quinta-feira, 29 de março de 2012


UM APELO AOS PASTORES

Como mencionado anteriormente, um pastor que prega a Bíblia deseja o crescimento da igreja, e todo pastor que prega a Bíblia deseja ver a salvação de tantos indivíduos perdidos quanto possível. Entretanto, todo pastor também precisa colocar um pé atrás e fazer uma avaliação baseada na Bíblia da Religião Orientada Para Resultados e das diretivas sutis e gradativas que podem colocar tanto o pastor quanto a congregação no caminho para a total apostasia.

Os métodos de Robert Schüller, Bill Hybels, Dan Southerland, Rick Warren e outros, produzem resultados numéricos muito expressivos, mas o exame dos processos e do resultado revela que tudo não é como apresentado. Devido à natureza enganosa que o pastorado enfrenta em todos os níveis, os pastores precisam estar cientes da Escritura que adverte: "Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia." (12).

Como uma defesa contra a apostasia sorrateira da Igreja do Novo Paradigma, as seguintes diretrizes para os pastores são oferecidas para servirem como uma lista de verificação de "advertência prévia" contra as armadilhas ocultas da Religião Orientada Para Resultados.

a.. Pregue sermões expositivos do púlpito. Reserve a instrução sobre relacionamentos, educação de filhos, finanças, etc. para seminários especiais ou estudos em grupos. Os cristãos se reúnem na igreja para ouvir o recado de Deus, não para assistir a uma exposição sobre planejamento financeiro, não para ouvir um discurso sobre as experiências pessoais da vida do pastor, não para assistir a uma aula sobre Psicologia.

b.. Redargua, repreenda e exorte. Chame o pecado pelo seu nome e não peça desculpas por adotar uma posição alinhada com a Palavra de Deus.

c.. Pregue e ensine a doutrina. É absolutamente crítico que os membros da igreja conheçam aquilo em que crêem e por que crêem. Isso os deixará preparados para enfrentarem o engano que se esconde por toda a parte - desde as "livrarias cristãs" até os programas religiosos nas emissoras "cristãs" de rádio e televisão, bem como a atração do mundo.

d.. Assuma uma posição firme com relação à tradução da Bíblia de João Ferreira de Almeida, versão Corrigida e Fiel. Uma estaca precisa ser fixada no solo com relação a essa questão, pois os discípulos do Novo Paradigma lançaram um ataque malicioso contra essa tradução com afirmações de linguagem vaga e antiquada. Como resultado, um aspecto da nova metodologia do novo paradigma é o uso de múltiplas traduções. Ostensivamente, o uso de múltiplas traduções modernas torna o "Henrique sem-igreja" e a "Maria sem-igreja" mais confortáveis - por que eles estão teoricamente desconfortáveis com o uso dos pronomes "tu" e "vós" da ACF.

 Entretanto, um serviço em uma igreja do Novo Paradigma utiliza tantas traduções que a pessoa não pode ter certeza se o texto é das Escrituras ou de uma revista semanal de notícias. Como foi documentado anteriormente, deve ser dada liberdade pessoal para os membros nesta questão, mas é imperativo que a ACF seja o padrão irremovível para o ministério no púlpito, na Escola Dominical, nos estudos bíblicos, no Ministério dos Jovens, etc. como uma primeira linha de defesa contra a invasão de filosofias do novo paradigma.

e.. A música é normalmente o primeiro ponto de transição em qualquer congregação. É absolutamente imperativo que os pastores resistam à pressão para usar bandas de louvor, coros de louvor contemporâneos no estilo do "Rock", deixar de usar o hinário e/ou implementar um "serviço contemporâneo". A pressão para essa transição é dupla: O pastor receberá pressão dos membros da igreja que acham que a igreja está fora de moda e não tem apelo para a geração mais jovem, ou que crescerá mais depressa se a música Rock contemporânea for implementada; e o pastor será pressionado por seus pares, que falarão dos sucessos e do crescimento explosivo que experimentaram quando se "tornaram contemporâneos".

