sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

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Muito obrigado, e que Deus o abençoe.

sábado, 12 de outubro de 2019

Rios de água viva


Por que você diz que não serei perseguido?

Você escreveu dizendo não aceitar que a nossa geração da Igreja seja diferente das gerações do passado, e diz que do mesmo modo como eles padeceram esta geração também deverá padecer, e nisso não há diferença. Você continua dizendo que hoje mesmo existem cristãos, nossos irmãos, sendo torturados e mortos, e pergunta: "O que temos de diferente deles? Somos melhores ou piores que eles para sermos poupados desse tipo de sofrimento? Somos melhores ou piores que os Apóstolos?".

Existem muitos cristãos como você que parecem estar descontentes pelo fato de terem uma vida tranquila, sem guerras, perseguições e martírios. Esse raciocínio faz alguns acharem que não estão sendo cristãos o suficiente, ou que não estejam vivendo piedosamente, pois não são perseguidos. Afinal, a Palavra de Deus diz: "Todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições" (2 Tm 3:12). Então o raciocínio é: "Se não estou sendo perseguido ainda, é certo que serei, a menos que não esteja vivendo uma vida piedosa".

Existe muito de carne e infantilidade nesse raciocínio, algo como o adolescente que sonha com um mundo pós ou pré apocalíptico para mostrar toda sua coragem e valor. Por que você acha que filmes assim fazem tanto sucesso? Por eu achar que em uma situação de extrema dificuldade serei o herói e exterminador de zumbis. Não conheço ninguém que assista filmes assim se identificando o zumbi ou o cadáver caído na sarjeta. Todos queremos ser o herói da hora.

O engano desse raciocínio, de que precisamos passar por perseguição e sofrimento físico para nos acharmos no mesmo nível dos cristãos do passado (o que denota até uma pontinha de inveja), está em não entender a estratégia do inimigo de nossas almas. No princípio Satanás agia mais como leão, e logo percebeu que isso não estava ajudando. Pedro escreveu que "o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar" e Paulo estava grato ao dizer, "fiquei livre da boca do leão." (1 Pe 5:8; 2 Tm 4:17).

O capítulo 12 de Atos, que relata a perseguição crescente aos cristãos e a prisão de Pedro, conclui dizendo: "E a palavra de Deus crescia e se multiplicava." (At 12:24). Atos 19:20 também diz que "a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia". O capítulo 11 também relata de como a igreja em Antioquia foi estabelecida como fruto da perseguição que fez os cristãos fugirem de Jerusalém.

"E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.  E havia entre eles alguns homens cíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor." (At 11:19-21).

Hoje o diabo atua mais como anjo de luz, principalmente no Ocidente, onde ninguém mais está empenhado em prender, crucificar e queimar cristãos, como era no princípio e ainda é em países comunistas, islâmicos e de outras religiões. A perseguição continua para todos, mas nem todos precisam ser degolados para se considerarem perseguidos. Existe a agressão física e existe também a psicológica, e tem muita mulher que sabe o que é ser torturada sem que o marido nunca tenham encostado nela um dedo sequer.

O diabo sabe como aplicar a estratégia mais eficaz para cada caso, por isso do tempo dos apóstolos para hoje, ou da realidade dos países anticristãos para o Ocidente, ele só muda o tipo de perseguição que pode ser física ou psicológica. O intuito é o de abalar a fé e levar a pessoa a perder sua comunhão com Deus. Se o diabo não pode fazer com que o crente perca sua salvação, então deve se dar por contente de transformá-lo num testemunho amedrontado, deprimido e miserável de Cristo neste mundo.

Em minha opinião essa sua compulsão por precisar sofrer algum tipo de martírio só demonstra que já está sofrendo, provavelmente por ter sido vítima dos terroristas psicológicos, hoje abundantes na cristandade. A especialidade e objetivo deles não é evangelizar ou ministrar aos salvos "para edificação, exortação e consolação" (1 Co 14:23). Sua meta é a mesma de outros terroristas: meter medo nas pessoas, tirar o sono, apavorar, desesperar, criar expectativa para uma iminente catástrofe ou grande tribulação.

Existem documentários mostrando cristãos armados até os dentes e vivendo em esconderijos abarrotados de mantimentos aguardando serem perseguidos. Você acha que alguém vivendo na ansiosa expectativa de sofrer torturas serve de testemunho do Senhor neste mundo? Acha que alguém assim pode pregar o evangelho da graça de Deus ou levar consolo às almas atribuladas? Não, pois eles próprios estão precisando tratar de sua paranoia antes de poderem ajudar outros.

Todos os dias recebo mensagens de pessoas cheias de dúvidas e desesperadas por terem sido "perseguidas" e "torturadas" por "obreiros fraudulentos", os profetas de YouTube que as aterrorizaram de diversas maneiras. Fico imaginando esses caras acordando de manhã e maquinando: "Que vídeo farei hoje para lançar meus seguidores no desespero e angústia, para não dar a eles qualquer luz de esperança? Que imagens assustadoras devo usar? Qual título sensacionalista aplicar?".

Não sei como isso ainda não foi considerado bullying, pois o efeito é igualmente devastador para as vítimas. Por detrás deles está Satanás, que se transforma em anjo de luz e seus ministros — inclusive os virtuais — em ministros de justiça.

"Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras." (2 Co 11:13-15).

Hoje mesmo respondi a uma mãe apavorada achando que a vida inteira creu e orou para o Jesus errado, porque agora disseram a ela que se não chamou o nome do Senhor em hebraico foi o mesmo que ter ligado para um número errado. O Senhor não atendeu, não salvou e nem socorreu.

Ela também estava preocupada com tudo o que ouviu sobre a grande tribulação, pois tem um filho deficiente ligado a aparelhos e treme só de pensar no que irá acontecer se não puder mantê-lo vivo, ou pior, se o governo obrigá-la a implantar nele um chip para monitorar o garoto. Sabe como é, aquele tal de "chip" da besta que só existe na cabeça dos teóricos da conspiração, já que a Bíblia fala apenas de marca na pele, nunca de um componente eletrônico..

No filme francês "La femme tranquille", que conta a história real de uma dona de pensão na França ocupada pelos nazistas, em um determinado momento o oficial nazista que ocupa um quarto na pensão, enquanto no porão ela esconde um paraquedista britânico ferido sem ele saber, coloca sua pesada mão no ombro da idosa e diz:

"Madame Louise, sabe por que gostamos da França? Porque a França está com medo. Traidores franceses por toda parte denunciam tudo e todos. E nós alemães, com um pequeno contingente de tropas, podemos tomar um grande país como o seu.".

Hoje no YouTube o diabo está usando seus agentes da SS (Sinistrose em dobro) em canais de vídeos sensacionalistas para amedrontar cristãos pouco firmados na verdade e fazê-los viver uma vida miserável de medo e pavor. Sim, pode crer que o inimigo tem tido sucesso com alguns e os psicanalistas agradecem.

por Mario Persona

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

O aumento do número de homossexuais é culpa da mídia?

Você pergunta se o aumento do número de homossexuais seria culpa da mídia, das redes sociais, Internet, TV, gibis e influenciadores sociais. Às vezes as autoridades até proíbem ou tiram de circulação algum material por considerá-lo subversivo aos bons costumes, ou exigem que seja embalado e lacrado de forma a resguardar crianças. Bem, eu já fui criança e sei que quanto mais secreto algo for, maior o apelo para romper suas trancas.

