sábado, 1 de dezembro de 2018

Quando se é um “apóstolo”? – Parte 2 - Wilbur N. Pickering



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A dobradiça
Como uma dobradiça para ligar o passado ao presente, vou agora considerar os dois textos que se referem a “falsos apóstolos”; eles são 2Coríntios 11:13 e Apocalipse 2: 2. 2Coríntios 11: 12-15— “Mas o que faço e farei é para cortar ocasião àqueles que a buscam com o intuito de serem considerados iguais a nós, naquilo em que se gloriam. Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em “apóstolos” de Cristo1. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras.” É bom lembrar que nem Satanás nem os seus servos têm o hábito de aparecer com chifres e rabos. Só porque alguém “parece ser bom” não significa que ele seja. Precisamos de discernimento espiritual em todos os momentos. Note que Paulo afirma que tais pessoas são servos de Satanás e evidentemente se declararam “apóstolos”. Em nossos dias, temos uma verdadeira praga de autoproclamados “apóstolos” (que eu chamo de “apústulos“); Agora, quem você supõe que eles estão servindo?
Voltando ao título deste estudo, quando se é um apóstolo? Em Gálatas 1: 1, Paulo afirma que seu apostolado não era “da parte de homens, nem por intermédio de homem algum”, mas através do Pai e do Filho. O apostolado de Paulo não dependia da ordenação ou reconhecimento humano. Então, e o apostolado hoje? Em Romanos 1: 1 Paulo diz que ele é “chamado para ser apóstolo”. Eu entendo que os verdadeiros apóstolos não são ordenados pelo homem; eles são designados por Deus, que tem uma razão específica para isso. No caso de Paulo, foi “promover a obediência da fé entre todas as nações étnicas” (versículo 5). Qualquer apóstolo genuíno terá uma tarefa específica a cumprir. Embora Deus não leve de volta Seus dons (Romanos 11:29), um dom pode ser ignorado (porque a doutrina da igreja não permite isso), ou negligenciado (1Timóteo 4:14) e, portanto, abortado.
Muito pior, até mesmo um apóstolo que Jesus escolheu pessoalmente pode ser ‘rejeitado’ (1Coríntios 9:27). Se Paulo reconhecesse a possibilidade para si mesmo, o que dizer de todos os ‘apústulos‘ de nossos dias?
Em Apocalipse 2: 2 o Cristo glorificado está escrevendo para a igreja em Éfeso: “Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;” O próprio Cristo glorificado declara que há falsos apóstolos (e isto no final do primeiro século), e que a igreja em Éfeso sabia como testá-los. Infelizmente, pelo menos do meu ponto de vista, não nos é dito como eles fizeram isso, os critérios que eles usaram. Há um texto que fala dos ‘sinais de um apóstolo’, 2Coríntios 12:12. “Pois as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos.
Tanto Estevão como Filipe, “meros” diáconos, realizaram milagres, mas evidentemente não os transformaram em apóstolos. E depois tem as palavras do próprio Soberano Jesus em João 14:12. “Em verdade, em verdade vos digo2 que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará3, porque eu vou para junto do Pai.
Esta é uma declaração tremenda, e não um pouco desconcertante. Observe que o Senhor disse: “fará”; não ‘possivelmente’, ‘talvez’, ‘se você quiser’; e certamente não ‘se a doutrina de sua igreja permitir’! Se você crer, você fará! O verbo ‘crer’ está no tempo presente, na segunda pessoa do singular; se você está crendo você fará; segue-se que, se você não está fazendo, é porque você não está crendo. 2 + 2 = 4. Fazendo o que? “As obras que eu faço.” Bem, Jesus pregou o Evangelho, Ele ensinou, Ele expulsou demônios, Ele curou todos os tipos e tamanhos de doenças e enfermidades, Ele ressuscitou uma pessoa morta, e Ele realizou uma variedade de milagres (transformar água em vinho, andar sobre as águas, parar a tempestade instantaneamente, transportar um barco várias milhas instantaneamente, multiplicar comida, murchar uma árvore – e Ele insinuou que os discípulos deveriam ter parado a tempestade e multiplicado a comida, e Ele afirmou que eles poderiam murchar uma árvore [Pedro de fato deu alguns passos sobre a água]). Então, e quanto a nós? Com a pregação e o ensino podemos lidar, mas e o resto? Eu ouvi o presidente de uma certa universidade cristã afirmar que este versículo obviamente não poderia significar o que diz porque isto não está acontecendo! Bem, em sua própria experiência, e na de seus associados (todos cessacionistas), eu acho que não está. Mas muitas pessoas hoje expulsam demônios e curam, e eu pessoalmente conheço alguém que ressuscitou uma pessoa morta. Milagres também estão acontecendo. Então, e eu? E você? Mas, voltando às “credenciais do apostolado”, se todos nós supostamente estamos operando milagres, isso não nos torna todos apóstolos, então devem haver mais critérios. (Por favor, note o ‘mais’, eu não estou negando os ‘sinais’.)
Sugiro que devemos considerar a questão da autoridade espiritual, e começo com 2Coríntios 10: 8 e 13:10. 10: 8 diz assim: “Porque, se eu me gloriar um pouco mais a respeito da nossa autoridade, a qual o Senhor nos conferiu para edificação e não para destruição vossa… ”13:10 diz assim: “Portanto, escrevo estas coisas, estando ausente, para que, estando presente, não venha a usar de rigor segundo a autoridade que o Senhor me conferiu para edificação e não para destruir”. Em ambos os versos, Paulo declara que a autoridade é para edificar e não derrubar, embora sua menção ao trato severo indique que tal pode ser incluído no processo, como as circunstâncias podem exigir. (De fato, em pelo menos duas ocasiões, Paulo realmente entregou alguém a Satanás! – 1Coríntios 5: 5 e 1Timóteo 1:20.)
Não é isso que devemos depreender de 1Timóteo 1: 3? “Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina. . . ” A igreja estava bem estabelecida em Éfeso, mas Timóteo tinha autoridade para comandar; Suponho que Paulo o tenha designado como seu vice. E que tal 1Timóteo 5: 19-20? “Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam”. Evidentemente, Timóteo tinha autoridade sobre os anciãos, sendo competente para repreendê-los publicamente.
Agora, observe Jeremias 1: 10— “Olha que hoje te constituo sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares e também para edificares e para plantares.” Claro que isto foi antes da Igreja, mas há um princípio aqui que permanece válido. Se você planeja construir em um terreno coberto de ruínas e entulho, por onde começar? Você deve remover os destroços. Se Deus enviou você para a igreja em Laodicéia (Apocalipse 3: 14-19), para tentar endireitar isso, onde você teria que começar? Você pode ter que depor os líderes, bem como denunciar o erro. Presumivelmente, também, você teria que ser capaz de estabelecer sua autoridade sobre eles. No caso de Timóteo, Paulo supostamente cuidou disso.