f.. Defenda a Doutrina da Separação. Não apóie, não elogie e nem ofereça suporte aos evangelistas ecumênicos, aos pastores do novo paradigma, ou aos evangélicos carismáticos. Mesmo se esses indivíduos estiverem fazendo algumas coisas corretas, ou liderando grandes igrejas - os pastores precisam seguir a posição bíblica e se separar deles. Além disso, não apóie, não recomende, e nem participe de organizações como Mulheres de Fé, Promisse Keepers, Habitát Para Humanidade, e outras organizações ecumênicas permeadas com a contemporização.

g.. Não contrate firmas de consultoria em crescimento de igreja, como a Injoy, Church Transitions, ou outras que implementam as metodologias do novo paradigma para ajudar em programas de construção ou expansão de igreja.

h.. Lembre-se que um pastor é um humilde servo de Deus - não um executivo-presidente de uma empresa. A igreja local tem de ser liderada de acordo com a metodologia prescrita na Palavra de Deus - não nos princípios de Edward Demming, Peter Drucker, ou em livros de marketing.

i.. A "visão para a igreja" do pastor precisa se alinhar em sua doutrina e metodologia com a Palavra de Deus. Se esse não for o caso, a visão do pastor não é o plano de Deus.

j.. O pastor do rebanho precisa sempre ter em mente que o "bom pastor" cuida de todas as ovelhas. Portanto, o pastor precisa ter a certeza de que não cai na cilada de marginalizar certos membros, ou escolher quem deixará a igreja com a implementação de um programa de transição.

Autor: Anderson da Silva Araújo 
Fonte: www.palavraprudente.com.br 

DEUS PAI É SOBERANO NA SALVAÇÃO                                                                                                           Texto: Romanos 9:1-33

INTRODUÇÃO
1. Romanos 9 é a passagem mais clara sobre a Soberania de Deus.
2. O arminianos dizem que a passagem não defende a eleição soberana de Deus, mas a eleição de Israel.
3. Mas Paulo usa a eleição de Israel para ilustrar a eleição soberana de Deus na escolha de judeus e gentios (Rm.9:24, 30-32).

PROPOSIÇÃO: DEUS PAI É SOBERANO NA SALVAÇÃO
I. PORQUE ELE É O OLEIRO
1. Não há diferença entre os eleitos e não-eleitos:
Tanto os “vasos da ira” (9:22) quanto os “vasos de misericórdia” (9:23) foram preparados da mesma massa (9:21).
Efésios 2:3 - “Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.”

2. É Deus quem decide o destino final de cada criatura:
2.1. O Oleiro tem poder para fazer “vaso para desonra” (9:21).
Ele fez “vasos de ira” e os “preparou para a perdição” (9:22).
Provérbios 16:4 - “O SENHOR fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal”.
2.2. Deus fez “vasos para honra” e os preparou de antemão:
“Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou.” (9:23).

3. A criatura não pode discutir com Deus:
3.1. A criatura não pode resistir a vontade de Deus (9:19).
3.2. A criatura não pode questionar Deus (9:20).
Isaias 45:9 - “Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos?” (Isaias 10:15).

II. PORQUE ELE OPERA A FÉ NOS ELEITOS
1. O ato de crer é conseqüência do decreto eletivo e não causa:
Atos 13:48 - “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.”
Atos 18:27 - “Querendo ele passar à Acaia, o animaram os irmãos, e escreveram aos discípulos que o recebessem; o qual, tendo chegado, aproveitou muito aos que pela graça criam.”
Filipenses 1:29 - “Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele.”

Romanos 12:3 - “Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.”
Atos 3:16 - “E pela fé no seu nome fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis; sim, a fé que vem por ele, deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde.”
1 Pedro 1:21 - “E por ele credes em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos, e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus.”
Romanos 4:16 - “Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós.”

1 Coríntios 15:10,11 - “Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim haveis crido.”
2. Cremos porque somos eleitos:
Deus não nos escolheu porque previu fé em nós. A fé é dom de Deus; o pecador não pode crer se Deus não lhe conceder fé. Portanto não fomos eleitos porque cremos, mas cremos porque fomos eleitos.

