sábado, 1 de dezembro de 2018

FÉ FELIZ E SEGURANÇA NA MORTE - O Testemunho de uma "Covenanter"







“Ele está sempre... num permanente devoto estado de espírito, tal qual eu devo desejar ter em meu último momento”.

O período da Segunda Reforma testemunhou muitas vidas eminentemente piedosas. Alguns destes foram proeminentes na sociedade entre a nobreza. Sir Thomas Steuart de Kirkfield e Coltness (1631-1698), sua esposa Margaret e sua grande família foram tais.

A Família Coltness 

O pai de Sir  Thomas foi Sir James Steuart  de Kirkfield (1608-1681). Um proeminente líder e presbítero entre os covenanters [pactuantes] [1], ele ocupou cargos políticos nas décadas de 1640 e 1650. Ele era um cristão zeloso e guardava uma Bíblia em cada cômodo de sua grande casa. Um covenanter convicto, ele foi demitido de seu cargo na Restauração de 1660. Ele sofreu por ter sido preso duas vezes e pesadamente multado injustamente.

Sir James foi um amigo próximo de muitos líderes covenanters. George Gillespie (1613-1648) elogiou sua piedade em um trocadilho com relação ao seu sucesso como banqueiro.

"Sir James Steuart tem mais religião esterlina em dinheiro que qualquer homem que eu já conheci. Ele está sempre agradavelmente calmo e sereno, num permanente devoto estado de espírito, tal qual eu devo desejar ter em meu último momento”.

Dizia-se que Thomas Steuart era uma criança “santificada desde o ventre”. Durante a praga de 1645, em Edimburgo, pensou-se que ele e outro jovem tinham sido infectados. Thomas encorajou seu companheiro a confiar em Cristo e ambos ficaram de joelhos e se uniram na “mais solene oração” com “muito conforto espiritual”. No devido tempo, eles foram encontrados sem contaminação e liberados do confinamento.

Em 1655-1656, ele trabalhou com seu pai para construir a paróquia da igreja de Coltness numa posição mais central. Seu irmão mais jovem, Sir James Steuart de Goodtrees, foi um advogado e autor do livro Naphtali. O livro descreveu e defendeu a luta dos covenanters.

Thomas se manteria livre de conformar-se à reivindicação de supremacia do Estado sobre a igreja nos tempos da perseguição. Em 1683, ele foi banido da Escócia e sua propriedade apreendida. Isto aconteceu porque ele ajudou alguns dos covenanters que lutaram na batalha  Bothwell Bridge, em 1679.

Na Holanda, ele foi forçado a fugir de um lugar para outro, quando ele foi rastreado por espiões do governo. Embora, ele tenha podido testificar “que de acordo com o número de provações, o fardo e o calor do dia, assim foram a paciência, força e consolações proporcionadas”. Durante este período, ele encontrou grande conforto e ajuda a partir do Salmo 107 como um cântico de ação de graças pela boa Providência de Deus.

Thomas e Margaret tiveram nove filhos e três filhas. John, um destes, foi notável como filho da Graça, embora tenha falecido com apenas 10 anos de idade. Foi dito que ele “deu sólidas e convincentes marcas da vida e obra do Espírito de toda a Graça em sua alma.” “Ele era um gracioso cristão experiente pela distinta Graça celestial”. Suas palavras ao falecer foram registradas e amplamente distribuídas. As últimas palavras de sua própria mãe fazem referência a isso. A linguagem está ligeiramente atualizada.

A Senhora Coltness

O seguinte relato das últimas palavras da senhora Coltness é tanto comovente quanto edificante. É dito que “ela foi realmente muito piedosa em toda sua vida, mas ela terminou sua caminhada gloriosamente”.

Sir Thomas escreveu em seu diário que “as últimas palavras de minha querida estão em muitas boas mãos cristãs”. Ele notou que as últimas palavras dela e aquelas de seu filho John “pela benção de Deus têm sido fortalecedoras, edificantes e reconfortantes para muitos”. Ele foi confortado pelo bom efeito delas naqueles “descuidados e imprudentes nas questões concernentes à religião”.

Sir Thomas também menciona Betéis [Gn 28:18-19] nas florestas e outros lugares isolados onde ele poderia derramar seu coração em oração. Suas orações eram cheias de submissão à vontade de Deus e de ação de graças pela segurança que sua esposa expressou por ocasião de sua morte.

