Você pergunta se o aumento do número de homossexuais seria culpa da mídia, das redes sociais, Internet, TV, gibis e influenciadores sociais. Às vezes as autoridades até proíbem ou tiram de circulação algum material por considerá-lo subversivo aos bons costumes, ou exigem que seja embalado e lacrado de forma a resguardar crianças. Bem, eu já fui criança e sei que quanto mais secreto algo for, maior o apelo para romper suas trancas.
Portanto a resposta à sua dúvida depende muito de como enxergamos o ser humano. Quando visto sob a perspectiva do homem natural e de seus instintos carnais, é evidente que um cheiro de churrasco possa me fazer salivar e sentir vontade de comer carne. Neste exato momento o vento sopra vindo da churrascaria da esquina e é assim que me sinto. Se ainda fosse vegetariano, como era antes de minha conversão, eu não diria que o cheiro de abobrinha refogada tivesse o mesmo efeito, mas o de um pão integral quente certamente seria tentador.
O Senhor deixou claro que no homem em sua natureza adâmica e caída não há bem algum e existe em seu coração potencial para exteriorizar todo tipo de mal. Não que ele se torne mal praticando coisas más, e sim que ele pratica coisas más porque a malignidade está entretecida em sua natureza. Tentar excluir sua maldade é como puxar um fio solto de uma blusa de tricô. Se continuar vai ficar sem blusa. Portanto, como um papagaio, ele acaba imitando o que outros fazem por ser facilmente influenciado pelo exemplo.
Por isso a mídia — ao menos a mídia série e ética — evita publicar notícias de suicídios ou de ataques de assassinos em série. Quando publicado é porque se trata de alguma celebridade ou o atentado foi bem sucedido. O suicídio de pessoas comuns ou os ataques que não trouxeram vítimas costumam ficar fora das páginas dos jornais porque poderiam produzir o copycat, expressão inglesa que costuma ser usado para um crime que imite outro.
Mas volto a dizer que essa norma, de ser influenciado pela mídia e assim sair do armário, como se usa para o homossexualismo, nada mais é do que o homem natural exteriorizando o que já trazia latente dentro de si. Ainda que proibissem todo tipo de conteúdo homossexual dos meios de comunicação, o homossexualismo continuaria existindo, do mesmo modo que a violência continuaria, ainda que proibissem todo conteúdo violento de livros, gibis, filmes, músicas etc. Caim não tinha Internet, nem TV, nem videogame, e mesmo assim matou seu irmão.
É neste ponto que alguém poderá alegar que não se pode comparar homossexualismo com violência, pois o homossexual não atenta contra ninguém. Atenta sim, é que você não está considerando o maior ofendido neste caso que é Deus. Ou já se esqueceu do motivo que o levou a destruir Sodoma e Gomorra?
"Ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor... Ao anoitecer, vieram os dois anjos a Sodoma, a cuja entrada estava Ló assentado; este, quando os viu, levantou-se e, indo ao seu encontro, prostrou-se, rosto em terra. E disse-lhes: Eis agora, meus senhores, vinde para a casa do vosso servo, pernoitai nela... Mas, antes que se deitassem, os homens daquela cidade cercaram a casa, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados; e chamaram por Ló e lhe disseram: Onde estão os homens que, à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós para que abusemos deles." (Gn 13:13; 19:1-5).
A mera proibição pelas autoridades de material impróprio não extirpa o mal que está arraigado ao coração do homem. Nem mesmo as ações radicais efetuadas por governos autoritários, como os socialistas, nazistas, comunistas ou de países islâmicos que perseguem e matam homossexuais, não evita que a prática continue. Lembre-se de que nem mesmo uma medida tão radical quanto destruir toda a humanidade e reservar apenas um pequeno grupo que não tinha sido influenciado pela mídia de seu tempo não teve sucesso. Refiro-me ao Dilúvio, pois Noé, depois que saiu da arca, se embebedou e tirou a roupa, deixando seus filhos envergonhados.