III. PORQUE ELE OPERA PELA GRAÇA NOS ELEITOS
1. Graça que reina:
Romanos 11:4-6 - “Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal. Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça. Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.”
1.2. O verbo reservei, no grego kataleipo “enfatiza o pensamento de que o remanescente é preservado por Deus para si mesmo, para seu propósito gracioso.” (Chave Lingüística do NT Grego, pg.274).
1.2. Assim como houve um remanescente fiel nos dias de Elias, também há na presente dispensação.
1.3. Houve um remanescente “segundo a eleição da graça”: Deus elegeu este remanescente com base em sua graça e não nas boas obras ou na fé prevista. Se fosse fé prevista no homem, então o mérito seria do homem que crê, e, portanto, seria por obras, e se fosse por obras a graça já não seria graça!
1.4. Graça e obras não se misturam, são como água e óleo. A eleição é, portanto, absolutamente gratuita!

2. Graça que chama eficazmente:
1 Coríntios 1:26-29 - “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele.”
2.1. Três vezes esta passagem fala da escolha feita por Deus.
2.2. Uma escolha pressupõe uma seleção:
Uma seleção pressupõe um número. A quantidade dos escolhidos é determinada: “não são muitos... nem muitos...”.
2.3. Uma seleção também pressupõe “quem?”: Deus escolheu “as coisas loucas deste mundo”. Por que? Para engrandecer a sua graça! Não somente os pensamentos de Deus, mas também os seus caminhos estão em total contraste com os do homem (Is.55:8,9). A mente carnal suporia que a seleção seria entre as fileiras dos opulentos e influentes, dos admirados e cultos, de tal modo que o cristianismo teria merecido a aprovação e os aplausos do mundo, com sua ostentação e glória carnais. Entretanto, “o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” (Lc.16:15).
2.4. Deus não escolheu os egípcios nem os gregos, com seu alto nível de civilização e cultura. A “menina dos olhos de Deus” (Zc.2:8) foi o desprezado povo hebreu (Dt.7:7).

3. Graça que salva segundo o seu propósito e beneplácito:
Efésios 1:3-5 - “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade.”
Efésios 1:11 - “Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade.”
3.1. O propósito da eleição: “para que fôssemos santos e irrepreensíveis... para filhos de adoção...” (1:4,5), e para que fôssemos “feito herança” (1:11).
3.2. O motivo da eleição: o amor e o beneplácito de Deus: “...nos elegeu nele... em amor” (1:4). “...nos predestinou... segundo o beneplácito de sua vontade” (1:5).
Efésios 2:7 - “Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.”

4. Graça que elege para a salvação:
2 Tessalonicenses 2:13 - “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do SENHOR, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade.”
4.1. Eleitos para quê? O texto diz “elegidos... para a salvação”. Não se trata de eleição para serviços e ministérios específicos, mas para a salvação.
4.2. Eleitos como? O texto diz “...em santificação do Espírito, e fé da verdade.” Deus emprega meios para salvar. O meio é a “fé na verdade”. É errada a idéia de que Deus salvará o perdido, quer ele queira ou não, quer ele creia ou não.
4.3. O mesmo Deus que predestinou o fim, também indicou os meios. O mesmo Deus que elegeu para a salvação, também decretou que seu propósito salvífico seja realizado através da obra de santificação do Espírito e fé na verdade.

5. Graça que nos foi dada na eternidade:
2 Timóteo 1:9 - “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos.”
5.1. A salvação não vem pelas nossas obras, mas “...segundo o seu próprio propósito e graça”.
5.2. Esta graça nos foi dada “antes dos tempos eternos”. Antes de criar o universo e os seres-humanos Deus escolheu aqueles que quis, antes mesmo de praticarem qualquer obra.

6. Graça predestinadora:
1 Pedro 1:2 - “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.”
6.1. A eleição precede a obra do Espírito Santo e precede a obediência que os eleitos prestam mediante a fé: “Eleitos... para a obediência...”.
6.2. Somente os eleitos recebem os benefícios da morte de Cristo: “Eleitos... para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo...”
6.3. Eleitos segundo a presciência de Deus: A presciência não se refere ao conhecimento prévio de todas as coisas. Simplesmente significa que os santos estavam todos eternamente presentes em Cristo, na mente de Deus. Em Cristo todos os eleitos foram conhecidos. O que Deus previu nos homens foi amor ao pecado e ódio contra sua pessoa divina e sua natureza santa (Lc.18:8; Jo.15:18).
6.4. A predeterminação vem antes da presciência:
Atos 2:23 - “A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos.” Deus elegeu Cristo para morrer por que Ele previu que Jesus morreria? Claro que não! Deus previu que Cristo morreria porque Ele havia determinado sua morte. Note que o “determinado conselho” de Deus vem primeiro que a “presciência de Deus”.

