segunda-feira, 15 de maio de 2023

 CORINTO - – Uma Igreja com Problemas de Disciplina:

Uma Análise de 1 Coríntios 5

 Augustus Nicodemus Lopes


O Contexto de Corinto

A igreja de Corinto era uma igreja que havia sido muito abençoada por Deus em diversos aspectos. Quando Paulo inicia esta carta ele reconhece, no capítulo primeiro, que Deus havia abençoado a igreja com toda sorte de bênçãos espirituais, de dons espirituais, ao ponto de “não lhes faltar dom nenhum”. 


Corinto era uma igreja carismática no sentido bíblico da palavra, ou seja, tinha os “carismas” do Espírito de Deus, os dons, através dos quais desenvolvia seu serviço prestando culto a Deus e cumprindo a sua missão neste mundo. 


Infelizmente, por motivos que desconhecemos, esta igreja de Corinto, que havia sido fundada pelo apóstolo Paulo, com menos de três anos de fundada começou a desviar-se dos padrões de conduta e de doutrina que o apóstolo havia estabelecido por ocasião de sua fundação.  

Os Problemas de Corinto


1) Divisões

Paulo estava no seu último ano de ministério na cidade de Éfeso, quando recebe informações de que a igreja de Corinto não estava indo muito bem. As informações eram muitas e poucas delas eram boas. 


Paulo soube que havia divisões na igreja, que estava dividida em 4 grupos. Grupos que se formaram em torno de personalidades, de pessoas que tinham tido uma participação no passado recente da igreja, com o próprio Paulo e Apolo (cap. 3:4). Havia até um grupo que talvez fosse o mais perigoso deles que era o “grupo de Cristo” (‘...e eu, de Cristo” Cap 1:12). 


Eles diziam que não eram seguidores de homem algum e sim de Cristo. Era como se dissessem: não queremos estar debaixo da orientação ou da instrução e autoridade de qualquer homem porque recebemos tudo diretamente de Cristo. 


Alguns estudiosos têm identificado este grupo como o “grupinho dos espirituais” que falavam em línguas e se gloriavam por terem experiências extraordinárias; que não aceitavam a autoridade de Paulo na igreja e outras coisas mais.  


2) Problemas doutrinários

A igreja tinha todas estas divisões e além disso tinha problemas de ordem doutrinária. Um grupo não aceitava a ressurreição dos mortos (cap. 15). 


Havia um espírito faccioso naquela igreja; existiam problemas com respeito à doutrina da liberdade cristã ( 10:28). “Será que posso comer carne sacrificada aos ídolos”? Os “fortes” diziam que sim e subestimavam os “fracos”. 


Havia problemas com respeito às questões do casamento (cap. 7): O que é mais espiritual? Casar ou ficar solteiro?


A igreja estava dividida por uma série de problemas que se refletiam no culto. Os “espirituais” falavam línguas sem interpretação para a igreja e desta forma não edificavam (14:5); os profetas falavam, mas não havia ordem de quem deveria falar primeiro (14:29, 32); 


as mulheres entusiasmadas estavam querendo tirar qualquer sinal de que há uma diferença entre homem e mulher dentro da ordem da criação de Deus (11:8-9); na hora da Santa Ceia havia pessoas que até se embriagavam (11:21) e participavam do sacramento sem ter o espírito apropriado. 


Corinto era uma igreja com graves complicações. Mas, mesmo considerando isso, era uma igreja que se gloriava de ser “espiritual”. Afinal, muitos, na concepção deles, não tinham os dons que indicavam a presença do Espírito Santo? 


Muitos não estavam falando em línguas durante o culto (Cap. 14)? Outros não estavam profetizando e trazendo palavra de revelação? A igreja pensava que era espiritual e considerava-se assim apesar de estar toda minada de problemas.  


3) Problemas Morais

Entre os problemas mencionados havia também problemas morais. Havia um irmão que estava processando outro num tribunal secular (6.4). 


Talvez a igreja não tenha se interessado o suficiente. 

A verdade é que não chegaram a um acordo e talvez por questão de terra ou talvez de dinheiro e negócios, este irmão estava em litígio com outro. Por isso estava processando-o no tribunal da cidade. 


Com esta atitude estava expondo o Evangelho à vergonha diante dos ímpios (v. 6).

Havia um grupo que estava voltando à prática da prostituição religiosa (6:18-19), o que era comum na cidade de Corinto. Isso era praticado nos templos onde se cultuava a deusa Afrodite.


Refletindo esta separação entre espiritualidade e a conduta moral surge um problema relatado no capítulo 5 e que estava bem de acordo com a natureza e espírito da igreja. Havia um homem, membro da igreja, que estava vivendo com sua madrasta. 


Seu pai provavelmente ainda estava vivo, mesmo assim estava tendo “um caso” a mulher de seu pai. O mais grave é que isto era do conhecimento não só da igreja mas também da própria sociedade de Corinto. 


