quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O efeito da luz sobre as trevas - C. Buchanan


Os privilégios dos verdadeiros seguidores de Cristo, em permanecerem firmes e serem sinceros em sua profissão cristã, nunca foram tão grandes ou mais difíceis do que o são hoje. Devido ao mal que predomina no mundo e ao abandono da luz antes conhecida ou professada na cristandade como um todo, qualquer luz vista no cristão brilha com maior intensidade. Nada expõe o mal ou a incredulidade mais do que o andar humilde, quieto e devotado de um cristão diligente e com uma mente celestial, o qual é divinamente instruído. Os homens odeiam ter sua maldade e incredulidade expostas e, por esta razão, odeiam a pessoa fiel que as expõe. Isso torna tudo mais difícil para o cristão.



A oposição à verdade é sentida de forma mais aguda, pelos seguidores fiéis de Cristo, quando provém daqueles que antes professavam a verdade, mas deixaram-na escapar. Tais pessoas têm uma consciência que outrora esteve esclarecida e ativa. Quando a luz volta a alfinetar uma consciência adormecida, o resultado é, com freqüência, um amargo rancor.

O presente mundo mau (Gl 1:4) é o lugar onde nos encontramos. As circunstâncias e as coisas ao nosso redor estão ficando tão escuras e más que temos que ficar extremamente vigilantes para não sermos afetados pelas próprias condições deste presente mundo mau. Sendo o que somos por natureza, existe uma tendência constante para a alma ficar ocupada com esse mal e até mesmo naufragar nele. Podemos até chegar a pensar que o mal é maior do que o bem. Chegar a este ponto é achar que o mal é maior do que Deus, mas Ele está bem acima de tudo. Ele é maior do que tudo e Ele é por nós, e é de grande importância contarmos com Ele.

A Palavra de Deus nos dá instruções e exortações neste presente mundo no tempo final quando a casa de Deus é chamada de grande casa (2 Tm 2:20). Enumeramos algumas:

"Fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus" (2 Tm 2.1).
"Não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor" (2 Tm 1:8).
"Participa das aflições do evangelho" (2 Tm 1:8).
"Conserva o modelo das sãs palavras" (2 Tm 1:13).
"Sofre... as aflições como bom soldado de Jesus Cristo" (2 Tm 2:3).
"Sê sóbrio em tudo, sofre as aflições" (2 Tm 4:5).
"Permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido" (2 Tm 3:14).

Paulo diz acerca de si mesmo: "O Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o Seu reino celestial" (2 Tm 4:18). Esta é também a nossa confiança, de forma que, mesmo quando vivemos em um mundo tão mau como este, podemos confiar em nosso Deus que é maior do que tudo. Ele bem cedo enviará nosso Senhor e Salvador para nos tirar da presença do mal.

Nao vos comove isto?


"Não vos comove isto a todos vós que passais pelo caminho? Atendei, e vede, se há dor como a minha dor, que veio sobre mim, com que o Senhor me afligiu, no dia do furor da Sua ira." Lamentações 1.12 Estas são palavras fortes, com certeza, que atingem o mais profundo do coração enquanto buscam por uma resposta à questão que foi levantada. Foi Jeremias, o profeta, quem primeiro pronunciou estas palavras há uns 2500 anos. Elas pareciam estar focalizadas em um tumultuoso agrupamento de pessoas fora da cidade de Jerusalém, por volta do ano 30 A.D.



Muitas pessoas encontram-se ali, indo de um lado para o outro, cuidando das ocupações rotineiras desta vida. Há crianças brincando e chamando umas pelas outras. Há mulheres indo ao mercado ou talvez indo buscar água. Há comerciantes discutindo sobre seus negócios de compra e venda de mercadorias. Há líderes religiosos falando com voz exaltada sobre os eventos dos últimos dias. Há muitos soldados que se dirigem para o cumprimento do dever. E há pequenas rodas de curiosos, caçadores de novidades, repousando sobre as vertentes cobertas pela relva e esperando para ver o que iria acontecer.

Três Cruzes

E realmente algo estava para acontecer, pois tratava-se de um dia escolhido para uma execução pública. Três cruzes foram levantadas e, sobre elas, três homens podiam ser vistos com enormes cravos que os prendiam. Não estava sendo dada muita atenção aos dois homens que estão à direita e à esquerda. Eram criminosos conhecidos, e não há dúvidas de que todos achavam que eles estavam recebendo o que mereciam.

Todavia, o homem na cruz do meio estava recebendo muito mais atenção. Alguns pensavam que Ele havia enganado as pessoas; que Ele estivesse querendo abolir os costumes religiosos de sua nação. Outros lembravam que, no entanto, Ele tinha curado muitos enfermos. Tudo isso os incriminava, imputando-lhes a culpa de Seu sangue estar sobre eles e sobre seus filhos. Alguém, tomando a palavra, disse que Ele havia restaurado a vista a um cego de nascença, e era certo que se Ele não fosse Deus não teria sido capaz de fazer algo assim. Desse modo o povo ficava dividido.

Era Desprezado

À medida que as horas da manhã passavam, parecia que os antagonistas iam ganhando terreno. Eles zombavam, escarneciam, instigavam, batiam nEle e O maltratavam com espinhos e sarças. Aqueles que sabiam um pouco da verdade de que era Ele o próprio Filho de Deus aparentemente nada podiam fazer além de bater no peito em completo desespero. Talvez se lembrassem das palavras do profeta Isaías: "Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dEle caso algum" (Is 53.3). E talvez tenham se lembrado das palavras de um deles que havia dito, "Porventura sabem verdadeiramente os príncipes que de fato este é o Cristo?" (Jo 7.26).

Maria, a mãe do Senhor, também se encontrava naquela cena. E como poderia ela ficar longe dali? Ela tinha verdadeiramente um coração de mãe para com seu Filho primogênito. Sem dúvida ela se lembrava das palavras de Simeão naqueles dias de euforia quando Jesus nasceu. Simeão, um velho, havia dito: "Eis que este é posto... para sinal que é contraditado (e uma espada traspassará também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações" (Lc 2.34,35). Seria isto o que ela estava agora testemunhando; seria isto o que Simeão quis dizer?

Maria Madalena

Junto com Maria, a mãe do Senhor, estava outra Maria, Maria Madalena. Não se sabe muito desta Maria, exceto que o Senhor, no começo de Seu ministério, havia expulsado dela sete demônios (Lucas 8.2). Por este ato de bondade e compaixão, o coração de Maria havia sido grandemente atraído a Ele. Ela, com frequência, servia a Ele quando estava na Galiléia (Marcos 15.41).

E agora desce uma cortina de escuridão sobre a cena toda. Já não é permitido ao homem seguir dando vazão à sua ira contra o amado Ser celestial. Aqueles que estavam nas proximidades não podiam enxergar com seus olhos, mas podiam escutar com seus ouvidos. Penetrando a escuridão, ouviu-se um brado de gelar o coração: "Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?" (Mt 27.46). E depois, "Está consumado" (Jo 19.30). A obra da salvação havia sido completada pela morte do imaculado e incontaminado Filho de Deus, o Cordeiro escolhido pelo próprio Deus.

Desde aquele momento, e até hoje, as palavras da lamentação de Jeremias trazem um significado particular: "Não vos comove isto a todos vós que passais pelo caminho?" (Lm 1.12). Muitos daqueles que participaram da cena da crucificação diriam que aquilo nada significou para eles. Continuaram seu caminho para seus lares e voltaram às suas atividades habituais. O mesmo não aconteceu com Maria Madalena. Ela aguardou por perto para ver onde Ele seria colocado (Marcos 15.47). Já se delineava em sua mente um plano de como ela poderia mostrar mais um ato de bondade para com Aquele que havia mostrado tanta bondade para com ela. Ela esperou pacientemente por uma chance, e quando o Sabbath já havia passado, bem cedo de manhã ela dirigiu-se ao sepulcro com suas especiarias aromáticas a fim de ungir o corpo de Jesus (Marcos 16.1-2).

Um Sepulcro Vazio

Então, naquela manhã da ressurreição, ela encontrou o sepulcro vazio. Aquilo foi demais para Maria, e ela correu a procurar Pedro e João na esperança de que pudessem dar a ela respostas para sua perplexidade. Pedro e João verificaram o fato de que o sepulcro estava vazio, e seguiram para casa, deixando o sepulcro vazio e Maria do lado de fora, tomada de dor. "Pedro – alguém poderia perguntar – 'Não vos comove isto?' Depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias, como pode você voltar para casa numa situação assim?" Longe de Maria pensar isto. Ela permaneceu ao lado do sepulcro chorando e sua reação respondia claramente à pergunta de Jeremias. Suas lágrimas e seu coração em dor falam mais alto do que palavras. Ele era tudo para ela; Ele era "totalmente desejável" (Ct 5.16).

Mesmo havendo Pedro e João partido, ela deve continuar sua busca sozinha. Isso a levou à notável revelação de Jesus a ela, uma honra e privilégio maiores do que os concedidos a quaisquer dos discípulos. Ela escutou dos próprios lábios do Senhor seu nome ser, amorosa e suavemente, chamado outra vez (João 20.16). Finalmente seu coração quebrantado já poderia descansar, sabendo que seu verdadeiro Amigo e Benfeitor estava vivo para sempre.

E o que é que acontece com Seus santos nos dias de hoje? Quando nos reunimos para recordá-Lo na morte, a cada Dia do Senhor, será que podemos ouvir o lamento de Jeremias, dizendo, "Não vos comove isto?" Será que entramos em Sua presença como algo de rotina? Permanecemos ali conscientes de que fomos libertados da servidão de Satanás, de modo tão completo quanto foi Maria Madalena? Porventura nosso louvor e adoração não deveria alcançar um patamar mais elevado se tivéssemos o mesmo senso de amor e apreciação que teve Maria Madalena? Possamos nós proclamar com ela: Tudo Ele é para mim; Ele é "totalmente desejável" (Ct 5.6).

O Mundo Não Gira em Torno de Você - Paul Washer

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Os Milagres


Ex 4.1-9; 1 Rs 17.21-24; Jo 2.11; Hb 2.1-4

Às vezes, quando jogo golfe com os amigos, na minha vez de jogar (que geralmente é marcada por um grande número de bolas dentro d'água) eu acerto uma boa tacada, fazendo a bola atravessar por cima de um lago e cair na terra firme do outro lado. Por eu ser pastor, tal proeza é recebida pelos amigos com sobrancelhas erguidas e a expressão: "É um milagre!" Qualquer criança sabe que não é preciso um milagre para atirar uma pedra por cima de um lago. Também não é preciso um milagre para fazer uma bolinha de golfe atravessar por cima da água. Desde que a bola tenha a velocidade adequada e esteja na direção certa, a questão é simples.

O termo milagre tende a ser usado levianamente hoje em dia. Um gol no futebol, uma situação em que se escapa "por um triz", ou a beleza de um pôr-do-sol são rotineiramente chamados de milagres. Entretanto, a palavra milagre pode ser usada de três maneiras distintas. A primeira descreve eventos comuns, mas que são impressionantes. Falamos sobre o nascimento de um bebê, por exemplo, como um milagre. Ao fazer isso, glorificamos a Deus pela complexidade e pela beleza da criação. Ficamos maravilhados diante da majestade do cosmos, quando Deus opera por intermédio dos meios secundários das leis naturais, as quais são também criação dele. Aqui o termo milagre refere-se às coisas comuns que apontam para uma causa incomum no poder de Deus.

A segunda maneira em que podemos usar o termo milagre é similar à primeira. Freqüentemente, nas Escrituras, lemos sobre Deus operando através dos meios secundários num tempo e lugar mais específicos. A estrela de Belém, por exemplo, talvez tivesse uma causa natural e científica. O extraordinário alinhamento de um grupo de estrelas, ou  uma fase da lua poderiam explicar seu intenso brilho. Considerar essas possibilidades, entretanto, não torna o evento menos miraculoso. A luz espelhou seu brilho no momento do nascimento de Cristo. Mostrou o caminho de Belém aos magos.A estrela então era um milagre por ter ocorrido no tempo e no lugar certos. Tal milagre glorifica a Deus pela maneira como ele tece a tapeçaria da História de tal maneira que o evento ocorreu no momento exato, de uma maneira miraculosa.

Terceiro, milagre referem-se a atos de Deus contrariando o que é natural. Este é o uso mais técnico do termo. Jesus transformando água em vinho ou ressuscitando Lázaro dentre os mortos são exemplo de Deus operando contra suas leis da natureza. POde não haver nenhuma explicação natural para tais eventos. Servem para validar Cristo como divino Filho de Deus.