1Sempre houveram aqueles que querem “entrar no carro”, para pegar uma carona; que trafegam em coisas espirituais para vantagem pessoal e temporal. Como essas pessoas só causam danos, o desejo de Paulo de expô-las decorre de sua preocupação com o bem-estar dos coríntios.
2“Em verdade, em verdade” é na verdade “amém, amém” – apresentado como “verily, verily” no AV. Somente João registra a palavra como repetida, nos outros Evangelhos é apenas “amém”. Na literatura contemporânea, não temos nenhum exemplo de alguém que use a palavra dessa maneira. Parece que Jesus cunhou seu próprio uso, e o ponto parece ser chamar a atenção para um importante pronunciamento: “Pare e ouça!” Freqüentemente precede uma declaração formal de doutrina ou política, como ocorre aqui.
3Bem, se expulsarmos demônios, curarmos e realizarmos milagres, isso não é suficiente? Jesus quer mais, Ele quer “coisas maiores” do que as que acabamos de mencionar. Observe novamente que Ele disse “fará”, não talvez, ou se sua igreja permitir. Mas o que poderia ser “maior” que milagres? Isso não pode se referir à tecnologia moderna porque, nesse caso, essas “coisas maiores” não estariam disponíveis aos crentes durante os primeiros 1900 anos. Note que a chave está na declaração final do Senhor (no versículo 12), “porque eu estou indo para o meu Pai”. Somente se Ele vencesse poderia retornar ao Pai, então Ele está aqui declarando sua vitória antes do fato. É com base nessa vitória que as “coisas maiores” podem ser realizadas. Apenas quais são essas coisas “maiores”? Para minha resposta, veja meu esboço, “Biblical Spiritual Warfare” (Guerra Espiritual Bíblica), disponível em www.prunch.org.

O BATISMO COM O ESPÍRITO E A REGENERAÇÃO - Parte 2 - Por D.M. Lloyd Jones


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Mas temos uma declaração muito específica em Romanos 8. 9, que coloca este assunto de forma bastante sucinta, de uma vez por todas. Paulo diz: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”. De modo que, claramente, qualquer homem que é cristão é um homem em quem o Espírito Santo de Deus habita.

Eu entendo que isto é, portanto, abundantemente evidente – você não pode ser um cristão sem ter o Espírito Santo em você. Mas – e aqui está o ponto – eu estou afirmando, ao mesmo tempo, que você pode ser um crente, que você pode ter o Espírito Santo habitando em você, e ainda não ser batizado com o Espírito Santo. Agora esta é a questão crucial. Por que eu digo isso? Deixe-me apresentar minhas razões.

Tudo que tenho descrito é a obra do Espírito Santo em nós, o trabalho de convencer, o trabalho de esclarecer, o trabalho de regenerar e assim por diante. É isso que o Espírito Santo faz em nós. Mas como você percebe no ensino do primeiro capítulo do Evangelho de João, e que vemos tão claramente na pregação de João Batista, o batismo do Espírito Santo é algo que é feito pelo Senhor Jesus Cristo, não pelo próprio Espírito Santo. “De fato te batizo com água (…) ele vos batizará com o Espírito Santo”. Isto não é primariamente uma obra do Espírito Santo, é um ato do Senhor Jesus Cristo. É a sua ação – algo que ele faz a nós através do Espírito, ou da sua doação a nós do Espírito, deste modo particular.

Agora, aqui, parece-me que há algo claro e simples na própria superfície de todo este assunto, e a respeito do qual as pessoas se con- fundem e citam 1Coríntios 12.13 – “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados”. Claro que fomos. Ser batizado no corpo de Cristo é a obra do Espírito, como a regeneração; mas isso é algo completamente diferente; isso é Cristo batizando-nos com o Espírito Santo. Eu estou sugerindo que isso é algo que é, portanto, obviamente distinto e sepa- rado de se tornar um cristão, sendo regenerado, tendo o Espírito Santo habitando dentro de você. Eu estou colocando assim – você pode ser um filho de Deus e ainda assim não ser batizado com o Espírito Santo. Deixe-me dar uma prova disso. Eu começo com os santos do Antigo Testamento. Eles eram tanto filhos de Deus como você e eu somos. Abraão é “o pai dos fiéis”, um filho de Deus. Eu poderia lhe dar infinitas referências bíblicas para provar isso. Nosso Senhor mesmo diz: “Tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus. E, no entanto, alguns desses judeus vão estar do lado de fora, embora continuem se gabando de Abraão ser seu pai”. Mas é isso que significa estar no reino de Deus, estar com Abraão, Isaque e Jacó.

Paulo, em Gálatas 3, mostra delongadamente que todos os filhos da fé são filhos de Abraão; ele é o pai dos fiéis. De fato, o apóstolo Paulo, como o apóstolo dos gentios, se esforça para enfatizar este grande fato: que quando os gentios se tornaram cristãos, o que aconteceu a eles foi que se tornaram “concidadãos com os santos”, isto é, os santos do Antigo Testamento – “e coerdeiros com eles”.

Você se lembra também daquele grande contraste em Efésios 2.11 e seguintes: “Portanto, lembrai-vos de que, outrora, vós, gentios na carne, chamados incircuncisão por aqueles que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo”. É onde eles estavam. “Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo (…). Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus”. Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Davi todos estes homens do Antigo Testamento – todos eles pertencem à família de Deus. E quando nos tornamos cristãos, como gentios, nos tornamos “concidadãos” com eles e membros da “família de Deus”.

E então, para deixar isso bem claro, o apóstolo repete em Efésios

3. Ele diz que foi lhe dado a conhecer a revelação do mistério. O que é isso? Bem, aqui está: “o qual, em outras gerações, não foi dado a co- nhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito, a saber, que os gentios são coerdeiros, membros do mesmo corpo e coparticipantes da promessa em Cristo Jesus”. Se você acha que os santos do Antigo Testamento não eram filhos de Deus você está negando toda a Escritura. Eles eram filhos de Deus, mas eles não foram batizados com o Espírito Santo.

Abraão cria em Cristo. Nosso Senhor diz: “Abraão viu meu dia” – ele viu de longe – “e ele se alegrou”. Estes homens não o compreenderam plenamente, mas o que os tornou filhos de Deus e homens de fé, foi isto – eles creram no testemunho de Deus a respeito do “que estava por vir”. Nenhum homem pode ser salvo, exceto em Cristo. Existe apenas um caminho de salvação, no Antigo e no Novo Testamento. Ele está sempre em Cristo, e por Cristo crucificado.

Mas e o próprio João Batista? Nosso Senhor deixa isso bem claro ao dizer: “Entre os nascidos de mulher não surgiu maior que João Batista”. João Batista é um filho de Deus, ele é filho de Deus e, no entanto, João não foi batizado com o Espírito Santo.

“Não obstante”, diz o nosso Senhor, “aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele” (Mt 11.11). Essa é uma referência ao reino dos céus tomando a forma da igreja. Apesar de João Batista ser o último dos profetas, ser um filho de Deus, um servo singular, e ser tão salvo quanto qualquer outro cristão, ele não está desfrutando dos benefícios que aqueles que receberam o batismo do Espírito Santo, dado por Cristo, são capazes de desfrutar.

E então você se lembra daquela declaração tão importante em João 7.37-39: “No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, por- que Jesus não havia sido ainda glorificado” – como dizem com razão outras versões: “pois não havia ainda Espírito” (Bíblia de Jerusalém), “ainda não havia chegado desta forma”.