Era algo notório e se comentava; circulava rumores verdadeiros com respeito a este incidente. Nos traz constrangimento o fato de que a igreja de Corinto, como um todo, parecia não ver nada de grave nisso: 

“Afinal Deus não está em nosso meio? Vejam o que acontece nos nossos cultos”! 


E este homem continuava a viver com sua madrasta às vistas de toda a igreja! Mas o que mais incomodava o apóstolo Paulo era a falta de uma atitude firme por parte da igreja com relação àquela pessoa. 


Ou seja, a igreja deveria constatar que conduta moral e espiritualidade são duas coisas que andam juntas. Temos de ter as duas coisas; e quando temos uma e não a outra, ou a espiritualidade é falsa ou a moralidade é falsa. 


Mas a genuína espiritualidade exige uma conduta de acordo com as verdades do evangelho.

O interessante é que Paulo não se dirige à liderança da igreja. Paulo, ao escrever, não se refere aos líderes mas fala à igreja como um todo. 


Porque, mesmo que no sistema presbiteriano, estes casos tenham a ver inicialmente com o Conselho, o fato é que na base do problema, além de um caso notório, pecado é um problema de toda igreja. 


É uma questão que afeta todos os membros e que não é somente responsabilidade do Conselho olhar para a vida dos outros membros e tomar algum tipo de decisão, mas que é responsabilidade de cada membro do corpo de Cristo zelar para que haja pureza, santidade, que haja no convívio da comunidade, verdadeira santidade ao Senhor. 


É uma responsabilidade de nós todos e não somente do pastor e dos presbíteros. É importante, portanto, que Paulo trata da questão dirigindo-se a toda comunidade. Talvez alguns estranhem este fato. Nas denominações batistas e congregacionais as questões disciplinares são resolvidas pela assembléia. 


Apesar de acharmos benefícios no sistema de governo representativo, através de pastores e presbíteros, a interpretação desta passagem só pode ser neste sentido: Paulo não está se referindo aos pastores e presbíteros porque ele sabe que a responsabilidade de vivermos uma vida santa na igreja, é de cada um dos seus membros. 


Devemos não só zelar por nós mesmos mas também pelo nosso irmão refletindo as palavras de Jesus: “Se o teu irmão pecar, vai repreendê-lo entre ti e ele só, se ele não te ouvir, leva mais alguém, se não te ouvir, comunica a liderança da igreja para que tomem as providências”. 


Mas, antes de chegar a este ponto existe todo um processo intra comunitário desenvolvido pelos membros, cada um participando e sendo responsável para que a vida da igreja ande corretamente. 

Se não for assim corremos o risco de sermos participantes dos pecados alheios e incorrermos na culpa de cumplicidade.


Assim, o apóstolo Paulo, no capítulo 5, chama a igreja à ordem e nos fala de forma apaixonada, fala com amor pela igreja; nos fala da responsabilidade que todos temos de cuidar de nós mesmos, de vivermos vidas santas e, de como comunidade, zelarmos para que o nome de Cristo seja honrado e glorificado através da vida santa da comunidade dos santos. 


Infelizmente nem sempre atentamos para esta maneira de Paulo abordar o problema em vista do nosso individualismo. Mais freqüentemente do que desejaríamos ouvimos falar de piedade em termos individuais, ou seja, piedosa é a pessoa que se fecha no seu quarto para ler e orar gastando tempo a sós com Deus. 


E santidade seria algo que se desenvolveria individualmente. Quando falamos em santificação geralmente temos a figura de uma pessoa em mente e nos esquecemos que Novo Testamento geralmente estas coisas são contempladas à luz da comunidade. 


Piedade é algo que eu exerço junto com o povo de Deus; culto não é algo que eu presto individualmente a Deus, somente, mas algo que faço com meus irmãos. Santidade é algo comunitário. 


Nós crentes caminhamos a vida de santidade juntos. Perdemos de vista este aspecto corporativo da Igreja apresentado no NT. É tão importante, salutar, equilibrado e abençoador para cada um de nós a idéia de andarmos juntos, vivermos juntos e nos santificarmos com a ajuda uns dos outros. É neste contexto que o apóstolo trás estas palavras.


O Texto

No versículo 1 e 2 encontramos o apóstolo Paulo apresentando o assunto que vai falar. Ele coloca o problema com palavra muito claras. O problema é duplo: 


O Primeiro Aspecto do Problema

Primeiro, Paulo inicia dizendo que “Geralmente se ouve que há entre vós imoralidade...” (v. 1) e depois especifica que imoralidade é esta. 


O pecado é de incesto que está proibido pela Lei mosaica em Deuteronômio 2:30 e outras passagens do VT onde Deus revela Sua repulsa ao adultério e muito menos que um homem faça isso com a mulher do seu pai. 


Era um caso claro de transgressão da Lei de Deus. É importante notarmos que para o apóstolo Paulo, a Lei de Deus sempre estava em vigor para o cristão. Paulo caracteriza bem esta imoralidade, e, muito embora não faça uma referência clara ao Antigo Testamento, há evidências na passagem, de toda legislação do VT sobre a conduta moral e sexual do povo de Deus. 