Portanto a resposta à sua dúvida depende muito de como enxergamos o ser humano. Quando visto sob a perspectiva do homem natural e de seus instintos carnais, é evidente que um cheiro de churrasco possa me fazer salivar e sentir vontade de comer carne. Neste exato momento o vento sopra vindo da churrascaria da esquina e é assim que me sinto. Se ainda fosse vegetariano, como era antes de minha conversão, eu não diria que o cheiro de abobrinha refogada tivesse o mesmo efeito, mas o de um pão integral quente certamente seria tentador.

O Senhor deixou claro que no homem em sua natureza adâmica e caída não há bem algum e existe em seu coração potencial para exteriorizar todo tipo de mal. Não que ele se torne mal praticando coisas más, e sim que ele pratica coisas más porque a malignidade está entretecida em sua natureza. Tentar excluir sua maldade é como puxar um fio solto de uma blusa de tricô. Se continuar vai ficar sem blusa. Portanto, como um papagaio, ele acaba imitando o que outros fazem por ser facilmente influenciado pelo exemplo.

Por isso a mídia — ao menos a mídia série e ética — evita publicar notícias de suicídios ou de ataques de assassinos em série. Quando publicado é porque se trata de alguma celebridade ou o atentado foi bem sucedido. O suicídio de pessoas comuns ou os ataques que não trouxeram vítimas costumam ficar fora das páginas dos jornais porque poderiam produzir o copycat, expressão inglesa que costuma ser usado para um crime que imite outro.

Mas volto a dizer que essa norma, de ser influenciado pela mídia e assim sair do armário, como se usa para o homossexualismo, nada mais é do que o homem natural exteriorizando o que já trazia latente dentro de si. Ainda que proibissem todo tipo de conteúdo homossexual dos meios de comunicação, o homossexualismo continuaria existindo, do mesmo modo que a violência continuaria, ainda que proibissem todo conteúdo violento de livros, gibis, filmes, músicas etc. Caim não tinha Internet, nem TV, nem videogame, e mesmo assim matou seu irmão.

É neste ponto que alguém poderá alegar que não se pode comparar homossexualismo com violência, pois o homossexual não atenta contra ninguém. Atenta sim, é que você não está considerando o maior ofendido neste caso que é Deus. Ou já se esqueceu do motivo que o levou a destruir Sodoma e Gomorra?

"Ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor... Ao anoitecer, vieram os dois anjos a Sodoma, a cuja entrada estava Ló assentado; este, quando os viu, levantou-se e, indo ao seu encontro, prostrou-se, rosto em terra. E disse-lhes: Eis agora, meus senhores, vinde para a casa do vosso servo, pernoitai nela... Mas, antes que se deitassem, os homens daquela cidade cercaram a casa, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados; e chamaram por Ló e lhe disseram: Onde estão os homens que, à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós para que abusemos deles." (Gn 13:13; 19:1-5).

A mera proibição pelas autoridades de material impróprio não extirpa o mal que está arraigado ao coração do homem. Nem mesmo as ações radicais efetuadas por governos autoritários, como os socialistas, nazistas, comunistas ou de países islâmicos que perseguem e matam homossexuais, não evita que a prática continue. Lembre-se de que nem mesmo uma medida tão radical quanto destruir toda a humanidade e reservar apenas um pequeno grupo que não tinha sido influenciado pela mídia de seu tempo não teve sucesso. Refiro-me ao Dilúvio, pois Noé, depois que saiu da arca, se embebedou e tirou a roupa, deixando seus filhos envergonhados.

"E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente... Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor... E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha. E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda. " (Gn 6:6-8; 9:20-21).

A admoestação dada pelo Senhor  a Caim depois de matar seu irmão foi de que o pecado sempre estaria à sua porta, pronto para picá-lo com sua peçonha. "Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar." (Gn 4:7).

Mas sabemos que aquela exortação era inócua, porque ao longo de séculos de testes ficou muito claro que o ser humano seria incapaz de lidar com o pecado. A serpente à porta sempre seria maior e mais venenosa do que ele seria capaz de evitar. Nas cartas dos apóstolos, que trazem a revelação final e completa dos pensamentos de Deus para com o homem, aprendemos que o veneno da cobra não estava apenas na serpente à porta, mas em nossos lábios.

"Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos." (Rm 3:10-18)

Então é inevitável que, estimulados ou não pela mídia, mais cedo ou mais tarde todo pecado e malignidade saiam do armário do coração humano para mostrar suas asinhas. Só para não perder o costume de fazer analogias, no Jardim do Éden, ao pecarem, Adão e Eva engoliram um pendrive que tinha todos esses arquivos, e cedo ou tarde abrimos um ou todos.

"Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem." (Mt 7:21-23).

Para o incrédulo é inevitável que isso aconteça e, do mesmo modo como nem aqueles cintos de castidade de ferro da Idade Média podiam impedir a donzela de trair seu nobre cavaleiro que viajava para as Cruzadas, não há trancas nem armários que fiquem herméticos às tentações que vêm de fora, porque elas encontram eco e resposta do lado de dentro. Se encontrar alguém que bate muito forte em homossexuais, prostitutas, ladrões, assassinos, corruptos etc. vá devagar com o andor antes de declará-lo de ilibada conduta, pois aquele santo também é de barro. Ele é tudo isso em potencial e tem pavor que alguém enxergue os desejos que saracoteiam pelo seu avesso.

Então como viver com tamanho vírus dentro de nós, pronto a estourar suas pústulas malignas em nossas ações? Bem, no caso do que um dia nasceu de novo, creu em Cristo como seu Salvador, foi selado pelo Espírito Santo e agora é capaz de andar em novidade de vida, a Palavra de Deus ensina que o crente já está aparelhado para enfrentar isso. Apesar de nosso velho homem ter sido pregado lá na cruz em Cristo, e estarmos perdoados de todos os pecados, nossa carne continua viva e ativa em nós, por isso precisamos de uma estratégia nas duas pontas: na tentação e no como lidar com ela.

"Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia", escreve o apóstolo Paulo algo que serve também para os carolas de plantão que se acham mais justos, puros e piedosos que todo mundo. E continua: "Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar. Portanto, meus amados, fugi da idolatria." (1 Co 10:12-14).

O incrédulo peca porque isso é inevitável a ele, não está equipado com o Espírito Santo e nem com o escape proporcionado por Deus. A diferença é tão grande quanto um carro velho sem freios, espelhos e farol, e um de última geração que vem com freios ABS, câmeras, alarme de proximidade e... deixo para você completar a lista porque não entendo muito de carros. Nenhum cristão poderá alegar que o freio falhou na hora em que foi tentado, ou que não viu a situação de risco se aproximando. O incrédulo peca porque não pode evitar; o cristão peca porque quer pecar.

Se você observou o final da passagem, ali a Palavra de Deus nos diz para fugirmos da idolatria. Talvez você esteja pensando em jogar fora aquela réplica da Taça Jules Rimet, que representa a deusa grega Nice da vitória, ou a miniatura da estátua da Liberdade que comprou no aeroporto e representa a deusa romana Libertas, ou ainda um quadro da Santa Ceia de extremo mau gosto que não pode tirar da parede da sala porque foi bordado pela sogra... Mas se voltar um pouco no texto verá isto: "Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar." (1 Co 10:7).

Isso mesmo, aqui idolatria não fala de imagens de pau e pedra, fala de satisfação pessoal e entretenimento. Como assim? Comer, beber e se divertir são pecados? Começando pela diversão, que na Bíblia é comparada ao mel, Provérbios nos exorta: "Achaste mel? come só o que te basta; para que porventura não te fartes dele, e o venhas a vomitar." (Pv 25:16). Então não é que a diversão seja proibida, mas é bom saber que se for ela a controlar você acabará escravo dela. "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma." (1 Co 6:12).