O Espírito Santo sempre esteve presente, é claro; você leu sobre ele no Antigo Testamento. Mas ele não fora dado dessa maneira “ainda”. Ele foi dado assim no Dia de Pentecostes – “pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado”. Aqui está novamente uma das declarações cruciais.

Avancemos adicionando mais coisas. Tudo isso parece-me muito mais claro quando chegamos diretamente no livro de Atos e olhamos para o caso dos próprios apóstolos. Certamente é bastante óbvio que eles eram regenerados e eram filhos de Deus antes do Dia de Pentecostes. Nosso Senhor já havia dito, “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3). Na solene Oração Sacerdotal em João 17 Jesus continua definindo uma distinção entre os apóstolos e o mundo. “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus”. Ao longo de todo este capítulo, a ênfase de Jesus é que essas pessoas já são regeneradas, nosso Senhor continua dizendo isso. Ele afirma: “porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste”. Nada poderia ser mais claro.

E então nos é dito que após a ressurreição nosso Senhor se reuniu com eles em um cenáculo e “soprou sobre eles” o Espírito Santo. Você se lembra daquele episódio, está registrado em João 20. “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”. Esses homens não são apenas crentes, são homens regenerados, o Espírito Santo foi soprado sobre eles, mas eles não foram batizados com o Espírito Santo.

Atos 1.4-8 deixa isso bem claro: “E, comendo com eles, deter- minou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”. E estes mesmos homens – já crentes e regenerados, que em um sentido já tinham recebido o Espírito Santo – foram “batizados” com o Espírito Santo. Esta é minha maneira de comprovar que um homem pode ser um verdadeiro crente no Senhor Jesus Cristo e um filho de Deus, e ainda assim não ser batizado com o Espírito Santo.

Trecho do livro O BATISMO E OS DONS DO ESPÍRITO, próximo lançamento da Editora Carisma.

O BATISMO COM O ESPÍRITO E A REGENERAÇÃO - Parte 1 - Por D.M. Lloyd Jones

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Gostaria de chamar sua atenção para as palavras encontradas em João 1.26, 33: “Respondeu-lhesJoão: Eu batizo com água; mas, no meio de vós, está quem vós não conheceis (…). Eu não o conhecia;aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousaro Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo”.

Eu tomo estes dois versículos e os coloco juntos por causa dessa grande verdade que trazem, a saber,que João Batista estava constantemente dizendo ao povo que não era o Cristo, e que a diferença essencial entre eles era que ele batizava com água, enquanto o Cristo batizaria com o Espírito Santo.

Mas, por que estamos observando isso? Estamos fazendo porque a declaração de João 1.16 deveria ser a verdade para todo cristão. “Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça”. É assim que o cristão deve ser. Ele é um homem que recebeu algo da plenitude de Cristo e continua recebendo, cada vez mais. Essa é a vida cristã. E estou sugerindo que João, o evangelista,nos mostra que a maneira pela qual isso pode se tornar verdade para nós, e uma verdade cada vez maior, é que recebemos a plenitude do Espírito em grande e ampla medida, quando somos verdadeiramente batizados com o Espírito Santo pelo Senhor Jesus Cristo.

O próprio João Batista delineou claramente esse contraste em seu ministério. Quando lemos Lucas 3.1-17, vemos alguns dos notáveis contrastes entre o batismo de João e o batismo de nosso Senhor. Colocando de forma muito simples, vemos a diferença entre religião e cristianismo; ou, na verdade, indo além, a diferença entre estar contente apenas com o básico ou “princípios elementares” (ver Hb 6.1) da doutrina de Cristo, e essa mesma doutrina em maior plenitude.

Agora estamos fazendo esse último, e devo continuar repetindo, porque isso não é um exercício acadêmico. De fato, parece-me que isso é o que precisamos, acima de tudo, no presente momento.Precisamos disso como cristãos individuais, mas precisamos ainda mais por causa do estado do mundo ao redor e sobre nós. Se não temos senso de responsabilidade pela condição da humanidade neste momento, então só há uma coisa a dizer – se somos cristãos, somos muito medíocres. Se estivermos preocupados apenas conosco e com nossa felicidade, e se a condição moral da sociedade e a tragédia de todo o mundo não nos entristecem, se não somos perturbados pelo modo pelo qual os homens blasfemam o nome de Deus e toda a arrogância do pecado – bem, o que pode ser dito sobre nós?

Mas estou presumindo que estamos preocupados, e que estamos preocupados por nós mesmos, para que possamos receber o que Deus pretendeu que recebêssemos em seu Filho. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (Jo 3.16) – e se não estamos recebendo o que ele tornou possível, é um insulto a Deus. Portanto, esses dois aspectos devem ser levados em conta – nosso estado e necessidades individuais – porém, ainda mais, a condição do mundo ao nosso redor. Isso,então, é o que estamos fazendo, e estou tentando mostrar que o grande e constante perigo é que devamos estar conformados com algo muito aquém do que o pretendido para nós.

Deixe-me colocar desta forma: talvez o maior perigo de todos para os cristãos seja compreender as Escrituras à luz de suas próprias experiências. Não devemos interpretar as Escrituras à luz de nossas experiências, mas devemos examinar nossas experiências à luz do ensino das Escrituras. Este é um ponto fundamental e básico, que é particularmente importante neste exato momento em vista das coisas que estão acontecendo na igreja cristã.

Há duas maneiras principais pelas quais, parece-me, podemos errar nesta questão da relação de nossas experiências com o ensino das Escrituras. O primeiro perigo é o de reivindicar coisas que vão além delas ou que, na verdade, podem até ser contrárias a elas. Agora há muitos que fizeram isso ao longo dos séculos, e há pessoas que ainda estão fazendo isso. Tem havido pessoas – elas foram encontradas na igreja primitiva – que afirmaram que eram inspiradas de maneira única. O apóstolo os chama de “falsos apóstolos”. E havia pessoas que afirmavam estar recebendo “revelação”, não se importando qual era o ensinamento; eles diziam estar diretamente inspirados por Deus.

Eu me lembro de uma vez ouvir um homem dizendo que ele não se importava com o que o apóstolo Paulo ou qualquer outra pessoa dissesse, pois ele sabia! Ele teve uma experiência. Agora, no momento em que um homem diz isso, ele está colocando sua própria experiência acima das Escrituras. Isso abre a porta ao fanatismo; não entusiasmo, mas fanatismo e outros possíveis perigos. Portanto, há um risco – que é colocarmos nas Escrituras o que experimentamos de forma subjetiva.

Outra maneira pela qual isso é feito é colocar a tradição ou o ensino da igreja acima das Escrituras. Esta tem sido a heresia católico-romana; dizer que a tradição é coordenada com a Escritura, porque no final das contas isso significa que a tradição é superior as Escrituras. Não há nada na Escritura sobre a chamada Assunção da Virgem Maria – uma doutrina que diz que ela nunca morreu e foi enterrada, mas que literalmente teve seu corpo assunto ao céu – embora eles ensinem isso, e é somente sua autoridade que sanciona tal ensinamento. Esse é o tipo de coisa que quero dizer.