"E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente... Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor... E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha. E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda. " (Gn 6:6-8; 9:20-21).
A admoestação dada pelo Senhor a Caim depois de matar seu irmão foi de que o pecado sempre estaria à sua porta, pronto para picá-lo com sua peçonha. "Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar." (Gn 4:7).
Mas sabemos que aquela exortação era inócua, porque ao longo de séculos de testes ficou muito claro que o ser humano seria incapaz de lidar com o pecado. A serpente à porta sempre seria maior e mais venenosa do que ele seria capaz de evitar. Nas cartas dos apóstolos, que trazem a revelação final e completa dos pensamentos de Deus para com o homem, aprendemos que o veneno da cobra não estava apenas na serpente à porta, mas em nossos lábios.
"Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos." (Rm 3:10-18)
Então é inevitável que, estimulados ou não pela mídia, mais cedo ou mais tarde todo pecado e malignidade saiam do armário do coração humano para mostrar suas asinhas. Só para não perder o costume de fazer analogias, no Jardim do Éden, ao pecarem, Adão e Eva engoliram um pendrive que tinha todos esses arquivos, e cedo ou tarde abrimos um ou todos.
"Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem." (Mt 7:21-23).
Para o incrédulo é inevitável que isso aconteça e, do mesmo modo como nem aqueles cintos de castidade de ferro da Idade Média podiam impedir a donzela de trair seu nobre cavaleiro que viajava para as Cruzadas, não há trancas nem armários que fiquem herméticos às tentações que vêm de fora, porque elas encontram eco e resposta do lado de dentro. Se encontrar alguém que bate muito forte em homossexuais, prostitutas, ladrões, assassinos, corruptos etc. vá devagar com o andor antes de declará-lo de ilibada conduta, pois aquele santo também é de barro. Ele é tudo isso em potencial e tem pavor que alguém enxergue os desejos que saracoteiam pelo seu avesso.
Então como viver com tamanho vírus dentro de nós, pronto a estourar suas pústulas malignas em nossas ações? Bem, no caso do que um dia nasceu de novo, creu em Cristo como seu Salvador, foi selado pelo Espírito Santo e agora é capaz de andar em novidade de vida, a Palavra de Deus ensina que o crente já está aparelhado para enfrentar isso. Apesar de nosso velho homem ter sido pregado lá na cruz em Cristo, e estarmos perdoados de todos os pecados, nossa carne continua viva e ativa em nós, por isso precisamos de uma estratégia nas duas pontas: na tentação e no como lidar com ela.
"Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia", escreve o apóstolo Paulo algo que serve também para os carolas de plantão que se acham mais justos, puros e piedosos que todo mundo. E continua: "Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar. Portanto, meus amados, fugi da idolatria." (1 Co 10:12-14).
O incrédulo peca porque isso é inevitável a ele, não está equipado com o Espírito Santo e nem com o escape proporcionado por Deus. A diferença é tão grande quanto um carro velho sem freios, espelhos e farol, e um de última geração que vem com freios ABS, câmeras, alarme de proximidade e... deixo para você completar a lista porque não entendo muito de carros. Nenhum cristão poderá alegar que o freio falhou na hora em que foi tentado, ou que não viu a situação de risco se aproximando. O incrédulo peca porque não pode evitar; o cristão peca porque quer pecar.
Se você observou o final da passagem, ali a Palavra de Deus nos diz para fugirmos da idolatria. Talvez você esteja pensando em jogar fora aquela réplica da Taça Jules Rimet, que representa a deusa grega Nice da vitória, ou a miniatura da estátua da Liberdade que comprou no aeroporto e representa a deusa romana Libertas, ou ainda um quadro da Santa Ceia de extremo mau gosto que não pode tirar da parede da sala porque foi bordado pela sogra... Mas se voltar um pouco no texto verá isto: "Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar." (1 Co 10:7).