“Jamais alguém terminou quaisquer de seus dias com mais marcas distintas de uma obra divina de uma fé feliz e segura.”  
“Oh meu querido coração, lute com Deus para que eu não morra na escuridão”

Todos nós precisamos nos preparar para a morte. Aqui está um relato de alguém que morreu bem. Ela morreu feliz porque ela morreu na fé e na esperança.

Com temores em face da morte

Margaret deu à luz seu décimo segundo filho no dia 27 de maio de 1675. Durante os próximos três dias, sua recuperação parecia provável. No entanto, no quarto dia, ela desenvolveu uma febre e expressou seus temores com seu marido sobre sua doença.

Ela também falou sobre o que preocupava sua alma e pediu-lhe para lembrar de sua condição diante do Senhor. Ela pediu-lhe, por amor ao Senhor, para não insistir que o Senhor poupasse sua vida. "Eu não desejo viver, mas ore para que eu não morra na escuridão com relação a verdadeira condição da minha alma".

"O Senhor tem, muitas vezes, ouvido suas orações por livramentos em relação a mim quando eu perdi toda a esperança, e Ele me trouxe de volta a você. Agora eu suplico que o Senhor esteja comigo pelo Seu poder e Graça em meio a esta enfermidade. Se Ele me deixar nesta nuvem, ainda assim não duvidarei da realidade das muitas graciosas manifestações de Si mesmo que tive. Ele me tornou sinceramente submissa para, de todo o coração, entregar-me a Ele. Eu não ouso negar Sua obra graciosa. Mas, oh meu querido coração, lute com Deus para que eu não morra na escuridão”.

Ela chorou e disse: “Não ore por minha vida, pois você se desapontará. O diabo está bem ocupado tentando-me fortemente. Ele está dizendo: ‘Tudo o que você teve foram apenas meros momentos. Você foi apenas uma hipócrita, foi apenas formal e descuidada em tudo o que fez.’ Oh, é tão verdadeiro. Mas o Senhor conhece minha sinceridade, ainda que com fraquezas, a qual espero que Ele tenha aceitado.”

Oração em face da morte

Sua febre foi evidente apenas em uma pequena medida. Todos concluíram que a ansiedade sobre a condição de sua alma agravou fortemente sua condição. Ela estava em exercício espiritual constante. Ela estava continuamente orando com grande confissão e sussurrando "por contrição, contrição, contrição!"

Dois ministros, o sr. William Vilant e o sr. John Inglis vieram visitá-la. Eles apresentaram a grande e indescritível Graça de Deus e de Cristo revelada no Evangelho aos pobres pecadores perdidos. Depois que eles foram embora, ela chamou seu marido. Ela disse:"Bendito seja Deus. Eu nunca ouvi nada mais refrescante e de tanto poder e peso".

Mas no dia seguinte sua enfermidade se agravou e ela clamou ao seu marido: “Oh, Oh! Por segurança, se Deus a desse a uma pobre pecadora que está desejosa e clamando, olhando para Ele para obtê-la”, ela expressou veementemente.

Seu marido respondeu: “Minha querida, Cristo não foi sempre a sua escolha e o mais preferível sobre todas as coisas? Você ousa dizer, diante de Deus, que Ele não era tal para ti e queEle não determinou que você faria dEle a sua escolha?”

Ela clamou com muito fervor. "Oh, Ele sempre foi assim, Ele sempre foi assim para mim, mais desejável para mim do que riquezas, honras, prazeres, coroas e todas as coisas! Senhor, tu sabes. Quem tenho eu no céu senão a Ti ou na terra a quem eu deseje além de Ti? Oh que eu estivesse contigo, onde eu não pecaria nem duvidaria nunca mais, onde o exausto descansa!”

Estas palavras levaram um cristão digno a dizer ao marido dela: “Você pode dizer que ela jamais duvidou após ouvir estas palavras?” De fato, ela não o fez.

No dia seguinte, pôde-se ouvir ela orando por muito tempo com fervor de espírito. Aproximando-se do fim, ela soprou estas palavras:

“Senhor, Tu apareceste tão maravilhosamente ao meu filho Johnie, que tinha apenas dez anos de idade. Todos os que o viram, ouviram e testemunharam sua morte, ficaram maravilhados. Senhor, Senhor! Aparece-Te a mim. Oh! É verdade que ele era apenas uma criança. Ele não conheceu o pecado ou pecou como eu o tenho feito, eu que sou uma pecadora de trinta e sete anos de idade. Mas Senhor, naqueles em quem Tu puseste o teu amor, o pecado não será um obstáculo no seu caminho. Senhor, Senhor, aparece-Te a mim.”