A Bíblia utiliza várias palavras para definir o conceito contido na simples palavra milagre. A Bíblia fala de sinais, maravilhas e prodígios. Em seu senso mais restrito, ligamos milagre à palavra bíblica para sinal. Milagres são chamados de sinais porque, como todos os sinais, eles apontam, para além de si mesmo, para algo mais significativo. Deus usou os milagres para provar ou atestar seus agentes da revelação divina (Hb 2.3,4). Deus deu poder a Moisés para realizar milagres a fim de demonstrar que o tinha enviado. Da mesma maneira, o Pai autenticou o ministério do Filho por meio dos sinais que ele operou.

Atualmente existem três perspectivas diferentes de milagres. A primeira é a visão cética que nega que os milagres possam ocorrer. A segunda visão argumenta que os milagres aconteceram nos tempos bíblicos e continuam a acontecer hoje. A terceira visão á a que os verdadeiros milagres aconteceram na Bíblia, mas que Deus cessou de operar milagres uma vez que a revelação foi estabelecida nas Escrituras. Essa visão sustenta que Deus ainda opera no mundo de maneira sobrenatural, mas não concede mais poderes de operar milagres a seres humanos.

Sumário
1. A Bíblia fala sobre sinais, prodígios e maravilhas.
2. A Bíblia registra diferentes tipos de milagres.
3. Todo milagre é uma evento sobrenatural, mas nem todo evento sobrenatural constitui um milagre.
Autor:  R. C. Sproul

A Providência


Jó 38-1 a 41.34; Dn 4.34,35; At 2.22-24; Rm 11.33-36

A maior cidade de Rhode Island [um estado americano] chama-se Providência. Existe algo de extraordinário neste nome. Ele chama a nossa atenção para a grande lacuna na maneira de pensar entre as gerações passadas e a nossa sociedade atual. Quem iria chamar uma cidade de Providência, hoje em dia? A própria palavra soa arcaica e fora de moda.

Quando leio os escritos de cristãos de séculos atrás, fico surpreso com a enorme quantidade de referências à providência de Deus. É como se antes do século XX os cristãos fossem muito mais conscientes e sensíveis para com a providência de Deus em sua vida. O espírito do naturalismo, que interpreta todos os eventos na natureza como sendo governados por forças independentes, causou um impacto em nossa geração.
O significado fundamental da palavra providência é "ver antes ou com antecedência", ou "prover algo para". Com tais sentidos, a palavra fica longe de conseguir cobrir o profundo significado da doutrina da providencia, a qual significa muito mais do que Deus ser um espectador dos eventos humanos. Contém muito mais o que mera referência à providência de Deus.

A Confissão de Fé de Westminster, feita no século XVII, definida providência da seguinte maneira:
"Pela mui sábia e santa providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho de sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória de sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as criaturas, todas as ações delas e todas as coisas, desde a maior até a menor”.(CAP VI)

Aquilo que Deus cria, ele também sustenta. O universo não só depende de Deus para sua origem, mas depende dele também para continuar existindo. O universo não pode existir nem operar por seu próprio poder. Deus sustente todas as coisas por seu poder. Nele nós vivemos, nos movemos existimos.
O ponto central da doutrina da providência é a ênfase no governo de Deus sobre o universo. Ele governa sua criação com absoluta soberania e autoridade. Ele governa aquilo que acontece, desde os maiores eventos até os menores. Nada jamais acontece além do âmbito do seu governo soberana e providencial. Ele faz a chuva cair e o sol brilhar. Levanta e derruba reinos. Ele conta os cabelos da nossa cabeça e os dias da nossa vida.

Existe uma diferença fundamental entre a providência de Deus e fortuna[aquilo que sucede por acaso], destino ou sorte. A chave para esta diferença está no caráter pessoal de Deus. A fortuna é cega, enquanto Deus vê todas as coisas. O destino é impessoal enquanto Deus é nosso Pai. A sorte é muda enquanto Deus pode falar. Não existem forças cegas e impessoais na história humana. Tudo se passa por meio de mão invisível da providência de Deus.

Num universo governado por Deus não existem eventos casuais. De fato, não existe algo como acaso. O acaso não existe. Não passa de uma palavra que usamos para descrever possibilidades matemáticas, mas que não tem nenhum poder em si, porque não tem existência. O acaso não é uma entidade capaz de influenciar a realidade. Acaso não é algo real. Não é nada.

Outro aspecto da providência chama-se concorrência. Concorrência refere-se às ações conjuntas de deus e seres humanos. Mesmo assim, o poder causal que exercemos é secundário. A soberana providência de Deus está acima e além das nossa ações. Ele opera sua vontade por meio das ações da vontade humana, sem violar a liberdade dessa vontade humana. O exemplo mais claro de concorrência encontrado nas Escrituras é o caso de  José e seus irmãos. Apesar de os irmãos de José serem verdadeiramente culpados pela traição que fizeram contra ele, a providência de Deus estava operando até mesmo através do pecado deles. José disse aos irmãos: "Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida." (Gn 50.20).

A providência redentora de Deus pode operar através das ações mais diabólicas. A pior ofensa que já foi cometida por um ser humano foi a traição de Jesus Cristo por Judas Iscariotes. Mesmo assim, a morte de Cristo não foi um acidente na História. Aconteceu de acordo com o conselho determinado por Deus. O ato de perversidade de Judas ajudou a promover a melhor coisa que já aconteceu na História, a Expiação. Não é fortuito quando nos referimos àquele dia histórico com sexta-feira "santa".

Sumário

1. O conceito da providência divina geralmente não é entendido em nossos dias.
2. A providência inclui a obra de Deus em sustentar sua criação.
3. A providência se refere  principalmente ao governo de Deus sobre a criação.
4. À luz da providência divina, não existem forças impessoais tais como fortuna, destino ou acaso.
5. A providência inclui a concorrência, por meio da qual Deus opera sua vontade divina por intermédio da vontade de suas criaturas.

Autor:  R. C. Sproul
Fonte: 1º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro em http://www.cep.org.br .

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A Graça Comum


I. EXPLICAÇÃO E BASE BÍBLICA

A. Introdução e definição

Quando Adão e Eva pecaram, tornaram-se réus da punição eterna e da separação de Deus (Gênesis 2:17). Do mesmo modo, hoje, quando os seres humanos pecam, eles se tornam sujeito à ira de Deus e à punição eterna: “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23). Isso significa que, uma vez que as pessoas pecam, a justiça de Deus requer somente uma coisa — que elas sejam eternamente separadas de Deus, alienadas da possibilidade de experimentar qualquer bem da parte dEle, e que elas existam para sempre no inferno, recebendo eternamente apenas a Sua ira. De fato, isso foi o que aconteceu aos anjos que pecaram e poderia ter acontecido exatamente conosco também: “Pois Deus não poupou aos anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo” (2 Pedro 2:4).

Mas, de fato, Adão e Eva não morreram imediatamente (embora a sentença de morte começasse a ser aplicada na vida deles no dia em que pecaram). A execução plena da sentença de morte foi retardada por muitos anos. Além disso, milhões de seus descendentes até o dia de hoje não morrem nem vão para o inferno tão logo pecam, mas continuam a viver por muitos anos, desfrutando bênçãos incontáveis nesta vida. Como pode ser isso? Como Deus pode continuar a conferir bênçãos a pecadores que merecem somente a morte — não somente aos que finalmente serão salvos, mas também a milhões que nunca serão salvos, cujos pecados nunca serão perdoados?

A respostas a essas perguntas é que Deus concede-lhes graça comum. Podemos definir graça comum da seguinte maneira: Graça comum é a graça de Deus pela qual Ele dá às pessoas bênçãos inumeráveis que não são parte da salvação. A palavra comum aqui significa algo que é dado a todos os homens e não é restrito aos crentes ou aos eleitos somente.

Diferentemente da graça comum, a graça de Deus que leva pessoas à salvação é muitas vezes chamada “graça salvadora”. Naturalmente, quando falamos a respeito da “graça comum” e da “graça salvadora”, não estamos sugerindo que há duas diferentes espécies de graça no próprio Deus, mas apenas estamos dizendo que a graça de Deus se manifesta no mundo de duas maneiras diferentes. A graça comum é diferente da graça salvadora quanto aos resultados (ela não traz salvação), seus destinatários (é dada aos crentes e descrentes igualmente) e sua fonte (ela não flui diretamente da obra expiatória de Cristo, visto que a morte dEle não obtém nenhuma medida de perdão para os descrentes e, portanto, nem os crentes nem os descrentes fazem jus às suas bênçãos). Contudo, sobre o último ponto, deve ser dito que a graça comum flui indiretamente da obra redentora de Cristo, porque o fato de Deus não julgar o mundo assim que o pecado entrou nele talvez seja apenas porque Ele planejou finalmente salvar alguns pecadores por meio da morte de Seu Filho.

B. Exemplos de graça comum

Se olhamos para o mundo ao nosso redor e o contrastamos com o fogo do inferno que ele merece, podemos ver imediatamente a abundante evidência da graça comum de Deus em milhares de exemplos na vida diária. Podemos distinguir diversas categorias específicas nas quais essa graça comum pode ser vista.

1. A esfera física. Os descrentes continuam a viver neste mundo somente por causa da graça comum de Deus — cada vez que as pessoas respiram é pela graça, pois o salário do pecado é a morte, não a vida. Além disso, a terra não produz somente espinhos e ervas daninhas (Gênesis 3:18), nem permanece um deserto ressequido, mas a graça comum de Deus provê comida e material para roupa e abrigo, muitas vezes em grande abundância e diversidade. Jesus disse: “Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque Ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos” (Mateus 5:44,45). Aqui Jesus apela para a abundante graça comum de Deus como encorajamento aos seus discípulos, para que eles também concedam amor e orem para que os descrentes sejam abençoados (cf. Lucas 6:35,36). Semelhantemente, Paulo disse ao povo de Listra: “No passado [Deus] permitiu que todas as nações seguissem os seus próprios caminhos. Contudo. Deus não ficou sem testemunho: mostrou sua bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura e um coração cheio de alegria” (Atos 14:16,17).

O Antigo Testamento também fala da graça comum de Deus que vem aos descrentes tanto quanto aos crentes. Um exemplo específico é o de Potifar, o capitão da guarda do Egito que comprou José como escravo: “o Senhor abençoou a casa do egípcio por causa de José. A bênção do Senhor estava sobre tudo o que Potifar possuía, tanto em casa como no campo” (Gênesis 39:5). Davi fala de modo muito mais geral a respeito das criaturas que o Senhor fez:

“O Senhor é bom para todos; a sua compaixão alcança todas as suas criaturas. [...] Os olhos de todos estão voltados para ti, e tu lhes dás o alimento no devido tempo. Abres a tua mão e satisfazes os desejos de todos os seres vivos” (Salmos 145:9,15,16).

Estes versículos são outro lembrete de que a bondade que é encontrada em toda a criação não acontece automaticamente — ela se deve à bondade de Deus e Sua compaixão.

2. A esfera intelectual. Satanás é “mentiroso e pai da mentira” e “não há verdade nele” (João 8:44), porque lhe foi dado ter domínio sobre o mal e sobre a irracionalidade e comprometimento com a falsidade que acompanha o mal radical. Mas os seres humanos no mundo de hoje, mesmo os descrentes, não estão totalmente entregues à mentira, irracionalidade e ignorância. Todas as pessoas são capazes de ter um pouco de compreensão da verdade; de fato, algumas possuem grande inteligência e entendimento. Isso também deve ser visto como resultado da graça comum de Deus. João fala de Jesus como “a verdadeira luz, que ilumina todos os homens” (João 1:9), pois, em seu papel como criador e sustentador do universo (não particularmente em seu papel como redentor), o Filho de Deus concede iluminação e entendimento que vêm a todas as pessoas no mundo.

A graça comum de Deus na esfera intelectual é vista no fato de que todas as pessoas têm certo conhecimento de Deus: “porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças” (Romanos 1:21). Isso significa que há um senso da existência de Deus e muitas vezes a fome de conhecer Deus que Ele permite que permaneça no coração das pessoas, embora isso resulte muitas vezes em muitos religiões diferentes criadas pelos homens. Portanto, mesmo quando falando a pessoas que sustentavam religiões falsas, Paulo pôde encontrar um ponto de contato com respeito ao conhecimento da existência de Deus, exatamente como fez quando falou aos filósofos atenienses: “Atenienses! Vejo que em todos os aspectos vocês são muito religiosos [...] o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio” (Atos 17:22,23).

A graça comum de Deus na esfera intelectual também resulta na capacidade de captar a verdade e distingui-la do erro e de experimentar crescimento em conhecimento que pode ser usado na investigação do universo e na tarefa de dominar a terra. Isso significa que toda ciência e tecnologia desenvolvida pelos não-cristãos é resultado da graça comum, permitindo-lhes fazer descobertas e invenções incríveis, para desenvolver os recursos do planeta na criação de muitos bens materiais, para produção e distribuição desses recursos e para alcançar habilidades na obra produtiva. Em sentido prático, isso significa que, cada vez que entramos em uma mercearia, andamos em um automóvel ou entramos em uma casa, devemos lembrar que estamos experimentando os resultados da abundante graça comum de Deus derramada tão ricamente sobre toda a raça.