Romanos 8:28,29 - “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” Este testo também ensina que a predestinação vem antes da presciência de Deus, porque o advérbio “porque” do v.29, diz respeito ao verso anterior que fala “daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.
6.5. A presciência de Deus não é “conhecimento prévio”, mas “conhecimento com aprovação e amor”: “Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido dele.” (1Co.8:3). Deus conhece todos os homens, inclusive o soberbos: “Ainda que o SENHOR é excelso, atenta todavia para o humilde; mas ao soberbo conhece-o de longe.” (Sl.138:6). Mas a Bíblia diz que Ele “conhece [ama] o caminho dos justos” (Sl.1:6). “Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus...” (Gl.4:9).
O verbo “conhecer” tem o sentido de “conhecer intimamente”, “amar” (Gn.4:1; Gn.24:16; Dt.9:24).
6.7. Em Gênesis 18:19 o verbo “conhecer” vem do hebraico (Strong = 03045 yada), e significa “escolher”. Tanto a ACF quanto a ARC traduziram este verbo como “conhecer”, mas a ARA o traduziu como“escolher”: “Porque eu o escolhi...”. Então conhecer é sinônimo de “escolher”, “amar”.

CONCLUSÃO
1. Por quê Deus escolheu alguns para salvação?
2. Foram escolhidos porque eram bons? Não (Lc.18;19).
3. Foram escolhidos porque tinham praticado boas obras? Não (Rm.3:12).
4. Foram escolhidos porque buscaram a Deus? Não (Rm.3:11).
5. A causa da escolha feita por Deus se encontra em si mesmo, e não nos objetos de sua escolha.
6. O propósito de Deus em salvar alguns foi dado em Cristo Jesus “antes dos tempos eternos”; muito antes de terem sido criados, os eleitos de Deus já estavam presentes em sua mente, tendo sido “conhecidos de antemão” por Ele, isto é, já constituíam objetos definidos de seu amor eterno.

quarta-feira, 28 de março de 2012


O PODER POR MEIO DA FRAQUEZA II – JOHN STOTT


O Chamado para líderes cristãos

É necessário entender o contexto cultural de Corinto, especialmente no que diz respeito à retórica. “A retórica era uma disciplina acadêmica sistemática ensinada e praticada em todo o mundo greco-romano”. ”Na verdade, no século 1º d.C, a retórica tinha se tornado a principal disciplina na educação superior romana.” Nos debates públicos, nas cortes de justiça e nos funerais “a retórica de apresentação e ornamentação” era tremendamente popular como “uma forma de entretenimento público”.

Gradualmente a retórica “tornou-se um fim em si mesma, uma mera ornamentação, com o desejo de agradar a multidão… mas sem conteúdo ou intenção sérios”. Um “sofista” era um orador que “enfatizava o estilo em vez da substância”, a forma, no lugar do conteúdo. O objetivo era o aplauso, a vaidade e a verdade casual. (…) Essa era a situação em Corinto.

26. Porque, vede irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. 27. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; 28. E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são; 29. Para que nenhuma carne se glorie perante ele. 30. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; 31. Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor.
I aos Coríntios cap. 1.26-31