Segurança em face da morte

O relato seria de fato longo se tudo o que ela disse desta natureza, durante sua enfermidade, fosse registrado. Todas as suas palavras estavam cheias de Graça.

Na noite anterior à sua morte ela começou a transpirar em meio a febre. Isto continuou por cerca de oito ou nove horas e todos esperavam que isto fosse acalmar a febre. Embora ela tenha tido algum alívio, ela ainda disse que não havia sentido em esperar por sua recuperação. Ela ouviu o médico e outros que estavam presentes dizerem que sua condição não era tão perigosa quanto ela acreditava.

“Oh! Por segurança, se Deus a desse a uma pobre pecadora que está... olhando para Ele para obtê-la”.

Ela, então, chamou seu marido e disse: “Meu querido, você ficará desapontado. Deixe-me, deixe-me, pois eu tenho deixado a ti e todos os meus filhos, e todo o mundo. Eu desejo, eu desejo estar com Ele”. O médico disse: “Você não estaria disposta a ficar com seu marido e filhos se fosse da vontade do Senhor?” Ela respondeu: “Eu poderia me submeter à Sua vontade. Mas, oh! Eu desejo, desejo estar com Ele, isto é melhor do que tudo!”.

Então, levantando ambas as mãos ela disse: “Agora, oh meu Senhor! Eu venho a Ti. Tu sabes que em minha saúde eu Te busquei, embora com grande fraqueza, mas com um coração sincero. Tu sabes o quão frequentemente eu tenho me entregado a Ti com minha alma e coração? Agora, não tenho nada para o que olhar, a não ser para o Teu livre amor, e a Tua livre Graça. Oh, livre, livre amor! Eu olho, olho, olho para ele por misericórdia. Eu olho para Tua justiça, a Tua justiça imputada. Eu olho para aquela satisfação oferecida por pecadores. Teu sangue clama por coisas melhores do que o sangue de Abel. Oh bendita justiça imputada! Oh bendita satisfação! ‘Todo o que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora’ [Jo 6:37]. Oh, oh, oh! Livre Amor! Pode ser que alguém ouse morrer por um homem justo, mas nosso Senhor morreu por Seus inimigos. Oh maravilhoso amor! Senhor, Tu sabes todas as coisas, Tu sabes que amo a Ti, não posso Te soltar agora.”

“Oh! Eu desejo, desejo estar com Ele, o que é melhor do que tudo.”

Ela persistiu por um longo tempo com expressões similares exaltando a livre Graça. Ela falou com tanto fervor que era como se seu espírito tivesse saído juntamente com suas palavras. Ela estendeu seus braços e agarrou com suas mãos como se ela tivesse visto a Cristo. Ela exclamou: “Eu creio que Jesus Cristo está ao lado do Pai tão certo como estou deitada aqui”.

Após isto, deitada em silêncio, por um tempo, ela foi ouvida dizendo: "Senhor, me deste doze filhos. A terceira criança eu entreguei a Ti e Tu a tomaste (este era John). O meu sétimo filho eu entreguei a Ti e Tu tomaste ele e sua irmã também (Harry e Margaret). Entreguei meu décimo segundo filho ao Senhor. O Senhor o abençoe. Eu entreguei todos os meus filhos ao Senhor, logo que eles nasceram, e muito antes de terem nascido. Tenho desejado apenas duas coisas da parte do Senhor para eles. Primeiro, que O temam e que Ele possa colocar Sua imagem neles. Segundo, eu nunca busquei riquezas ou honra para eles. Busquei apenas que o Senhor, na Sua boa Providência, lhes desse emprego e chamados. Assim, eles iriam viver honestamente e não seriam pesados aos seus amigos”.

Aqueles ao seu redor lhe pediram para ficar em silêncio e descansar quando a ouviram ser capaz de falar sem dificuldade. Eles ainda esperavam que ela pudesse se recuperar. Ela levantou a voz e disse: "Senhores, vocês podem acreditar no que direi a vocês? Esta noite estarei com meu filho Johnie.  Venha logo para mim! Venha logo para mim! Por que estou dizendo isso sobre o meu filho Johnie? Esta noite eu estarei com meu Deus e meu Senhor Jesus naquela santa e gloriosa companhia." Ela não estava delirando, embora algumas palavras inofensivas e inocentes fossem pronunciadas durante seu sono. Suas mais frequentes palavras foram: “Senhor me ajude, Senhor me ajude, não me deixe agora, guarde aquilo que tenho entregado a Ti”.