Quanto ao comer e beber, algumas religiões vêm com uma lista de proibições, desde bebidas alcoólicas até carne de porco e outros alimentos que eram vedados pela Lei Mosaica. Aí você é convidado para aquela churrasco de uma igreja que proíbe beber vinho e vê uma verdadeira orgia de apetite desordenado disputando no braço os melhores nacos. A questão é que Deus não proíbe nem o comer carne e nem o beber vinho, o que a Bíblia condena é a glutonaria e a embriaguez ou seja, o exagero nessas coisas. Ao falar da necessidade de vigilância, o Senhor advertiu os seus: "E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida" (Lc 21:34).

Não há desculpa para um verdadeiro cristão dizer que foi influenciado pela mídia ou que nasceu assim, e por isso decidiu sair do armário e se casar com outra pessoa do mesmo sexo. Se isso fosse um homem poderia argumentar que nasceu com excesso de hormônios masculinos e não consegue viver sem agarrar qualquer mulher que passar pela frente. Ou uma cleptomaníaca que é incapaz de resistir roubar bijuteria nas lojas. O crente, embora ainda tendo em si a carne pecaminosa, não deve andar sob o comando dela, mas sob o comando do Espírito Santo que agora habita em si.

Para mostrar como é míope nossa avaliação de pecados, repare que entre os que são condenados na passagem a seguir estão lascívia (libertinagem ou sexualidade exagerada), inimizades, emulações (rivalidade ou desejo de prejudicar alguém), iras, pelejas, dissensões, invejas e glutonarias, coisas que achamos perfeitamente normais e nem sempre julgamos quando as sentimos.

"Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.  Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito." (Gl 5:16-25).

por Mario Persona

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Esperar pela vida futura causa depressão?

Você escreveu que sofre de depressão e que isso "realmente inferniza a vida, pois muda a perspectiva. A vida perde o sabor aquilo que era doce agora é amargo. Não tem mais cor, há desinteresse, tédio, falta de vontade, vigor e força. A depressão é cinza e turva a visão de quem tem essa doença. Não há futuro, só um presente penoso e ás vezes incerto. É isso o que eu sinto. E eu confesso que é maravilhoso ter a certeza da salvação, contemplar a Glória de Cristo. Mas estou confusa.".

Há quem diga que depressão é se ocupar demasiadamente com o passado, estresse é a ocupação exagerada com o presente, e ansiedade aquilo que dá em quem fica muito preocupado com o futuro. Será que o cristão deveria viver assim? Tirando o lado clínico da depressão, pois em muitos casos ela é resultado de uma disfunção química que leva a distúrbios do pensamento, não acredito que um cristão deva alimentar o sentimento de depressão. Há muitos anos eu disse à minha namorada na época que estava na fossa e ela perguntou: "E o que tem na fossa é bom?". Nunca me esqueci daquilo.

Realmente não existe nada de bom em uma fossa, e quem já viu uma transbordar pelo excesso de excrementos sabe de que estou falando. Então por que insistir em ficar lá? Alguém poderá alegar que é por não existir meios de fugir, mas quando entendemos que Cristo já resolveu nosso passado, cuida do presente e é a mais brilhante perspectiva em nosso futuro, não deveríamos nos ater a nenhuma das dificuldades de cada tempo.
O sentimento do cristão pode até se assemelhar ao de um depressivo, já que não vê mais esperança aqui nessa terra e não vê a hora de estar junto ao Pai. Mas isso é uma análise muito superficial daquilo que deve ser o sentimento do cristão. Você disse estar deprimida mesmo conhecendo a Verdade que é o próprio Jesus, e que não deve depositar qualquer esperança neste mundo e estar totalmente dependente do Pai. Mas ainda assim se sente corroída por dentro.

Eu me sinto corroído por dentro quando paro para olhar para dentro. Aí me dou conta de estar me ocupando com um com quem não deveria me ocupar: Eu mesmo. Como já disse, a depressão pode ser consequência de disfunções químicas do organismo, por isso é sempre bom consultar um médico. Mas a certeza da salvação e de que a qualquer momento estaremos com o Senhor não deveria causar depressão como parece ser sua ideia, muito pelo contrário.

Saber que esta vida é volátil e efêmera, e que nosso Lar não é aqui, não deveria servir de combustível para a depressão. Ao contrário, deveria causar em nós um ânimo ainda maior de servir ao Senhor no breve tempo que ainda nos resta aqui, de anunciar a outros o seu amor, de levar mais pessoas a conhecerem sua maravilhosa graça.

Pense em alguém no aeroporto prestes a embarcar que se lembrou de que tem pouco tempo para comprar presentes para toda a família. Ele não vai ficar sentado se lamentando, mas vai correr de um lado para outro, de loja em loja, escolhendo o que existe de melhor para levar para os seus. A certeza da Salvação e do embarque iminente para o céu não nos leva ao marasmo e depressão, muito pelo contrário: gera em nós um senso de urgência.

E, chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: NEGOCIAI ATÉ QUE EU VENHA." (Lc 19:13).

Um bom texto para entendemos a atitude que devemos ter neste exílio em que vivemos no mundo, enquanto aguardamos nossa ida para nosso lar celestial, é a carta que Jeremias enviou aos judeus cativos que estavam habitando em Babilônia. Eles tinham tudo para estarem deprimidos. Estavam exilados, fora de sua amada Jerusalém, eram ali cidadãos cativos e de segunda categoria, tinham seus pensamentos no lar da terra prometida, mas nada disso deveria desanimá-los. Pelo contrário, a carta que Deus inspirou Jeremias a escrever a eles mostrava que deviam ser ativos e produtivos enquanto estivessem ali aguardando sua libertação.

"Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os do cativeiro, os quais fiz transportar de Jerusalém para Babilônia: Edificai casas e habitai-as; e plantai jardins, e comei o seu fruto. Tomai mulheres e gerai filhos e filhas, e tomai mulheres para vossos filhos, e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas; e multiplicai-vos ali, e não vos diminuais. E procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz. Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhos, nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que sonhais; porque eles vos profetizam falsamente em meu nome; não os enviei, diz o Senhor. Porque assim diz o Senhor: Certamente que passados setenta anos em Babilônia, vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar. Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração. E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos e congregar-vos-ei de todas as nações, e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei." (Jr 29:4-14).

por Mario Persona

Arminianismo e Calvinismo - J. N. Darby


Que Cristo morreu por todos é, como já vimos, dito muitas vezes nas Escrituras. Portanto reconheço Sua morte para o mundo como a base, a única base aproximação para o mundo, estando o amor mostrado nela. Quando um homem crê, posso dizer: Agora tenho mais a dizer-lhe: Cristo levou todos os seus pecados; eles nunca poderão ser mencionados novamente.

Se olharmos para a diferença da pregação arminiana e calvinista, veremos o significado disso imediatamente. Os arminianos pegam a morte de Cristo por todos e geralmente conectam a carga de pecados a ela; e tudo é confusão quanto à realidade e eficácia de Cristo levando nossos pecados, pois eles negam qualquer obra especial para o Seu povo. Eles dizem: se Deus amou a todos, não pode amar particularmente alguns. O resultado disso é uma salvação incerta, e o homem freqüentemente acaba sendo exaltado. Assim, o bode expiatório é praticamente posto de lado.

O calvinista considera que Cristo está levando os pecados do Seu povo, para que eles sejam salvos efetivamente; mas ele não vê mais nada. Ele dirá: Se Cristo amou a igreja e se entregou por ela, não pode haver amor verdadeiro por qualquer outra coisa. Assim, ele nega a morte de Cristo por todos e o caráter distintivo da propiciação, e o sangue no propiciatório. Ele não vê nada além de substituição.