Isso mesmo, aqui idolatria não fala de imagens de pau e pedra, fala de satisfação pessoal e entretenimento. Como assim? Comer, beber e se divertir são pecados? Começando pela diversão, que na Bíblia é comparada ao mel, Provérbios nos exorta: "Achaste mel? come só o que te basta; para que porventura não te fartes dele, e o venhas a vomitar." (Pv 25:16). Então não é que a diversão seja proibida, mas é bom saber que se for ela a controlar você acabará escravo dela. "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma." (1 Co 6:12).
Quanto ao comer e beber, algumas religiões vêm com uma lista de proibições, desde bebidas alcoólicas até carne de porco e outros alimentos que eram vedados pela Lei Mosaica. Aí você é convidado para aquela churrasco de uma igreja que proíbe beber vinho e vê uma verdadeira orgia de apetite desordenado disputando no braço os melhores nacos. A questão é que Deus não proíbe nem o comer carne e nem o beber vinho, o que a Bíblia condena é a glutonaria e a embriaguez ou seja, o exagero nessas coisas. Ao falar da necessidade de vigilância, o Senhor advertiu os seus: "E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida" (Lc 21:34).
Não há desculpa para um verdadeiro cristão dizer que foi influenciado pela mídia ou que nasceu assim, e por isso decidiu sair do armário e se casar com outra pessoa do mesmo sexo. Se isso fosse um homem poderia argumentar que nasceu com excesso de hormônios masculinos e não consegue viver sem agarrar qualquer mulher que passar pela frente. Ou uma cleptomaníaca que é incapaz de resistir roubar bijuteria nas lojas. O crente, embora ainda tendo em si a carne pecaminosa, não deve andar sob o comando dela, mas sob o comando do Espírito Santo que agora habita em si.
Para mostrar como é míope nossa avaliação de pecados, repare que entre os que são condenados na passagem a seguir estão lascívia (libertinagem ou sexualidade exagerada), inimizades, emulações (rivalidade ou desejo de prejudicar alguém), iras, pelejas, dissensões, invejas e glutonarias, coisas que achamos perfeitamente normais e nem sempre julgamos quando as sentimos.
"Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito." (Gl 5:16-25).
por Mario Persona
Portanto a resposta à sua dúvida depende muito de como enxergamos o ser humano. Quando visto sob a perspectiva do homem natural e de seus instintos carnais, é evidente que um cheiro de churrasco possa me fazer salivar e sentir vontade de comer carne. Neste exato momento o vento sopra vindo da churrascaria da esquina e é assim que me sinto. Se ainda fosse vegetariano, como era antes de minha conversão, eu não diria que o cheiro de abobrinha refogada tivesse o mesmo efeito, mas o de um pão integral quente certamente seria tentador.
O Senhor deixou claro que no homem em sua natureza adâmica e caída não há bem algum e existe em seu coração potencial para exteriorizar todo tipo de mal. Não que ele se torne mal praticando coisas más, e sim que ele pratica coisas más porque a malignidade está entretecida em sua natureza. Tentar excluir sua maldade é como puxar um fio solto de uma blusa de tricô. Se continuar vai ficar sem blusa. Portanto, como um papagaio, ele acaba imitando o que outros fazem por ser facilmente influenciado pelo exemplo.
Por isso a mídia — ao menos a mídia série e ética — evita publicar notícias de suicídios ou de ataques de assassinos em série. Quando publicado é porque se trata de alguma celebridade ou o atentado foi bem sucedido. O suicídio de pessoas comuns ou os ataques que não trouxeram vítimas costumam ficar fora das páginas dos jornais porque poderiam produzir o copycat, expressão inglesa que costuma ser usado para um crime que imite outro.