3. A esfera moral. Pela graça comum Deus também refreia as pessoas de serem tão más quanto poderiam. Novamente o reino demoníaco, totalmente dedicado ao mal e à destruição, proporciona um contraste claro com a sociedade humana, na qual o mal é claramente refreado. Se as pessoas persistem dura e repetidamente em seguir o pecado durante o curso de sua vida, Deus finalmente as entregará ao maior de todos os pecados (cf. Salmos 81:12; Romanos 1:24,26,28), mas no caso da maioria dos seres humanos eles não caem nas profundezas às quais seus pecados normalmente os levariam, porque Deus intervém e coloca freio na sua conduta. Um refreamento muito eficaz é a força da consciência. Paulo diz: “De fato, quando os gentios, que não têm a Lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a Lei; pois mostram que as exigências da Lei estão gravadas em seu coração. Disso dão testemunho também a sua consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os” (Romanos 1:32). E em muitos outros casos, essa sensação interior da consciência leva os indivíduos a estabelecer leis e costumes na sociedade que são, em termos da conduta exterior que eles aprovam ou proíbem, totalmente iguais às leis morais da Escritura. As pessoas muitas vezes estabelecem leis ou têm costumes que respeitam a santidade do casamento e da família, protegem a vida humana e proíbem o roubo e a falsidade no falar. Por causa disso, elas muitas vezes seguem caminhos moralmente retos e exteriormente andam conforme os padrões morais encontrados na Escritura. Embora a conduta moral delas não possa ganhar méritos com Deus, visto que a Escritura claramente diz que “diante de Deus ninguém é justificado pela Lei” (Gálatas 3:11) e “Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer” (Romanos 3:12), contudo, em algum sentido menor que ganhar a aprovação ou o mérito eterno de Deus, os descrentes realmente fazem “o bem”. Jesus sugere isso quando diz: “E que mérito terão, se fizerem o bem àqueles que são bons para com vocês? Até os 'pecadores' agem assim” (Lucas 6:33).

4. A esfera da criatividade. Deus distribuiu medidas significativas de capacidade em áreas artísticas e musicais, assim como em outras esferas nas quais a criatividade e a habilidade podem expressar-se, como praticar esportes, cozinhar, escrever, e assim por diante. Além disso, Deus nos dá a capacidade de apreciar a beleza em muitas áreas da vida. E nessa área, assim como na esfera física e intelectual, as bênçãos da graça comum são às vezes derramadas sobre os descrentes até mais abundantemente que sobre os crentes. Todavia, em todos os casos, ela é resultado da graça de Deus.

5. A esfera da sociedade. A graça de Deus também é evidente na existência de várias organizações e estruturas na raça humana. Vemos isso primeiramente na família humana, ressaltado pelo fato de que Adão e Eva permaneceram marido e mulher após a queda e então tiveram filhos, homens e mulheres (Gênesis 5:4). Os filhos de Adão e Eva casaram-se e formaram famílias para si mesmos (Gênesis 4:17,19,26). A família humana permanece ainda hoje, não simplesmente como instituição para os crentes, mas para todas as pessoas.

O governo humano é também resultado da graça comum. Ele foi instituído no princípio por Deus após o dilúvio (ver Gênesis 9:6) e, segundo Romanos 13 claramente afirma, foi estabelecido por Deus: “Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas”. Está claro que o governo é dom de Deus para a raça em geral, pois Paulo diz que a autoridade “é serva de Deus para o seu bem” e que ela é “serva de Deus, agente de justiça para punir quem pratica o mal” (Romanos 13:4). Um dos principais meios que Deus usa para refrear o mal no mundo é o governo humano. As leis humanas, as forças policiais e os sistemas judiciais proporcionam poderosa repressão às más ações, e esses são freios necessários, pois há muito mal no mundo que é irracional e pode ser restringido somente pela força, já que ele não será impedido pela razão ou pela educação. Obviamente a pecaminosidade das pessoas pode também afetar os governos em si mesmos, de forma que o governo humano, igual a todas as outras bênçãos da graça comum que Deus dá, pode ser usado tanto para o propósito do bem como do mal.

6. A esfera religiosa. Mesmo na esfera da religião humana, a graça comum de Deus traz algumas bênçãos para as pessoas incrédulas. Jesus nos diz: “Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem” (Mateus 5:44), e desde que não há qualquer restrição no contexto para que se ore simplesmente pela salvação deles e como a ordem de orar pelos que nos perseguem é combinada com a ordem de amá-los, parece razoável concluir que Deus pretende responder a nossas orações pelos que nos perseguem em muitas áreas de suas vidas. De fato, Paulo especificamente ordena que oremos “pelos reis e por todos os que exercem autoridade” (1 Timóteo 2:2). Quando procuramos o bem dos descrentes, isso é coerente com a própria prática divina de conceder sol e chuva a “maus e bons” (Mateus 5:45) e também está de acordo com a prática de Jesus durante o Seu ministério terreno, quando Ele curou cada pessoa que lhe era trazida (Lucas 4:40). Não há indicação alguma de que ele tenha exigido que todos cressem nele ou concordassem que ele era o Messias antes de lhes conceder cura física.

Deus responde às orações dos descrentes? Embora Deus não tenha prometido responder às orações dos descrentes como prometeu responder às orações dos que vêm a Ele em nome de Jesus, e embora Ele não tenha obrigação de responder às orações dos descrentes, mesmo assim Deus pode por Sua graça comum ouvir e responder positivamente às orações deles, demonstrando dessa forma Sua misericórdia e bondade de outro modo ainda (cf. Salmos 145:9,15; Mateus 7:22; Lucas 6:35,36). Esse é provavelmente o sentido de 1 Timóteo 4:10, que diz que Deus é o “Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem”. Aqui “Salvador” não significa restritamente “quem perdoa pecados e dá vida eterna”, porque tais coisas não são dadas aos que não crêem. “Salvador” deve ter aqui um sentido mais geral — a saber, “quem resgata da miséria, quem liberta”. Em caso de pobreza e miséria, Deus muitas vezes ouve as orações dos descrentes e os livra graciosamente de seus problemas. Além disso, mesmo os descrentes muitas vezes possuem um senso de gratidão para com Deus pela bondade da criação, pela libertação em meio ao perigo e pelas bênçãos da família, do lar, das amizades e do país.

7. A graça comum não salva pessoas. A despeito de tudo isso, devemos perceber que a graça comum é diferente da graça salvadora. A graça comum não muda o coração humano nem traz pessoas ao genuíno arrependimento ou à fé — ela não pode salvar e não salva pessoas (embora na esfera intelectual e moral ela possa preparar as pessoas para torná-las mais dispostas a aceitar o evangelho). A graça comum refreia o pecado, mas não muda a disposição fundamental de pecar nem purifica a natureza humana decaída.

Devemos também reconhecer que as ações que os descrentes realizam por causa da graça comum não merecem a aprovação ou o favor de Deus. Essas ações não procedem da fé (“tudo o que não provém da fé é pecado”, Romanos 14:23) nem são motivadas pelo amor a Deus (Mateus 22:37), e sim pelo amor ao ego sob uma ou outra forma. Portanto, embora possamos prontamente dizer que as obras dos descrentes que se conformam externamente às leis de Deus são “boas” em algum sentido, contudo elas não são boas em termos de merecer a aprovação de Deus nem de tornar Deus endividado para com o pecador em sentido algum.

Finalmente, devemos reconhecer que os descrentes muitas vezes recebem mais graça comum que os crentes — eles podem ser mais habilidosos, trabalhar com mais esforço, ser mais inteligentes, mais criativos ou ter mais dos benefícios materiais desta vida para desfrutar. Isso não indica de forma alguma que eles são mais favorecidos por Deus no sentido absoluto ou que eles vão ganhar qualquer coisa relativa à salvação eterna, mas significa somente que Deus distribui as bênçãos da graça comum de vários modos, muitas vezes concedendo bênçãos bastante significativas a descrentes. Em tudo isso, obviamente, eles devem tomar consciência da bondade de Deus (Ateus 14:17) e reconhecer que a vontade revelada de Deus é que essa “bondade de Deus” finalmente os conduza “ao arrependimento” (Romanos 2:4).

C. Razões para a graça comum

Por que Deus concede graça comum a pessoas imerecedoras que nunca virão à salvação? Podemos sugerir ao menos quatro razões.

1. Para redimir os que serão salvos. Pedro diz que o dia do juízo e da execução final de punição está sendo retardado porque há ainda mais pessoas que serão salvas. “O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.” (2 Pedro 3:9,10). De fato, essa razão foi verdadeira desde o princípio da história humana, pois, se Deus quisesse salvar qualquer pessoa entre todos que compõem a humanidade pecaminosa, Ele não poderia destruir todos os pecadores imediatamente (nesse caso não sobraria ninguém da raça humana). Ao contrário, Ele resolveu permitir que seres humanos pecaminosos vivessem algum tempo de modo a ter uma oportunidade de arrependimento e também para que pudessem gerar filhos, capacitando gerações subseqüentes a viver, a ouvir o evangelho e se arrepender.

2. Para demonstrar a bondade e a misericórdia de Deus. A bondade e a misericórdia de Deus não são vistas somente na salvação dos crentes, mas também nas bênçãos que Deus dá aos pecadores que não as merecem. Quando Deus “é bondoso para com os ingratos e maus” (Lucas 6:35), essa bondade é revelada no universo, para a Sua glória. Davi diz: “O Senhor é bom para todos; a sua compaixão alcança todas as suas criaturas” (Salmos 145:9). Na história de Jesus conversando com o moço rico, lemos: “Jesus olhou para ele e o amou” (Marcos 10:21), embora o homem fosse um descrente que no mesmo instante afastou-se de Jesus porque possuía muitas riquezas. Berkhof diz que Deus “derrama incontáveis bênçãos sobre todos os homens e também indica claramente que elas são expressões de uma disposição favorável de Deus que, contudo, fica muito aquém da volição positiva exercida para lhes perdoar, suspender a sentença a eles imposta e assegurar-lhes a salvação”.

Não é injusto Deus retratar a execução da punição do pecado e dar temporariamente bênçãos aos seres humanos, porque a punição não é esquecida, mas apenas retardada. Retardando a punição, Deus mostra claramente que não tem prazer em executar o juízo final, mas, ao contrário, Ele se deleita na salvação de homens e mulheres. “Juro pela minha vida, palavra do Soberano, o SENHOR, que não tenho prazer na morte dos ímpios, antes tenho prazer em que eles se desviem dos seus caminhos e vivam” (Ezequiel 33:11). Deus “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Timóteo 2:4). Em tudo isso o tempo de espera da punição dá uma evidência clara da misericórdia, bondade e amor de Deus.

3. Para demonstrar a justiça de Deus. Quando repetidamente Deus convida os pecadores a virem à fé e repetidamente eles recusam os Seus convites, a justiça de Deus em condená-los é vista muito mais claramente. Paulo adverte que quem persiste na incredulidade está simplesmente acumulando a ira para si mesmo: “Contudo, por causa da teimosia e do seu coração obstinado, você está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento” (Romanos 2:5). No dia do juízo todas as bocas serão silenciadas (Romanos 3:19), e ninguém será capaz de contrapor que Deus foi injusto.

4. Para demonstrar a glória de Deus. Finalmente, a glória de Deus é mostrada de muitas formas pelas atividades dos seres humanos em todas as áreas nas quais a graça comum está em operação. No desenvolvimento e no exercício do domínio sobre a terra, homens e mulheres demonstram e refletem a sabedoria do seu Criador, comprovam as qualidades dadas por Deus, as virtudes morais e a autoridade sobre o universo, e coisas semelhantes. Embora todas essas atividades sejam contaminadas por motivos pecaminosos, elas apesar disso refletem a excelência de nosso Criador e, portanto, trazem a glória a Ele, não de forma plena e perfeita, mas ainda assim significativa.

C. Nossa resposta à doutrina da graça comum

Pensando sobre as várias espécies de bondades vistas na vida dos descrentes por causa da graça comum que Deus dá abundantemente, devemos ter em mente três pontos.

1. Graça comum não significa que quem a recebe será salvo. Mesmo uma porção excepcional de graça comum não significa que quem a recebe será salvo. Até as pessoas mais habilidosas, mas inteligentes, mais ricas e poderosas no mundo ainda carecem do evangelho de Jesus Cristo ou serão condenadas eternamente! Os nossos vizinhos mais bondosos e de moral mais elevada ainda carecem do evangelho de Jesus Cristo ou serão condenados eternamente! Exteriormente pode parecer que eles não têm necessidade algumas, mas a Escritura ainda diz que os descrentes são “inimigos de Deus” (Romanos 5:10; cf. Colossenses. 1:21; Tiago 4:4) e são “contra” Cristo (Mateus 12:30). Eles são “inimigos da cruz de Cristo” e “só pensam nas coisas terrenas” (Filipenses 3:18,19), sendo “por natureza merecedores da ira” (Efésios 2:3).