A verdade é que nos é dito que Cristo ama a igreja, nunca o mundo. Isso é um amor de relacionamento especial. Deus nunca diz que ama a igreja, mas o mundo. Isto é bondade divina, o que está na natureza de Deus (não o Seu propósito), e a Sua glória é o verdadeiro fim de todos.

Mas eu não me detenho nisso, pois quero apenas apontar a confusão feita com propiciação e substituição, que necessariamente leva à confusão no evangelho, enfraquecendo a mensagem para o mundo, ou enfraquecendo a segurança do crente, e em todos os aspectos criando incerteza no anúncio da verdade. Creio que a busca sincera das almas, e pregar a Cristo com amor a Ele, será abençoado onde houver pouca clareza, e isso é mais importante que a total exatidão da declaração. Ainda assim, é um consolo para o pregador deixar claro, mesmo que não pense nisso no momento; e, quando for edificar sobre isso mais tarde, a solidez do alicerce é da maior importância.
J. N. Darby em "Propitiation and Substitution"

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

sábado, 3 de agosto de 2019



Gospel Prime
    
As heresias primitivas da igreja
“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. (2 Pedro 2:1)
Por
No artigo anterior, vimos que as heresias estão em campo desde antes da fundação da igreja, mas que a igreja arrastou consigo, visto que a igreja nasceu dentro do judaísmo. Dentre as principais seitas que existiam no início do chamado cristianismo se destacavam os fariseus de escolas diferentes (Hilel e Shamai), os saduceus, os mais influentes na sociedade. Os essênios, grupo menos urbanos e dedicados às orações no deserto, e os zelotes, aqueles que combatiam na força do braço os opressores políticos de Israel.
Também vimos que os primeiros cristãos eram judeus, e Jesus já os separava do mundo, como uma ekklesia de 13 pessoas, se preparando numa reforma no reino eterno, anunciada antes pelo profeta Isaias. E, que a igreja de Cristo foi organizada pelos primeiros discípulos, sendo o apóstolo Paulo, aquele que mais destacou os ensinos de Jesus na organização das comunidades, e, assim como Pedro e Tiago, resolveram atuar de forma efetiva no combate às seitas e heresias judaicas daquele tempo. É sabido pela Bíblia, que João Batista já atuava como igreja, tal qual Jesus o admirou perante os homens. Por isso, até caberia apontar o apóstolo o judeu JB como o precursor da igreja, pois além de discipular, batizar e pregar sobre o reino dos céus, João Batista convocava todos os judeus aos arrependimento, um serviço da igreja. Contudo, aqui neste trabalho, não caberia minuciar tais contribuições, pois o interesse aqui é dissertar sobre as heresias, embora tenhamos que mencionar a historia da igreja em algumas linhas para melhor entendimento contextual do leitor.
Nos primeiros séculos da igreja, depois que os apóstolos se foram para o Pai, as heresias continuaram a se manifestar. O combate dos discípulos que recebiam o bastão, ou seja, a responsabilidade de continuar o ensino de Cristo e a Doutrina dos Apóstolos teve grandes desafios pela frente.
Mas, os discípulos contavam com um aliado ainda desconhecido na terra, porém forte no selo espiritual com a igreja, e Justo Gonzalez, em seu trabalho “A Era dos Mártires”, reafirma que “o verdadeiro ator da implantação e crescimento da Igreja é o Espírito Santo, que por meio do poder outorgado aos discípulos de Jesus fez com que eles pudessem cumprir a missão definida em Atos 1.8.”
No tempo dos apóstolos judeus, e depois deles, na história cristã, continuada em paralelo pelo ortodoxismo oriental e catolicismo romano, a igreja se deparou com várias heresias como o gnosticismo, marcionismo, monarquianismo, sabelianismo, maniqueismo, adocionismo, pelagianismo, donatismo, iconoclasmo, docetismo,  nestorianismo, apolinarianismo, eutiquianismo, monotelistismo, albigenses. A maioria dessas teorias colocavam em dúvida a natureza de Deus, de Cristo, ora duvidando de sua  divindade, ora de sua encarnação entre os homens.
Algumas heresias fizeram surgir e disseminar diversas seitas as quais confundiam e ainda confundem as pessoas até hoje, como é o caso do movimento da Nova Era (apologia ao gnosticismo) em relação aos aspectos físicos da natureza humana e de seu autoconhecimento como o gnosticismo, por exemplo negando que Jesus não poderia ser o Verbo que virou gente, porque supostamente físico não poderia ser considerado santo, etc. Portanto, estes acreditam que qualquer coisa material é má, o que contraria as visões proféticas sobre a criação, quando Isaías relata que toda a terra está cheia da glória de Deus (Isaías 6:3).
Hoje, porém, vamos nos deter em apenas algumas das heresias históricas mais sensíveis ao nosso tempo, e que ainda permeiam os cultos de nossas igrejas todos os dias em suas reuniões ou costumes praticados.
Montanismo
Movimento criado na Ásia Menor, por Montano, um sacerdote pagão do século II, convertido ao cristianismo religioso. Dizia-se profeta possuído pelo Espírito Santo, e arrebatou centenas de seguidores.
Isso era aparentemente bom, porém, havia um problema muito grave em sua retórica. O problema não estava nessas proposições. A dificuldade estava em outras afirmações de Montano e os montanistas. A razão porque o resto da Igreja se opôs à pregação dos montanistas não foi sua ênfase nas profecias, mas a sua pretensão de que agora começava uma nova era, o fim da história. Os pensadores que refutassem o ensino eram considerados blasfemos contra o Espírito Santo.
Pelagianismo
Foi um movimento que surgiu no século V. Seu fundador, um monge gaulês, chamado pelágio, ensinava que o homem pode chegar a Deus através de sua moralidade e méritos próprios, necessitando apenas de uma pequena ajuda da graça de Deus. Mas, isso contraria a Palavra de Deus em Efésios 2:8, que diz: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”.
Esse pensamento permeia a vida de muitos religiosos até os dias de hoje, levando muitos cristãos ou adeptos do espiritismo ao ativismo religioso e social como prova de seu relacionamento e recebimento de favor de Deus em troca de seus méritos.
Obviamente que a igreja não deve estar alienada à liturgia de seu templo, mas tem a obrigação de atender aos necessitados em suas aflições, contudo essa parte politicamente correta, não tem significado algum para o céu, se isto for apenas um projeto de ordem promocional, política ou religiosa para alcançar a salvação em Jesus.  Antes que o homem resolva transformar algo no reino de Deus, o reino de Deus precisa transformar este homem primeiramente. É pela fé e não por obras de justiça que alcançamos a Deus.
Sobre isso Paulo avisou a Tito:
“Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia, Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e restaurador do Espírito Santo” (Tito 3:5).
Monasticismo
O monasticismo é um movimento que ainda hoje causa reações diversas entre os cristãos (e também não-cristãos!) Alguns o execram. Outros o veneram. No romanismo ele é um movimento respeitadíssimo. No protestantismo, pelo contrário, é visto com extrema suspeita, para não dizer desdém.
Provavelmente a oposição protestante deva-se ao próprio Lutero e aos demais reformadores. Para eles, o monasticismo “encoraja a ideia de que existem dois caminhos até Deus, um superior e outro inferior.” E de fato, este pensamento que coloca o clero ou os monges num nível superior aos demais cristãos é estranho ao evangelho que postula o sacerdócio universal de todos os santos (1 Pe 2.9-10).
E, conquanto se possa dizer que nem todos os monges foram afetados pelo orgulho dessa ideia, o fato é que com o passar dos anos, muitos monges chegaram a pensar que, já que a sua vida evidenciava um nível de santidade mais elevado que o dos bispos e demais dirigentes da Igreja, eram eles que deveriam decidir em que consistia a verdadeira doutrina cristã.
Independente da posição que se toma frente ao monasticismo, o fato é que esse foi um movimento importante e abrangente na história da Igreja. E é sobre ele que daremos mais informações a partir de agora.
Comecemos pelo pano de fundo do movimento. Ele foi, em grande medida, uma reação ao mundanismo que se via na comunidade cristã, especialmente dos séculos IV e V. A maioria dos que entravam para a Igreja era realmente pagã, gente de vida reprovável. Diante disso, era natural que aparecesse uma queda no nível moral do caráter cristão.” O luxo e a ostentação se apossaram dos altares cristãos e o caminho estreito se transformou numa larga avenida. O próprio clero estava maculado, pois os bispos competiam pelas posições de mais “prestígio” dentro da Igreja. Gregório de Nazianzo também chegou a dizer que “os postos principais da Igreja são obtidos pela prática do mal, não pela virtude; e a posição de bispo não pertence ao mais digno, mas ao mais poderoso.” Assim estava a Igreja a partir da adesão de Constantino ao cristianismo.