Após isso, ela disse novamente que seu fim estava próximo e assegurou aos presentes que assim seria. Não era possível acreditar que estava tão perto, já que não havia nenhum sinal exterior do mesmo.

Muitos estavam esperançosos quando a ouviram dizer ao médico: "Em meio a tudo isto a minha cabeça está bem, e eu sinto o meu coração firme." Ela foi instada a dormir e a não desperdiçar seu espírito fraco e fatigado. Ela se recusou, dizendo: "Devo dormir agora quando eu vou morrer? Que o Senhor perdoe a todos vocês. Eu lhes asseguro, se eu cair no sono, eu nunca mais retornarei ". E isso aconteceu em apenas algumas horas depois.

Ao mesmo tempo, ela disse a seu marido: "Meu querido, você vai se surpreender”. Depois acrescentou, com mais seriedade para o resto. "Vocês poderiam me impedir de falar agora, quando não tenho mais de uma hora para falar neste mundo?”.Alguém que ouviu isso pegou seu relógio e mostrou para alguns que estavam por perto. Todos eles disseram que depois aconteceu exatamente como ela havia predito.

O fato de que ela tinha pouca ou nenhuma dor fez com que muitos ficassem esperançosos. Pediram à ela de novo para descansar. Ela disse com uma voz clara: 

"Senhores, eu vos digo, que esta noite,  quando o  sol de vocês se puser o meu sol nascerá e nunca mais irá se pôr. O sol de vocês irá nascer e irá se pôr sobre vocês, mas meu sol vai nascer e nunca irá se pôr. Oh brilhante estrela da manhã!”

“Este dia virá sobre vocês e vocês não sabem o quão breve também estarão nesta minha condição”.

Conselho em face da morte

Depois disso, ela levantou-se para falar com seus filhos e parentes. Ela fez isso como se ela não tivesse nenhuma doença, mas como se fosse fazer algo como uma pessoa saudável. Pedindo um pouco de água de rosas e vinagre, ela disse: "Deixe-me refrescar meu fraco espírito para o que eu tenho que fazer". Ela, então, lavou as têmporas e o rosto com as próprias mãos e inalou um pouco de vinagre em seu nariz.

Depois pediu a todos para saírem do quarto, exceto seu marido e filhos, com os quais ela falou, um por um, com aqueles que tinham atingido a idade adulta.

Ela se referiu às disposições naturais deles. Eles foram instados a orar e a se guardarem contra pecados que eles poderiam temer a estarem inclinados. Ela falou com cada um deles especial e adequadamente. Foi dito com tanta graça pelo Espírito da Graça que esperamos que eles sempre se lembrarão disto e evitarão as falhas mencionadas. Ela falou com eles sobre deveres cristãos e tentou persuadi-los com muitos motivos piedosos. Ela os advertiu contra muitos pecados e males com grande autoridade.

Ela ordenou-lhes que se abstivessem de companhias vãs e abominassem os males de uma tal geração perversa. Eles foram ordenados a se guardarem contra toda impureza e falsidade. Eles foram instados a firmarem-se na instrução que tinham recebido. “Ainda que vocês não tenham caído em impurezas externas, isso não quer dizer nada. Aquele que estiver de pé, cuide para que não caia [1Co 10:12]”.

Ela os advertiu a terem cuidado com toda mentira, subterfúgios pecaminosos e equívocos. Eles não deveriam afastar-se de Deus e retornar como o cão ao seu vômito e a porca lavada ao espojadouro de lama.[2Pe 2:22] "Digo-vos diante do Senhor. Deus exporá seus pecados em ordem diante de vocês. Vocês os verão, no grande Dia do Senhor, tão claramente definidos diante de vocês como a luz que brilha."

Ela os advertiu em relação aos seus estudos. "Temam para que a aprendizagem e a filosofia não façam vocês se tornarem ateus ou sem religião, como outros. O que é toda a grandeza e toda a aprendizagem neste mundo sem a Graça? Lembre-se que ‘não muitos nobres, nem muitos poderosos, nem muitos sábios são chamados’ [1Co 1:26] . Eu não digo isso para desanimá-los acerca da leitura e da aprendizagem, mas não deixem que estas coisas façam vocês negligenciarem seus deveres.”