É bom enfatizar isso numa época em que as pessoas têm demonstrado descaso para com a Lei de Deus e para com os padrões morais das Escrituras. O apóstolo está muito à vontade expressando o ensino do VT para uma comunidade de cristãos do NT e caracterizando a conduta daquele indivíduo como sendo imoralidade à luz dos padrões Vetero Testamentários. 


Isso nos trás a um ensino importante, o de ter em alto apreço o Antigo Testamento que também é revelação de Deus para nós cristãos, ainda hoje. 


Tudo que foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que através das Escrituras e da paciência tenhamos conforto e esperança. 


Esta era a primeira parte do problema: uma relação incestuosa de um homem que vivia com sua madrasta e que era do conhecimento de todos, como se vê nas palavras de Paulo: “Geralmente se ouve que há entre vós imoralidade...” (v. 1).


O Segundo Aspecto do Problema

A segunda parte do problema está no v.2: “E, contudo, andais vós ensoberbecidos, e não chegaste a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou?”. 


O que angustiava o apóstolo Paulo não era só o pecado em si, mas que a igreja, ao invés de “lamentar” o fato de ter um de seus membros vivendo uma relação pecaminosa e tomar a providência correta, que na ocasião seria tirar do meio da comunidade aquele indivíduo que não havia se arrependido (a julgar pelo que Paulo diz), ou que não queria corrigir-se. 


A atitude da igreja deveria ser excluir este membro contumaz. Paulo está angustiado pelo fato da igreja não tomar esta atitude para zelar pela vida e pela pureza da igreja, pelo  nome de Cristo e pelo próprio pecador. Ao contrário, a igreja estava ensoberbecida, envaidecida possivelmente por causa dos dons espirituais. 


Os membros estavam orgulhosos de constituirem uma igreja “carismática”, ou quem sabe, uma igreja que amava a todos do modo que eram e de como agiam. Uma coisa é certa: Paulo entendia que a atitude da igreja não estava correta. 


Ao invés de lamentar e chorar pelo fato de um membro está sofrendo, e quando isso acontece, todos sofrem com ele, Paulo pensa na igreja em termos corporativos e vê uma comunidade negligente por não lamentar-se em vista do pecado que estava no seu meio. 


Ela assume uma postura oposta “festiva”, com um culto alegre, enquanto ninguém estava se preocupando com o problema. Paulo estava angustiado por ver um membro vivendo em pecado e por constatar uma igreja tolerante que convivia com o problema sem nenhuma dificuldade.


Antes mesmo de dizer os princípios pelos quais a igreja deveria expulsar o malfeitor que “tamanho ultraje praticou”, Paulo já vem com a solução para o problema, até contrariando seu método habitual, usado na primeira carta aos Coríntios. 


Paulo geralmente coloca o problema, introduz uma série de princípios doutrinários e no final apresenta a conclusão. Mas Paulo parece tão atribulado que apresenta o problema e logo dá a solução; só posteriormente fala sobre as doutrinas que estão por trás da questão. 


Isso, talvez pela angústia que lhe passava na alma em vista do grande amor que tinha por aquela igreja. Do versículo 3 até o 5 Paulo diz o que vai fazer. Ele fala como apóstolo de Jesus: “...já sentenciei...”. 


Ele usa das prerrogativas de apóstolo, a quem foi dada autoridade para edificar a igreja, fazê-la andar e para trabalhar no seu fundamento. Como tal, ele sentencia. Esta palavra “sentenciar” vem da linguagem jurídica que significa o pronunciamento final de um processo de julgamento. 


A igreja deveria ter feito isso e por que não fez, Paulo toma para si as prerrogativas de juiz. Ele mesmo faz o julgamento, sentencia o membro infrator dizendo: “...que o autor de tal infâmia seja, em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor, entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no dia do Senhor [Jesus]” (vs. 3-5).


Quando o apóstolo Paulo sentencia que aquele infrator seja entregue a Satanás, ele o faz nos termos do ensino de Jesus. Paulo aqui está ecoando o ensino de Cristo quando disse num contexto de disciplina: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18:20). 


Jesus já havia dito dois versículos atrás (v. 18) que: “...tudo o que ligardes na terra, terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra, terá sido desligado no céu”. Este é um contexto de disciplina, quando Jesus estava respondendo a Pedro sobre o que deveria ser feito se um irmão pecasse contra ele. 


Jesus diz que a igreja reunida em espírito, com a presença do Senhor e em Seu nome deveria exercer o “poder das chaves”; de admitir alguém no Reino de Deus ou então excluir através da disciplina. 


Paulo está ecoando o ensino de Jesus quando diz: [Eu, juntamente com vocês] “em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor...” (v. 4). Dessa forma Paulo sentencia o membro daquela igreja.