Além disso, como afirma Justo Gonzalez, ainda que o gnosticismo tenha sido derrotado, “seu impacto continuou se fazendo sentir na opinião de muitos, que pensavam que de um modo ou de outro o corpo se opunha a vida plena do espírito, razão pela qual era necessário sujeitá-lo e até castigá-lo.”
Bárbara Tuchman, em Marcha da Insensatez, lembra ao mundo que por seis décadas de desgovernos dos papas, no auge da Renascença, estes por exacerbarem o espírito secular de seu tempo a paroxismos de venalidade, imoralidade, e espantoso poder político, ignorando todos os apelos e protestos de uma reforma, não apenas trouxeram má reputação à Santa Sé como também romperam a união da cristandade e perderam metade dos fiéis para secessão protestante.
Mas, agora, um parênteses para pensar no que ocorre na esfera política da igreja evangélica, que como os saduceus e alguns fariseus se empenham em tornar o reino de Deus como uma sociedade comum de vaidosos em busca de títulos nobres em troca de favores. Representariam esses favores políticos mais ameaças aos propósitos divinos para o seu povo, que é fugir de ensinos falsos, ou seja, de seitas e heresias?
Voltando à história da igreja, do lado de fora, o movimento monástico recebeu influências da filosofia clássica que via o corpo como prisão ou túmulo da alma. A tradição estoica estava bastante difundida à época do movimento monástico. Pregava o domínio das paixões ao ponto de excluir lícitos prazeres. Também várias religiões da costa mediterrânea tinham virgens sagradas, sacerdotes solteiros e eunucos que se separavam para o serviço dos deuses. Os cristãos usaram tudo isso como exemplos e logo os somaram aos incentivos das Escrituras, para dar forma ao monaquismo cristão. Uma mistura de ritos pagãos estava sendo inserida sutilmente no contexto cristão.
Resumindo, o movimento monástico surge e se desenvolve por causa de três fatores:
1) a mundanização da Igreja.
2) segundo: a interpretação bíblica tendenciosa.
3) terceiro: a religiosidade ascética do paganismo. Inicialmente o movimento se encontra na parte oriental do Império. Entretanto, “no século IV a ideia monástica chegou ao ocidente. Ganhou logo popularidade e muitos homens tornaram-se monges e freiras.
Literalmente milhares de homens e mulheres viram nesse movimento a expressão do verdadeiro cristianismo. E, ainda que não se desligassem da Igreja, viveram um cristianismo solitário e distante da Igreja.
E realmente, muitos cristãos daquela época chegaram “a pensar que a verdadeira vida religiosa, tanto para homens como para mulheres, seria dar de mão a todos os bens, viver em pobres alojamentos, vestir-se sem conforto, alimentar-se muito pouco, flagelar-se em penitencia, viver em celibato”.
Sabemos das raízes, mas quem foi o fundador deste movimento? Não se sabe e provavelmente nunca se saberá. O que sabemos é que desde o século II há a menção de monges nos desertos, especialmente egípcio. Mas, apesar de não sabermos quem foi o primeiro, Antônio é considerado o primeiro monge. Esse homem foi filho de pais abastados. E aos 20 anos, com o falecimento deles, herdou considerável fortuna que poderia fazer tanto ele quanto sua irmã viverem o resto de suas vidas sem problemas.
 O Combate às heresias
Ainda na história da igreja, os movimentos heterodoxos tiveram a sua importância para a efetivação da autoridade e firmeza da ortodoxia. Graças a esses movimentos que a igreja rejeitou e repeliu com veemência tais movimentos gnósticos e também marcionistas. Era necessário seguir os princípios fundamentais dos ensinamentos de Cristo para que o Cristianismo não fosse extinto por causa das heresias que surgiam a cada tempo na história da igreja dos primeiros séculos.
Até o século V, neste cenário de perseguições e heresias, que se forma a Igreja Católica, naquele momento, responsável, dentro do possível, pelo combate às heresias e aos exageros praticados em nome da fé cristã.
O catolicismo, naquele momento, ajudou a manter o cristianismo vivo dentro de um cenário confuso. As bases da ortodoxia e da heterodoxia são fixadas nestes tempos.
Ao tempo que se combatia heresias, o próprio romanismo protagonizou experiências duvidosas em sua história. Um bom exemplo disso é a afirmação que hoje soam estranhas ou são rejeitadas pela fé dos reformistas da igreja dos séculos de dois dígitos. Uma dessas afirmações é que fora da Igreja Católica não há salvação. Dentro daquele contexto, era mais do que importante, era fundamental criar-se unidade e parâmetros para diferenciar o certo do errado, o verdadeiro do falso.
As heresias da igreja moderna
As heresias continuam nascendo todos os dias, na sua grande maioria por causa da ganância, resistência às Boas Novas ou por causa da vaidade do coração do homem. Elas são muitas, e já muito bem conhecidas em nosso tempo. Por isso, não é necessário nesse pequeno artigo o tratamento de todas elas. Contudo, eis ao menos três heresias da igreja evangélica do século XXI:
No campo do empoderamento, muitas são as seitas dentro do cristianismo. Uma das mais velozes heresias está nesta área do imperialismo e do poder religioso. Você conhece alguma religião que tenha um país exclusivo para o desenvolvimento político de sua religiosidade?
Na área do faccionismo, a igreja tem buscado levantar uma bandeira que Jesus não a promoveu, que é a bandeira do denominacionalismo. Igrejas preocupadas em estabelecer a sua “marca”, e nisto se empenhando como a premissa do ensino de Cristo e dos apóstolos. Talvez a heresia mais praticada no Brasil, quando se alega que a marca da denominação é mais importante do que a fé. Um espírito de facção combatido por Paulo em I Coríntos 1-12 13:
Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo.Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?
Você se lembra de algum movimento evangélico em que os discípulos são muito pobres e os líderes milionários e famosos? A heresia monarquista é dissimuladamente disseminada nas igrejas mais pobres e até as mais ricas. Nesse campo das finanças as pessoas são levadas ao engodo de buscar uma riqueza ou bênção nesta vida, tão somente se atender a condição especial de “dizimar” ou “ofertar” como pré-requisito único de atendimento às suas orações e necessidades. Uma troca de favores com Deus? Comprar coercitivamente qualquer objeto considerado “consagrado” por valores exorbitantes nem lhes confunde a mente. Não sabem que estão ficando mais pobres a cada dia ao alimentar às vaidades e o ego de falsos profetas, gananciosos e sedentos de holofotes e mais luxúrias no campo da mentira. Jesus é o maior tesouro da igreja. Se os fiéis soubessem que já são ricos e prósperos, e que ter Um Tesouro Inegociável como é Jesus e as suas promessas, isso já bastaria para receber uma herança maior. Se a igreja soubesse dessa riqueza e dessa bênção eterna, abandonaria essas dependências absolutas de iluminismo, coisas e objetos temporais, para se dedicaram ao que Cristo mandou fazer. Aqui nesse campo verifica-se ao menos dois anseios dos fiéis: a alta ansiedade e a necessidade de riqueza material. Porém, não é necessário o flagelo, nem a bajulação, nem os sacrifícios financeiros, nem negociações espirituais. Se você é de Cristo, então você já é rico.
Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?”  (Tiago 2:5) 
Conclusão
A igreja cristã, que foi formada inicialmente por judeus, teve desde a sua fundação, fortes crises de combate direto aos hereges e aos falsos profetas e apóstatas da fé.
Mas, em todos os tempos o Deus Eterno levantou homens e mulheres de fé e de intensa firmeza em seus princípios eternos, os quais empregaram tempo em oração, disciplina na Palavra, perseverança, liderança e força para combater as seitas e heresias. Na igreja de nosso século continuamos a combater as seitas e às heresias, pois as tais ameaças ao cristianismo ainda continuam se multiplicando pelo mundo. Mas, Deus continua trabalhando e levantando os seus filhos de fé deste há muito tempo para continuar a “combater o bom combate”, guardar a fé, até completar a sua carreira, como se dedicou o nosso apóstolo Paulo dentre outros heróis da fé.  Então, podemos dizer que as heresias acabam por ajudar a definir os fundamentos da fé da forma como temos visto na história da igreja até os dias de hoje.
“Porque os ídolos têm falado vaidade, e os adivinhos têm visto mentira, e contam sonhos falsos; com vaidade consolam, por isso seguem o seu caminho como ovelhas; estão aflitos, porque não há pastor. (Zacarias 10:2).
Sigam a Jesus! Ele é o Caminho, A Verdade, e a Vida!