Deixando de lado algo tão óbvio quanto a heresia católico-romana, existem muitos (e geralmente são as pessoas mais inclinadas à espiritualidade) que estão sempre inclinados a se tornar tão vidrados na experiência espiritual, que terminam indiferentes às Escrituras. Os primeiros Quakers1 estavam particularmente sujeitos a isso, com a sua ênfase na “luz interior”. Eles também disseram que, o que quer que as Escrituras dissessem, sabiam que uma doutrina lhes fora revelada diretamente. Um deles (pobre homem) alegou que era o Cristo encarnado novamente, e cavalgou pela cidade de Bristol, com muitas pessoas equivocadas o seguindo e acreditando em seu ensino, porque ele lhes falava com autoridade.

Isso é fanatismo, e é um perigo terrível que devemos sempre ter em mente. Ele surge de um divórcio entre as Escrituras e a experiência, quando colocamos esta acima da Palavra de Deus, alegando coisas que não são sancionadas por ela, ou que talvez sejam até proibidas nela.

Também há um segundo perigo e é igualmente importante que tenhamos isso em mente. Este é exatamente o oposto do primeiro, pois essas coisas geralmente vão de um violento extremo ao outro.Quão difícil é sempre manter um equilíbrio nesse assunto! O segundo perigo, então, é estar satisfeito com algo muito menor do que o que é oferecido nas Escrituras, o perigo de interpretar as Escrituras pelas nossas experiências e reduzir seu ensino ao nível daquilo que conhecemos e experimentamos; e eu diria que este segundo é o maior perigo dos dois no presente momento.

Em outras palavras, certas pessoas, instintivamente, têm medo do sobrenatural, do incomum, da desordem. Você pode ter tanto medo da desordem, ser tão preocupado com disciplina, decência e controle, que se torna culpado do que as Escrituras chamam de“apagar o Espírito”; e não há dúvida em minha mente de que tem acontecido muito isso.

As pessoas chegam ao Novo Testamento e, em vez de tomarem seus ensinamentos como são, elas o interpretam à luz de suas experiências e, assim, reduzem-no. Tudo é interpretado em termos do que eles têm e do que experimentam. E acredito que isso é em grande parte responsável pela condição da igreja cristã neste tempo presente. As pessoas têm tanto medo do que chamam de entusiasmo, e algumas têm tanto medo do fanatismo que, para evitar isso, elas vão direto para o outro lado, sem encarar o que é oferecido no Novo Testamento. Elas consideram o que têm e o que são como a norma.

Deixe-me resumir assim. Compare, por exemplo, o que você leu sobre a vida da igreja em Corinto coma vida típica da igreja hoje. Você diz: “Ah, mas eles eram culpados de excessos em Corinto”. Eu concordo muito. Mas quantas igrejas você conhece atualmente para as quais é necessário escrever uma carta como a Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios? Não coloque sua ênfase inteiramente nos excessos. Paulo corrige os excessos, mas perceba o que ele permite; o que ele espera.

Considere seu Novo Testamento como ele é. Olhe para o cristão do Novo Testamento, olhe para a igreja do Novo Testamento, e você a vê vibrante com uma vida espiritual e, é claro, é sempre a vida que tende a levar a excessos. Não há problema de disciplina em um cemitério; não há problema em uma igreja formal. Os problemas surgem quando há vida. Uma pobre criança doente não é difícil de lidar, mas quando essa criança está bem e cheia de vida e vigor, bem, então você tem seus problemas. Os problemas são criados pela vida e pelo vigor, e os problemas da igreja primitiva eram espirituais,surgindo por causa do perigo de se exceder no reino espiritual.

Alguém gostaria de afirmar qual o perigo na igreja hoje? É claro que não, e a razão é que temos tentado interpretar o ensino do Novo Testamento à luz de nossas próprias experiências.

Estes, então, são os dois grandes perigos, ambos igualmente errados. Normalmente os excessos e o fanatismo são mais espetaculares e sempre atraem a atenção, mas o outro é igualmente ruim, senão mais. Há toda a diferença no mundo entre um homem em estado de delírio quando ele está doente, e um homem que sofre de um tumor terrível que está consumindo os sinais vitais de sua vida e de seu corpo e reduzindo-o mais ou menos a um estado de paralisia e de impotência. Mas as duas coisas são igualmente ruins e, portanto, temos que nos lembrar de ambas.

E assim, ao lidarmos com toda essa questão, eu coloco esta proposição fundamental – que tudo deve ser provado pelo ensino da Escritura. Não devemos começar com o que pensamos; o que gostamos. Alguns de nós preferimos o espetacular, outros são tão dignos que a dignidade é a única coisa que importa: tudo deve ser ordeiro, digno e metódico, funcionando como um relógio com todas as características mecânicas e mecanicistas de um aparelho ou de uma máquina. Então, se começarmos com nós mesmos e o que gostamos e nossa experiência, já estaremos errando. Não, temos que partir, todos nós, do Novo Testamento e seu ensino.

Felizmente para nós há muito ensino. Se olharmos para dois incidentes em Atos, o final do capítulo 18 e início do capítulo 19 – o episódio de Apolo e o episódio dos discípulos que Paulo encontrou em Éfeso –descobrimos as seguintes coisas: há obviamente passos, ou estágios na vida cristã. O Novo Testamento está cheio disso. “Crianças em Cristo”,“moços”, “velhos”“crescendo na graça e no conhecimento do Senhor”, e assim por diante. Mas não só isso, tal fato é mais do que apoiado,cumprido e fundamentado na história subsequente dos homens na longa linha do tempo da igreja cristã,e vemos, especialmente nesses dois exemplos aos quais me referi acima, que o que realmente faz a diferença é este batismo do Espírito Santo, ou com o Espírito Santo, ou este “receber” do Espírito.

Deixe-me tentar colocar este ensinamento do Novo Testamento como eu o compreendo na forma de vários princípios. Nós devemos fazer isso porque João nos diz no início de seu Evangelho que o que vai diferenciar a nova Era da antiga, incluindo até João Batista, é este batismo com o Espírito. Aqui está o primeiro princípio: é possível para nós sermos crentes no Senhor Jesus Cristo sem ter recebido o batismo do Espírito Santo.

Mas deixe-me esclarecer isso, porque muitas vezes é mal-entendido – e isso para mim é o ponto crucial de toda a interpretação do Novo Testamento neste quesito, é o ponto-chave. Não comece a pensar em fenômenos; eu vou chegar a isso mais tarde. Esse é o erro fatal que as pessoas cometem. Elas começam com fenômenos, têm seus preconceitos e assumem suas linhas e seus pontos, e o ensino do Novo Testamento é totalmente esquecido. Não, devemos começar com o ensino da Escritura.