2. Devemos ser cuidados em não rejeitar as coisas boas que os descrentes fazem, considerando-as totalmente más. Pela graça comum os descrentes fazem algumas coisas boas, e devemos ver a mão de Deus nelas, sendo agradecidos por elas, como por exemplo nas amizades, em cada ato de bondade, no que elas trazem de bênçãos para outras pessoas. Tudo isso — embora o descrente não o saiba — procede em última análise de Deus, e Deus merece a glória por tudo.

3. A doutrina da graça comum deveria estimular nosso coração à gratidão muito maior a Deus. Quando descemos uma rua e vemos casas, jardins e famílias vivendo em segurança, ou quando negociamos no mercado e vemos os resultados abundantes do progresso tecnológico, ou quando andamos pelos bosques e vemos a beleza da natureza, ou quando somos protegidos pelas autoridades, ou quando somos educados no vasto conhecimento humano, devemos perceber não somente que Deus, em Sua soberania, é o responsável último por todas essas bênçãos, mas também que Deus as tem concedido aos descrentes, embora eles não tenham absolutamente nenhum mérito com relação a elas! Essas bênçãos no mundo não são apenas evidências do poder e sabedoria de Deus, mas a manifestação contínua da Sua graça abundante. A percepção deste fato deveria fazer nosso coração se encher de gratidão a Deus em cada atividade de nossa vida.

Autor: Wayne Grudem
Fonte: Teologia Sistemática do autor, Editora Vida Nova, págs. 297-304. Compre este livro em http://www.vidanova.com.br .

A Criação


Por que, como e quando Deus criou o universo?

1.         EXPLICAÇÃO E BASE BÍBLICA

Como Deus criou o mundo? Será que ele criou cada espécie diferente de planta e animal de modo direto, ou fez uso de uma espécie de processo evolutivo, guiando o desenvolvimento das coisas vivas a partir das mais simples para as mais complexas? E quanto tempo Deus levou para produzir a criação? Será que ela foi completada no espaço de seis dias de 24 horas, ou Deus serviu-se de milhares ou talvez milhões de anos? Qual é a idade da terra e qual é a idade da raça humana?

Já enfrentamos essas perguntas quando tratamos da doutrina da criação. Diferentemente da maior parte do material anterior deste livro, este capítulo trata de diversas questões sobre as quais os cristãos evangélicos têm diferentes perspectivas, algumas vezes sustentando-as de maneira muito forte.

Este capítulo é organizado para tratar dos aspectos da criação que são mais claramente ensinados na Escritura e sobre os quais a maioria dos evangélicos concordaria (criação do nada, criação especial de Adão e Eva e a bondade do universo), movendo-se para outros aspectos da criação a respeito dos quais os evangélicos têm discordâncias (se Deus usou o processo evolucionário para realizar boa parte da criação, e qual a idade da terra e da raça humana).

Podemos definir a doutrina da criação da seguinte maneira: Deus criou o universo inteiro do nada; ele era originariamente muito bom; e ele o criou para glorificar a si próprio.


A.        Deus criou o universo do nada


1. Evidência bíblica para a criação do nada.

A Bíblia claramente requer que creiamos que Deus criou o universo do nada. (Algumas vezes a expressão latina ex nihilo ,”do nada”, é usada; diz-se então que a Bíblia ensina a criação ex nihilo ). Isso significa que, antes de Deus ter começado a criar o universo, nada mais existia exceto o próprio Deus.

Essa é a inferência de Gênesis 1.1 que diz: “No princípio Deus criou os céus e a terra”.A frase “os céus e a terra” inclui a totalidade do universo, O salmo 33 também nos diz: “Mediante a palavra do SENHOR foram feitos os céus, e os corpos celestes, pelo sopro de sua boca [...] Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo surgiu” (Sl 33.6,9). No NT encontramos uma afirmação de caráter universal no começo do evangelho de João: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo 1.3). A expressão “todas as coisas” é mais bem entendida como referindo-se à totalidade do universo (cf.At 17.24; Hb 11.3). Paulo é totalmente explícito em Colossenses 1 quando especifica todas as partes do universo, tanto as visíveis como as invisíveis: “pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele” (Cl 1.16).

Hebreus 11.3 diz: “Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que aquilo que se vê não foi feito do que é visível”. Essa tradução reflete de modo exato o texto grego. Embora o texto não ensine realmente a doutrina da criação ex nihilo , ele chega próximo de fazer isso, visto que diz que Deus não criou o universo de nada que é visível. A idéia um tanto estranha de que o universo poderia ter sido criado de alguma coisa que era invisível provavelmente não estivesse na mente do autor. Ele está contestando a idéia de a criação ter vindo de alguma matéria preexistente, e para esse propósito o versículo é inteiramente claro.

Porque Deus criou a totalidade do universo do nada, nenhuma matéria no universo é eterna. Tudo o que vemos as montanhas, os oceanos, as estrelas, a própria terra — veio à existência quando Deus os criou. Isso nos lembra que Deus governa todo o universo e que nada na criação deve ser adorado a não ser Deus. Contudo , se negássemos a criação ex nihilo , teríamos de dizer que algum tipo de matéria já existia e que ela, como Deus, é eterna. Essa idéia desafiaria a independência e a soberania de Deus, bem como o fato de que a adoração é devida a ele somente. Se a matéria existisse separada de Deus, então que direito inerente teria Deus de governá-la e usá-la para a sua glória? E que confiança poderíamos ter de que cada aspecto do universo cumpre de modo supremo os propósitos divinos, se algumas partes dele não foram criadas por Deus?

O lado positivo de que Deus criou o universo ex nihilo é que esse universo tem significado e propósito. Deus, em sua sabedoria, criou-o para alguma coisa. Devemos tentar entender esse propósito e usar a criação de modo que ela se encaixe nesse propósito, a saber, o de trazer glória ao próprio Deus.' Além disso, sempre que a criação nos traga satisfação (cf. 1 Tm 6.17), devemos agradecer a Deus, que criou todas as coisas.


2. A criação direta de Adão e Eva.

A Bíblia também ensina que Deus criou Adão e Eva de modo especial e pessoal. “Então o SENHOR Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2.7). Após isso, Deus criou Eva do corpo de Adão: “Então O SENHOR Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne. Com a costela que havia tirado do homem, o SENHOR Deus fez uma mulher e a levou até ele” (Gn 2.2 1,22). Ao que parece Deus deixou Adão saber o que tinha acontecido, pois Adão diz: ”... Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada” (Gn 2.23).

Como veremos adiante, os cristãos diferem sobre o grau em que os desenvolvimentos evolutivos se deram após a criação, talvez (de acordo com alguns) conduzindo ao desenvolvimento de organismos mais e mais complexos. Embora haja diferenças sinceras sobre essa matéria entre os cristãos com respeito aos reinos animal e vegetal, os textos bíblicos são tão explícitos que seria muito difícil para alguns defender a completa veracidade das Escrituras e, ainda assim, sustentar que os seres humanos são o resultado de um longo processo evolutivo. Quando a Escritura diz que o Senhor “formou o homem do pó da terra” (Gn 2.7), isso não parece significar que ele tenha utilizado um processo que levou milhões de anos e tenha empregado o acaso no desenvolvimento de milhares de organismos crescentemente complexos. E ainda mais impossível de conciliar com o pensamento evolucionista é o fato de que essa narrativa claramente retrata Eva como não possuindo mãe; ela foi criada diretamente da costela de Adão enquanto este dormia (Gn 2.21). Mas em uma base puramente evolutiva, isso não seria possível, pois mesmo o primeiro “ser humano” fêmea teria descendido de alguma criatura parecida com o ser humano, mas que ainda era animal. O NT reafirma a historicidade da criação especial de Eva vinda de Adão, quando Paulo diz: “Pois o homem não se originou da mulher, mas a mulher do homem; além disso, o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem” (1 Co 11.8,9).

A criação especial de Adão e Eva mostra que, embora possamos ser iguais a animais em muitos aspectos de nosso corpo físico, mesmo assim somos muito diferentes dos animais. Fomos criados “à imagem de Deus”, o ponto mais alto da criação de Deus, mais parecidos com Deus que com qualquer outra criatura, designados para governar o restante da criação. Mesmo a brevidade da narrativa da criação de Gênesis (comparada com a história dos seres humanos no restante da Bíblia) coloca uma ênfase maravilhosa sobre a importância do homem em relação ao restante do universo. Ela, assim, resiste às tendências modernas de ver o homem como destituído de significado em comparação com a imensidão do universo.


3. A obra do Filho e do Espírito Santo na criação.

Deus Pai foi o agente primário no ato iniciador da criação. Mas o Filho e o Espírito Santo foram também ativos. O Filho é muitas vezes descrito como aquele “por intermédio” de quem a criação se deu. “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele,nada do que existe teria sido feito” (Jo l.3). Paulo diz que “há um só Senhor, Jesus Cristo,por meio de quem vieram todas as coisas e por meio de quem vivemos” ( lCo 8.6) e ”nele foram criadas todas as coisas” (Cl 1.16). Essas passagens fornecem o quadro sólido do Filho como agente ativo na execução dos planos e diretrizes do Pai.

O Espírito Santo estava também em operação na criação. Ele é geralmente descrito como completando, preenchendo e dando vida à criação de Deus. Em Gênesis 1.2,”... o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”, indicando uma função preservadora, sustentadora e orientadora. Jó diz: “O Espírito de Deus me fez; o sopro do Todo-poderoso me dá vida” (Jô 33.4). É importante perceber que em várias passagens do AT a mesma palavra hebraica (rûach) pode significar, em contextos diferentes, ”espírito”, “sopro” ou “vento”. Mas em muitos casos não há grande diferença de significado, pois, se alguém decidisse traduzir alguns termos como o “sopro de Deus” ou mesmo o “vento de Deus”, ainda pareceria um modo figurado de referir-se à atividade do Espírito Santo na criação. Assim o salmista, falando da grande variedade de criaturas na terra e no mar, diz: “Envias o teu Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face da terra” (Sl 104.30, RA); observe também, sobre a obra do Espírito Santo, (Jó 26.13; Is 40.13; lCo 2.10).



B.        A criação é distinta de Deus e, todavia, sempre dependente dele.

O ensino da Escritura a respeito da relação entre Deus e a criação é singular entre as religiões do mundo. A Bíblia ensina que Deus é distinto de sua criação. Ele não é parte dela, pois foi ele quem a fez e a governa. O termo freqüentemente usado para dizer que Deus é muito maior que sua criação é a palavra transcendente. De maneira muito simples, isso significa que Deus está muito “acima” da criação no sentido em que é maior que a criação e independente dela.

Deus está também muito envolvido com a criação, pois ela é continuamente dependente dele para existir e funcionar. O termo técnico usado para falar do envolvimento de Deus com a criação é o termo imanente, que significa “permanecer em” a criação. O Deus da Bíblia não é uma divindade abstrata removida da criação e sem interesse nela. A Bíblia é a história do envolvimento de Deus com sua criação e particularmente com os seres humanos criados. Jó afirma que mesmo os animais e as plantas dependem de Deus : “Em sua mão está a vida de cada criatura e o fôlego de toda a humanidade” (Jó 12.10). No NT, Paulo afirma que Deus “dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas” e que “nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17.25,28). De fato, em Cristo “tudo subsiste” (Cl 1.17), e ele está continuamente “sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa” (Hb 1.3). Tanto a transcendência como a imanência de Deus são afirmadas em um simples versículo quando Paulo fala de “um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos” (Ef 4.6).

O fato de que a criação é distinta de Deus e no entanto é sempre dependente de Deus e de que Deus está muito acima da criação e mesmo assim envolvido com ela (em resumo, que Deus é tanto transcendente como imanente) .

Isso é claramente distinto do materialismo, que é a filosofia mais comum dos descrentes hoje em dia e que nega igualmente a existência de Deus. O materialismo diria que o universo material é tudo o que há.

Os cristãos de hoje que colocam o esforço quase total de suas vidas no objetivo de ganhar dinheiro e adquirir mais posses tornam-se materialistas “práticos” em suas atividades, ja que suas vidas não seriam muito diferentes se eles realmente não cressem em Deus.

A narrativa escriturística da relação entre Deus e sua criação é também distinta do panteísmo . A palavra grega pan significa “tudo” ou “cada”, e panteísmo é a idéia de que tudo, o universo total, é Deus ou é parte de Deus.

O panteísmo nega diversos aspectos essenciais do caráter de Deus. Se o universo inteiro é Deus, então Deus não possui personalidade distinta. Deus não é mais imutável, porque, como o universo muda, Deus também muda. Além disso, Deus não mais é santo, porque o mal no universo também é parte de Deus. Outra dificuldade é que em última análise a maioria dos sistemas panteístas ( como o budismo e muitas outras religiões orientais) acabam negando a importância da personalidade humana individual: como tudo é Deus, a meta do indivíduo seria mesclar-se com o universo e tornar-se mais e mais unido a ele, perdendo assim a sua especificidade individual. Se o próprio Deus não possui identidade pessoal distinta e separada do universo, certamente não devemos nos esforçar para possuí-la também. Assim, o panteísmo destrói não somente a identidade pessoal de Deus, mas também, de modo definitivo, a dos seres humanos.

