segunda-feira, 26 de março de 2012


O PODER POR MEIO DA FRAQUEZA I – JOHN STOTT

Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus (I Co.1.18).
Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus (I Co.1.24).
Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus (I Co.2.5).
A sede de poder sempre foi uma característica da história humana, pelo menos desde os tempos de Adão e Eva em que foi oferecido poder em troca de desobediência.
Ainda hoje, as três maiores ambições humanas (a busca por dinheiro, por fama e por influência) são todas um disfarce para a ânsia pelo poder. Na verdade, podemos observar essa sede de poder em todo lugar – na política e na vida pública, nos conflitos […], nas profissões, nas sociedades primitivas […]
Infelizmente vemos essa sede de poder na igreja: nas disputas pelas posições eclesiásticas superiores […], e até mesmo no púlpito, o qual representa um lugar extremamente perigoso para ser ocupado por qualquer filho de Adão.
[...]”Mas entre vós não será assim”, Ele declarou, porque a liderança cristã será, antes, manifestada pela humildade e pelo serviço (Mc. 10.42ss). […]
Em nenhum ponto a mentalidade cristã se choca mais violentamente com a mentalidade secular do que na insistência por humildade, com toda fraqueza que se possa envolver. A sabedoria mundana valoriza o poder, não a humildade. Nós absorvemos mais a filosofia do poder de Nietzsche do que percebemos. Ele sonhou com o crescimento de uma ousada raça dominante – forte, masculina e opressiva. Nietzsche idolatrava o poder; ele desprezava Jesus pela sua fraqueza. Seu ideal era o Übermensch, o super-homem; mas seu ideal de Jesus era a criancinha. Não há nenhuma possibilidade de acordo entre essas duas imagens; somos obrigados a fazer uma opção.
[…] o poder que se aperfeiçoa por meio da fraqueza
O poder de Deus opera melhor na fraqueza humana. A fraqueza é o lugar onde Deus pode mostrar o seu poder com maior eficácia.
[…] A cruz era um absoluto escândalo para aqueles que adoravam o poder.
[…] A cruz é ainda loucura para os intelectualmente arrogantes.
[…] Apesar do que a cruz possa parecer, ela não é a fraqueza, mas, o poder de Deus, não é a loucura, mas a sabedoria de Deus.
[…] Como Hudson Taylor afirmou no século 19, “Todos os gigantes de Deus foram pessoas fracas”.
C. H. Spurgeon é um exemplo histórico notável do princípio do “poder na fraqueza”. Em seus primeiros dias como pregador, algumas vezes ele gaguejava. Ao longo de toda a sua vida ele lutou contra a depressão. Mais tarde, teve frequentes ataques de gota e, ocasionalmente enquanto pregava, sentia tanta dor que colocava uma perna sobre uma cadeira, apoiando-se no púlpito. Freqüentemente dizia sentir-se “nauseado” antes de pregar, como se estivesse num barco […]. Somando a esses ataques físicos, sofria ataques difamadores por parte da imprensa. Tinha apenas 19 anos quando chegou a Londres. O Saturday Reviewo chamou de “um fanático vulgar, estúpido e irracional” e mais tarde de “um fanático ignorante e presunçoso. Muitos quadrinhos e caricaturas zombavam dele. Mas ele perseverou e um tremendo poder marcou o seu ministério.
[…] Porque cada conversão envolve uma batalha entre Cristo e Satanás, na qual a superioridade do poder de Cristo é vista. Pois o Espírito Santo toma as palavras do evangelhista, ditas com fraqueza humana, e as leva com poder para a mente, o coração, a consciência e a vontade dos ouvintes. Essa é a poderosa apodeixis(demonstração ou prova) do Espírito.
E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. II Co. 12. 9
Extraído do livro: O Chamado para líderes cristãos, de John Stott, S. Paulo editora Cultura Cristã, 2005 – tradução Marisa K. Alvarenga de S. Lopes, pp.35-44

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