Mas volto a dizer que essa norma, de ser influenciado pela mídia e assim sair do armário, como se usa para o homossexualismo, nada mais é do que o homem natural exteriorizando o que já trazia latente dentro de si. Ainda que proibissem todo tipo de conteúdo homossexual dos meios de comunicação, o homossexualismo continuaria existindo, do mesmo modo que a violência continuaria, ainda que proibissem todo conteúdo violento de livros, gibis, filmes, músicas etc. Caim não tinha Internet, nem TV, nem videogame, e mesmo assim matou seu irmão.
É neste ponto que alguém poderá alegar que não se pode comparar homossexualismo com violência, pois o homossexual não atenta contra ninguém. Atenta sim, é que você não está considerando o maior ofendido neste caso que é Deus. Ou já se esqueceu do motivo que o levou a destruir Sodoma e Gomorra?
"Ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor... Ao anoitecer, vieram os dois anjos a Sodoma, a cuja entrada estava Ló assentado; este, quando os viu, levantou-se e, indo ao seu encontro, prostrou-se, rosto em terra. E disse-lhes: Eis agora, meus senhores, vinde para a casa do vosso servo, pernoitai nela... Mas, antes que se deitassem, os homens daquela cidade cercaram a casa, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados; e chamaram por Ló e lhe disseram: Onde estão os homens que, à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós para que abusemos deles." (Gn 13:13; 19:1-5).
A mera proibição pelas autoridades de material impróprio não extirpa o mal que está arraigado ao coração do homem. Nem mesmo as ações radicais efetuadas por governos autoritários, como os socialistas, nazistas, comunistas ou de países islâmicos que perseguem e matam homossexuais, não evita que a prática continue. Lembre-se de que nem mesmo uma medida tão radical quanto destruir toda a humanidade e reservar apenas um pequeno grupo que não tinha sido influenciado pela mídia de seu tempo não teve sucesso. Refiro-me ao Dilúvio, pois Noé, depois que saiu da arca, se embebedou e tirou a roupa, deixando seus filhos envergonhados.
"E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente... Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor... E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha. E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda. " (Gn 6:6-8; 9:20-21).
A admoestação dada pelo Senhor a Caim depois de matar seu irmão foi de que o pecado sempre estaria à sua porta, pronto para picá-lo com sua peçonha. "Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar." (Gn 4:7).
Mas sabemos que aquela exortação era inócua, porque ao longo de séculos de testes ficou muito claro que o ser humano seria incapaz de lidar com o pecado. A serpente à porta sempre seria maior e mais venenosa do que ele seria capaz de evitar. Nas cartas dos apóstolos, que trazem a revelação final e completa dos pensamentos de Deus para com o homem, aprendemos que o veneno da cobra não estava apenas na serpente à porta, mas em nossos lábios.
"Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos." (Rm 3:10-18)
Então é inevitável que, estimulados ou não pela mídia, mais cedo ou mais tarde todo pecado e malignidade saiam do armário do coração humano para mostrar suas asinhas. Só para não perder o costume de fazer analogias, no Jardim do Éden, ao pecarem, Adão e Eva engoliram um pendrive que tinha todos esses arquivos, e cedo ou tarde abrimos um ou todos.
"Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem." (Mt 7:21-23).
Para o incrédulo é inevitável que isso aconteça e, do mesmo modo como nem aqueles cintos de castidade de ferro da Idade Média podiam impedir a donzela de trair seu nobre cavaleiro que viajava para as Cruzadas, não há trancas nem armários que fiquem herméticos às tentações que vêm de fora, porque elas encontram eco e resposta do lado de dentro. Se encontrar alguém que bate muito forte em homossexuais, prostitutas, ladrões, assassinos, corruptos etc. vá devagar com o andor antes de declará-lo de ilibada conduta, pois aquele santo também é de barro. Ele é tudo isso em potencial e tem pavor que alguém enxergue os desejos que saracoteiam pelo seu avesso.