A narrativa bíblica também destrói o dualismo . Essa é a idéia de que tanto Deus como o universo material existem eternamente lado a lado. Assim, há duas forças supremas no universo, Deus e a matéria.

O problema com o dualismo é que ele indica o conflito eterno entre Deus e os aspectos maus do universo material. Deus triunfará de modo definitivo sobre o mal no universo? Não podemos estar certos, porque tanto Deus como o mal certamente existem eternamente lado a lado. Essa filosofia negaria tanto o senhorio supremo de Deus sobre a criação como também o fato de que a criação veio a existir por causa da vontade de Deus, que ela deve ser usada unicamente para seus propósitos e que ela existe para glorificá-lo. Essa perspectiva também negaria que tudo no universo foi criado inerentemente bom (Gn 1.31) e encorajaria pessoas a ver a realidade material como má em si mesma, em contraste com a genuína narrativa bíblica da criação que Deus fez para ser muito boa e que ele governa para os seus propósitos.

Um exemplo de dualismo na cultura moderna é a trilogia Guerra nas estrelas, que postula a existência da “força” universal que tem tanto o lado bom como o mau. Não há o conceito do Deus transcendente e santo que governa tudo e certamente triunfará sobre tudo. Quando os não-cris­tãos hoje começam a ficar conscientes da realidade espiritual no universo, eles muitas vezes se tornam dualistas, reconhecendo apenas que há aspectos bons e maus no mundo sobrenatural ou espiritual. O movimento Nova Era é na maior parte dualista. Naturalmente Satanás está se deliciando por haver pessoas pensando que existe uma força má no universo que talvez seja igual ao próprio Deus.

A visão cristã da criação é também distinta da perspectiva do deísmo . O deísmo é a visão de que Deus não está agora diretamente envolvido com a criação.

O deísmo geralmente sustenta que Deus criou o universo e é muito maior que ele (Deus é “transcendente”). Alguns deístas também concordam que Deus tem padrões morais e por fim vai considerar as pessoas responsáveis no dia do juízo. Mas eles negam o envolvimento atual de Deus com o mundo, não dando assim espaço algum para sua imanência na ordem criada. Ao contrário, Deus é visto como o relojoeiro divino que deu corda no relógio da criação no início, mas depois o deixou funcionar por si próprio.

Ao mesmo tempo em que o deísmo afirma a transcendência de Deus, ele nega quase toda a história da Bíblia, que é a história do envolvimento ativo de Deus no mundo. Muitos cristãos nominais ou “mornos” são de fato deístas práticos, já que vivem longe da oração genuína, adoração, temor de Deus ou confiança contínua em Deus para que este cuide das necessidades que surgem.



C.        Deus criou o universo para mostrar a sua glória

Está claro que Deus criou seu povo para a sua glória, porque ele fala de seus filhos e filhas como aqueles “a quem criei para a minha glória, a quem formei e fiz” (Is 43.7). Mas não são somente os seres humanos que Deus criou com esse propósito. Toda a criação foi feita para mostrar a glória de Deus. Mesmo a criação inanimada, as estrelas, o sol, a luz e o céu testificam da grandeza de Deus: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos” (Sl 19.1,2). O cântico da adoração celestial em Apocalipse 4 conecta a criação de todas as coisas por Deus com o fato de que ele é digno de receber a glória que elas lhe conferem: “Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas” (Ap 4.11).

O que a criação mostra a respeito de Deus? Primeiramente ela mostra seu grande poder e sabedoria, muito acima de qualquer coisa que poderia ser imaginada por qualquer criatura.

“Mas foi Deus quem fez a terra como seu poder, firmou o mundo com a sua sabedoria e estendeu os céus com o seu entendimento” (Jr 10.12). O simples olhar para o sol ou para as estrelas nos       convence do infinito poder de Deus. E mesmo a breve inspeção de qualquer folha de árvore, ou da maravilha da mão humana, ou de qualquer célula viva nos convence da grande sabedoria de Deus. Quem poderia fazer tudo isso? Quem poderia fazer isso do nada? Quem poderia sustentar tudo isso dia após dia por anos sem fim? Tal poder infinito e capacidade complexa estão completamente além de nossa compreensão. Quando meditamos nisso, damos glória a Deus.

Quando afirmamos que Deus criou o universo para mostrar a sua glória, é importante que percebamos que ele não precisava criá-lo. Não devemos pensar que Deus precisava de mais glória do que ele tinha dentro da Trindade por toda a eternidade ou que ele estava de alguma forma incompleto sem a glória que haveria de receber do universo criado. Isso seria negar a independência de Deus e sugerir que Deus precisava do universo a fim de ser plenamente Deus. Ao contrário, devemos afirmar que a criação do universo foi um ato de Deus totalmente livre. Não era um ato necessário, mas foi algo que Deus escolheu fazer .”Tu, Senhor [...], criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas” (Ap 4.11). Deus quis criar o universo para demonstrar sua excelência. A criação mostra sua grande sabedoria e poder, bem como, de modo supremo, todos os seus outros atributos. Parece então que Deus criou o universo para se deleitar na criação, pois, como a criação mostra os vários aspectos do caráter de Deus, ele tem prazer nela.

Isso explica por que temos prazer espontâneo em todas as espécies de atividades criadoras que temos. As pessoas com habilidades artísticas, musicais ou literárias têm prazer em criar coisas e vê-las, ouvi-las ou ponderar sobre a obra criada. E um dos aspectos encantadores da humanidade — em contraste com o restante da criação — é a nossa capacidade de criar coisas novas. Isso também explica por que temos prazer em outras espécies de atividade “criativas”: muitas pessoas apreciam cozinhar, decorar a casa, jardinagem, trabalhar com madeira ou outros materiais, produzir invenções científicas ou inventar novas soluções para problemas de produção industrial. Mesmo as crianças gostam de colorir quadros ou construir casas de bloquinhos de plástico. Em todas essas atividades, refletimos em escala menor a atividade criadora de Deus, por isso devemos ter prazer nela e agradecer a Deus por ela.

Em todas essas atividades, refletimos em escala menor a atividade criadora de Deus, por isso devemos ter prazer nela e agradecer a Deus por ela.


D.        O universo que Deus criou era “muito bom”

Esse ponto é a seqüência do ponto anterior. Se Deus criou o universo para mostrar a sua glória, então devemos esperar que o universo cumpra o propósito para o qual ele o criou. De fato, quando Deus terminou a sua obra de criação, ele teve prazer nela. No final de cada estágio da criação, Deus viu que o que ele havia feito era bom (Gn 1.4,10,12,18,21,25). Então, no final dos seis dias da criação, “...Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom” (Gn 1.3 1). Deus teve prazer na criação que ele havia feito exatamente como havia proposto fazer.

Mesmo havendo pecado no mundo agora, a criação material é ainda boa à vista de Deus e deveria ser vista como “boa” por nós também. Esse conhecimento vai nos livrar de um ascetismo falso que vê o uso e o prazer da criação material como errado. Paulo diz que “... tudo o que Deus criou é bom, e nada deve ser rejeitado, se for recebido com ação de graças, pois é santificado pela palavra de Deus e pela oração” (lTm 4.4,5).

Embora a ordem criada possa ser usada de modo pecaminoso e egoísta, desviando nossas afeições de Deus, não devemos deixar o perigo do abuso da criação de Deus privar-nos de desfrutá-la de modo positivo, com gratidão e alegria, para o bem do seu Reino. Logo após Paulo ter advertido contra o desejo de ser rico e do “amor ao dinheiro” (cf. lTm 6.9,10), ele afirma que é o próprio Deus “que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação” (lTm 6.17). Esse fato incentiva os cristãos a encorajar o desenvolvimento industrial e tecnológico apropriado (juntamente com a preocupação ambiental), e a usar de modo alegre e agradecido todos os produtos da exuberante terra que Deus criou — com a imensa variedade de comidas, roupa, habitação, assim como dos produtos modernos como automóveis, aviões, câmeras, telefones e computadores.Todas essas coisas podem ser superestimadas e usadas indevidamente, mas em si mesmas não são más; representam o desenvolvimento da boa criação de Deus e devem ser vistas como belos dons de Deus.



E. O relacionamento entre a Escritura e as descobertas da ciência moderna.

Em várias ocasiões na história, vemos os cristãos discordando das opiniões consagradas pela ciência contemporânea. Na grande maioria dos casos, a fé cristã sincera e a forte confiança na Bíblia conduziram cientistas à descoberta de novos fatos a respeito do universo de Deus, e essas descobertas têm mudado a opinião científica em toda a história subseqüente . A vida de Isaac Newton, Galileu Galilei, Johannes Kepler, Blaise Pascal, Robert Boyle, Michael Faraday, James Clerk Maxwell e muitos outros são exemplos disso.

Por outro lado, houve momentos em que a opinião científica aceita entrou em conflito com o entendimento que as pessoas têm do que a Bíblia diz. Por exemplo, quando o astrônomo italiano Calileu (1564-1642) começou a ensinar que a terra não era o centro do universo, mas que a terra e os outros planetas giravam em torno do sol (seguindo assim as teorias do astrônomo polonês Copérnico [1472-1543]),ele foi criticado,e seus escritos acabaram sendo condenados pela Igreja Católica Romana. Isso aconteceu porque muitas pessoas pensavam que a Bíblia ensinava que o sol girava em torno da terra. Na verdade a Bíblia não ensina isso de forma nenhuma, mas foi a astronomia de Copérnico que levou as pesso­as a pesquisar novamente a Bíblia para ver se ela realmente ensinava o que eles pensavam que ela ensinava. As descrições que a Bíblia apresenta do sol se levantando e do sol se pondo (Ec 1.5) simplesmente pintam eventos da perspectiva do observador humano e, dessa perspectiva, elas fornecem uma descrição precisa. A lição de Galileu, que foi forçado a retratar-se em seu ensino e que teve de viver preso em sua casa nos últimos poucos anos de sua vida, deveria fazer-nos lembrar que a cuidadosa observação do mundo natural pode levar-nos de volta à Escritura, para reexaminar se ela realmente ensina o que pensamos que ela ensina. Às vezes, no exame mais preciso do texto, podemos perceber que a nossa interpretação anterior estava incorreta.

Na seção seguinte, veremos alguns princípios pelos quais o relacionamento entre a criação e os descobertos da ciência moderna podem ser abordados.


1. Quando todos os fatos são entendidos corretamente, não haverá “nenhum conflito final” entre a Escritura e a ciência natural.

A frase “nenhum conflito final” é retirada de um livro muito útil de Francis Schaeffer, No final conflict [Nenhum conflito final]. Com respeito às questões relacionadas à criação do universo, Schaeffer aponta diversas áreas nas quais, em seu modo de ver, há lugar para desacordo entre cristãos que acreditam na veracidade total das Escrituras. Entre essas áreas ele inclui a possibilidade de que Deus tenha criado um universo “crescido”, a possibilidade de um intervalo entre Gênesis 1.1 e 1.2 ou entre 1.2 e 1.3, a possibilidade de um longo dia em Gênesis 1 e a possibilidade de que o Dilúvio tenha afetado dados geológicos. Schaeffer deixa claro que não está dizendo que qualquer dessas posições seja sua, mas apenas que elas são teoricamente possíveis. O ponto mais importante de Scheaffer é que tanto em nosso entendimento do mundo natural como em nossa compreensão da Escritura, o conhecimento que possuímos não é perfeito. Mas podemos abordar tanto o estudo científico como o bíblico com a confiança de que, quando todos os fatos estiverem corretamente entendidos e quando tivermos entendido a Escritura corretamente, nossas descobertas nunca entrarão em conflito uma com a outra; não haverá “nenhum conflito final”. Isto porque Deus, que fala na Escritura, conhece todos os fatos, e nunca falou de modo que contradissesse qualquer fato verdadeiro no universo.


2. Algumas teorias a respeito da criação parecem claramente em desacordo com os ensinos da Escritura.

Nesta seção examinaremos três tipos de explicação da origem do universo que parecem claramente contrários à Escritura.

a. Teorias seculares.

Em nome da idéia de totalidade, mencionamos aqui somente de maneira breve que quaisquer teorias puramente seculares da origem do universo seriam inaceitáveis para os que crêem na Escritura. Uma teoria “secular” é qualquer teoria da origem do universo que não contempla o Deus infinito-pessoal como responsável por criar o universo com propósito inteligente. Assim, a teoria do big-bang (em sua versão secular, na qual Deus fica excluído) ou quaisquer teorias que sustentam que a matéria sempre existiu seriam contrárias ao ensino da Escritura de que Deus criou o universo do nada, e que ele o fez para a sua glória. (Quando a evolução darwiniana é interpretada no sentido totalmente materialista, como muitas vezes é, deveria pertencer a essa categoria também).

b. Evolucionismo teísta.