O que significa “entregar a Satanás”? Isto tem sido bastante debatido e não vai fazer muita diferença na interpretação geral da passagem. Em linhas gerais se acredita que Paulo estava dizendo o seguinte: Uma vez que a pessoa não queira ouvir a voz da igreja, não aceita a repreensão do Espírito Santo, e,  sendo excluído da comunidade, será como uma ovelha que foi colocada para fora do aprisco. Lá fora estão os lobos à espera. 


Satanás vai cirandar, vai colocar sua mão em cima. O objetivo de Paulo com isso não é destruir a pessoa como muitos pensam em relação ao ato disciplinar. Em termos eclesiásticos alguns pensam de disciplina como algo que trás simplesmente punição ou destruição do pecador. 


Mas não é este o objetivo da disciplina. Apesar de todo rigor e firmeza de Paulo em tratar o assunto, ele diz: “...a fim de que o espírito seja salvo” (v. 5). 

Este é o objetivo que Paulo revela na sua carta; o amor por aquele pecador e seu desejo de recuperá-lo, mesmo que para isso medidas drásticas tenham de ser tomadas. 


Paulo não fica vacilante. Se tem de ser entregue a Satanás, que seja, para que o espírito seja salvo. Se for o único meio, que assim seja excluído da igreja, ficando fora da proteção do Senhor e ficando exposto aos ataques do diabo. 


Ataques que são descritos no livro de Jó, quando este servo de Deus experimentou na carne a atividade satânica como doenças, aflições, perdas dos bens, etc. Em fim, toda sorte de aflições que com o decreto de Deus  Satanás às vezes pode infligir às pessoas para que o propósito de Deus seja feito. 


No caso, para este membro da igreja, o propósito era trazê-lo de volta ao seio da igreja através das aflições, angústias, dificuldades, e tribulações que Deus permitiria (decreto permissivo) que Satanás trouxesse a este membro em pecado. 

Ele deveria ser levado ao arrependimento, cair em si e voltar ao convívio da igreja.


Não sabemos se a “estratégia” funcionou. Na Segunda carta que Paulo escreve à Igreja de Corinto há uma menção de alguém que se arrependeu, que mudou sua atitude. Paulo não diz quem foi esta pessoa. Mas Paulo recomenda que a igreja o receba, que o aceite, que não prolongue demasiadamente a disciplina para que ele não desfaleça. 


Alguns entendem que seja exatamente este homem citado por Paulo no v. 5.1. Se for o caso, a disciplina teria funcionado e o pecador voltado arrependido, recuperado, restaurado, e a igreja o teria recebido com alegria. Paulo passa para uma postura final e só depois explica o porque desta atitude. Pode parecer aos ouvidos pós-modernos uma atitude muito radical. Mas Paulo explica o porque de sua atitude.


As Razões de Paulo Para a Disciplina Rígida

1) Porque o pecado é como o fermento (v. 6). Se não cuidarmos ele se alastra e contamina toda a massa: “Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?”. Paulo usa uma linguagem muito comum no VT. 


No VT uma das coisas usadas para tipificar o pecado é o fermento. Tanto é que na celebração da páscoa era proibido se comer pão com fermento (o pão era “asmo” – sem fermento). 


O fermento era símbolo do pecado. Uma das propriedades do fermento pelas quais ele tornou-se símbolo do pecado, é sua capacidade de aumentar e dominar o ambiente onde se encontra. 


Se colocado um pouco de fermento no pão que está sendo preparado logo levedará toda a massa. O apóstolo diz que o pecado é exatamente assim. Paulo pergunta se os crentes de Corinto não sabem disso: Que o pecado é como o fermento, que leveda toda a massa? 


A idéia é que, se deixado sem correção, no seio da igreja, sem que as devidas soluções sejam tomadas, o pecado se propaga. O que pensar dos jovens da igreja de Corinto? 


O que eles estavam aprendendo quando viam aquele homem vivendo com a madrasta e ninguém dava importância? O que eles estavam aprendendo? 


Aprendiam, que aquela atitude não faz diferença na vida cristã e que não importa nosso comportamento sexual. Podemos continuar em pecado e como um cristão normal. Era essa a mensagem que estava sendo passada para os membros da igreja; que o pecado realmente não importava porque a igreja parecia aceitar normalmente. 


Qual a mensagem que está sendo passada para os jovens e novos convertidos? Que o pecado não afeta meu estado, o meu relacionamento e minha comunhão com Deus e nem a vida da igreja. Ou seja, o que é pregado no púlpito é totalmente desfeito por este tipo de atitude. 


Nós podemos pregar santidade, e se temos de viver vidas santas mas não acrescentarmos à Palavra pregada as medidas corretas para que todos nós trilhemos este viver santo, a mensagem deixa de ter seu efeito.


Quando Calvino começou sua obra em Genebra ele tinha a idéia de que se houvesse apenas pregação fiel da Palavra de Deus e administração correta dos sacramentos, a igreja seria edificada, os crentes ouviriam e os problemas se resolveriam. 


