timóteo é uma carta pastoral e pessoal. 
Apocalipse é uma visão profética de caráter universal. 
Mesmo assim, ambos conectam sofrimento e esperança, luta e glória futura. 

4. Síntese Teológica 

Os três textos formam uma tríade de esperança: 

Imagem 

Ligações Cruciais 

  • Descanso não é inatividade: É a transição da luta para a plenitude. 

  • Obras como testemunho: Elas não salvam, mas comprovam a fé verdadeira (Tiago 2.18). 

  • Cristo no centro: 
    Em Daniel, um mensageiro revela a esperança. 
    Em Paulo, Cristo é a coroa. 
    Em Apocalipse, Ele é o Cordeiro fiel e digno. 

5. Aplicação Prática 

Para quem se sente cansado 

  • Como Daniel no exílio: Sua história não termina no vale da sombra. O descanso virá. 

  • Como Paulo na prisão: Seus combates diários com saúde, trabalho ou família têm valor eterno. A coroa já está preparada. 

Para quem teme a morte 

  • A morte em Cristo não é o fim, mas o retorno ao Lar verdadeiro (Filipenses 3.20). 

Para quem duvida de seu legado 

  • As obras que seguem você não são grandes monumentos, mas vidas tocadas, gestos de amor e fé que permanecem. 

Concluindo 

Daniel, Paulo e João, separados por séculos, proclamam a mesma mensagem: 
A fidelidade em tempos difíceis é semente de glória eterna. 

A morte não apaga sua história. Ela a entrega às mãos de Deus, que faz todas as coisas cooperarem para o bem (Romanos 8.28). 

Que este estudo sirva como um abrigo espiritual: 

  • Quando a jornada parecer longa, lembre-se da coroa. 

  • Quando o medo vier, confie na promessa: "Felizes os que morrem no Senhor". 

  • Quando a esperança vacilar, olhe para a herança reservada. 

Permanecer firme é a maior revolução contra o caos.