quarta-feira, 24 de outubro de 2012



A DEPRAVAÇÃO CONTAMINA A TODOS
"Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe", - SALMO 51.5

 A Escritura diagnostica o pecado como uma deformidade universal de natureza humana, em todas as circunstâncias e em todas as pessoas (1 Rs 8.46; Rm 3.9-23; 7.18; 1 Jo 1.8-10). Ambos Testamentos têm nomes para ele que revelam seu caráter ético como rebelião contra os preceitos de Deus, errando o alvo fixado por Deus para nós, transgredindo a lei de Deus, desobedecendo às instruções de Deus, maculando a pureza de Deus com nossa corrupção e incorrendo em culpa perante Deus o Juiz. Esta deformidade moral é dinâmica: o pecado permanece patente como uma energia em reação irracional, negativa e rebelde ao chamado e comando de Deus, lutando contra Deus com o intento de manipulá-lo. A raiz do pecado é o orgulho e inimizade contra Deus, espírito que é visto na primeira transgressão de Adão; e atos pecaminosos sempre têm atrás de si pensamentos, moti­vos e desejos que, de uma forma ou de outra, expressam a oposição obstinada do coração decaído às reivindicações de Deus em nossa vida.

 [O pecado pode ser compreensivelmente definido como falta de conformidade à lei de Deus em ação, hábito, atitude, perspectiva, disposição, motivação e modo de viver. Os textos que ilustram diferentes aspectos do pecado incluem Jeremias 17.9; Mateus 12.30-37; Marcos 7.20-23; Romanos 1.18-3.20; 7.7-25; 8.5-8; 14.23 (Lutero disse que Paulo   escreveu Romanos  para  "superlativar  o  pecado"); Gaiatas 5.16-21; Efésios 2.1-3; 4.17-19; Hebreus 3.12; Tiago 2.10,11; 1 João 3.4; 5.17. Carne em Paulo usualmente significa um ser humano levado por desejo pecaminoso; a NVI traduz estes exemplos da palavra por "natureza pecaminosa". As faltas e vícios peculiares (isto é, formas e expressões do pecado) que a Escritura detecta e denuncia são muito nume­rosos para relacionar aqui.

Pecado original, significando o pecado derivado de nossa origem, não é uma expressão bíblica (foi Agostinho quem a cunhou), mas é uma expressão que traz a uma proveitosa foca-lização a realidade do pecado em nosso sistema espiritual. A asserção de pecado não significa que o pecado pertence à natureza humana como Deus a fez ("Deus fez o homem reto", Ec 7.29), nem que o pecado está envolvido no processo de reprodução e nascimento (a impureza ligada à menstruação, esperma e parto, em Levítico 12 e 15 era somente típico e cerimonial, não moral e real), mas sim que (a) a pecabilidade marca todos desde o nascimento, e está lá na forma de um coração motivacionalmente torcido, anterior a quaisquer pecados reais; (b) esta pecabilidade interior é a raiz e fonte de todos os pecados reais; (c) ela nos vem por derivação de uma forma real, embora misteriosa, desde Adão, nosso primeiro representante diante de Deus. A afirmação do pecado original indica intrinsicamente que não somos pecadores porque pecamos, mas sim que pecamos porque somos pecadores, nascidos com a natureza escravizada ao pecado.

A expressão depravação total é comumente usada para tornar explícitas as implicações do pecado original. Ela significa uma corrupção de nossa natureza moral e espiritual que é total não em grau (pois ninguém é tão mau quanto pode ser), mas em extensão. Ela declara que nenhuma parte de nós é intocável' pelo pecado e, portanto, nenhuma ação nossa é tão boa como deve ser, e conseqüentemente nada em nós ou acerca de nós jamais parece meritório aos olhos de Deus. Não podemos con­quistar o favor de Deus, não importando o que venhamos a fazer; a menos que a graça nos salve, estamos perdidos.

A depravação total vincula a capacidade total, isto é, o estado de não poder em si mesmo responder a Deus e à sua Palavra de modo sincero e prazenteiro (Jo 6.44; Rm 8.7,8). Paulo chama a este alheamento do coração decaído um esta­do de morte (Ef 2.1,5; Cl 2.13), e a Confissão de Westminster diz: "O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso."

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