Algum tempo depois, Calvino reconheceu que era necessário e bíblico acrescentar um terceiro elemento: a disciplina eclesiástica.

Há necessidade do exercício da disciplina eclesiástica feita em amor para recuperação do pecador e para que se coloque em prática o que a Palavra de Deus nos recomenda e exige. 


O mais importante é que Paulo não está aqui falando para a liderança. Ele está falando para toda a igreja. Não caiamos no erro  de interpretar mal o apóstolo Paulo pois o que ele fala é para todos nós; é responsabilidade de toda a igreja zelar pela vida da comunidade seguindo os princípios bíblicos. 


Porque o pecado é como o fermento. Se deixarmos ele contamina a massa toda. Que mensagem estamos passando para o mundo? Qual a mensagem que a “Tiazinha”, que se diz evangélica, passa para o mundo? 


Sua mensagem é que não importa seu comportamento sexual, sua profissão corrupta. Assim, se conclui que cabe tudo na igreja.

Estamos vivendo um momento de crise de referência na igreja brasileira. Ou seja, precisamos de pessoas que sejam referenciais. 


A pouco tempo a revista “Isto É” publicou um suplemento sobre os maiores religiosos do século e citava Dom Evaristo Arnes, Alziro Zarur, Chico Xavier, Madre Tereza, Leonardo Boff, Frei Beto, Marcelo Rossi, mas nenhum evangélico. 


Pode ser apenas preconceito contra os evangélicos, mas pensemos qual evangélico poderia estar nesta lista? Soubemos depois que o candidato dos evangélicos seria o Bispo Macedo. Se há um momento em que a igreja precisa fazer diferença no Brasil, é hoje. 


E temos de começar nos lembrando de que o pecado é como o fermento. Ele destrói a reputação da igreja, a sua credibilidade, seu ensino, e por isso temos de tratá-lo com firmeza. 


Devemos começar conosco mesmo, sendo implacáveis com nós mesmos e brandos com os outros, mas firmes no geral. Tudo isso para evitar que o pecado se alastre. Este é o caminho. Não estou me referindo a fazermos cruzadas de moralidade; não creio nisso.


Mas devemos pregar o ensino simples do evangelho e como lemos nos salmos “que os que temem ao Senhor odeiem o pecado”, se afastem do pecado pois este é o ensino de toda a Bíblia. O primeiro ensino é este: O pecado é como o fermento e se nós não cuidarmos ele tomará conta de tudo corrompendo as consciências.


2) O segundo argumento de Paulo está baseado na Páscoa (também vem do Velho Testamento). Aqui no v. 7 Paulo se refere a Cristo como sendo nossa Páscoa e que ele já foi imolado por nós. Paulo compara a vida da igreja a uma grande Páscoa, a uma eterna festa. 


O nosso Cordeiro Pascal já foi imolado e nós já nos alimentamos dele e se vivemos em uma eterna Páscoa, não deve haver fermento. Tem de ser lançado fora os fermentos, a massa velha. Por isso Paulo diz: “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa...” (v.7). 


A Igreja é a comunidade Pascal liderada, salva e resgatada por aquele que é a nossa Páscoa. Na festa da Páscoa não podia se ter pão com fermento. Essa é a figura que Paulo usa. Se há pão fermentado já não é mais Páscoa. 


No v. 8 Paulo diz da vida cristã que “celebremos a festa, não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia; e, sim, com os asmos da sinceridade e da verdade”. É só quando a sinceridade e a verdade prevalecem que nós verdadeiramente celebramos. Somos uma comunidade que celebra, que vive na alegria, no gozo da santidade do nosso Cordeiro.


É claro que Paulo não está pregando o perfeccionismo. Mas alguns podem ter esta idéia; Paulo não está pedindo que a igreja seja perfeita, mas sim que a igreja de Corinto tome as atitudes certas quando o pecado aparecer. 


O pecado vai aparecer, é verdade, e pode ser em minha vida e na sua, mas que a comunidade ajude o pecador com interesse de auxiliá-lo. Não devemos ficar falando mal e criticando mas que tomemos as providências bíblicas para ajudar aquele que caiu vítima do pecado. Celebremos a festa com os “asmos” da sinceridade e da verdade.


3) Vemos um outro princípio nos versos 9-12. Há um momento para uma separação santa. Infelizmente há momentos em que somente uma separação resolve. 


A separação da comunidade colocada aqui por Paulo é daquele membro impenitente que não deseja arrepender-se. Parece que Paulo coloca este ponto em destaque (ele gasta vários versículos nisso) provavelmente porque ele sente que foi mal compreendido. 


Paulo já havia escrito uma primeira carta aos coríntios. Essa primeira carta que conhecemos é, na verdade, uma segunda carta, porque Paulo já havia escrito uma carta antes que foi perdida. 


Paulo faz menção desta primeira carta perdida no v. 9. Nesta primeiríssima carta ele já havia falado da necessidade de separação, de não haver associação entre o cristão e a impureza. “Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros”.