Como? Bem, desta maneira. É óbvio que nenhum homem pode ser cristão, a não ser pela obra do Espírito Santo. O homem natural, a mente natural, nos é dito, “é inimizade contra Deus, pois não estás ujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar”. O apóstolo Paulo, em toda essa passagem em Romanos 8.7, que acabei de citar, traça sua grande distinção entre o homem “natural” e o homem “espiritual”, e essa é a grande diferença. O homem espiritual é um homem – ele diz – que é “guiado pelo Espírito” e que “anda segundo o Espírito, não pela carne”. Basicamente, portanto, você deve começar dizendo que nenhum homem pode ser um cristão sem o Espírito Santo. A mente natural é “ inimizade contra Deus,pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar”. Novamente, em 1 Coríntios 2.14, Paulo coloca desta maneira: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, por- que lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. Nesse capítulo, também, o apóstolo está traçando uma distinção entre o cristão e o não cristão. Ele diz que: “os poderosos deste século”, apesar de serem grandes homens em grandes posições e homens de muita habilidade, não são cristãos. Por quê? Bem, eles não creram no Senhor Jesus Cristo, se “tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória”.

Como então acreditamos; como alguém acredita nele? Bem, ele diz: “Deus nos revelou pelo Espírito;porque o Espírito todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”. E novamente ele diz: “nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente”.

Ele diz que somos cristãos porque o Espírito Santo trabalhou em nós e nos deu essa iluminação,conhecimento e compreensão, essa capacidade de crer. Um homem não pode crer sem a obra do Espírito Santo. Em todo crente, o Espírito Santo é necessariamente um residente. Essa é uma declaração fundamental de toda a Escritura. É o Espírito quem nos convence e nos dá a iluminação e a capacidade de crer. Nenhum homem pode crer no evangelho de forma natural. Isso é fundamental em toda a Bíblia.

Mas então podemos ir mais longe. É o Espírito Santo que nos regenera, é ele quem nos dá nova vida. O cristão é um homem que nasceu de novo. Sim, ele é um homem que é“nascido do Espírito”. Agora, no Evangelho de João, como vamos descobrir, há um grande ensinamento sobre isso. Você obtém isso de uma só vez nos ensinamentos de nosso Senhor a Nicodemos e a todos os homens. “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.5). É isso. É algo que acontece como resultado da operação do Espírito Santo. Regeneração é a obra do Espírito Santo; é uma obra secreta dele. Não é algo experimental, mas é um trabalho secreto, e somente a pessoa sabe que isso aconteceu com ela.

Trecho do livro O BATISMO E OS DONS DO ESPÍRITO, próximo lançamento da Editora Carisma.

1Membros da denominação conhecida como Sociedade Religiosa dos Amigos, um grupo cristão de orientação puritana surgida no século 17 na Inglaterra [N.T.].


FÉ FELIZ E SEGURANÇA NA MORTE - O Testemunho de uma "Covenanter"







“Ele está sempre... num permanente devoto estado de espírito, tal qual eu devo desejar ter em meu último momento”.

O período da Segunda Reforma testemunhou muitas vidas eminentemente piedosas. Alguns destes foram proeminentes na sociedade entre a nobreza. Sir Thomas Steuart de Kirkfield e Coltness (1631-1698), sua esposa Margaret e sua grande família foram tais.

A Família Coltness 

O pai de Sir  Thomas foi Sir James Steuart  de Kirkfield (1608-1681). Um proeminente líder e presbítero entre os covenanters [pactuantes] [1], ele ocupou cargos políticos nas décadas de 1640 e 1650. Ele era um cristão zeloso e guardava uma Bíblia em cada cômodo de sua grande casa. Um covenanter convicto, ele foi demitido de seu cargo na Restauração de 1660. Ele sofreu por ter sido preso duas vezes e pesadamente multado injustamente.

Sir James foi um amigo próximo de muitos líderes covenanters. George Gillespie (1613-1648) elogiou sua piedade em um trocadilho com relação ao seu sucesso como banqueiro.

"Sir James Steuart tem mais religião esterlina em dinheiro que qualquer homem que eu já conheci. Ele está sempre agradavelmente calmo e sereno, num permanente devoto estado de espírito, tal qual eu devo desejar ter em meu último momento”.

Dizia-se que Thomas Steuart era uma criança “santificada desde o ventre”. Durante a praga de 1645, em Edimburgo, pensou-se que ele e outro jovem tinham sido infectados. Thomas encorajou seu companheiro a confiar em Cristo e ambos ficaram de joelhos e se uniram na “mais solene oração” com “muito conforto espiritual”. No devido tempo, eles foram encontrados sem contaminação e liberados do confinamento.

Em 1655-1656, ele trabalhou com seu pai para construir a paróquia da igreja de Coltness numa posição mais central. Seu irmão mais jovem, Sir James Steuart de Goodtrees, foi um advogado e autor do livro Naphtali. O livro descreveu e defendeu a luta dos covenanters.

Thomas se manteria livre de conformar-se à reivindicação de supremacia do Estado sobre a igreja nos tempos da perseguição. Em 1683, ele foi banido da Escócia e sua propriedade apreendida. Isto aconteceu porque ele ajudou alguns dos covenanters que lutaram na batalha  Bothwell Bridge, em 1679.

Na Holanda, ele foi forçado a fugir de um lugar para outro, quando ele foi rastreado por espiões do governo. Embora, ele tenha podido testificar “que de acordo com o número de provações, o fardo e o calor do dia, assim foram a paciência, força e consolações proporcionadas”. Durante este período, ele encontrou grande conforto e ajuda a partir do Salmo 107 como um cântico de ação de graças pela boa Providência de Deus.

Thomas e Margaret tiveram nove filhos e três filhas. John, um destes, foi notável como filho da Graça, embora tenha falecido com apenas 10 anos de idade. Foi dito que ele “deu sólidas e convincentes marcas da vida e obra do Espírito de toda a Graça em sua alma.” “Ele era um gracioso cristão experiente pela distinta Graça celestial”. Suas palavras ao falecer foram registradas e amplamente distribuídas. As últimas palavras de sua própria mãe fazem referência a isso. A linguagem está ligeiramente atualizada.

A Senhora Coltness

O seguinte relato das últimas palavras da senhora Coltness é tanto comovente quanto edificante. É dito que “ela foi realmente muito piedosa em toda sua vida, mas ela terminou sua caminhada gloriosamente”.

Sir Thomas escreveu em seu diário que “as últimas palavras de minha querida estão em muitas boas mãos cristãs”. Ele notou que as últimas palavras dela e aquelas de seu filho John “pela benção de Deus têm sido fortalecedoras, edificantes e reconfortantes para muitos”. Ele foi confortado pelo bom efeito delas naqueles “descuidados e imprudentes nas questões concernentes à religião”.

Sir Thomas também menciona Betéis [Gn 28:18-19] nas florestas e outros lugares isolados onde ele poderia derramar seu coração em oração. Suas orações eram cheias de submissão à vontade de Deus e de ação de graças pela segurança que sua esposa expressou por ocasião de sua morte.

“Jamais alguém terminou quaisquer de seus dias com mais marcas distintas de uma obra divina de uma fé feliz e segura.”  
“Oh meu querido coração, lute com Deus para que eu não morra na escuridão”

Todos nós precisamos nos preparar para a morte. Aqui está um relato de alguém que morreu bem. Ela morreu feliz porque ela morreu na fé e na esperança.

Com temores em face da morte

Margaret deu à luz seu décimo segundo filho no dia 27 de maio de 1675. Durante os próximos três dias, sua recuperação parecia provável. No entanto, no quarto dia, ela desenvolveu uma febre e expressou seus temores com seu marido sobre sua doença.