Desde a publicação do livro de Darwin, A origem das espécies por meio de seleção natural (1859), alguns cristãos têm sustentado que os organismos vivos apareceram pelo processo da evolução que Darwin propôs, mas que Deus guiou esse processo de forma que o resultado foi exatamente o que ele queria que fosse. Esse pensamento é chamado evolucionismo teísta porque advoga a crença em Deus (daí o nome teísta) e também na evolução. Muitos que sustentam esse evolucionismo teísta proporiam que Deus interveio no processo em alguns pontos cruciais, normalmente 1) na criação da matéria no início, 2) na criação da forma mais simples de vida e 3) na criação do homem. Mas com a exceção possível desses pontos de intervenção, os evolucionistas teístas sustentam que a evolução seguiu os processos agora descobertos pelos cientistas e que esse foi o método que Deus decidiu usar ao permitir que todas as outras formas de vida da terra se desenvolvessem. Eles crêem que a mutação casual das coisas vivas levou à evolução das formas mais elevadas de vida porque os que possuíam uma “vantagem de adaptação” (uma mutação que os permitia ser mais bem adaptados para sobreviver em seu ambiente) viviam, enquanto os outros não.

Um exame dos dados da Escritura revela que a evolução teísta é contrária à narrativa bíblica da criação. O ensino claro da Escritura de que há plenitude de propósito na obra da criação de Deus parece incompatível com a casualidade exigida pela teoria da evolução. Quando a Escritura registra que Deus disse: “Produza a terra seres vivos de acordo com as suas espécies: rebanhos domésticos, animais selvagens e os demais seres vivos da terra, cada um de acordo com a sua espécie” (Gn 1.24), ela descreve Deus fazendo coisas intencionalmente e com um propósito para cada coisa que faz. Mas isso é o oposto das mutações permitidas que acontecem totalmente ao acaso, sem propósito algum nos milhões de mutações que teriam de acontecer, sob a teoria evolutiva, antes que novas espécies pudessem emergir.

A diferença fundamental entre a visão bíblica da criação e o evolucionismo teísta repousa aqui : a força motriz que produz mudança e o desenvolvimento de novas espécies em todos os esquemas evolutivos é a casualidade, ou o acaso. Sem a mutação casual dos organismos, não temos evolução no sentido científico moderno de forma alguma. A mutação ao acaso é a força subjacente que produzo desenvolvimento eventual das formas mais simples para as formas mais complexas de vida. Mas a força motriz no desenvolvimento de novos organismos segundo a Escritura é o desígnio inteligente de Deus .”Deus fez os animais selvagens de acordo com as suas espécies, os rebanhos domésticos de acordo com as suas espécies, e os demais seres vivos da terra de acordo com as suas espécies. E Deus viu que ficou bom” (Gn 1.25). Essas afirmações parecem não se harmonizar com a idéia de Deus criando, dirigindo ou observando milhões de mutações casuais, nenhuma delas sendo “tão boa” quanto ele planejara, nenhuma delas realmente sendo a espécie de plantas ou animais que ele queria que houvesse na terra. A visão da evolução teísta tem de abranger eventos ocorridos mais ou menos assim: “E Deus disse: Produza a terra criaturas vivas de acordo com as suas espécies. E após 387 492 871 tentativas, Deus finalmente fez um rato que funcionou”.

Essa pode parecer uma explicação estranha, mas é exatamente o que o evolucionismo teísta deve postular para cada uma das centenas de milhares de diferentes espécies de plantas e animais sobre a terra: elas todas teriam se desenvolvido por meio de um processo de mutação casual durante milhões de anos, aumentando gradualmente em complexidade à medida que a vasta maioria das mutações eram prejudiciais, mas as mutações ocasionais tornavam-se vantajosas para a criatura.

O evolucionista teísta pode objetar que Deus interveio no processo e guiou-o em muitos pontos na direção planejada por ele. Mas, uma vez que se admita isso, há propósito e desígnio inteligente no processo — não temos mais qualquer evolução, porque não há mais mutação casual (nos pontos da interação divina há a produção de resultados).

A evolução teísta também parece incompatível com a descrição que a Bíblia dá da palavra criadora produzindo uma resposta imediata. Quando a Bíblia fala a respeito da palavra criadora de Deus, ela enfatiza o poder dessa palavra e sua capacidade de realizar o propósito divino. “Mediante a palavra do SENHOR foram feitos os céus, e os corpos celestes, pelo sopro de sua boca. [...] Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo surgiu” (S1 33.6,9).

Essa espécie de afirmação parece que contraria a idéia de que Deus falou e, após milhões de anos e milhões de mutações casuais nas coisas vivas, seu poder produziu o resultado que ele exigiu. Antes, tão logo após Deus ter dito “Cubra-se a terra de vegetação”, a frase imediata nos garante: ”E assim foi” (Gn 1.1 1).

O atual papel ativo de Deus em criar ou formar cada coisa viva que agora vem à existência também é difícil de conciliar com o tipo de advertência “não se meta” da evolução que é proposto pelo evolucionismo teísta. Davi foi capaz de confessar: “Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe” (S1 139.13). E Deus disse a Moisés: “Quem deu boca ao homem? Quem o fez surdo ou mudo? Quem lhe concede vista ou o torna cego? Não sou eu, o SENHOR?” (Ex 4.11). Deus faz o pasto crescer (SI 104.14; Mt 6.30) e alimenta as aves do céu (Mt 6.26) e as outras criaturas da floresta (Sl 104.21,27-30). Se Deus está tão envolvido produzindo o crescimento e o desenvolvimento de cada etapa de todo ser vivo até agora, parece de acordo com a Escritura dizer que essas formas de vida foram originariamente produzidas pelo processo evolutivo dirigido pela mutação casual e não pela criação direta e plena de propósito de Deus?

Definitivamente, a criação especial de Adão, bem como de Eva a partir de Adão, é uma razão forte para romper com o evolucionismo teísta. Esses evolucionistas teístas que defendem a criação especial de Adão e Eva por causa das afirmações de Gênesis 1 e 2 realmente rompem com a teoria evolucionista no ponto mais importante no que diz respeito aos seres humanos. Mas se, com base na Escritura, insistimos na intervenção especial de Deus na questão da criação de Adão e Eva, o que impediria ou permitiria que Deus interviesse, de modo similar, na criação dos organismos vivos?

Devemos perceber que a criação especial de Adão e Eva, conforme o registro da Escritura, demonstra que eles eram muito diferentes das criaturas que os evolucionistas descreveram como os primeiros seres humanos, criaturas primitivas, com pouquíssimas habilidades, que descenderiam de criaturas não humanas altamente desenvolvidas, sendo apenas um pouco superiores a elas. A Escritura descreve o primeiro homem e a primeira mulher, Adão e Eva, como possuidores de capacidades altamente desenvolvidas: lingüísticas, morais e espirituais, desde o momento em que foram criados. Eles podiam falar um com o outro. Podiam até falar com Deus. Eram muito diferentes daqueles seres humanos primitivos mais parecidos com animais, descendentes de criaturas não humanas parecidas com macacos, da teoria evolucionista.

Parece mais apropriado concluir com as palavras do geólogo Davis A. Young: “A posição do evolucionismo teísta como expressa por alguns de seus proponentes não é uma posição coerente com o cristianismo. Não é uma posição verdadeiramente bíblica, porque ela é baseada em parte em princípios que são importados para o cristianismo” . Segundo Louis Berkhof, ”é realmente uma vergonha dizer que Deus é chamado, a intervalos periódicos, a socorrer a natureza, remediando os abismos vazios que bocejam aos pés dela. A doutrina da criação não é isso, nem tampouco uma coerente teoria da evolução”.

c. Notas sobre a teoria darwiniana da evolução.

1) Desafios atuais à evolução. A palavra evolução pode ser usada de diferentes modos. As vezes ela é usada para referir-se à “micro-evolução” — pequenos desenvolvimentos dentro de uma espécie, de modo que vemos moscas ou mosquitos tornando-se imunes a inseticidas, ou seres humanos ficando mais altos, ou cores diferentes e variedades de rosas se desenvolvendo. Exemplos inumeráveis de tal micro-evolução são evidentes hoje, e ninguém nega que eles existem. Mas esse não é o sentido em que a palavra evolução é geralmente usada quando as teorias da criação e evolução são discutidas.

O termo evolução é usado com mais freqüência para referir-se à macro-evolução — a saber, a “teoria da evolução geral”, ou a concepção de que “as substâncias sem vida deram surgimento ao primeiro material vivo, que subseqüentemente reproduziu-se e diversificou-se para produzir todos os organismos extintos e existentes”. Neste capítulo, quando usamos a palavra evolução, ela é usada para referir-se à macro-evolução ou à teoria da evolução geral. Na teoria darwiniana moderna de evolução, a história do desenvolvimento da vida começou quando uma mistura de elementos químicos presentes na terra produziu espontaneamente uma forma de vida muito simples, provavelmente unicelular. Essa célula viva reproduziu-se, e finalmente houve algumas mutações ou diferenças nas novas células produzidas. Essas mutações levaram ao desenvolvimento de formas de vida mais complexas. Um ambiente hostil significava que muitas delas haveriam de perecer, mas as que fossem mais bem adaptadas ao seu ambiente sobreviveriam e se multiplicariam. Assim, a natureza exerceu o processo de “seleção natural” no qual os organismos variantes mais adaptados ao ambiente sobreviveram. Mais e mais mutações finalmente se desenvolveram em mais e mais variedades de coisas vivas, de modo que, a partir dos organismos bem mais simples, as formas mais complexas de vida vieram a se desenvolver, mediante esse processo de mutação e seleção natural.

Desde que Charles Darwin publicou sua obra A origem das espécies por meio de seleção natural, em 1859, essa teoria tem sido desafiada tanto por cristãos como por não-cristãos. Críticos modernos estão promovendo críticas cada vez mais devastadoras à teoria evolucionista, levantando questões como as que se seguem:

Autor: Wayne Grudem
Fonte:  Teologia Sistemática do autor. Ed. Vida Nova. Compre este livro em http://www.cep.org.br

domingo, 28 de outubro de 2012

MEIOS DO DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL


O Uso dos Meios de Desenvolvimento Espiritual
Como podem a morte e a vida de Cristo serem realizadas em nós? Existem meios pelos quais cultivamos o desenvolvimento espiritual:

1.              A oração que é o contacto do homem com Deus.

2.              A meditação, que é o contacto de Deus com o homem (ver Ef. 1:18 e ss).

3.      A santificação. O desenvolvimento espiritual sem isso é apenas um mito.

4.      A prática das boas obras, mediante o que se vive a lei do amor (ver I João 4:7,8), porquanto
o amor é a prova da espiritualidade, o produto do novo nascimento.

5.      O emprego dos dons espirituais, inspirado pelo amor (ver I Cor. 12 e 14 e Ef. 4:11 e ss), o toque místico.

6.      O estudo das Escrituras, o aprendizado profundo das verdades espirituais, mediante a Bíblia e
a literatura que encoraja a espiritualidade.

7.      Aquele que diligentemente praticar todos esses meios, será um gigante espiritual.

Fonte: R.N. Champlin – Enciclopédia de Bíblia  Teologia e Filosofia.

O verdadeiro Israel de Deus


por LR Shelton, Jr.

I.
Com base nos ensinamentos claros de santo de Deus, inerrante Palavra, ininterrupta verbalmente inspirada, o nosso objetivo neste estudo sobre o verdadeiro Israel de Deus é mostrar que as Escrituras ensinam em claros, negrito, verdades inconfundíveis, que todos os crentes, filhos de Deus o novo nascimento, são o verdadeiro Israel de Deus, e que eles, e somente eles, são o povo escolhido de Deus sobre a terra hoje e são os herdeiros atuais das promessas feitas a Abraão e à sua descendência em Cristo.

Nós também estaremos estabelecendo que a nação física de Israel na terra da Palestina no Próximo Oriente, hoje, não é o povo escolhido de Deus ou nação segundo a carne, e nem que eles vão voltar a ser tratado como uma nação em um tão chamado de 1000-ano de prosperidade terrena com Cristo sentado sobre um trono terreno em Jerusalém. Não, as Escrituras ensinam claramente que a nação de Israel foi posto de lado no Calvário e que Deus lidar com eles agora é o mesmo que o Seu trato com os gentios: "Pois não há acepção de pessoas com Deus: não há diferença entre judeu e gentios para todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus "(Rm 2:11; 3:22,23).

Esta preciosa verdade dos verdadeiros crentes sendo o verdadeiro Israel de Deus foi perdida entre os escombros e lixo do falso ensino dos últimos 150 anos que diz que Deus ainda vai lidar com Israel como uma nação, Sua nação escolhida, e que a maioria de todos das promessas do Antigo Testamento dado a Israel são promessas física e não espiritual e que o judeu voltará a surgir como o povo escolhido de Deus, em um chamado reinado de mil anos de Cristo na terra.