Aparentemente os coríntios haviam entendido que Paulo estava falando que os cristãos não deveriam ter qualquer contato com incrédulos. Por isso os coríntios concluíram que não haveria problema de ter associação com aquele irmão, mesmo que em gravíssimo pecado, visto que era “irmão”. 


Eles haviam pensado da primeira carta de Paulo que não deveriam se associar apenas com quem não fosse cristão. Paulo, então, corrige este equívoco e diz: “Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me com isto não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso teríeis de sair do mundo”. 


Paulo, aqui, está dizendo que não estava dizendo que não se associassem, ou mantivessem contato com este tipo de gente, com os pecadores deste mundo, porque, se assim fosse, teriam de sair do mundo. 


Paulo nunca sugeriu um gueto ou mosteiro, nem ao menos estava sugerindo que não convivessem com os não cristãos. O que Paulo diz é: “Mas agora vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com este tal nem ainda comais” (v.10). 


O que Paulo está dizendo é que não devemos nos associar com aquele que “dizendo-se irmão”, se fazendo passar por cristão, no meio da comunidade se comportem como não cristãos. 

A estes nem devemos convidar para uma refeição em nossas casas. Em outras palavras, há um momento em que é necessária uma separação clara e firme.


Muitos podem estar pensando nas palavras de Jesus quando disse: “Não julgueis, para que não sejais julgados” 

(Mt 7:1). É claro que Paulo e Jesus não estão em contradição. 


Quando Jesus disse estas palavras ele o fez no contexto do julgamento indevido. Ou seja, alguém julgar o comportamento de uma pessoa e não julgar-se a si mesmo. 


Lembremo-nos que nesta mesma passagem Jesus diz: “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio” (Mt 7.3). 


O que Jesus proibiu foi o julgamento desproporcional, sendo pesado para com os outros e não para consigo mesmo. Isto não é correto! 


Mas quando Jesus fala estas palavras condenando o julgamento precipitado, no versículo 6 Ele diz: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas...” (Mt 7:6). 


Para eu cumprir este mandamento eu tenho de saber quem é “cão” e quem é  “porco”. Ou seja, tenho de exercer julgamento. 


É claro que Jesus não está proibindo que nós, pelas evidências, pelo comportamento, por aquilo que está evidente e claro, cheguemos a uma conclusão de que uma pessoa não está se comportando como um cristão deve se comportar. Assim sendo podemos tomar as devidas providências.


Paulo termina este terceiro princípio dizendo: “Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora?” (5:12a).  Paulo está dizendo que não vai julgar os de fora que não são cristãos e que vivem em outro contexto. 


E então pergunta: “Não julgais vós os de dentro?” (v.12b). Paulo aqui deixa muito claro que julgar os “de dentro” é competência da igreja. Não vamos julgar os de fora, pois Deus os julgará. 


É isso que Paulo diz no versículo 13: “Os de fora, porém, Deus os julgará” (v.13a). Mas os de dentro sim; a comunidade julga os de dentro e toma as providências para recuperar o faltoso, o extraviado, para trazer de volta o que se desviou. 


E, se necessário for, para isso, a santa separação, que haja separação.

Paulo conclui no v.13 dizendo: “Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor”.


Conclusão

Estamos vivendo uma época em que se Paulo viesse expor esta mensagem, desta forma, não seria bem recebido.

Hoje se diz que a verdade é relativa e que cada pessoa tem sua própria verdade. Estamos vivendo a relativização dos valores morais. 


Se diz que a vida de cada um é governada por aquilo que a pessoa sente que é melhor. Se a pessoa está se sentindo bem em determinado lugar, se algo está fazendo-lhe bem, então, não importa outras questões, outros critérios. 


O critério que é usado é sentir-se bem e passa a ser o principal para governar a conduta das pessoas. O que valida uma situação ou uma conduta é eu estar ou não me sentindo bem no que estou fazendo.


Esses conceitos têm predominado em nossa sociedade e em muitas igrejas. A relativização na mídia, nas músicas, nos escritos modernos, nas universidades, nos debates da ética e da moralidade. 


Os formadores de opinião pública nacional estão totalmente envolvidos na pós modernidade que resume tudo que foi dito. Tudo isso acaba minando a vida da igreja, a literatura, os seminários, os congressos. 


Às vezes, de forma sutil, nos tornamos avessos aquilo que venha nos contrariar, que venha nos obrigar a dizer: “Isso está errado!”. 


Mas temos de fazer a escolha. É um momento sério de decisão da Igreja, se vamos viver à luz da Palavra de Deus e de seus valores absolutos ou se vamos nos deixar levar pelos “ventos” da época. 


A Palavra de Deus nos chama a viver vidas santas e retas. Nos chama a aborrecer o pecado e se necessário, tomar as devidas providências para que ele não tenha livre curso em nosso meio, nas nossas vidas, nas nossas famílias. 