"Conjuro-vos diante de Deus e como que se vocês desejassem encontrarem-se comigo novamente em felicidade. Sejam diligentes na leitura das Escrituras e na oração. Não fiquem satisfeitos com suas orações matinais e vespertinas. Conjuro-vos diante do Senhor e de Sua presença, que não julguem sua religião como verdadeira e sincera, se esta não os leva para além das orações matinais e vespertinas".

"Em todas estas coisas, digo-vos, serei uma testemunha contra vocês. Não considerem o que eu digo agora como se fosse uma instrução e reprovação comum. As palavras que eu vos tenho dito são as palavras de uma mãe moribunda. Peço ao Senhor que vocês nunca as esqueçam.”

“Se vocês continuarem e praticá-las, a bênção de Deus será com vocês e deixo-vos a minha bênção. Se vocês não as fizerem, mas se se permitirem fazer aquilo que for a menor coisa desagradável a Deus. Se vocês se afastarem dEle, a maldição do Deus eterno cairá sobre suas cabeças, e a maldição de sua mãe moribunda estará sobre vocês. Se vocês obedecerem e seguirem ao Senhor, as bênçãos do Deus eterno, as bênçãos de Abraão, Isaque e Jacó e as bênçãos de sua mãe moribunda serão sobre suas cabeças.”
Então, ela acrescentou: “Tenho boas esperanças a respeito de vocês.” 

Ela removeu sua mão de suas cabeças onde estava enquanto ela os abençoava. Assim, ela se despediu deles, beijando-os e abençoando-os.

Ministros e outros que ouviram este relato se maravilharam diante de tão grande zelo por Deus. Sua afeição natural por seus filhos sempre foi inteiramente amorosa e terna. No entanto, apesar disso, ela lhes deu uma terrível maldição, caso abandonassem a Deus. É como o exemplo de Moisés (veja Levítico 26 e Deuteronômio 28).

Após isso, ela falou ternamente com seu marido. Ela disse que ele tinha sido um querido e amável marido para ela. Ela instou com ele para que a deixasse partir livremente. Em seguida, ela também lhe deu muitos conselhos sobre as crianças. Ela desejou que ele os encorajasse no temor do Senhor.

Então ela chamou sua mãe e quatro irmãs que estavam presentes. Elas receberam muita instrução séria e conselhos. Estes foram dados com santa prudência e discrição. Foi adequado às suas inclinações e condições, tanto às casadas quanto às solteiras. Ela agradeceu a todas elas por sua ajuda para com ela e pediu perdão pelos problemas que ela lhas tinha causado. Ela lhas exortou a uma santa diligência na oração e leitura das Escrituras. Ela rogou que se protegessem contra todo o pecado, mesmo o menor pecado. Ela corrigiu-se acerca do que disse: "O Senhor me perdoe por chamar qualquer pecado pequeno, pois não há pecado pequeno. Cada pecado merece a ira eterna".

“Assim como ela viveu, ela morreu, assim como ela morreu, ela viveu e vive para sempre”.

Eles não deveriam pôr, em demasia, seu coração em qualquer prazer terreno. Eles não sabiam quando o Senhor poderia tirá-lo deles.  Eles foram instados a fazerem bom uso do seu tempo. Este dia virá sobre vocês e vocês não sabem o quão breve também estarão nesta minha condição. Ela se despediu deles com muitas bênçãos sinceras. Havia tais abraços mútuos, ternura e lágrimas que não podem ser expressos. Com grande doçura e mansidão, ela terminou sua despedida com estas palavras: "Rogo-vos a serem amáveis uns com os outros, compassivos, perdoando-vos mutuamente. E sejam de apenas uma mente vivendo em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco”.

Em todas essas coisas ela não pareceu ser afetada pela menor dor ou doença, de modo que ninguém, a não ser ela mesma, poderia imaginar que sua hora estava tão próxima.

Paz em face da morte

Após isso, ela disse: "Eu busquei o Senhor muitas vezes para que a morte não me pegasse de surpresa e ela não o fez. Também orei para que a morte não me fosse aterrorizante, e isso também não é o caso. Também busquei que, morrendo eu, não causasse temor aos outros. O Senhor me concedeu isto também”. Para mostrar sua grande serenidade de espírito, ela também deu ordens sobre várias pequenas questões relacionadas com a sua morte e sepultamento.

Agora muito fraca, ela chamou seu sogro, e estendendo sua mão para ele, disse: "Segure a minha mão, pois não posso segurar a sua". Ela, então, acrescentou: "Você tem sido um pai muito bom para mim, um pai muito carinhoso e amável para mim. Eu não posso dizer mais nada, mas o Senhor te recompense”.