Como eu tenho estudado o assunto nos últimos anos, tenho sido muito abençoado para ver a minha posição espiritual em Cristo, com base em Sua eleição da graça, e como que eu, como filho de Deus, sou um herdeiro de Abraão e as promessas feita a ele em Cristo como sua semente. Meu único desejo, portanto, em estabelecer estas verdades é ampliar meu ressuscitado, exaltado Senhor Jesus Cristo, que está sentado no seu trono no céu agora governando o seu povo e sobre todos os habitantes desta terra. "Todo o poder [toda a autoridade] é dada a mim [Cristo] no céu e na terra" (Mt 28:18). "Quem é ido para o céu, e que está à mão direita de Deus; anjos, autoridades e poderes sendo sujeita a ele" (I Pedro 3:22). Para Deus colocou Cristo "em sua própria mão direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e poder, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste mundo, mas também no que é vir: e sujeitou todas as coisas debaixo de seus pés, e lhe deu para ser o cabeça sobre todas as coisas para a igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos "(Ef 1:20-23). Procuraremos mostrar, com a Palavra de Deus que o nosso Senhor Jesus Cristo é agora Rei dos reis e Senhor dos senhores, e que ele já está assentado sobre o trono de Davi nos lugares celestiais.

Outro desejo do presente estudo é que o Espírito Santo será o prazer de abrir os olhos de seu povo para deixá-los ver o vasto leque de promessas preciosas que são deles, como a semente espiritual de Abraão, e que eles vão se alimentar e viver sobre estes promete enquanto eles esperam para o Senhor do céu.

Também a minha oração é que, quando vimos essa verdade gracioso, não teremos mais nenhuma esperança falsa para os judeus que eles são a nação escolhida de Deus, mas que através do arrependimento e fé, eles devem ter uma esperança presente em Jesus de Nazaré , o Cristo de Deus, uma esperança, eu digo, no Seu sangue derramado ea justiça como seu único meio de abordagem a Deus e entrada no céu: "Por que ele não é um judeu, que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne, mas ele é um judeu, que o é interiormente, e circuncisão é a do coração, no espírito, e não na letra, e cujo louvor não é dos homens, mas de Deus "(Rm 2: 28-29). Estas Escrituras ensinam que apenas uma obra da graça operada no coração pelo Espírito Santo, irá preparar um homem para o céu judeu, ou gentio, e que o verdadeiro judeu é aquele que nasceu de novo.

Agora, com a Bíblia na mão, vamos ver o que a Palavra de Deus ensina sobre o assunto. "À lei e ao testemunho" (Is 08:20)-O que diz a Escritura? Primeiro, há uma verdade bíblica que deve ser mantido em mente e que é esta: as Escrituras ensinam que, em todos os tratamentos de Deus com a humanidade desde o tempo de Adão, podemos discernir o mesmo princípio de trabalho, a saber: "Primeiro o natural, depois o espiritual "(I Cor. 15:45,46). Deus tinha revelado progressivamente Seu propósito através, em primeiro lugar, o Seu trato com o Israel natural, em segundo lugar e, finalmente, o Seu trato com Israel espiritual. Não há nenhuma base bíblica para a idéia regressivo que trato de Deus será novamente centrada exclusivamente em Israel natural em alguma data futura, isso seria ir de natural e espiritual de volta ao natural novamente. Se você verificar a sua Bíblia você verá que os escritores do Novo Testamento não viola este princípio de Deus, para se relacionar mais de 100 escrituras do Antigo Testamento que sempre deu-lhes um significado espiritual e aplicou-as para o Israel espiritual, a Igreja , os crentes nascidos de novo de todas as idades.

Agora vamos prosseguir. Em sua carta aos Efésios, Paulo disse que o Deus revelação deu-lhe sobre a igreja abriu um mistério que tinha sido escondido em Deus desde o princípio do mundo, ou seja, que todo o povo de Deus, sejam judeus ou gentios por descendência natural, deviam ser membros do mesmo corpo (Ef 3:5,6,9).

Para Paulo foi revelado que ele era o plano eterno de Deus de ter, não uma pequena nação de Seu próprio, mas um organismo mundial de Seu povo oriundos de todas as nações ", e tribo, e povos, e línguas" (Ap 7:9) . Este foi o grande e maravilhoso "mistério de Cristo" (Ef 3:4) que Paulo e os outros escritores do Novo Testamento veio para compreender e para pregar.

O apóstolo disse que no tempo passado os gentios eram "sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo" (Ef 2:12). Mas agora Deus foi livremente oferecendo seus insondáveis ​​riquezas (Ef 3:8) para pessoas de todas as nações sem a necessidade de uma mudança na sua cidadania natural. Gentios que haviam sido separados da comunidade de Israel estavam agora, em Cristo ", não mais estrangeiros, mas concidadãos" com o novo Israel e espiritual. Aqueles que tinham sido estranhos estavam agora, em Cristo, "estranhos não mais ... mas os membros da família de Deus" (Ef 2:19).

Assim, a comunidade de Israel, a família ea casa de Deus, agora containes judeus e gentios. Paulo argumentou que esta família e da casa era composta de apenas aqueles que acreditavam em Cristo como seu Senhor e Salvador. Aqueles que eram cidadãos de Israel de velha, mas que não tinham recebido a Cristo, foram salvos simplesmente membros de uma das muitas nações do mundo. Assim, ele disse: "Eles não são todo o Israel, que são de Israel" (Rm 9:6) e aqueles que não foram, que ele chamou de "Israel segundo a carne" (I Cor. 10:18).

Além disso, quando olhamos para Gálatas, encontramos o apóstolo Paulo novamente lidar com este grande tema da descendência de Abraão, o verdadeiro Israel de Deus. Não havia chegado entre os crentes na Galácia os judaizantes, que estavam ensinando que um homem não pode ser salvo, ele tornou-se um judeu exteriormente, pela circuncisão da carne. Portanto, a graça de Deus tinha sido pervertido por estes judeus, que não vai se curvar à autoridade da Palavra de Deus, isto é, a verdade de que Ele era completamente com Israel físico como uma nação. Eles tinham orgulho no fato de que eles eram os descendentes físicos de Abraão, e, por isso, eles foram mais favorecidos do que os cristãos. Então Paulo, sob a inspiração do Espírito Santo, escreveu esta carta para refutar esse falso ensino.

Em um capítulo que ele chama de "outro evangelho", que ensina que o homem tem certas vantagens na carne, porque ele nasceu um descendente físico de Abraão. No capítulo dois, ele afirma enfaticamente que o homem não é justificado diante de Deus, na base da lei-obras (nada depois da carne), mas a justificação vem somente pela fé em Cristo como ele parece longe de todo o mérito e confia em seu imortal alma nas mãos do Senhor Jesus sobre a base da sua cruz trabalho e Sua ressurreição.
No capítulo três Paul disse que em pé de Abraão com Deus veio pela graça, mediante a fé, e que Abraão foi salvo pelo mesmo evangelho que é pregado hoje (V8). Ele afirma que Abraão "creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça" (v6 & Rom4: 3). Além disso, ele disse que os filhos de Abraão são apenas as pessoas que são salvas pelo evangelho: "Os que são da fé, esses são filhos de Abraão" (v7).

Portanto crentes só são os verdadeiros descendentes e descendentes de Abraão. Descendência natural é sem sentido. Para ser um filho de Abraão e o verdadeiro Israel de Deus, devemos "andar nos passos de que a fé de nosso pai Abraão" (Rm 4:12). Abraão e seus tementes a Deus descendentes nesses anos antes de Cristo, olhou para a frente pela fé para a vinda de Cristo, e todos os que hoje seriam filhos de Deus deve olhar para trás pela fé para o mesmo evento e que a mesma pessoa de Cristo.

Então, não importa de que nação viemos, para que Deus "anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Em ti serão abençoadas todas as nações ser" (Gal3: 8). Portanto, aqueles de todas as nações que valer-se da verdade do evangelho tornam-se os filhos de Abraão, os filhos de Deus. Não há outro caminho, "para todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus" (Gal3: 26).

Também neste terceiro capítulo notamos que as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. E quem é a semente? "Ora, a Abraão e à sua descendência foram as promessas feitas. Ele não diz, e para sementes, como de muitas, mas como de um, e à tua descendência, que é Cristo "(v16) Então, se Cristo é a Semente, então todos que estão nele estão incluídos:" Se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros segundo a promessa "(V29).

Caro amigo, peço-lhe isso, está Cristo? Você já nasceu de novo de cima? Você se comprometeu sua vida a Ele? Se você tem, então você é a semente de Abraão, um judeu, que o é interiormente (ROM2: 29), e um herdeiro com seus companheiros crentes de todas as promessas do Antigo Testamento.

Outra prova desta grande verdade é encontrada em Romanos 4:13-17. "Porque a promessa de que ele deveria ser o herdeiro do mundo, não foi a Abraão, ou à sua descendência através da lei, mas pela justiça da fé ... é de fé, para que seja segundo a graça, para o fim a promessa seja firme a toda a descendência, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé de Abraão, que é o pai de todos nós, (como está escrito, eu fiz te um pai de muitas nações). "

Nada poderia ser mais claro do que esta verdade que só os que estão em Cristo estão em Abraão, e, portanto, são participantes das promessas do Antigo Testamento.

"Eles não são todo o Israel, que são de Israel: não, porque são a descendência de Abraão são todos filhos, mas em Isaque será a tua descendência ser chamado. Isto é, eles que são os filhos da carne, estes não são os filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência "(Rom9 :6-8). "A carne para nada aproveita, é o Espírito que vivifica" (João 6:63). "O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura: não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (I COR2: 14).

A Palavra simples de Deus não é para ser discutido com. Estes versos nos dizem que os descendentes naturais de Abraão segundo a carne, não são os filhos de Deus. Portanto século 20 Israel não é a nação escolhida de Deus, não pode ser, porque rejeitaram a Cristo como o Messias como o século 1 fez. Eles permanecer sob a maldição de Deus como incrédulos. A única nação escolhida hoje são judeus e gentios que nasceram de novo pelo Espírito de Deus e têm aproveitado as bênçãos do evangelho da graça de Deus em Cristo. Estes só "sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido" (I Pe 2:9).

II.

TI foi revelada ao apóstolo Paulo pelo Espírito Santo, que o propósito de Deus desde a eternidade era ter um povo escolhido sobre a Terra em todos os momentos, até a volta do Senhor, e que isso seria tanto judeus e gentios trouxe em um só corpo, a Igreja, de que Cristo era o chefe: "Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que ele tem proposto em si mesmo: que na dispensação da plenitude dos tempos, de reunir em um todas as coisas em Cristo , tanto as que estão no céu, e que estão na terra, mesmo nele "(Ef 1:9-10). Ele continua a mostrar que o muro de separação tinha sido discriminado entre judeus e gentios, a inimizade entre eles abolida e que eles tinham, pela graça de Deus através da obra expiatória de Cristo, foi feito um nele, e, assim, fazer -se o verdadeiro Israel de Deus (2:14-15). Ele acrescenta que o propósito de Deus foi "que os gentios são fellowheirs, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho" (3:5,6,10), o mesmo que os judeus, tornando assim o verdadeiro Israel de Deus aqueles que tinham sido feitos novas criaturas em Cristo Jesus, o novo nascimento e que agora estavam Israel espiritual.

Agora voltando para o quarto capítulo de Gálatas, versículos 21-31 trazer diante de nós dois filhos de Abraão. Um era da escrava Agar, nasceu segundo a carne, o outro por uma mulher livre, Sara, nascida por promessa. A história mostra em uma alegoria a diferença entre o incrédulo "Israel segundo a carne", e aqueles de todas as nações que conhecem a Cristo, têm rendido a suas reivindicações e, assim, foram feitos livre. O apóstolo mostra que o filho de escrava as fotos dos filhos de "Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos", enquanto o filho de mulher livre as imagens da igreja: "Jerusalém que é de cima", que é gratuito e " é a mãe de todos nós. "

Assim, Paulo ensina que os crentes, como Isaque, são os filhos da promessa, mas com respeito aos filhos descrentes da carne, as Escrituras dizem: "Lança fora a escrava e seu filho, porque o filho da escrava não será herdeiro com o filho da livre "(Gl 4:30). Em outras palavras, na medida do propósito eterno de Deus está em causa, expulso, remova a partir da consideração da nação, física político de Israel e seus cidadãos não foram salvas, pois a herança pertence a Israel espiritual e não a Israel natural. Paulo encerra esse capítulo quarto com estas palavras cheias de graça: "Assim, pois, irmãos, não somos filhos da servas", para a carne para nada aproveita ", mas da livre", porque Cristo nos fez livres nEle.