Ela também falou sobre o que preocupava sua alma e pediu-lhe para lembrar de sua condição diante do Senhor. Ela pediu-lhe, por amor ao Senhor, para não insistir que o Senhor poupasse sua vida. "Eu não desejo viver, mas ore para que eu não morra na escuridão com relação a verdadeira condição da minha alma".

"O Senhor tem, muitas vezes, ouvido suas orações por livramentos em relação a mim quando eu perdi toda a esperança, e Ele me trouxe de volta a você. Agora eu suplico que o Senhor esteja comigo pelo Seu poder e Graça em meio a esta enfermidade. Se Ele me deixar nesta nuvem, ainda assim não duvidarei da realidade das muitas graciosas manifestações de Si mesmo que tive. Ele me tornou sinceramente submissa para, de todo o coração, entregar-me a Ele. Eu não ouso negar Sua obra graciosa. Mas, oh meu querido coração, lute com Deus para que eu não morra na escuridão”.

Ela chorou e disse: “Não ore por minha vida, pois você se desapontará. O diabo está bem ocupado tentando-me fortemente. Ele está dizendo: ‘Tudo o que você teve foram apenas meros momentos. Você foi apenas uma hipócrita, foi apenas formal e descuidada em tudo o que fez.’ Oh, é tão verdadeiro. Mas o Senhor conhece minha sinceridade, ainda que com fraquezas, a qual espero que Ele tenha aceitado.”

Oração em face da morte

Sua febre foi evidente apenas em uma pequena medida. Todos concluíram que a ansiedade sobre a condição de sua alma agravou fortemente sua condição. Ela estava em exercício espiritual constante. Ela estava continuamente orando com grande confissão e sussurrando "por contrição, contrição, contrição!"

Dois ministros, o sr. William Vilant e o sr. John Inglis vieram visitá-la. Eles apresentaram a grande e indescritível Graça de Deus e de Cristo revelada no Evangelho aos pobres pecadores perdidos. Depois que eles foram embora, ela chamou seu marido. Ela disse:"Bendito seja Deus. Eu nunca ouvi nada mais refrescante e de tanto poder e peso".

Mas no dia seguinte sua enfermidade se agravou e ela clamou ao seu marido: “Oh, Oh! Por segurança, se Deus a desse a uma pobre pecadora que está desejosa e clamando, olhando para Ele para obtê-la”, ela expressou veementemente.

Seu marido respondeu: “Minha querida, Cristo não foi sempre a sua escolha e o mais preferível sobre todas as coisas? Você ousa dizer, diante de Deus, que Ele não era tal para ti e queEle não determinou que você faria dEle a sua escolha?”

Ela clamou com muito fervor. "Oh, Ele sempre foi assim, Ele sempre foi assim para mim, mais desejável para mim do que riquezas, honras, prazeres, coroas e todas as coisas! Senhor, tu sabes. Quem tenho eu no céu senão a Ti ou na terra a quem eu deseje além de Ti? Oh que eu estivesse contigo, onde eu não pecaria nem duvidaria nunca mais, onde o exausto descansa!”

Estas palavras levaram um cristão digno a dizer ao marido dela: “Você pode dizer que ela jamais duvidou após ouvir estas palavras?” De fato, ela não o fez.

No dia seguinte, pôde-se ouvir ela orando por muito tempo com fervor de espírito. Aproximando-se do fim, ela soprou estas palavras:

“Senhor, Tu apareceste tão maravilhosamente ao meu filho Johnie, que tinha apenas dez anos de idade. Todos os que o viram, ouviram e testemunharam sua morte, ficaram maravilhados. Senhor, Senhor! Aparece-Te a mim. Oh! É verdade que ele era apenas uma criança. Ele não conheceu o pecado ou pecou como eu o tenho feito, eu que sou uma pecadora de trinta e sete anos de idade. Mas Senhor, naqueles em quem Tu puseste o teu amor, o pecado não será um obstáculo no seu caminho. Senhor, Senhor, aparece-Te a mim.”

Segurança em face da morte

O relato seria de fato longo se tudo o que ela disse desta natureza, durante sua enfermidade, fosse registrado. Todas as suas palavras estavam cheias de Graça.

Na noite anterior à sua morte ela começou a transpirar em meio a febre. Isto continuou por cerca de oito ou nove horas e todos esperavam que isto fosse acalmar a febre. Embora ela tenha tido algum alívio, ela ainda disse que não havia sentido em esperar por sua recuperação. Ela ouviu o médico e outros que estavam presentes dizerem que sua condição não era tão perigosa quanto ela acreditava.

“Oh! Por segurança, se Deus a desse a uma pobre pecadora que está... olhando para Ele para obtê-la”.

Ela, então, chamou seu marido e disse: “Meu querido, você ficará desapontado. Deixe-me, deixe-me, pois eu tenho deixado a ti e todos os meus filhos, e todo o mundo. Eu desejo, eu desejo estar com Ele”. O médico disse: “Você não estaria disposta a ficar com seu marido e filhos se fosse da vontade do Senhor?” Ela respondeu: “Eu poderia me submeter à Sua vontade. Mas, oh! Eu desejo, desejo estar com Ele, isto é melhor do que tudo!”.

Então, levantando ambas as mãos ela disse: “Agora, oh meu Senhor! Eu venho a Ti. Tu sabes que em minha saúde eu Te busquei, embora com grande fraqueza, mas com um coração sincero. Tu sabes o quão frequentemente eu tenho me entregado a Ti com minha alma e coração? Agora, não tenho nada para o que olhar, a não ser para o Teu livre amor, e a Tua livre Graça. Oh, livre, livre amor! Eu olho, olho, olho para ele por misericórdia. Eu olho para Tua justiça, a Tua justiça imputada. Eu olho para aquela satisfação oferecida por pecadores. Teu sangue clama por coisas melhores do que o sangue de Abel. Oh bendita justiça imputada! Oh bendita satisfação! ‘Todo o que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora’ [Jo 6:37]. Oh, oh, oh! Livre Amor! Pode ser que alguém ouse morrer por um homem justo, mas nosso Senhor morreu por Seus inimigos. Oh maravilhoso amor! Senhor, Tu sabes todas as coisas, Tu sabes que amo a Ti, não posso Te soltar agora.”

“Oh! Eu desejo, desejo estar com Ele, o que é melhor do que tudo.”

Ela persistiu por um longo tempo com expressões similares exaltando a livre Graça. Ela falou com tanto fervor que era como se seu espírito tivesse saído juntamente com suas palavras. Ela estendeu seus braços e agarrou com suas mãos como se ela tivesse visto a Cristo. Ela exclamou: “Eu creio que Jesus Cristo está ao lado do Pai tão certo como estou deitada aqui”.

