(Igreja Emergente - é possível adaptar a verdade a esta geração?)
Quem imaginaria que pessoas que alegam ser crentes — inclusive pastores — atacariam a própria noção da verdade? Mas estão atacando. Um exemplar recente de Christianity Today destacou um artigo de capa a respeito da Igreja Emergente. Esse é o nome popular de uma associação informal de comunidades cristãs, de alcance mundial, que deseja restaurar a igreja, alterar o modo de os cristãos interagirem com a sua cultura e remodelar a maneira de pensarmos a respeito da própria verdade. O artigo incluiu um resumo biográfico de Rob e Kristen Bell, o casal que, trabalhando em equipe, fundou a igreja Mars Hill, uma comunidade emergente muito grande, com crescimento sólido, em Grand Rapids, Michigan, Segundo o artigo, o casal Bell:
"sentia-se cada vez menos satisfeito com a igreja. "A vida na igreja se tornara tão insignificante" - diz Kristen. "'Para mim, a igreja fora produtiva durante muito tempo.
Depois, parou de ser funcional!" O casal Bell passou a questionar suas suposições a respeito da própria Bíblia — <<[descobrindo-a como produto humano"] conforme Rob se expressa, e não o produto de um Fiat, um decreto divino. “A Bíblia continua sendo central para nós", diz Rob, '"mas ela é um tipo diferente de centro. Queremos abraçar um mistério, ao invés de dominá-lo.".”Cresci achando que já tínhamos decifrado a Bíblia", diz Kristen, “e sabíamos o que ela significa. Agora, não tenho a a menor idéia de qual seja o significado da maior parte dela. Entretanto, sinto de novo que a minha vida é grandiosa - é como se a vida estivesse em preto e
branco no passado, mas agora está em cores".
Um tema dominante permeia o artigo inteiro: no movimento da Igreja Emergente, a verdade (em qualquer que seja o grau de reconhecimento deste conceito) é admitida como algo inerentemente obscuro, indistinto, incerto — e, em última análise, talvez até mesmo incognoscível. Cada um dos líderes da Igreja Emergente, cujo perfil biográfico foi apresentado no artigo, expressou um alto nível de desconforto ao lidar com qualquer indício de certeza a respeito do que a Bíblia significa, mesmo numa questão fundamental como o evangelho. Brian McLaren, por exemplo, um autor popular e ex-pastor, é o personagem mais conhecido no movimento da Igreja Emergente e uma das vozes mais influentes. McLaren é citado no artigo de Christianity Today, dizendo a certa altura: “Acho que ainda não conseguimos entender corretamente o evangelho...
Acho que os liberais também não conseguiram. Mas acho que nós também não o entendemos de modo certo. Ninguém entre nós chegou a ortodoxia”.
Em outra parte do artigo, McLaren vincula a noção convencional de ortodoxia à afirmação de que "capturamos, recheamos e fixamos a verdade". Da mesma forma, faz uma caricatura da teologia sistemática como uma tentativa inconsciente de "ter a ortodoxia em uma forma fixa, preservada e inalterável para sempre".
Hoje em dia, esse tipo de coisa goza de muita popularidade. McLaren foi o autor ou o co-autor de cerca de uma dúzia de livros, e seu total desprezo pela certeza é um tema ao qual ele volta repetidas vezes. Em 2003, a editora Zondervan e a organização Especialidades da Juventude trabalharam em conjunto para iniciar uma linha de produtos chamada Emergente/EJ. Publicam livros, DVDs e produtos de áudio num ritmo intenso e em abundância, com títulos que variam desde: Elvis de Veludo: Repintando a Fé Cristã; escrito por Rob Bell, até Aventuras na Incompreensão, escrito conjuntamente por uma cooperação, com título apropriado, de Brian McLaren e Tony Campolo.
A idéia de que a mensagem cristã deve ser mantida adaptável e ambígua parece especialmente atraente aos jovens que vivem em harmonia com a cultura e amam o espírito desta época e não podem suportar que a verdade bíblica autoritária seja aplicada com precisão como um corretivo para estilos de vida mundanos, mentes profanas e comportamento ímpio. E o veneno desta perspectiva está sendo injetado, cada vez mais, na igreja evangélica.
Mas isto não é o cristianismo autêntico. Não saber o que você crê (mormente numa questão tão essencial ao cristianismo como o evangelho) é, por definição, um tipo de incredulidade. Recusar-se a reconhecer e defender a verdade revelada da parte de Deus é um tipo especialmente obstinado e pernicioso de incredulidade. Defender a ambigüidade, exaltar a incerteza ou, de outro modo, anuviar a verdade é um modo pecaminoso de nutrir a incredulidade.
Todo cristão verdadeiro deve conhecer e amar a verdade. As Escrituras dizem que uma característica dos "que perecem" (aqueles que estão condenados à perdição por causa de sua incredulidade) é que "não acolheram o amor da verdade para serem salvos" (2 Tessalonicenses 2.10). A implicação clara é que o amor genuíno à verdade está embutido na fé salvífica. Esse amor à verdade é, portanto, uma das qualidades distintivas de todo crente verdadeiro. Nas palavras de Jesus, eles conheceram a verdade, e a verdade os libertou (João 8.32).
Numa época em que a própria idéia da verdade está sendo desprezada e atacada (até na própria igreja, onde as pessoas deveriam tratar a verdade com a máxima reverência), o sábio conselho de Salomão nunca foi tão oportuno: "Compra a verdade e não a vendas" (Provérbios 23.23).
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