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Quem veio matar, roubar e destruir?


“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador” ( Jo 10:1 )

Quem veio matar, roubar e destruir? A resposta é simples e fácil: o ladrão! “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir”( Jo 10:10 ).

Porém, há quem divulgue que o diabo é quem veio matar, roubar e destruir. Seria o diabo o ladrão que Jesus faz referência?

É comum ouvirmos mensagens enfatizando que o diabo veio para matar, roubar e destruir a saúde, a família e as finanças do homem. Outros alegam que o diabo veio para matar, roubar e destruir a paz, a fé, a esperança, o amor, a salvação, etc., do cristão.

Seria isto verdade?

A bíblia nos garante que Cristo é a nossa paz, fé, esperança, amor e salvação. O diabo seria capaz de roubar, matar e destruir o cristão?

As parábolas e a missão de Jesus

Após dizer aos escribas e fariseus qual era a sua missão, Jesus propõe uma parábola a eles.

A missão de Jesus é clara: “Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos”( Jo 9:39 ). O que Jesus quis dizer com estas palavras, se Ele mesmo disse que a ninguém julga ( Jo 8:15 ).

Ora, os textos abordam aspectos diferentes da missão de Jesus. Quando Ele diz que ‘a ninguém julga’, evidência que o mundo já foi julgado e está sob condenação ( Rm 5:18 ; Jo 16:11 ; Jo 3:18 ). E, quando Ele diz que ‘veio ao mundo para juízo’, demonstra que a sua presença neste mundo é cumprimento cabal das Escrituras.

Jesus veio ao mundo conforme o previsto nas Escrituras, de modo que por diversas vezes Ele sinaliza que veio ao mundo em função da sua missão prevista “Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento” ( Mc 2:17 ); “Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz” ( Jo 18:37 ); “E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” ( Jo 12:47 ); “Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” ( Jo 12:46 ); “Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora” ( Jo 12:27 ); “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” ( Jo 10:10 ).

Ou seja, todas as vezes que Jesus faz referência ao motivo pelo qual veio, tal motivo vincula-se a salvação dos homens. Como a salvação é promessa exarada nas Escrituras, Cristo veio para salvar cumprindo e sendo o cumprimento das Escrituras, de modo que, os que não veem passam a ver e, os que veem, torna-se cegos ( Sl 146:8 ; Is 29:8 ; Is 42:7 ; Is 43:8 ; Is 56:10 ).

Ao dizer: “Eu vim a este mundo para juízo”, Jesus estava dizendo por parábola que convinha cumprir toda a justiça ( Mt 3:15 ), pois Ele não veio ab-rogar, pois é o cumprimento das Escrituras “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido” ( Mt 5:17 -18).

Quando os fariseus ouviram as palavras de Jesus, entenderam que era algo pejorativo ser cego, mas Cristo lhes fala novamente por parábola, segundo o que profetizou o profeta Isaías: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso o vosso pecado permanece” ( Jo 9:41 ; Is 56:10 ).

Lembrando que nada Jesus falava aos fariseus sem utilizar parábolas “E sem parábolas nunca lhes falava; porém, tudo declarava em particular aos seus discípulos”( Mc 4:34 ), propôs um nova parábola “E ele disse: A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros por parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam” ( Lc 8:10 ).

A parábola

“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos” ( Jo 10:1 -5).

A parábola é um recurso que estabelece um quadro vivo na mente de quem ouve e impede o ouvinte de esquecer a exposição, esse foi o meio previsto nas Escrituras que o Cristo utilizaria para ensinar.

E ainda, as parábolas contêm enigmas, e os enigmas dificultava, para o povo, a compreensão das parábolas, mas aos discípulos Jesus desvendava o enigma de modo que lhes era ensinado abertamente a palavra de Deus “Inclinarei os meus ouvidos a uma parábola; declararei o meu enigma na harpa” ( Sl 49:4 ); “Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem” ( Mt 13:13 ).

Com os fariseus, Jesus só falava por meio de parábolas, como se lê: “E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas” ( Mc 4:11 ); “E sem parábolas nunca lhes falava; porém, tudo declarava em particular aos seus discípulos”( Mc 4:34 ).

Aos fariseus Jesus diz:

Aquele que não entra no curral das ovelhas pela porta, mas que se utiliza de outros artifícios é ladrão, salteador;Aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas;O porteiro abre a porta somente para o pastor;As ovelhas ouvem a voz do pastor e o segue para fora do curral, pois conhecem a voz do pastor, e;As ovelhas de modo algum seguem o estranho, pois não conhecem a voz do estranho e fogem do estranho.

Quando Jesus contou a parábola com os elementos elencados acima, os fariseus não compreenderam. Apesar de terem questionado o Senhor Jesus por tê-los chamados de cegos, não perceberam que, pelo fato de não compreenderem o exposto por Cristo, verdadeiramente eram cegos, de modo que a profecia cumpria-se cabalmente neles “Jesus disse-lhes esta parábola; mas eles não entenderam o que era que lhes dizia”( Jo 10:6 ).

Apesar de lerem nos salmos que só Deus pode abrir os olhos aos cegos, desconsideram o milagre e não compreenderam a parábola de Jesus “O SENHOR abre os olhos aos cegos; o SENHOR levanta os abatidos; o SENHOR ama os justos” ( Sl 146:8 ).

Diante da cegueira dos fariseus em não considerarem o milagre operado, Jesus explica a parábola desvendando o enigma.

Jesus disse estar dizendo a verdade em verdade e lhes expõe que era necessário entrar pela porta do curral das ovelhas para não ser um ladrão, um salteador. Sem a explicação de Jesus a parábola ficaria vaga, pois ela contém enigmas indecifráveis “Abrirei a minha boca numa parábola; falarei enigmas da antiguidade” ( Sl 78:2 ).

