quinta-feira, 29 de março de 2012


DEUS PAI É SOBERANO NA SALVAÇÃO                                                                                                           Texto: Romanos 9:1-33

INTRODUÇÃO
1. Romanos 9 é a passagem mais clara sobre a Soberania de Deus.
2. O arminianos dizem que a passagem não defende a eleição soberana de Deus, mas a eleição de Israel.
3. Mas Paulo usa a eleição de Israel para ilustrar a eleição soberana de Deus na escolha de judeus e gentios (Rm.9:24, 30-32).

PROPOSIÇÃO: DEUS PAI É SOBERANO NA SALVAÇÃO
I. PORQUE ELE É O OLEIRO
1. Não há diferença entre os eleitos e não-eleitos:
Tanto os “vasos da ira” (9:22) quanto os “vasos de misericórdia” (9:23) foram preparados da mesma massa (9:21).
Efésios 2:3 - “Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.”

2. É Deus quem decide o destino final de cada criatura:
2.1. O Oleiro tem poder para fazer “vaso para desonra” (9:21).
Ele fez “vasos de ira” e os “preparou para a perdição” (9:22).
Provérbios 16:4 - “O SENHOR fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal”.
2.2. Deus fez “vasos para honra” e os preparou de antemão:
“Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou.” (9:23).

3. A criatura não pode discutir com Deus:
3.1. A criatura não pode resistir a vontade de Deus (9:19).
3.2. A criatura não pode questionar Deus (9:20).
Isaias 45:9 - “Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos?” (Isaias 10:15).

II. PORQUE ELE OPERA A FÉ NOS ELEITOS
1. O ato de crer é conseqüência do decreto eletivo e não causa:
Atos 13:48 - “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.”
Atos 18:27 - “Querendo ele passar à Acaia, o animaram os irmãos, e escreveram aos discípulos que o recebessem; o qual, tendo chegado, aproveitou muito aos que pela graça criam.”
Filipenses 1:29 - “Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele.”

Romanos 12:3 - “Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.”
Atos 3:16 - “E pela fé no seu nome fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis; sim, a fé que vem por ele, deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde.”
1 Pedro 1:21 - “E por ele credes em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos, e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus.”
Romanos 4:16 - “Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós.”

1 Coríntios 15:10,11 - “Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim haveis crido.”
2. Cremos porque somos eleitos:
Deus não nos escolheu porque previu fé em nós. A fé é dom de Deus; o pecador não pode crer se Deus não lhe conceder fé. Portanto não fomos eleitos porque cremos, mas cremos porque fomos eleitos.

III. PORQUE ELE OPERA PELA GRAÇA NOS ELEITOS
1. Graça que reina:
Romanos 11:4-6 - “Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal. Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça. Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.”
1.2. O verbo reservei, no grego kataleipo “enfatiza o pensamento de que o remanescente é preservado por Deus para si mesmo, para seu propósito gracioso.” (Chave Lingüística do NT Grego, pg.274).
1.2. Assim como houve um remanescente fiel nos dias de Elias, também há na presente dispensação.
1.3. Houve um remanescente “segundo a eleição da graça”: Deus elegeu este remanescente com base em sua graça e não nas boas obras ou na fé prevista. Se fosse fé prevista no homem, então o mérito seria do homem que crê, e, portanto, seria por obras, e se fosse por obras a graça já não seria graça!
1.4. Graça e obras não se misturam, são como água e óleo. A eleição é, portanto, absolutamente gratuita!

2. Graça que chama eficazmente:
1 Coríntios 1:26-29 - “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele.”
2.1. Três vezes esta passagem fala da escolha feita por Deus.
2.2. Uma escolha pressupõe uma seleção:
Uma seleção pressupõe um número. A quantidade dos escolhidos é determinada: “não são muitos... nem muitos...”.
2.3. Uma seleção também pressupõe “quem?”: Deus escolheu “as coisas loucas deste mundo”. Por que? Para engrandecer a sua graça! Não somente os pensamentos de Deus, mas também os seus caminhos estão em total contraste com os do homem (Is.55:8,9). A mente carnal suporia que a seleção seria entre as fileiras dos opulentos e influentes, dos admirados e cultos, de tal modo que o cristianismo teria merecido a aprovação e os aplausos do mundo, com sua ostentação e glória carnais. Entretanto, “o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” (Lc.16:15).
2.4. Deus não escolheu os egípcios nem os gregos, com seu alto nível de civilização e cultura. A “menina dos olhos de Deus” (Zc.2:8) foi o desprezado povo hebreu (Dt.7:7).