Os coríntios amavam a ambos (a retórica e o sofismo), mas Paulo os rejeitava. Em vez de filosofia humana ele decidiu nada saber, enquanto estivesse com eles, senão a Jesus Cristo e este crucificado (2.2). No lugar da retórica humana, ele foi a eles em fraqueza, temor e grande tremor (2.3), ou seja, “nervoso e bastante trêmulo”. Conseqüentemente ele confiava numa demonstração do Espírito e de poder (2.4).
Temo que essas palavras não seriam uma descrição precisa de muitos evangelistas contemporâneos. Fraqueza não é a característica mais evidente neles. Não. Nos seminários, as aulas de homilética visam incutir autoconfiança nos estudantes inseguros.
(…) Embora, é claro, eu não seja um Spurgeon, talvez possa compartilhar com vocês uma história sobre minha própria experiência. Em 1958, tive o privilégio de liderar uma missão de oito dias na Universidade de Sidney, Austrália. Na última noite, um encontro deveria acontecer no imponente salão de conferências da universidade. Mas contraí o que os australianos chamam de ”wog” (um micróbio), o qual me deixou afônico. Pouco antes da reunião, alguns líderes estudantis me rodearam e um deles leu as palavras de Jesus a Paulo: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois,” prosseguiu Paulo, “mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo… Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (II Co 12.9,10). Então, os estudantes oraram para que essas palavras pudessem se cumprir em mim naquela noite.
O auditório estava lotado. Mas eu apenas pude sussurrar minha fala ao microfone, sempre no mesmo tom, sem capacidade de imprimir personalidade ou de algum modo modular minha voz. Quando chegou o momento do apelo, entretanto, houve uma resposta ávida e imediata. Eu voltei à Austrália dez vezes desde então e, a cada vez, alguém se aproximou de mim, perguntando, “Você se lembra daquele encontro no salão de conferências da universidade de Sidney, quando você estava afônico? Eu me converti a Cristo naquela noite”.
(…) é, “o poder por meio da fraqueza”.
Do livro: O Chamado para Líderes Cristãos/John R. W. Stott; [Marisa K. Alvarenga de S. Lopes]. –  S. Paulo: Cultura Cristã, 2005. pp 42-45


Posted: 27 Mar 2012 08:00 AM PDT
Vamos esconder a nossa bondade - sim, vamos esconder até de nós mesmo.
Dê com tanta freqüência, e de forma tão constante, que você nem mais nota que tenha ajudado os necessitados do que você notaria que tenha tomado suas refeições normais.
 Dê as suas esmolas sem nem sussurrar para si mesmo "Como sou generoso!"
Não dê nenhuma recompensa para si mesmo. Deixe o assunto com Deus, que nunca deixa de ver, de notar, e de recompensar.
- Este é o pão, que comido na pressa, é mais doce do que o banquete de reis.

Charles H. Spurgeon em "O Talão de Cheques da Fé" (Faith's Checkbook). Christianity Today, Vol. 32, no. 5.FONTE: www.hermeneutica.com

terça-feira, 27 de março de 2012


Sincretismo – R. C. Sproul

Sincretismo é o processo pelo qual aspectos de uma religião são assimilados ou misturados com outra, levando as mudanças fundamentais em ambas. 1 Reis 16.29-34; 1 Coríntios 10.14-23; 2 Coríntios 6.14-18; Gálatas 3.1-14; Colossenses 2.8; 1 João 5.19-21.         
 No Antigo Testamento, Deus estava profundamente preocupado com a pressão e a tentação do sincretismo. Enquanto o povo de Israel se movia em direção à Terra Prometida, foi confrontado com religiões pagãs. Os deuses cananeus, Baal e Aserá, tornaram-se objetos da devoção dos israelitas.

 Posteriormente, o povo de Deus adorou os deuses nacionais da Assíria e Babilônia. A Lei de Deus advertia claramente a Israel não somente contra abandonar o Senhor Deus por outros deuses, mas também contra adorar outros deuses juntamente com o verdadeiro Deus.
Os profetas advertiram quanto aos juízos que viriam porque o povo modificava sua fé para acomodar doutrinas e práticas estrangeiras. O período do Novo Testamento foi marcado por um sincretismo difuso.

À medida que o Império Grego se expandia, seus deuses se mesclavam com os deuses nativos das nações conquistadas. O Império Romano também era receptivo a toda sorte de cultos e religiões místicas. O cristianismo não ficou incólume. Os pais da Igreja não só difundiram o evangelho, mas também lutaram para proteger sua integridade.