Após isto, deitada em silêncio, por um tempo, ela foi ouvida dizendo: "Senhor, me deste doze filhos. A terceira criança eu entreguei a Ti e Tu a tomaste (este era John). O meu sétimo filho eu entreguei a Ti e Tu tomaste ele e sua irmã também (Harry e Margaret). Entreguei meu décimo segundo filho ao Senhor. O Senhor o abençoe. Eu entreguei todos os meus filhos ao Senhor, logo que eles nasceram, e muito antes de terem nascido. Tenho desejado apenas duas coisas da parte do Senhor para eles. Primeiro, que O temam e que Ele possa colocar Sua imagem neles. Segundo, eu nunca busquei riquezas ou honra para eles. Busquei apenas que o Senhor, na Sua boa Providência, lhes desse emprego e chamados. Assim, eles iriam viver honestamente e não seriam pesados aos seus amigos”.

Aqueles ao seu redor lhe pediram para ficar em silêncio e descansar quando a ouviram ser capaz de falar sem dificuldade. Eles ainda esperavam que ela pudesse se recuperar. Ela levantou a voz e disse: "Senhores, vocês podem acreditar no que direi a vocês? Esta noite estarei com meu filho Johnie.  Venha logo para mim! Venha logo para mim! Por que estou dizendo isso sobre o meu filho Johnie? Esta noite eu estarei com meu Deus e meu Senhor Jesus naquela santa e gloriosa companhia." Ela não estava delirando, embora algumas palavras inofensivas e inocentes fossem pronunciadas durante seu sono. Suas mais frequentes palavras foram: “Senhor me ajude, Senhor me ajude, não me deixe agora, guarde aquilo que tenho entregado a Ti”.

Após isso, ela disse novamente que seu fim estava próximo e assegurou aos presentes que assim seria. Não era possível acreditar que estava tão perto, já que não havia nenhum sinal exterior do mesmo.

Muitos estavam esperançosos quando a ouviram dizer ao médico: "Em meio a tudo isto a minha cabeça está bem, e eu sinto o meu coração firme." Ela foi instada a dormir e a não desperdiçar seu espírito fraco e fatigado. Ela se recusou, dizendo: "Devo dormir agora quando eu vou morrer? Que o Senhor perdoe a todos vocês. Eu lhes asseguro, se eu cair no sono, eu nunca mais retornarei ". E isso aconteceu em apenas algumas horas depois.

Ao mesmo tempo, ela disse a seu marido: "Meu querido, você vai se surpreender”. Depois acrescentou, com mais seriedade para o resto. "Vocês poderiam me impedir de falar agora, quando não tenho mais de uma hora para falar neste mundo?”.Alguém que ouviu isso pegou seu relógio e mostrou para alguns que estavam por perto. Todos eles disseram que depois aconteceu exatamente como ela havia predito.

O fato de que ela tinha pouca ou nenhuma dor fez com que muitos ficassem esperançosos. Pediram à ela de novo para descansar. Ela disse com uma voz clara: 

"Senhores, eu vos digo, que esta noite,  quando o  sol de vocês se puser o meu sol nascerá e nunca mais irá se pôr. O sol de vocês irá nascer e irá se pôr sobre vocês, mas meu sol vai nascer e nunca irá se pôr. Oh brilhante estrela da manhã!”

“Este dia virá sobre vocês e vocês não sabem o quão breve também estarão nesta minha condição”.

Conselho em face da morte

Depois disso, ela levantou-se para falar com seus filhos e parentes. Ela fez isso como se ela não tivesse nenhuma doença, mas como se fosse fazer algo como uma pessoa saudável. Pedindo um pouco de água de rosas e vinagre, ela disse: "Deixe-me refrescar meu fraco espírito para o que eu tenho que fazer". Ela, então, lavou as têmporas e o rosto com as próprias mãos e inalou um pouco de vinagre em seu nariz.

Depois pediu a todos para saírem do quarto, exceto seu marido e filhos, com os quais ela falou, um por um, com aqueles que tinham atingido a idade adulta.

Ela se referiu às disposições naturais deles. Eles foram instados a orar e a se guardarem contra pecados que eles poderiam temer a estarem inclinados. Ela falou com cada um deles especial e adequadamente. Foi dito com tanta graça pelo Espírito da Graça que esperamos que eles sempre se lembrarão disto e evitarão as falhas mencionadas. Ela falou com eles sobre deveres cristãos e tentou persuadi-los com muitos motivos piedosos. Ela os advertiu contra muitos pecados e males com grande autoridade.

Ela ordenou-lhes que se abstivessem de companhias vãs e abominassem os males de uma tal geração perversa. Eles foram ordenados a se guardarem contra toda impureza e falsidade. Eles foram instados a firmarem-se na instrução que tinham recebido. “Ainda que vocês não tenham caído em impurezas externas, isso não quer dizer nada. Aquele que estiver de pé, cuide para que não caia [1Co 10:12]”.

Ela os advertiu a terem cuidado com toda mentira, subterfúgios pecaminosos e equívocos. Eles não deveriam afastar-se de Deus e retornar como o cão ao seu vômito e a porca lavada ao espojadouro de lama.[2Pe 2:22] "Digo-vos diante do Senhor. Deus exporá seus pecados em ordem diante de vocês. Vocês os verão, no grande Dia do Senhor, tão claramente definidos diante de vocês como a luz que brilha."

Ela os advertiu em relação aos seus estudos. "Temam para que a aprendizagem e a filosofia não façam vocês se tornarem ateus ou sem religião, como outros. O que é toda a grandeza e toda a aprendizagem neste mundo sem a Graça? Lembre-se que ‘não muitos nobres, nem muitos poderosos, nem muitos sábios são chamados’ [1Co 1:26] . Eu não digo isso para desanimá-los acerca da leitura e da aprendizagem, mas não deixem que estas coisas façam vocês negligenciarem seus deveres.”

"Conjuro-vos diante de Deus e como que se vocês desejassem encontrarem-se comigo novamente em felicidade. Sejam diligentes na leitura das Escrituras e na oração. Não fiquem satisfeitos com suas orações matinais e vespertinas. Conjuro-vos diante do Senhor e de Sua presença, que não julguem sua religião como verdadeira e sincera, se esta não os leva para além das orações matinais e vespertinas".

"Em todas estas coisas, digo-vos, serei uma testemunha contra vocês. Não considerem o que eu digo agora como se fosse uma instrução e reprovação comum. As palavras que eu vos tenho dito são as palavras de uma mãe moribunda. Peço ao Senhor que vocês nunca as esqueçam.”

“Se vocês continuarem e praticá-las, a bênção de Deus será com vocês e deixo-vos a minha bênção. Se vocês não as fizerem, mas se se permitirem fazer aquilo que for a menor coisa desagradável a Deus. Se vocês se afastarem dEle, a maldição do Deus eterno cairá sobre suas cabeças, e a maldição de sua mãe moribunda estará sobre vocês. Se vocês obedecerem e seguirem ao Senhor, as bênçãos do Deus eterno, as bênçãos de Abraão, Isaque e Jacó e as bênçãos de sua mãe moribunda serão sobre suas cabeças.”
Então, ela acrescentou: “Tenho boas esperanças a respeito de vocês.” 

Ela removeu sua mão de suas cabeças onde estava enquanto ela os abençoava. Assim, ela se despediu deles, beijando-os e abençoando-os.

Ministros e outros que ouviram este relato se maravilharam diante de tão grande zelo por Deus. Sua afeição natural por seus filhos sempre foi inteiramente amorosa e terna. No entanto, apesar disso, ela lhes deu uma terrível maldição, caso abandonassem a Deus. É como o exemplo de Moisés (veja Levítico 26 e Deuteronômio 28).