Tomar a providência necessária em amor, em espírito de brandura, olhando por nós mesmos para que não sejamos também levados pelo pecado mas ajudando-nos mutuamente, levando as cargas uns dos outros para que a comunidade toda viva vida de santidade e de alegria. 


O problema não é o pecado somente, mas o pecado não resolvido. Para o pecado há perdão, resgate, redenção e libertação. O problema não é só o pecado mas o pecado não confessado, não reconhecido e não tratado. 


É contra isso que Paulo fala. Que Deus nos ajude.

Lembremo-nos que esta mensagem é para a igreja e não para os líderes. Sempre fico admirado com Paulo pelo fato de que quando fala de disciplina eclesiástica ele não se dirige aos pastores e aos presbíteros apenas mas fala para à comunidade toda. 


É nossa responsabilidade de orarmos e vivermos vidas santas ajudando-nos uns aos outros a nos livrar do inimigo das nossas almas. Esse é o pior inimigo: o pecado não tratado.


Que Deus nos dê graça e misericórdia para vivermos segundo o padrão da Palavra de Deus. 


terça-feira, 9 de maio de 2023

As parábolas que ensinam sobre Deus

 As parábolas que ensinam sobre Deus Jesus Cristo não falava de si mesmo enquanto homem. Mas apresentava-se como a realização do propósito nascido no coração de Deus, o Pai, de que todos o homens retornassem para Ele e descobrissem, outra vez, os grandes planos que preparou desde a fundação do mundo.

Tal qual as parábolas se valem de coisas do dia-a-dia para nos fazer reconhecer o quanto o Todo-poderoso nos ama. Ele mesmo é uma parábola viva, e por isso, quando começamos a nos relacionar com ele, muda a compreensão que temos acerca de Deus. 

Passamos a conhece-lo como Jesus nos mostra. JESUS APRESENTA O PAI Deus certamente não é homem, nem pode ser representado por nenhuma imagem e semelhança de Deus, algumas vezes ele é comparado ao homem, como o senhor da vinha, o homem rico que convida a todos para o banquete, o pai que continua amando seu filho que o abandonara por causa do mundo.

Para os judeus, nos tempos do antigo Testamento, Deus era apenas o Todo-poderoso, Criador, Sustentador de todas as coisas, Santíssimo, Digno de toda reverência, mas distante. Tão distante que o povo não ousava sequer pronunciar o seu nome. Usavam um conjunto de quatro letras – o tetragrama sublime.Hoje, num mundo que exclui o sagrado, o nome de Deus para muitas pessoas não merece sequer reverência. 

Para outros, é apenas um nome repressor que funciona como um freio moral, impedindo que cometam coisas ainda piores. Uma boa ilustração disto é o final do carnaval: depois de participarem de um evento em que acontece todo o tipo de imoralidade, chamam o último dia de quarta-feira de cinzas, dizendo: Vamos nos penitenciar. Isto soa mais como um escárnio, quando se pode ver pelos meios de comunicação o que acontece nestes dias.

Jesus não invalidou nenhuma das compreensões que os judeus tinham a respeito de Deus. Veio acrescentar. Na parábola do filho pródigo, ou do pai amoroso como alguns gostam de chamar, ele apresenta o pai, com quem desfrutava de íntima comunhão, com quem se identificava, a quem queria que todos conhecessem (Lc 15.11-32). 

Jesus veio demonstrar esta nova identidade de Deus, por isso ele disse no evangelho de João que quem o via, via o pai, e que não existia outro meio de se achegar ao Pai que não fosse através dele (Jo 14.6,9). UMA IDENTIDADE ATUAL Deus é apresentado na Bíblia de muitas maneiras. Criador, Sustentador, Todo-poderoso, Homem de guerra, Rei, a Rocha, Eterno, Santo de Israel, Deus dos deuses, zeloso, dono da vinha, Juiz, são algumas das maneiras como ele é reconhecido tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.

Reconhecê-lo como Pai, no entanto, é experimentarmos uma proximidade que só Jesus poderia expressar. Esta foi a razão porque ele veio aqui. Se Deus não pudesse ser identificado como Pai, ficaríamos em dúvida quanto à extensão do seu amor por nós. Embora o sentido de justificação estivesse presente no ato de Jesus, pois um preço devia ser pago pelo pecado, o amor é ressaltado ainda mais quando reconhecemos a atitude do Pai.

Na figura do filho pródigo, nos encontramos saindo de casa, exigindo aquilo que não nos pertence e, de acordo com a tradição do tempo de Jesus, quebrando todos os preceitos em relação a isto. Se o pai fosse dar ao filho somente o que lhe pertencia, este filho teria ido embora de mãos vazias. O filho só teria direito a alguma coisa, se tivesse, após a morte do pai.Assim se expressa a graça de Deus como Pai. É algo a que não temos direito, não nos pertence. 