Em seguida, voltando-se para as suas outras relações, ela se despediu deles. Ela disse ao irmão de Allanton, cuja esposa estava com suas filhas naquele momento: "Senhor, diga às suas filhas, minhas queridas, que me lembrei delas, e ordeno-lhes a diligentemente buscarem e servirem ao Senhor, e tomem consciência da leitura das Escrituras; e a bênção do Senhor será com elas”. E assim ela se despediu dele, rogando-lhe que ele mandasse suas lembranças para sua digna esposa. Após isso, ela chamou o jovem responsável pelas crianças e disse-lhe: "Sr. William, você tem uma grande responsabilidade agora, ambos os corpos e almas das crianças. Meu marido retomará seus negócios e, temo eu, que não se demorará para vir após mim.”

Então ela disse: "Tenho apenas mais uma coisa a fazer". Virando-se para o marido, ela continuou: "Meu querido, você tem sido um querido marido para mim, mas eu estou indo para um mais querido. Exorto-te que não choreis por mim, estarei melhor. Deixe-me, deixe-me. Agora, meu querido, entregue a minha alma a Deus.” O marido dela, em grande tristeza disse: “Minha querida, eu não ouso e não posso. O ministro irá fazê-lo”. Ela respondeu calmamente: “Que o ministro ore".Depois que ele orou, ela disse a seu marido mais uma vez: "Meu querido, entregue a minha alma a Deus. Você deve fazê-lo, você deve fazê-lo, e deve me deixar. Eu já entreguei minha alma a Deus. Eu a recebi de Deus e a tenho dado de volta para Ele novamente".

Então seu marido a obedeceu e a entregou solenemente. Ele foi muito ajudado por Deus para fazê-lo. Ela manteve suas mãos fracas levantadas durante todo o tempo. Aqueles que observavam ficaram muito comovidos, já que depois que ele orou ela o abraçou com ambos os braços sobre o pescoço, até que por fraqueza caíram.

Após isso, ela adormeceu. Ela foi ouvida quietamente a expirar estas palavras em voz baixa: "Oh tenro Sumo Sacerdote, guarde aquilo que tenho entregado a Ti". Ela morreu no Senhor com muita paz, sem qualquer estremecimento ou soluço. Foi precisamente quando o sol estava se pondo, como ela tinha predito. Enquanto eles estavam fechando seus os olhos, alguns lembraram-se de suas palavras e correram para a janela. Eles disseram que uma parte do sol estava se pondo e desaparecendo à vista. Outra pessoa que não estava presente para ouvir suas palavras, mas ouviu o choro acerca de sua morte, entrou e disse que o sol se punha ao mesmo tempo.

Ela viveu por trinta e sete anos, cinco meses e oito dias. Sua breve caminhada chegou a um fim gracioso e glorioso. No entanto, sua vida também foi louvável.

Como ela viveu, assim ela morreu, e como ela morreu, assim ela vivia e vive para sempre.

NOTAS
Página 01
[1] covenanters [pactuantes] - Presbiterianos escoceses que aderiram ao Pacto Nacional e à Liga Solene e Aliança. Milhares  deles foram perseguidos e mortos por não negarem sua fé e o pacto que haviam feito com Deus.


“para promover a restauração da igreja cristã na Escócia informando, educando e promovendo a compreensão das realizações da Segunda Reforma na Escócia. “


 Fé da Reforma Escocesa



A Segunda Reforma na Escócia foi um período de reforma radical e redescoberta da verdade bíblica na Igreja da Escócia. Também foi o período de maior avivamento em toda a nação que a Escócia jamais experimentou.
Nosso objetivo é promover o conhecimento bíblico obtido naquele tempo.
As realizações daquele período foram a uniformidade pactual em doutrina, adoração e governo de igreja.
Isto inclui os padrões bíblicos para a fé e adoração estabelecidos pela Assembleia de Westminster.
Entre estes está a Confissão de Fé de Westminster  que é o padrão doutrinário da igreja presbiteriana escocesa.
Estamos convencidos que a igreja cristã na Escócia precisa arrepender-se e comprometer-se com estes ensinos novamente. Fazendo isso, descobrirá as bênçãos de Deus em obediência à Sua verdade.
As verdades bíblicas recuperadas na Segunda Reforma são o único fundamento seguro para o futuro da igreja escocesa.

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