Após isso, ela falou ternamente com seu marido. Ela disse que ele tinha sido um querido e amável marido para ela. Ela instou com ele para que a deixasse partir livremente. Em seguida, ela também lhe deu muitos conselhos sobre as crianças. Ela desejou que ele os encorajasse no temor do Senhor.

Então ela chamou sua mãe e quatro irmãs que estavam presentes. Elas receberam muita instrução séria e conselhos. Estes foram dados com santa prudência e discrição. Foi adequado às suas inclinações e condições, tanto às casadas quanto às solteiras. Ela agradeceu a todas elas por sua ajuda para com ela e pediu perdão pelos problemas que ela lhas tinha causado. Ela lhas exortou a uma santa diligência na oração e leitura das Escrituras. Ela rogou que se protegessem contra todo o pecado, mesmo o menor pecado. Ela corrigiu-se acerca do que disse: "O Senhor me perdoe por chamar qualquer pecado pequeno, pois não há pecado pequeno. Cada pecado merece a ira eterna".

“Assim como ela viveu, ela morreu, assim como ela morreu, ela viveu e vive para sempre”.

Eles não deveriam pôr, em demasia, seu coração em qualquer prazer terreno. Eles não sabiam quando o Senhor poderia tirá-lo deles.  Eles foram instados a fazerem bom uso do seu tempo. Este dia virá sobre vocês e vocês não sabem o quão breve também estarão nesta minha condição. Ela se despediu deles com muitas bênçãos sinceras. Havia tais abraços mútuos, ternura e lágrimas que não podem ser expressos. Com grande doçura e mansidão, ela terminou sua despedida com estas palavras: "Rogo-vos a serem amáveis uns com os outros, compassivos, perdoando-vos mutuamente. E sejam de apenas uma mente vivendo em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco”.

Em todas essas coisas ela não pareceu ser afetada pela menor dor ou doença, de modo que ninguém, a não ser ela mesma, poderia imaginar que sua hora estava tão próxima.

Paz em face da morte

Após isso, ela disse: "Eu busquei o Senhor muitas vezes para que a morte não me pegasse de surpresa e ela não o fez. Também orei para que a morte não me fosse aterrorizante, e isso também não é o caso. Também busquei que, morrendo eu, não causasse temor aos outros. O Senhor me concedeu isto também”. Para mostrar sua grande serenidade de espírito, ela também deu ordens sobre várias pequenas questões relacionadas com a sua morte e sepultamento.

Agora muito fraca, ela chamou seu sogro, e estendendo sua mão para ele, disse: "Segure a minha mão, pois não posso segurar a sua". Ela, então, acrescentou: "Você tem sido um pai muito bom para mim, um pai muito carinhoso e amável para mim. Eu não posso dizer mais nada, mas o Senhor te recompense”.

Em seguida, voltando-se para as suas outras relações, ela se despediu deles. Ela disse ao irmão de Allanton, cuja esposa estava com suas filhas naquele momento: "Senhor, diga às suas filhas, minhas queridas, que me lembrei delas, e ordeno-lhes a diligentemente buscarem e servirem ao Senhor, e tomem consciência da leitura das Escrituras; e a bênção do Senhor será com elas”. E assim ela se despediu dele, rogando-lhe que ele mandasse suas lembranças para sua digna esposa. Após isso, ela chamou o jovem responsável pelas crianças e disse-lhe: "Sr. William, você tem uma grande responsabilidade agora, ambos os corpos e almas das crianças. Meu marido retomará seus negócios e, temo eu, que não se demorará para vir após mim.”

Então ela disse: "Tenho apenas mais uma coisa a fazer". Virando-se para o marido, ela continuou: "Meu querido, você tem sido um querido marido para mim, mas eu estou indo para um mais querido. Exorto-te que não choreis por mim, estarei melhor. Deixe-me, deixe-me. Agora, meu querido, entregue a minha alma a Deus.” O marido dela, em grande tristeza disse: “Minha querida, eu não ouso e não posso. O ministro irá fazê-lo”. Ela respondeu calmamente: “Que o ministro ore".Depois que ele orou, ela disse a seu marido mais uma vez: "Meu querido, entregue a minha alma a Deus. Você deve fazê-lo, você deve fazê-lo, e deve me deixar. Eu já entreguei minha alma a Deus. Eu a recebi de Deus e a tenho dado de volta para Ele novamente".

Então seu marido a obedeceu e a entregou solenemente. Ele foi muito ajudado por Deus para fazê-lo. Ela manteve suas mãos fracas levantadas durante todo o tempo. Aqueles que observavam ficaram muito comovidos, já que depois que ele orou ela o abraçou com ambos os braços sobre o pescoço, até que por fraqueza caíram.

Após isso, ela adormeceu. Ela foi ouvida quietamente a expirar estas palavras em voz baixa: "Oh tenro Sumo Sacerdote, guarde aquilo que tenho entregado a Ti". Ela morreu no Senhor com muita paz, sem qualquer estremecimento ou soluço. Foi precisamente quando o sol estava se pondo, como ela tinha predito. Enquanto eles estavam fechando seus os olhos, alguns lembraram-se de suas palavras e correram para a janela. Eles disseram que uma parte do sol estava se pondo e desaparecendo à vista. Outra pessoa que não estava presente para ouvir suas palavras, mas ouviu o choro acerca de sua morte, entrou e disse que o sol se punha ao mesmo tempo.

Ela viveu por trinta e sete anos, cinco meses e oito dias. Sua breve caminhada chegou a um fim gracioso e glorioso. No entanto, sua vida também foi louvável.

Como ela viveu, assim ela morreu, e como ela morreu, assim ela vivia e vive para sempre.

NOTAS
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[1] covenanters [pactuantes] - Presbiterianos escoceses que aderiram ao Pacto Nacional e à Liga Solene e Aliança. Milhares  deles foram perseguidos e mortos por não negarem sua fé e o pacto que haviam feito com Deus.


“para promover a restauração da igreja cristã na Escócia informando, educando e promovendo a compreensão das realizações da Segunda Reforma na Escócia. “


 Fé da Reforma Escocesa



A Segunda Reforma na Escócia foi um período de reforma radical e redescoberta da verdade bíblica na Igreja da Escócia. Também foi o período de maior avivamento em toda a nação que a Escócia jamais experimentou.
Nosso objetivo é promover o conhecimento bíblico obtido naquele tempo.
As realizações daquele período foram a uniformidade pactual em doutrina, adoração e governo de igreja.
Isto inclui os padrões bíblicos para a fé e adoração estabelecidos pela Assembleia de Westminster.
Entre estes está a Confissão de Fé de Westminster  que é o padrão doutrinário da igreja presbiteriana escocesa.
Estamos convencidos que a igreja cristã na Escócia precisa arrepender-se e comprometer-se com estes ensinos novamente. Fazendo isso, descobrirá as bênçãos de Deus em obediência à Sua verdade.
As verdades bíblicas recuperadas na Segunda Reforma são o único fundamento seguro para o futuro da igreja escocesa.