Então como viver com tamanho vírus dentro de nós, pronto a estourar suas pústulas malignas em nossas ações? Bem, no caso do que um dia nasceu de novo, creu em Cristo como seu Salvador, foi selado pelo Espírito Santo e agora é capaz de andar em novidade de vida, a Palavra de Deus ensina que o crente já está aparelhado para enfrentar isso. Apesar de nosso velho homem ter sido pregado lá na cruz em Cristo, e estarmos perdoados de todos os pecados, nossa carne continua viva e ativa em nós, por isso precisamos de uma estratégia nas duas pontas: na tentação e no como lidar com ela.
"Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia", escreve o apóstolo Paulo algo que serve também para os carolas de plantão que se acham mais justos, puros e piedosos que todo mundo. E continua: "Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar. Portanto, meus amados, fugi da idolatria." (1 Co 10:12-14).
O incrédulo peca porque isso é inevitável a ele, não está equipado com o Espírito Santo e nem com o escape proporcionado por Deus. A diferença é tão grande quanto um carro velho sem freios, espelhos e farol, e um de última geração que vem com freios ABS, câmeras, alarme de proximidade e... deixo para você completar a lista porque não entendo muito de carros. Nenhum cristão poderá alegar que o freio falhou na hora em que foi tentado, ou que não viu a situação de risco se aproximando. O incrédulo peca porque não pode evitar; o cristão peca porque quer pecar.
Se você observou o final da passagem, ali a Palavra de Deus nos diz para fugirmos da idolatria. Talvez você esteja pensando em jogar fora aquela réplica da Taça Jules Rimet, que representa a deusa grega Nice da vitória, ou a miniatura da estátua da Liberdade que comprou no aeroporto e representa a deusa romana Libertas, ou ainda um quadro da Santa Ceia de extremo mau gosto que não pode tirar da parede da sala porque foi bordado pela sogra... Mas se voltar um pouco no texto verá isto: "Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar." (1 Co 10:7).
Isso mesmo, aqui idolatria não fala de imagens de pau e pedra, fala de satisfação pessoal e entretenimento. Como assim? Comer, beber e se divertir são pecados? Começando pela diversão, que na Bíblia é comparada ao mel, Provérbios nos exorta: "Achaste mel? come só o que te basta; para que porventura não te fartes dele, e o venhas a vomitar." (Pv 25:16). Então não é que a diversão seja proibida, mas é bom saber que se for ela a controlar você acabará escravo dela. "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma." (1 Co 6:12).
Quanto ao comer e beber, algumas religiões vêm com uma lista de proibições, desde bebidas alcoólicas até carne de porco e outros alimentos que eram vedados pela Lei Mosaica. Aí você é convidado para aquela churrasco de uma igreja que proíbe beber vinho e vê uma verdadeira orgia de apetite desordenado disputando no braço os melhores nacos. A questão é que Deus não proíbe nem o comer carne e nem o beber vinho, o que a Bíblia condena é a glutonaria e a embriaguez ou seja, o exagero nessas coisas. Ao falar da necessidade de vigilância, o Senhor advertiu os seus: "E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida" (Lc 21:34).
Não há desculpa para um verdadeiro cristão dizer que foi influenciado pela mídia ou que nasceu assim, e por isso decidiu sair do armário e se casar com outra pessoa do mesmo sexo. Se isso fosse um homem poderia argumentar que nasceu com excesso de hormônios masculinos e não consegue viver sem agarrar qualquer mulher que passar pela frente. Ou uma cleptomaníaca que é incapaz de resistir roubar bijuteria nas lojas. O crente, embora ainda tendo em si a carne pecaminosa, não deve andar sob o comando dela, mas sob o comando do Espírito Santo que agora habita em si.
Para mostrar como é míope nossa avaliação de pecados, repare que entre os que são condenados na passagem a seguir estão lascívia (libertinagem ou sexualidade exagerada), inimizades, emulações (rivalidade ou desejo de prejudicar alguém), iras, pelejas, dissensões, invejas e glutonarias, coisas que achamos perfeitamente normais e nem sempre julgamos quando as sentimos.
"Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito." (Gl 5:16-25).
por Mario Persona
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