sábado, 1 de dezembro de 2018

A Busca pelo Conhecimento e Piedade – Edu Marques




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Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

1 Coríntios 13:9,10


Esses dons considerados em parte (ek merous) principalmente o de conhecimento,  continuarão até quando vier o que é perfeito (do grego teleios, completo) (v. 10). A perfeição em vista aqui tem sido interpretada de maneiras muito diferentes:

1. O fim da era apostólica, na qual as doutrinas centrais da Igreja foram reveladas e ensinadas;

2. O fim do cânone das Escrituras, que assegurou a fonte inspirada e fidedigna de toda a doutrina cristã verdadeira;

3. A segunda vinda de Cristo, momento no qual o papel e o relacionamento de todos os cristãos e a Igreja serão transformados, e o que é parcial não seria mais necessário.

Este tempo do fim (seja qual for a visão aceita) supera e substitui todos os dons considerados em parte. Ao contrário deles, o amor dura para sempre. Aceitamos a última opção, por que entendemos que as outras duas opções são contraditórias com outros textos das Escrituras que nos ensinam a buscar um conhecimento.  Se fosse verdade, hoje teríamos um conhecimento completo, e o que é parcial deveria ser aniquilado. Mas não é isso o que acontece.

Se o "perfeito" em 1Co13.10, se referisse ao Cânon Completo das revelações bíblicas, então Martin Lloyd-Jones estaria correto em escrever que:

"Isso quer dizer que eu e você, que temos as Escrituras abertas diante de nós, sabemos mais que o apóstolo Paulo sobre as verdades de Deus [...] Isso significa que todos nós somos superiores [...] até mesmo aos apóstolos, incluindo Paulo! Significa que agora estamos em uma posição na qual [...] conhecemos, da mesma forma como somos conhecidos por Deus [...] Na verdade, existe apenas uma palavra para descrever tal visão: absurdo.”


Em 2 Pedro 1:3, o apóstolo Pedro faz do conhecimento cristão o fundamento para a vida e piedade "Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude;"

Quanto mais conhecemos de Cristo, mas a nossa mente é renovada e isso exerce em nossas vidas uma profunda piedade para com Deus.

Assim no momento em que você olha para as palavras da Bíblia, Deus diretamente comunica o que está escrito em sua mente, sem passar pelos seus próprios sentidos. Isto é, suas sensações apenas fornecem a ocasião em que Deus transmite as informações do Logos Divino na sua mente. O próprio Espírito Santo leva essas verdades a sua mente e a transforma na mente de Cristo. E fazendo isso sentimos o prazer de obedecer a Deus e renunciar esse mundo. É um processo contínuo. E também uma ordem.

O termo "conhecer" ou "conhecimento" é usado pelo menos treze vezes nesta breve epístola. Não se refere à mera compreensão intelectual de uma verdade, apesar de esse ser um de seus elementos. Antes, significa participação viva na verdade, no sentido segundo o qual Jesus usa o termo em João 17:3: "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste".

Esse conhecimento envolve o poder de Deus (v. 3). A vida cristã começa com fé salvadora, fé na pessoa de Jesus Cristo. Mas quando na graça e no conhecimento de Jesus Cristo pessoalmente, também experimentamos o poder de Deus e esse poder conduz "à vida e à piedade". O pecador não salvo está morto (Ef 2:1-3), não tem conhecimento, no sentido da salvação algum de Cristo e somente Ele pode ressuscitá-lo dentre os mortos (Jo 5:24).

A principal preocupação de Pedro é que os cristãos aumentem seu conhecimento pessoal de Jesus Cristo, seu Senhor e Salvador. Esse conhecimento é tanto intelectual quanto experimental, e aumenta pelo estudo da Palavra e também pela oração. O conhecimento de Deus é uma das principais ênfases dessa epístola. O conhecimento de Deus só é possível por meio de Jesus Cristo. Jesus é a plenitude da divindade, a expressa imagem do seu Ser. Ninguém pode chegar a Deus, exceto por meio de Jesus. Ninguém pode ver o Pai, senão olhando para Jesus.

Pedro diz que nos apropriamos da provisão divina na medida em que conhecemos plenamente a Cristo, a revelação suprema de Deus, aquele que nos chamou para sermos herdeiros da glória no futuro e nos capacita a vivermos de forma virtuosa no presente. A virtude deve ser associada ao conhecimento.