Assim, vemos, então, que agora e para sempre é apenas de crentes que se pode dizer: "Como todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus" (Rm 8:14), e "o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus, e se as crianças, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo "(Rm 8:16-17). "Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão valerá alguma coisa, nem a incircuncisão, mas uma nova criatura. E assim como andar de acordo com esta regra, a paz esteja com eles, e misericórdia, e sobre o Israel de Deus "(Gl 6:15,16). Para ser um filho de Deus, e do verdadeiro Israel de Deus, nós podemos ser tão somente por ser uma nova criação em Cristo.

Depois que Paulo passou uma carta inteira mostrando que Israel segundo a carne não é nada, que apenas novas criaturas em Cristo vão, que estes nada lucro judaizantes, que Deus agora lida com o seu verdadeiro Israel, a semente espiritual de Abraão, então ele diz: "De Daqui em diante, ninguém me moleste, porque eu trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus "(6:17). Ele está dizendo: eu trago no meu coração a marca da circuncisão pelo Espírito, e no meu corpo as marcas dos sofrimentos por causa de Cristo, como eu foram perseguidos pelos judeus, os filhos de Abraão nasceram segundo a carne; por isso nunca falar comigo que Israel segundo a carne é o povo escolhido de Deus, pois eles não são.

Agora, no livro de Hebreus, vemos esta mesma verdade ilustrada uma e outra vez: a verdade de que Deus acabou com os tipos e as sombras, também as coisas físicas de Israel, que ficou por um tempo, mas já deu lugar a as realidades espirituais como as encontradas em Cristo. Uma vez que esta foi realizada por Deus em Cristo, em seguida, para voltar a um templo terreno, um altar terreno, um sacerdócio terreno, um tabernáculo terreno, sacrifícios de animais terrestres, uma aliança terrena, um trono terreno e um rei terreno em um tão chamado 1000 anos de prosperidade judaica com Cristo sentado sobre um trono em Jerusalém terrena atual seria "para ligar novamente para os rudimentos fracos e pobres" (Gl 4:9). Isso significaria colocar a nada este grande livro de Hebreus e todo o seu ensino de que Deus em seu eterno propósito tem um país melhor, a celestial, aguardando o seu povo, na verdade, as coisas melhores do que todas as coisas físicas desta vida.

O livro de Hebreus, talvez mais do que qualquer um dos livros da Bíblia, permanece como uma fonte de frustração e constrangimento para aqueles que ensinam que Deus planeja voltar um dia para as armadilhas naturais da velha economia judaica, para a terra natural e cidade, a lei natural e ordenanças, o reino natural e trono, e ao templo natural e sacrifícios.

O Espírito Santo através do escritor de Hebreus mostra a superioridade esmagadora da idade nova e melhor que ocorreu no Calvário. Ele mostra que depois do Calvário os tipos naturais e figuras tinha servido o seu propósito e foram desaparecendo de distância, tendo sido substituído sempre pelas realidades eternas e espirituais (Hb 8:13).

Note a palavra "melhor", usado em Hebreus. Será que os israelitas "pais ouvir a voz dos profetas? Nós, a verdadeira, Israel espiritual ouvir o "melhor" a voz do Filho de Deus (1:1,2). Será que os israelitas temos um sumo sacerdote, segundo a ordem levítica? Temos um "melhor" após o "melhor" e fim eterno de Melquisedeque (06:20-07:28). Será que eles procuram, sem sucesso, para a perfeição através da lei? Temos um "melhor" a esperança através da graça de Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor (7:19). Será que eles têm um santuário terrestre com uma mesa candelabro, e pães da proposição, e uma tenda com o incensário de ouro, a arca, e os mercyseat (9:1-5)? Temos Cristo: "um tabernáculo maior e mais perfeito" (9:11). Será que eles têm o sangue de touros e de bodes que não podia tirar os pecados (10:4)? Temos a incomparavelmente "melhor" sangue "de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus" (9:14). Será que os israelitas receber uma pátria terrestre? Temos "um país melhor, isto é, a celestial" (11:16). Será que eles vêm para uma montagem que poderia ser tocado (12:18)? Viemos para o "melhor" Monte Sião (12:22). Será que eles têm a cidade natural de Jerusalém? Temos a incomparavelmente "melhor" cidade "do Deus vivo, da Jerusalém celestial" (12:22). Para ir mais longe, nós, como Israel espiritual tem um "melhor" aliança, a Nova Aliança, que foi predito pelos Profetas, e desde o Calvário, tem sempre substituiu a antiga aliança e defeituosos (8:1) que existia entre Deus e Israel. A Nova Aliança é a aliança da qual Jeremias profetizou, e que foi cumprida uma vez por todas, tanto para judeus e gentios, na primeira vinda de Cristo. A Nova Aliança que Deus fez com o novo Israel "não está de acordo com o pacto" que ele fez com o Israel natural, que "a aliança que quebrou" (Jr 31:32). "Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel ... Porei a minha lei no seu interior, ea escreverei no seu coração, e serei o seu Deus e eles serão o meu povo .. . porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior "(vv 33,34).

O profeta Ezequiel expressou nestas palavras: "Eu vou fazer um pacto de paz com eles: será uma aliança eterna com eles, e eu vou colocá-los, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre. Meu tabernáculo estará com eles: Sim, eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo "(Ez 37:26-27).

Em dois lugares em Hebreus 8:6-13 (; 10:16-17), essas profecias são citados como referindo-se ao novo Israel espiritual, o verdadeiro Israel de Deus. Estes versículos mostram esta aliança "melhor" já foi estabelecida no primeiro século, e que o antigo, mesmo assim, foi decaindo e ficando velho, e estava pronto para desaparecer. Não muito tempo após a escrita de Hebreus, os rituais do templo e sacrifícios, os mais orgulhosos as características da relação de aliança de idade, desapareceu completamente como a cidade de Jerusalém e do templo foram destruídos pelos romanos.

Em II Coríntios, a antiga aliança feita com os judeus, que não manter, é chamado: "O ministério da morte, escrito e gravado em pedras ... o ministério da condenação" (3:7,9), mas o nova aliança é: "O ministério do espírito" (3:6). A glória da antiga aliança, como uma vez refletida no rosto de Moisés "era para ser feito fora" (3:7) e deveria ser substituída por uma nova aliança que vai "exceder em glória" (3:9). Chamamos a esta conclusão: a Nova Aliança para sempre tinha substituído a antiga aliança com estas palavras: "Porque, se o que é feito longe foi glorioso, muito mais o que permanece é glorioso" (3:11).

Desde o Calvário, e para sempre, a nova aliança é aliança só Deus com o homem, e é baseado no "melhor" promessas do crucificado, sepultado, ressuscitado, exaltado Senhor Jesus Cristo. Sua inauguração foi anunciada por Cristo na noite em que foi traído, quando, "ele tomou o cálice, deu graças e entregou-lho dizendo: Bebei dele todos; pois este é o meu sangue da nova aliança [aliança ], que é derramado por muitos para remissão dos pecados "(Mt 26:27,28). Esta relação de aliança com Deus, através do sangue de Cristo, é oferecida a todos quantos O receberam (João 1:12) antes de Sua segunda vinda. Não haverá oportunidade após sua vinda, pois depois vem o Julgamento do Trono Branco de Apocalipse 20.

Esta aliança é a aliança da graça e, portanto, baseia-se no funcionamento do nosso Deus Trino pelo Seu Espírito trabalhando nos corações de judeus e gentios, para chamar a noiva de Cristo que é a Cabeça da raça espiritual chamado-o verdadeiro Israel de Deus.

Um outro pensamento no livro de Hebreus: foi escrito para mostrar que Cristo, nosso Senhor, Deus manifestado na carne, é muito maior e "melhor" do que todas as criaturas e coisas. No primeiro capítulo ele é falado como sendo "melhor" do que os anjos, no capítulo dois Ele é mostrado para ser maior e "melhor" do que o homem; no capítulo três Ele é mencionado como "melhor" e maior que Moisés, no capítulo quatro, "melhor" e maior que Josué, em capítulos 5, 6, e 7, ele é mostrado como o Grande Sumo Sacerdote, "melhor" do que o sacerdócio de Arão, no capítulo 8, ele é como aquele que "obteve uma ministério mais excelente, quanto também é mediador de um melhor pacto, o qual está firmado sobre melhores promessas. "No capítulo 9, o nosso Senhor Jesus é mostrado para ser maior do que todos os sacrifícios, maiores do que o tabernáculo e de seu ministério, e que Ele é a oferta de um grande feito para o seu povo, o verdadeiro Israel de Deus.

"Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um tabernáculo maior e mais perfeito, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, tendo obtido eterna redenção para nós. Pois se o sangue de touros e de bodes, ea cinza de uma novilha santifica o imundo, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo sem mácula a Deus, purificará a consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo? "(Hb 9:11-14). Vemos então que Cristo, o Mediador da Nova Aliança é "melhor" e muito maior do que tudo, e por isso Ele tem um nome que está acima de todo nome. Seu trabalho também é completa: "Para uma oferta tem aperfeiçoado para sempre os que são santificados ... temos sido santificados pela oblação do corpo de Cristo uma vez por todas" (10:10,14).

Isso nos mostra que, em Cristo Jesus, o verdadeiro Israel de Deus, composta de crentes, nascidos de novo pelo Seu Espírito, não precisa de altar futuro terra, templo, sacrifício ou trono porque estamos sempre completo em Cristo por Sua "uma vez por todas" salvação que Ele terminou no Calvário.

III.

Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo está agora sentado no trono de Davi nos lugares celestiais, e aqueles que são do verdadeiro Israel de Deus, estão governando e reinando com Ele como filhos do reino. Isto é o que vamos considerar nesta seção.

O anjo Gabriel foi enviado por Deus para anunciar a misericórdia de virgem Maria que ela seria a mãe do Messias: "E o anjo disse-lhe: Não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus. E eis que tu conceberás no teu ventre, e à luz um filho, e chamará o seu nome JESUS. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, eo Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. E reinará eternamente sobre a casa de Jacó, eo seu reino não terá fim "(Lucas 1:30-33).

Sabemos das palavras de nosso Senhor, como ficou diante de Pilatos que o reino sobre o qual Ele iria governar não era um reino terreno, mas espiritual: "Jesus respondeu: Meu reino não é deste mundo: se o meu reino fosse deste mundo então seria minha luta servos, para que eu não fosse entregue aos judeus: mas agora não é o meu reino é daqui "(João 18:36). E como o Amplified diz: "O meu reino (real, o poder real) não pertence a este mundo, não tem tal origem ou fonte aqui." Isso para mim é muito enfático ao dizer que nunca nosso Senhor veio a estabelecer um reino terreno, e ele nunca foi em seu eterno propósito de fazê-lo.

Em mensagem de Pedro no dia de Pentecostes em Atos 2, pregando sob a inspiração do Espírito Santo, ele disse que a profecia de Cristo sentado no trono de Davi tinha sido cumprida. Ele disse que Cristo, então, e lá, estava governando e reinando no trono de Davi espiritual nas regiões celestiais. "Homens e irmãos, deixe-me falar livremente a vocês do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e seu sepulcro está conosco até este dia. Sendo, pois, profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento a ele, que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para se sentar no seu trono, ele vendo essa previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção. A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Sendo, portanto, pela mão direita de Deus exaltado, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio diz: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos escabelo de teus pés. Portanto, que toda a casa de Israel saiba com certeza que Deus fez esse mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, Senhor e Cristo "(Atos 2:29-36).

Isto indica, sem contradição, que o trono de Davi física era um tipo e sombra do trono espiritual do Davi maior, o Senhor Jesus Cristo, e este trono é um trono eterno, e não um trono terrestre de apenas 1000 anos.

Cada promessa no Antigo Testamento, onde está o trono de Davi futuro é mencionado (II Sam 7:16, Salmos 89:3-4, Isaías 9:6,7; 55:3, Jr 33:21), e toda a Escritura na Novo Testamento confirma a declaração de Pedro de Cristo governando e reinando no trono de Davi espiritual no céu.

Vejamos alguns no Novo Testamento: Em Atos 5:31 lemos: "Ele [Cristo], Deus, exaltado com sua mão direita a Príncipe e Salvador" (Atos 5:31). "Pela ressurreição de Jesus Cristo: quem foi para o céu, e que está à mão direita de Deus; anjos, autoridades e poderes sendo sujeita a ele" (I Pe 3:21,22). "Por isso Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e que toda a língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai "(Fl 2,9-11). "Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos, e pondo-o à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e poder, e poder, e domínio, e de todo nome que é chamado, e não só neste mundo, mas também no que está para vir: e tem todas as coisas debaixo de seus pés, e lhe deu para ser o cabeça sobre todas as coisas para a igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos "(Ef 1:20-23). "Todo o poder [toda a autoridade] É-me dado no céu e na terra" (Mt 28:18). Nós temos o quadro completo de Cristo governando e reinando como Senhor, como rei sobre o seu povo.