O maniqueísmo (filosofia dualística que via o físico como sendo mau) insinuou-se em algumas doutrinas. O docetismo (ensino que negava que Jesus tinha um corpo físico) foi um problema mesmo enquanto o Novo Testamento estava sendo escrito.
Muitas formas de neoplatonismo fizeram um esforço consciente para combinar os elementos da religião cristã com a filosofia platônica e o dualismo oriental.

A história dos credos cristãos é a história do povo de Deus buscando separar-se das tramas das religiões e filosofias pagãs. A Igreja hoje ainda enfrenta o mesmo problema. Filosofias não-cristãs, como o marxismo ou o existencialismo buscam o poder do cristianismo enquanto renunciam àquilo que é unicamente cristão.

 O sincretismo continua sendo poderosa ferramenta para separar Deus de seu povo. Todas as gerações de cristãos enfrentam a tentação do sincretismo. Em nosso desejo de "estar por dentro" ou de sermos atuais em nossas práticas e convicções, chegamos ao ponto de ceder à tentação de viver conformados aos padrões deste mundo. Aceitamos práticas e ideias pagãs e buscamos "batizá-las". Mesmo quando confrontamos e enfrentamos religiões e filosofias pagãs, tendemos a deixar-nos ser influenciados por elas. Todo elemento estranho que se insinua na fé e prática cristãs é um elemento que enfraquece a pureza da fé.


Arthur W. Pink - Pelo beneplácito da Sua vontade


Deus não estava sob coação, nem obrigação, nem necessidade alguma de criar. Resolver fazê-lo foi um ato puramente soberano de Sua parte, não produzido por nada alheio a Si próprio; não determinado por nada, senão o Seu próprio beneplácito, já que Ele "faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade" (Efésios 1:11). O fato de criar foi simplesmente para a manifestação da Sua glória. Será que algum dos nossos leitores imagina que fomos além do que nos autorizam as Escrituras? Então, o nosso apelo será para a Lei e o Testemunho: "... levantai-vos, bendizei ao Senhor vosso Deus de eternidade em eternidade; ora bendigam o nome da tua glória, que está levantado sobre toda a bênção e louvor" (Neemias 9:5). Deus não ganha nada, nem sequer com a nossa adoração. Ele não precisava dessa glória externa de Sua graça, procedente de Seus redimidos, porquanto é suficientemente glorioso em Si mesmo sem ela. Que foi que O moveu a predes­tinar Seus eleitos para o louvor da glória de Sua graça? Foi, como nos diz Efésios 1:5, ".... o beneplácito de sua vontade".

Fonte: "Atributos de Deus" da Editora PES

segunda-feira, 26 de março de 2012


Reunião de Pais e Mestres

Era uma reunião numa escola. A diretora incentivava os pais a apoiarem as crianças, falando da necessidade da presença deles junto aos filhos.
Mesmo sabendo que a maioria dos pais e mães trabalhava fora, ela tinha a convicção da necessidade de acharem tempo para seus filhos.

Foi então que um pai, com seu jeito simples, explicou que saia tão cedo de casa, que seu filho ainda dormia, e que, quando voltava, o pequeno, cansado, já adormecera. Explicou que não podia deixar de trabalhar tanto assim, pois estava cada vez mais difícil sustentar a família. E contou como isso o deixava angustiado, por praticamente só conviver com o filho nos fins de semana.

O pai, então, falou como tentava redimir-se, indo beijar a criança todas as noites, quando chegava em casa. Contou que a cada beijo, ele dava um nó no lençol, para que seu filho soubesse que ele estivera ali.
Quando acordava, o menino sabia que seu pai o amava e lá estivera. E era o nó o meio de se ligarem um ao outro.

Aquela história emocionou a diretora da escola que, surpresa, verificou ser aquele menino um dos melhores e mais ajustados alunos da classe. E a fez refletir sobre as infinitas maneiras que pais e filhos têm de se comunicarem, de se fazerem presentes nas vidas uns dos outros.
O pai encontrou sua forma simples, mas eficiente, de se fazer presente e, o mais importante, de que seu filho acreditasse na sua presença.

Para que a comunicação se instale, é preciso que os filhos “ouçam” o coração dos pais ou responsáveis, pois os sentimentos falam mais alto do que as palavras. É por essa razão que um beijo, um abraço, um carinho, revestidos de puro afeto, cura até dor de cabeça, arranhão, ciúme do irmão, medo do escuro, etc...