Jesus dá o significado da enigmática parábola ao dizer: “Eu sou a porta das ovelhas” (v. 7), ou seja, Jesus identifica-se como a porta. Já o ladrão, o salteador são os que vieram antes de Cristo (v. 8).

Ora, o Bom pastor diz de Cristo, o Servo do Senhor, portanto, um homem. De igual modo, os que vieram antes de Cristo só podem ser homens e não o diabo. Ora, o diabo não é o ladrão, o salteador que a parábola apresenta diz dos lideres de Israel, homens que tinham a função de ‘cuidar das ovelhas do Pai’, porém, prevaricaram nas suas atribuições.

Jesus enfatiza que todos os que vieram antes d’Ele são ladrões, salteadores, mas as ovelhas não os ouviram (v. 8). Novamente Jesus identifica-se como a porta e faz um convite na condição de Bom Pastor: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens” (v. 9). Diversas vezes os fariseus leram acerca da porta que os justos deveriam entrar, mas diante da porta estavam como que cegos: “Esta é a porta do SENHOR, pela qual os justos entrarão” ( Sl 118:20 ).

Por terem nascidos segundo a carne e o sangue de Abraão, consideram que já haviam entrado pela porta dos justos, porém, como não tinha a mesma fé que o crente Abraão que creu que no seu Descendente as famílias da terra seriam bem-aventuradas para ser justificado, ainda continuavam sendo filhos da ira e da desobediência, porque haviam entrado pela porta larga, que é Adão.

Por terem entrado pela porta larga, que é Adão, os fariseus haviam se desviado desde a madre, em iniquidade e em pecado foram formados, de modo que estavam em igual condição a todos os homens ( Sl 58:3 ; Sl 51:5 ; Sl 53:2 -3).

Quando Jesus se apresenta como a porta, apresentou-se na condição de último Adão, a porta dos justos. Os fariseus rejeitaram a pedra de esquina, a vítima, a luz, o bendito que veio em nome do Senhor ( Sl 118:1 -29).

Enquanto os que vieram antes de Cristo somente roubavam, matavam e destruíam, Jesus contrasta a sua missão com a deles “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (v. 10). Por que eles eram ladroes? Porque eles eram obreiros da iniquidade, que se alimentavam do povo como se fosse pão “Acaso não têm conhecimento os que praticam a iniquidade, os quais comem o meu povo como se comessem pão? Eles não invocaram a Deus”( Sl 53:4 ).

Os lideres de Israel eram ladrões, salteadores por subtraírem a palavra de Deus que concede vida aos homens. Sob o pretexto de sacrifícios (orações prolongadas, jejuns, festas, dias, luas) extorquiam a casa dos necessitados (viúvas, órfãos) ( Mt 23:14 ). ‘prolongadas orações’ é figura de sacrifícios, e viúvas e órfãos são figuras utilizadas para ilustras os necessitados, os pobres de espíritos.

Quando os fariseus ensinavam que não era necessário aos filhos de Israel dar aos seus pais o que pediam sob o pretexto de que fora oferecido como oferta ao Senhor, criaram um subterfúgio para não observarem a lei que tanto idolatravam ( Mt 15:5 ; ). Além de roubar, as palavras que proferiam eram palavras de morte, pois todos os que ingeriam os seus ‘ovos’, tornavam-se serpentes ( Is 59:5 ). Todos que se tornavam prosélitos, tornavam-se duas vezes mais filhos do inferno ( Mt 23:15 ).

As ovelhas pertencem ao Pastor e o Pastor tem cuidado delas. Já o mercenário, por não ser o pastor, a quem as ovelhas pertencem, vê o perigo e o risco, mas não se interpõe de modo a proteger o rebanho. Diante do perigo, deixa as ovelhas e foge ( Jo 10:12 ).

Os lideres de Israel foram os responsáveis pela dispersão (diáspora) dos filhos de Israel por não acatarem o contido nas Escrituras e a maldição predita por Moisés sobreveio ao povo ( Dt 29:27 -28). Mesmo após terem percorrido o deserto sobre a liderança de Moisés, Deus já protestava contra eles que não lhes foi dado olhos para ver, ou seja, estavam cegos “Porém não vos tem dado o SENHOR um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje” ( Dt 29:4 ).

O peso do Senhor contra os lideres de Israel que fazia o povo desviar-se de cumprir a sua palavra foi reiterado por diversas vezes pelos profetas “Uivai, pastores, e clamai, e revolvei-vos na cinza, principais do rebanho, porque já se cumpriram os vossos dias para serdes mortos, e dispersos, e vós então caireis como um vaso precioso” ( Jr 25:34 ).

O povo tornou-se comparável a ovelhas perdidas, pois deixaram o Senhor (lugar de repouso) e passaram a confiar na proteção oferecida pelas nações (montes e outeiros) vizinhas através de alianças “Ovelhas perdidas têm sido o meu povo, os seus pastores as fizeram errar, para os montes as desviaram; de monte para outeiro andaram, esqueceram-se do lugar do seu repouso” ( Jr 50:6 ; Os 7:1 e 11 ; Sl 50:16 -18).

Da mesma forma que os profetas falavam ao povo por enigmas e parábolas, Jesus retransmite a mesma mensagem demonstrando que haviam transformado a casa de Deus em uma ‘caverna de salteadores’, um ‘covil de ladrões’ “É pois esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o SENHOR” ( Jr 7:11 ); “Os teus príncipes são rebeldes, e companheiros de ladrões; cada um deles ama as peitas, e anda atrás das recompensas; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa da viúva” ( Is 1:23 ); “E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões” ( Mt 21:13 ); “Como as hordas de salteadores que esperam alguns, assim é a companhia dos sacerdotes que matam no caminho num mesmo consenso; sim, eles cometem abominações” ( Os 6:9 ); “SARANDO eu a Israel, se descobriu a iniquidade de Efraim, como também as maldades de Samaria, porque praticaram a falsidade; e o ladrão entra, e a horda dos salteadores despoja por fora” ( Os 7:1 ).

Como os lideres de Israel prevaricaram em suas atribuições, estavam surrupiavam o povo da Verdade que Deus lhes dissera. Em nenhuma das referências bíblicas do A. T. ha Deus fazendo referência aos demônios como os ladrões, ou salteadores, porque Deus trata na sua palavra com os homens e não com os demônios ou com os animais.

O apóstolo Paulo é claro: Tudo o que a lei diz, diz aos que estão debaixo da lei ( Rm 3:19), de modo que tanto os judeus quanto os gentios são escusáveis diante de Deus. Portanto, quando se lê os profetas, verifica-se que eles protestavam contra o povo de Israel declarando-os como ladrões e salteadores. Enquanto Deus requer o amor, os lideres de Israel impunha ao povo sacrifícios ( Os 6:6 ), de modo que eram transgressores como Adão. Por serem transgressores, as suas mãos são descritas figurativamente como ‘manchadas de sangue’, ou seja, eram homicidas ( Os 6:8 ).

Por terem as mãos manchadas de sangue, são descritos também como uma horda de salteadores, pois há violência em suas mãos ( Os 6:9 ). Isto não quer dizer que o povo de Israel e os seus sacerdotes eram reprováveis moralmente por cometerem homicídios, antes os profetas apresentam uma figura que representam o povo como transgressores mesmo quando aplicavam os seus corações nos sacrifícios e nas guarda de dias sagrados ( Is 1:13 -15).