A palavra grega epignosis, traduzida aqui por “conhecimento” significa conhecimento pleno ou conhecimento crescente. Refere-se ao conhecimento prático ou discernimento. “Tem que ver com a capacidade de lidar de forma certa e adequada com a vida.” Este conhecimento é obtido no exercício prático da bondade, e naquilo que tem aprendido de Cristo por seu Espírito e pelas Escrituras.

O verdadeiro conhecimento de Deus não está no misticismo ou nas nossas experiências, mas em Cristo Jesus. Não deve ser buscado através de experiências místicas, mas nas Escrituras. No Breve Catecismo de Westminster na pergunta 2 e 3 diz:

Que regra deu Deus para nos dirigir na maneira de o glorificar e gozar?

R. A Palavra de Deus, que se acha nas Escrituras do Velho e do Novo Testamentos, é a única regra para nos dirigir na maneira de o glorificar e gozar.

Qual é a coisa principal que as Escrituras nos ensinam?

R. A coisa principal que as Escrituras nos ensinam é o que o homem deve crer acerca de Deus, o dever que Deus requer do homem.

A Bíblia contém os preceitos gerais para a vida de toda a humanidade, e, em especial, a vontade e determinação de Deus para com aqueles que são chamados para a salvação.

Romanos 15,4: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.

João 5,39: “Examinai as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim”.

O homem necessita de um padrão prático através do qual seja capaz de dirigir sua vida de forma agradável à Deus, o que conhecemos como bom ou mau pelos sentimentos e experiências significa apenas o que nos agrada ou nos desagrada. Somente através da Palavra de Deus podemos vir a conhecer o bem e o mal de forma definitiva, que são conforme os preceitos e mandamentos estabelecidos na Escritura. Estes preceitos e mandamentos são a regra pela qual o crente deve orientar sua vida.  Nada pode se sobrepor à Palavra de Deus na vida do cristão, nem as tradições da igreja, nem as normas sociais, nem as leis civis ou as normas profissionais de trabalho, todas estas coisas devem ser submetidas ao crivo da Palavra.

CFW I.IV: A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus, que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a Palavra de Deus.

1 Tessalonicenses 2,13: “Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes”.

A bíblia é a única regra de fé do cristão, toda vontade de Deus para os homens, está definida na Escritura, assim como os modos de adoração e louvor agradáveis a Deus.

O conhecimento de Cristo através das Escrituras deve ser associado ao domínio próprio. A palavra grega egkrateia, “domínio próprio”, significa autocontrole, e esse autocontrole é fruto do Espírito e não esforço da carne (G1 5.23). Domínio próprio significa controlar as paixões ao invés de ser controlado por elas. E a submissão ao controle de Cristo que habita no crente. Mais uma vez, Pedro está enfatizava que o verdadeiro conhecimento leva ao domínio próprio. Qualquer sistema religioso que divorcia a religião da ética é fundamentalmente heresia.

Um cristão sem conhecimento é infrutífero e inativo. Não tem fruto nem obras. É ineficaz. Quem não cresce não faz nada de útil para o reino de Deus. A falta de crescimento sinaliza falta de vida. O pleno conhecimento de Cristo implica necessariamente numa vida ativa e frutífera. Obviamente, Pedro está mostrando mais uma vez que esse conhecimento não é apenas intelectual. Não basta ter luz na cabeça. É preciso ter fogo no coração e obras que abençoam o próximo e glorificam a Deus.

Os que entrarão no reino eterno de nosso Senhor e Salvador não são aqueles que fazem apenas uma profissão de lábios, mas aqueles que vivem de modo digno do Senhor, e pra isso precisamos conhecer como agradamos esse Senhor!
Vimos que é necessário que cresçamos na graça e no conhecimento de Deus, isso se torna um mandamento para nós. Negá-lo, é negar as Escrituras. Vimos também, que não temos todo o conhecimento necessário, dizer isso é uma falácia. O conhecimento é contínuo. Negar obedecer esse princípio, é pecado como o apóstolo João nos diz em 1 João 3:4:


“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei”. 

Fontes Bibliográficas:

1.    Comentário Bíblico de 1 Pedro Warren Wiersbie;
2.    Comentário Bíblico de 1 Pedro e Judas de Hernandes Dias Lopes;
5.    Martin Lloyd-Jones, Prove All Thing, ed.Por Christopher Catherwood (Kingsway, Eastbourne, England, 1985), p. 32-33. Citado por Grudem em sua Teologia Sistemática, cap. 52 Nota [35].
6.    Confissão de Fé de Westminster.

7.    Breve Catecismo de Westminster.

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