domingo, 21 de outubro de 2012

A Verdade é Adaptável? - John MacArtur Jr.



(Igreja Emergente - é possível adaptar a verdade a esta geração?)

Quem imaginaria que pessoas que alegam ser crentes — inclusi­ve pastores — atacariam a própria noção da verdade? Mas estão atacando. Um exemplar recente de Christianity Today destacou um artigo de capa a respeito da Igreja Emergente. Esse é o nome popular de uma associação informal de comunidades cristãs, de alcance mundial, que deseja restaurar a igreja, alterar o modo de os cristãos interagirem com a sua cultura e remodelar a maneira de pensarmos a respeito da pró­pria verdade. O artigo incluiu um resumo biográfico de Rob e Kristen Bell, o casal que, trabalhando em equipe, fundou a igreja Mars Hill, uma comunidade emergente muito grande, com crescimento sólido, em Grand Rapids, Michigan, Segundo o artigo, o casal Bell:
"sentia-se cada vez menos satisfeito com a igreja. "A vida na igreja se tornara tão insignificante" -  diz Kristen. "'Para mim, a igreja fora produtiva durante muito tempo.

Depois, parou de ser funcional!" O casal Bell passou a questionar suas suposições a respeito da própria Bíblia — <<[descobrindo-a como produto hu­mano"] conforme Rob se expressa, e não o produto de um Fiat, um decreto divino. “A Bíblia continua sendo central para nós", diz Rob, '"mas ela é um tipo diferente de centro. Queremos abra­çar um mistério, ao invés de dominá-lo.".”Cresci  achando que já tínhamos decifrado a Bíblia", diz Kristen, “e sabíamos o que ela significa. Agora, não tenho a a menor idéia de qual seja o significado da maior parte dela. Entretanto, sinto de novo que a minha vida é grandiosa - é como se a vida estivesse em preto e
branco no passado, mas agora está em cores".

Um tema dominante permeia o artigo inteiro: no movimento da Igreja Emergente, a verdade (em qualquer que seja o grau de re­conhecimento deste conceito) é admitida como algo inerentemente obscuro, indistinto, incerto — e, em última análise, talvez até mes­mo incognoscível. Cada um dos líderes da Igreja Emergente, cujo perfil biográfico foi apresentado no artigo, expressou um alto nível de desconforto  ao lidar com qualquer indício de certeza a respeito do que a Bíblia significa, mesmo numa questão fundamental como o evangelho. Brian McLaren, por exemplo, um autor popular e ex-pastor, é o personagem mais conhecido no movimento da Igreja Emergente e uma das vozes mais influentes. McLaren é citado no  artigo de Christianity Today, dizendo a certa altura: “Acho que ainda não conseguimos entender corretamente o evangelho...

Acho que os liberais também não conseguiram. Mas acho que nós também não o entendemos de modo certo. Ninguém entre nós chegou a ortodoxia”.
Em outra parte do artigo, McLaren vincula a noção conven­cional de ortodoxia à afirmação de que "capturamos, recheamos e fixamos a verdade". Da mesma forma, faz uma caricatura da teolo­gia sistemática como uma tentativa inconsciente de "ter a ortodoxia em uma forma fixa, preservada e inalterável para sempre".

Hoje em dia, esse tipo de coisa goza de muita popularidade. McLaren foi o autor ou o co-autor de cerca de uma dúzia de livros, e seu total desprezo pela certeza é um tema ao qual ele volta repetidas vezes. Em 2003, a editora Zondervan e a organização Especialidades da Juventude trabalharam em conjunto para iniciar uma linha de pro­dutos chamada Emergente/EJ. Publicam livros, DVDs e produtos de áudio num ritmo intenso e em abundância, com títulos que variam desde: Elvis de Veludo: Repintando a Fé Cristã; escrito por Rob Bell, até Aventuras na Incompreensão, escrito conjuntamente por uma coope­ração, com título apropriado, de Brian McLaren e Tony Campolo.

A idéia de que a mensagem cristã deve ser mantida adaptável e ambígua parece especialmente atraente aos jovens que vivem em harmonia com a cultura e amam o espírito desta época e não podem suportar que a verdade bíblica autoritária seja aplicada com precisão como um corretivo para estilos de vida mundanos, mentes profanas e comportamento ímpio. E o veneno desta perspectiva está sendo injetado, cada vez mais, na igreja evangélica.

Mas isto não é o cristianismo autêntico. Não saber o que você crê (mormente numa questão tão essencial ao cristianismo como o evangelho) é, por definição, um tipo de incredulidade. Recusar-se a reconhecer e defender a verdade revelada da parte de Deus é um tipo especialmente obstinado e pernicioso de incredulidade. Defender a ambigüidade, exaltar a incerteza ou, de outro modo, anuviar a ver­dade é um modo pecaminoso de nutrir a incredulidade.

Todo cristão verdadeiro deve conhecer e amar a verdade. As Es­crituras dizem que uma característica dos "que perecem" (aqueles que estão condenados à perdição por causa de sua incredulidade) é que "não acolheram o amor da verdade para serem salvos" (2 Tessalonicenses 2.10). A implicação clara é que o amor genuíno à verdade está embutido na fé salvífica. Esse amor à verdade é, portanto, uma das qualidades distintivas de todo crente verdadeiro. Nas palavras de Je­sus, eles conheceram a verdade, e a verdade os libertou (João 8.32).

Numa época em que a própria idéia da verdade está sendo des­prezada e atacada (até na própria igreja, onde as pessoas deveriam tratar a verdade com a máxima reverência), o sábio conselho de Sa­lomão nunca foi tão oportuno: "Compra a verdade e não a vendas" (Provérbios 23.23).

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