Quando o fracasso não tem a última palavra (por Rev. Hernandes Dias Lopes)
Há pessoas que começam bem, mas
terminam mal. Elas têm um brilhante começo, mas um fim
trágico.
Assim foi a história de Demas.
Ele é citado apenas três vezes no
Novo Testamento. A primeira vez que Demas aparece, ele é apresentado como um
cooperador de Paulo (Fm 24). Da segunda vez, nada se acrescenta a seu respeito;
apenas seu nome é mencionado (Cl 4.14). Da última vez, porém, nos é dito que
ele abandonou Paulo (2Tm 4.10).
Há muitas pessoas cuja vida é uma descida ladeira a baixo. Há
muitos indivíduos que em vez de caminhar para frente, recuam; em vez de subir,
descem; em vez de crescerem no conhecimento e na graça de Deus, retrocedem na
fé.
Mas, graças a Deus, muitos também fazem o caminho inverso. Esses
caminham para frente. Esses aprendem com os fracassos e se levantam na força do
onipotente para prosseguirem firmes e resolutos nas veredas da justiça.
Citamos, aqui, o exemplo do jovem João Marcos. Quem foi esse jovem?
Em primeiro lugar, João Marcos foi um cooperador (At 13.5). João
Marcos era um jovem humilde e prestativo. Ele foi auxiliar de Barnabé e Paulo
(At 13.5). Nesse tempo, João Marcos era ainda muito jovem e inexperiente, mas
sentiu o desejo de acompanhar os dois missionários rumo à região da Galácia.
Seu propósito era servir aos dois
missionários separados por Deus para tão sublime tarefa. Nesse tempo João
Marcos era um jovem idealista e corajoso. Dispôs-se a deixar o conforto da sua
casa em Jerusalém (At 12.12), para enfrentar as agruras de uma viagem
missionária por regiões inóspitas e perigosas.
Em segundo lugar, João Marcos foi um desertor (At 13.13). Não
sabemos os motivos, mas no meio do caminho, João Marcos desistiu da viagem,
apartou-se de Paulo e Barnabé e voltou para sua casa em Jerusalém. Faltou-lhe
coragem e maturidade para prosseguir. Faltou-lhe perseverança para não
retroceder.
Faltou-lhe forças para continuar
servindo aos dois missionários da igreja. Aquele foi um capítulo sombrio na
vida desse jovem. Ele foi um desertor. Ele capitou-se diante das dificuldades.
Ele não teve coragem de seguir adiante.
Em terceiro lugar, João Marcos foi um missionário (At 15.36-39).
Era tempo de voltar à segunda viagem missionária. Barnabé, porém, queria levar
consigo a João Marcos (At 15.37). Paulo, porém se recusou terminantemente dar
uma segunda chance ao jovem desertor. Barnabé contendeu com Paulo, mas não
desistiu de João Marcos (At 15.38,39).
Levou-o consigo para Chipre e fez
dele um missionário. João Marcos tornou-se um homem valoroso nas mãos de Deus.
Além de Barnabé, o apóstolo Pedro também investiu na vida de João Marcos, a
ponto de chamá-lo de filho (1Pe 5.13). Esse jovem mais tarde tornou-se o
escritor do primeiro evangelho a ser escrito, o evangelho segundo Marcos,
destacando nessa obra preciosa as gloriosas obras de Cristo, apresentando-o como
servo perfeito.
Em quarto lugar, João Marcos foi um homem útil (2Tm 4.11). Paulo
estava preso numa masmorra romana. A hora do seu martírio havia chegado. Do
interior desse cárcere insalubre e frio Paulo escreve a seu filho Timóteo,
rogando que ele fosse rápido vê-lo em Roma.
Chama-nos atenção, uma recomendação
do apóstolo a Timóteo: “Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o
ministério” (2Tm 4.11). O jovem rejeitado por Paulo, é agora prezado por ele.
Aquele que um dia desertou e foi rejeitado, é agora desejado.
Paulo muda de opinião acerca de João
Marcos e deseja tê-lo ao seu lado antes de morrer.
João Marcos fraquejou um dia na vida,
mas se levantou. Ele nos prova que é possível recomeçar, quando colocamos nossa
vida nas mãos de Deus.
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