3. Graça que salva segundo o seu propósito e beneplácito:
Efésios 1:3-5 - “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade.”
Efésios 1:11 - “Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade.”
3.1. O propósito da eleição: “para que fôssemos santos e irrepreensíveis... para filhos de adoção...” (1:4,5), e para que fôssemos “feito herança” (1:11).
3.2. O motivo da eleição: o amor e o beneplácito de Deus: “...nos elegeu nele... em amor” (1:4). “...nos predestinou... segundo o beneplácito de sua vontade” (1:5).
Efésios 2:7 - “Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.”

4. Graça que elege para a salvação:
2 Tessalonicenses 2:13 - “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do SENHOR, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade.”
4.1. Eleitos para quê? O texto diz “elegidos... para a salvação”. Não se trata de eleição para serviços e ministérios específicos, mas para a salvação.
4.2. Eleitos como? O texto diz “...em santificação do Espírito, e fé da verdade.” Deus emprega meios para salvar. O meio é a “fé na verdade”. É errada a idéia de que Deus salvará o perdido, quer ele queira ou não, quer ele creia ou não.
4.3. O mesmo Deus que predestinou o fim, também indicou os meios. O mesmo Deus que elegeu para a salvação, também decretou que seu propósito salvífico seja realizado através da obra de santificação do Espírito e fé na verdade.

5. Graça que nos foi dada na eternidade:
2 Timóteo 1:9 - “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos.”
5.1. A salvação não vem pelas nossas obras, mas “...segundo o seu próprio propósito e graça”.
5.2. Esta graça nos foi dada “antes dos tempos eternos”. Antes de criar o universo e os seres-humanos Deus escolheu aqueles que quis, antes mesmo de praticarem qualquer obra.

6. Graça predestinadora:
1 Pedro 1:2 - “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.”
6.1. A eleição precede a obra do Espírito Santo e precede a obediência que os eleitos prestam mediante a fé: “Eleitos... para a obediência...”.
6.2. Somente os eleitos recebem os benefícios da morte de Cristo: “Eleitos... para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo...”
6.3. Eleitos segundo a presciência de Deus: A presciência não se refere ao conhecimento prévio de todas as coisas. Simplesmente significa que os santos estavam todos eternamente presentes em Cristo, na mente de Deus. Em Cristo todos os eleitos foram conhecidos. O que Deus previu nos homens foi amor ao pecado e ódio contra sua pessoa divina e sua natureza santa (Lc.18:8; Jo.15:18).
6.4. A predeterminação vem antes da presciência:
Atos 2:23 - “A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos.” Deus elegeu Cristo para morrer por que Ele previu que Jesus morreria? Claro que não! Deus previu que Cristo morreria porque Ele havia determinado sua morte. Note que o “determinado conselho” de Deus vem primeiro que a “presciência de Deus”.

Romanos 8:28,29 - “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” Este testo também ensina que a predestinação vem antes da presciência de Deus, porque o advérbio “porque” do v.29, diz respeito ao verso anterior que fala “daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.
6.5. A presciência de Deus não é “conhecimento prévio”, mas “conhecimento com aprovação e amor”: “Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido dele.” (1Co.8:3). Deus conhece todos os homens, inclusive o soberbos: “Ainda que o SENHOR é excelso, atenta todavia para o humilde; mas ao soberbo conhece-o de longe.” (Sl.138:6). Mas a Bíblia diz que Ele “conhece [ama] o caminho dos justos” (Sl.1:6). “Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus...” (Gl.4:9).
O verbo “conhecer” tem o sentido de “conhecer intimamente”, “amar” (Gn.4:1; Gn.24:16; Dt.9:24).
6.7. Em Gênesis 18:19 o verbo “conhecer” vem do hebraico (Strong = 03045 yada), e significa “escolher”. Tanto a ACF quanto a ARC traduziram este verbo como “conhecer”, mas a ARA o traduziu como“escolher”: “Porque eu o escolhi...”. Então conhecer é sinônimo de “escolher”, “amar”.

CONCLUSÃO
1. Por quê Deus escolheu alguns para salvação?
2. Foram escolhidos porque eram bons? Não (Lc.18;19).
3. Foram escolhidos porque tinham praticado boas obras? Não (Rm.3:12).
4. Foram escolhidos porque buscaram a Deus? Não (Rm.3:11).
5. A causa da escolha feita por Deus se encontra em si mesmo, e não nos objetos de sua escolha.
6. O propósito de Deus em salvar alguns foi dado em Cristo Jesus “antes dos tempos eternos”; muito antes de terem sido criados, os eleitos de Deus já estavam presentes em sua mente, tendo sido “conhecidos de antemão” por Ele, isto é, já constituíam objetos definidos de seu amor eterno.

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