Tudo que não for segundo a palavra de Deus (pelo meu espírito) é denominado ‘violência’, ‘homicídio’, ‘mãos manchadas de sangue’ ( Zc 4:6 ; Is 59:2 -10). Isaias, ao descrever este quadro demonstra que, por o povo de Israel ‘possuir’ uma justiça própria, ou seja, não reconhecendo a Cristo como Senhor, são descritos profeticamente como cegos: “Por isso o juízo está longe de nós, e a justiça não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que só há trevas; pelo resplendor, mas andamos em escuridão. Apalpamos as paredes como cegos, e como os que não têm olhos andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como nas trevas, e nos lugares escuros como mortos” ( IS 59: 9 -10).

Esperavam o juízo “Todos nós bramamos como ursos, e continuamente gememos como pombas; esperamos pelo juízo, e não o há; pela salvação, e está longe de nós” ( Is 59:11 ), e quando o Juízo disse: “Eu vim a este mundo para juízo” ( Jo 9:39 ), estavam completamente cegos!

Como o Salmo 118 apresenta a porta, a pedra de esquina e a destra do Senhor que faz proezas, Jesus também se apresenta como a vítima do altar. Quando Jesus identifica-se como o Bom Pastor, apresentou-se como o Senhor que mostrou a luz e, ao mesmo tempo o cordeiro que foi morto, pois Ele deixa claro que o Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas (v. 11) “Deus é o SENHOR que nos mostrou a luz; atai o sacrifício da festa com cordas, até às pontas do altar” ( Sl 118:27 ). O mesmo Senhor que veio mostrar a luz para os que jaziam em trevas, tornou-se o sacrifício da festa.

Jesus complementa a parábola inicial ao destacar que os mercenários ou o que não é o pastor, se evadem e deixam as ovelhas à mercê da sanha dos lobos (v. 12). O motivo pelo qual o mercenário foge é porque é mercenário, ou seja, não é comprometido com as ovelhas (v. 13 ).

Novamente Jesus destaca que é o Bom Pastor, sendo que Ele ‘conhece’ as suas ovelhas e delas é ‘conhecido’. A palavra conhecer neste verso não é o mesmo que ‘saber acerca de’, antes diz de comunhão íntima. Jesus tornou-se um só corpo com as suas ovelhas, de modo que passaram a ter comunhão íntima, porque as ovelhas são os membros do corpo de Cristo, que é a igreja (v. 14).

Do mesmo modo que o Pai conhece o Filho de modo que ambos são um, a igreja conhece o Pai e o Filho, pois em Cristo são um só corpo “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um” ( Jo 17:22 ). ‘Conhecer’ é o mesmo que tornar-se um (v. 15).

Jesus foi enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel “E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” ( Mt 15:24 ), mas não ouviram aquele que se apresentou como descanso e refrigério ao cansado. Como não deram ouvido, o Bom Pastor lançou mão de ovelhas tiradas dentre os gentios.

As ‘ovelhas que não são deste aprisco’ é uma referencia aos gentios que, após ouvirem a mensagem do evangelho, tornaram-se coerdeiros da mesma promessa (v. 16).

Quando Jesus declarou que ‘Deus o amava’ em virtude de dispor da sua vida e que lhe foi dado autoridade para tornar a toma-la, os judeus nada compreenderam e houve dissensão entre eles por causa destas palavras (v. 19). Uns passaram a dizer que Jesus tinha demônio e estava louco, enquanto outros consideravam que tais palavras não podiam ser de um endemoninhado, pois tinha poder de dar vista aos cegos (v. 21).

Novamente outra profecia cumpriu-se neles:“O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que a sebe de espinhos; veio o dia dos teus vigias, veio o dia da tua punição; agora será a sua confusão. Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia; daquela que repousa no teu seio, guarda as portas da tua boca. Porque o filho despreza ao pai, a filha se levanta contra sua mãe, a nora contra sua sogra, os inimigos do homem são os da sua própria casa” ( Mq 7:4 -6).

O diabo não pode roubar, matar ou destruir o corpo de Cristo

Em primeiro lugar, vale destacar que é impossível ao diabo roubar o cristão, pois o cristão está escondido com Cristo em Deus, e esta é a certeza do cristão: “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” ( Rm 8:38 -39); “Mas fiel é o SENHOR, que vos confirmará, e guardará do maligno” ( 2Ts 3:3 ).

Em segundo, lugar é impossível o diabo roubar a paz, a esperança, o amor, etc., pois as ‘qualidades’ enumeradas referem-se ao ‘fruto’ do Espírito, e não do cristão, de modo que é impossível ao diabo roubar a Deus “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” ( Gl 5:22 ).

É o Espirito que produz amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança naqueles que estão ligados à Videira verdadeira ( Jo 15:5 ). Ou seja, sem Cristo é impossível ao homem produzir fruto, pois Deus diz: “…de mim é achado o teu fruto” ( Os 14:8 ).

Em terceiro lugar, quem veio matar, roubar e destruir não foi o diabo, como já demonstramos. Como o diabo roubaria aquele que está escondido com Cristo em Deus?

Em quarto lugar, mesmo que o cristão sofra algumas contingências em relação aos bens materiais ou em relação à sua existência neste mundo, não é o diabo que provoca, pois tais contingências às vezes decorrem dos desatinos dos homens entenebrecidos no entendimento, que andam segundo o curso deste mundo e estão separados de Deus pela ignorância que há neles ou, por decisões equivocadas que tomamos.

A parábola faz referência aos líderes de Israel quando fala do ladrão, portanto, é um erro aplicar a passagem de João 10, verso 10 como sendo o diabo o ladrão que consta na parábola.


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Jesus e a depressão!


Lepras infecções do eu!


domingo, 2 de junho de 2019

Sofrimento e purificação

Sofrimento e purificação

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Muitos serão purificados, alvejados e refinados, mas os ímpios continuarão ímpios. Nenhum dos ímpios levará isto em consideração, mas os sábios sim
Daniel 12.10 

Às vezes, diante da dor, das adversidades, podemos pensar que Deus não se importa conosco. Somos tentados a aceitar a ideia de que Deus nos abandonou. 

Mas, para o cristão, o sofrimento é a maior prova de amor de Deus, pois através dele é que somos purificados realmente. 

No sofrimento, somos provados e fortalecidos. “Deus nos aflige, não para nos perder ou destruir, mas para nos livrar da condenação deste mundo” (João Calvino). É confiado no santo propósito de Deus que podemos resistir firmes e suportar o sofrimento. 

Daniel recebeu uma grande revelação de Deus que afirmava que viria um tempo de grande sofrimento. Este tempo seria para a purificação dos santos, enquanto que nada mudaria para os ímpios. Diz o texto: “os ímpios continuarão ímpios”. 

Calvino afirma que este texto demonstra a necessidade de uma purificação constante: “Enquanto estiverem na carne, assim como as vestes que são usadas diariamente têm a necessidade de ser lavadas continuamente, os fiéis têm a necessidade de purificação”. 

Mas e se nós já somos lavados e purificados pelo sangue de Jesus? Qual a necessidade do sofrimento? 

O pastor Felipe Rodrigues Costa responde esta pergunta dizendo: “O sangue de Jesus tem em vista o cancelamento dos nossos pecados para que não mais sejamos julgados e condenados. 

O sofrimento, por outro lado, tem a função de purificar aqueles que já são salvos, ou seja, os crentes em Jesus, e que ainda precisam ser purificados da corrupção do pecado que ainda está em nossa vida terrena”. 

O sofrimento quebra nossa resistência oposta a Deus. “O pecador entra contritamente em si mesmo e reconhece a sua culpa. É precisamente em meio ao mais amargo sofrimento que surge o desejo de comunhão com Deus” (Josef Scharbert). 

O sofrimento purifica a piedade e é caminho de cura.

Por Hebert Gonçalves