Uma criança pode não entender certas palavras, mas sabe registrar e gravar um gesto de amor, mesmo que este seja um simples nó.

E você? Tem dado um nó no lençol do seu filho? (autor desconhecido)

O PODER POR MEIO DA FRAQUEZA I – JOHN STOTT

Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus (I Co.1.18).
Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus (I Co.1.24).
Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus (I Co.2.5).
A sede de poder sempre foi uma característica da história humana, pelo menos desde os tempos de Adão e Eva em que foi oferecido poder em troca de desobediência.
Ainda hoje, as três maiores ambições humanas (a busca por dinheiro, por fama e por influência) são todas um disfarce para a ânsia pelo poder. Na verdade, podemos observar essa sede de poder em todo lugar – na política e na vida pública, nos conflitos […], nas profissões, nas sociedades primitivas […]
Infelizmente vemos essa sede de poder na igreja: nas disputas pelas posições eclesiásticas superiores […], e até mesmo no púlpito, o qual representa um lugar extremamente perigoso para ser ocupado por qualquer filho de Adão.
[...]”Mas entre vós não será assim”, Ele declarou, porque a liderança cristã será, antes, manifestada pela humildade e pelo serviço (Mc. 10.42ss). […]
Em nenhum ponto a mentalidade cristã se choca mais violentamente com a mentalidade secular do que na insistência por humildade, com toda fraqueza que se possa envolver. A sabedoria mundana valoriza o poder, não a humildade. Nós absorvemos mais a filosofia do poder de Nietzsche do que percebemos. Ele sonhou com o crescimento de uma ousada raça dominante – forte, masculina e opressiva. Nietzsche idolatrava o poder; ele desprezava Jesus pela sua fraqueza. Seu ideal era o Übermensch, o super-homem; mas seu ideal de Jesus era a criancinha. Não há nenhuma possibilidade de acordo entre essas duas imagens; somos obrigados a fazer uma opção.
[…] o poder que se aperfeiçoa por meio da fraqueza
O poder de Deus opera melhor na fraqueza humana. A fraqueza é o lugar onde Deus pode mostrar o seu poder com maior eficácia.
[…] A cruz era um absoluto escândalo para aqueles que adoravam o poder.
[…] A cruz é ainda loucura para os intelectualmente arrogantes.
[…] Apesar do que a cruz possa parecer, ela não é a fraqueza, mas, o poder de Deus, não é a loucura, mas a sabedoria de Deus.
[…] Como Hudson Taylor afirmou no século 19, “Todos os gigantes de Deus foram pessoas fracas”.
C. H. Spurgeon é um exemplo histórico notável do princípio do “poder na fraqueza”. Em seus primeiros dias como pregador, algumas vezes ele gaguejava. Ao longo de toda a sua vida ele lutou contra a depressão. Mais tarde, teve frequentes ataques de gota e, ocasionalmente enquanto pregava, sentia tanta dor que colocava uma perna sobre uma cadeira, apoiando-se no púlpito. Freqüentemente dizia sentir-se “nauseado” antes de pregar, como se estivesse num barco […]. Somando a esses ataques físicos, sofria ataques difamadores por parte da imprensa. Tinha apenas 19 anos quando chegou a Londres. O Saturday Reviewo chamou de “um fanático vulgar, estúpido e irracional” e mais tarde de “um fanático ignorante e presunçoso. Muitos quadrinhos e caricaturas zombavam dele. Mas ele perseverou e um tremendo poder marcou o seu ministério.
[…] Porque cada conversão envolve uma batalha entre Cristo e Satanás, na qual a superioridade do poder de Cristo é vista. Pois o Espírito Santo toma as palavras do evangelhista, ditas com fraqueza humana, e as leva com poder para a mente, o coração, a consciência e a vontade dos ouvintes. Essa é a poderosa apodeixis(demonstração ou prova) do Espírito.
E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. II Co. 12. 9
Extraído do livro: O Chamado para líderes cristãos, de John Stott, S. Paulo editora Cultura Cristã, 2005 – tradução Marisa K. Alvarenga de S. Lopes, pp.35-44