Por amor, ele nos oferece tudo sem nada pedir em troca. Deixa-nos fazer o que queremos e ainda nos aceita de volta se nos arrependermos, ou percebemos que a conseqüência de nossos atos é maior do que podemos suportar.

Nestes dias em que vemos a estrutura familiar sendo atacada de todas as formas, ao mesmo tempo em que cresce a violência, a criminalidade, o número de adolescentes e crianças que engravidam, lares que se desfazem pela falta de responsabilidade dos cônjuges, reconhecer Deus como Pai é reconhecer que o seu plano para a família continua atual.As estatísticas demonstram que a maioria daqueles que se envolvem com drogas, prostituição e crimes violentos sofreu com famílias desestruturadas. 

A revista Veja divulgou dados estatísticos de que 90 por cento dos casos de violência contra as crianças acontecem dentro de casa e que, em 70 por cento dos casos, quem comete a agressão é o pai ou a mãe biológica (Veja, 15/03/2000) O CONVITE DE DEUS Em Mateus 22.1-14, Jesus apresenta outra parábola que nos fala sobre Deus. Uma figura que nos ilustra o coração do pai, que se alegra em seu filho. Ele não mede esforços e não faz contas para preparar uma festa digna daquele acontecimento.

Mas que também se entristece e sente-se ofendido quando seus convidados fazem pouco caso do seu convite. Este convite não é feito apenas para que todos venham para seu próprio deleite e prazer, mas para honra do Rei e de seu filho. Quando recebe a recusa dos convidados, isto é interpretado como sendo um insulto a ele mesmo.

Quando Deus convida as pessoas para o arrependimento e a salvação, foi para sua glória e honra. Deus é a própria razão de nos querer de volta para si. Foi com este propósito que nos criou. Desprezar o seu convite e recusar-se a comparecer ao seu banquete na significa apenas perder a festa, mas ofende-lo.Besta razão não há perdão. Deus não aceita que algo possa ser mais importante na vida do homem do que ele mesmo. Não por egoísmo dele, mas por que tem preparado para nós um banquete inigualável, que ninguém pode oferecer igual. 

Mas ao mesmo tempo, que ninguém pode oferecer igual. Mas ao mesmo tempo, ele nos chama a atenção para a responsabilidade que temos. Ele prepara a festa com um banquete farto, envia o convite a todos, mas a decisão está com os convidados. Recusar o seu convite é mais que perder as bênçãos da salvação, é sujeitar-se às conseqüências da sua justiça. Hoje é comum encontrarmos os pregadores e as igrejas do banquete fácil, com apelos do tipo: venha para cá e você será feliz. 

Convidam as pessoas para seu próprio deleite, como se Deus fosse apenas o presidente de um clube social. Deixam a santidade e a autoridade do Senhor pelos cantos. Cantam, cantam muito, de tal forma que muitas vezes não deixam tempo para que Deus fale através da sua Palavra. Fazem do pecado uma coisa fora de moda, da qual não se deve falar mais hoje em dia. Esquecem que a figura de rei já não faz parte de nossa cultura política há quase 180 anos, mas que Deus continua sendo o mesmo ontem, hoje e ainda o será amanhã. 

UMA PALAVRA SOBRE O ESPÍRITO SANTO Com uma pequena parábola falando sobre as coisas da natureza, Jesus lembra a atuação do Espírito Santo. Utiliza uma linguagem que era comum no Velho Testamento e seus ouvintes conheciam. Era familiar a profecia do vale dos ossos secos, em que a Ezequiel é dito para profetizasse ao vento para viesse e soprasse sobre os ossos e lhes trouxesse a vida. Eram meros ossos secos, até que veio o vento sobre ele e começaram a juntar-se, e carne e músculos os cobriram, Ezequiel recebeu a explicação de que aquilo representava a colocação do seu Espírito sobre eles, e era o símbolo de um novo nascimento para o seu povo.

A Nicodemos Jesus disse que era necessário nascer de novo. Não fisicamente, mas do espírito, e, para explicar-lhe o que queria dizer, complementou: “o vento sopra onde quer e ouves o seu som, mas não sabes de onde vem e nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jô 3.8). Quantos Têm se esquecido desta lição e estão anunciando que fazem o que querem com o Espírito… 

Recentemente surgiram grupos e pregadores que dizem soprar o espírito sobre as pessoas. Quantos ficam impressionados ao verem pessoas serem sopradas, e por sugestão ou empurrão, caírem ao chão, como se algo sobrenatural lhes tivesse acontecido. 

Não podemos esquecer que Deus é Deus. E se o Espírito é de Deus, não pode ser tratado como se fosse um brinquedo que tomamos ou largamos quando queremos. Mas é ele que vem sobre nós e nos capacita, segundo a sua vontade, para realizarmos aqueles propósitos que Deus tem reservado para cada um (Lc 11.13 e 12.12). 

Deus estava interessado em nos trazer as parábolas, de tal forma que pudéssemos conhece-lo. Os profetas no Antigo Testamento e Jesus, no Novo, foram instrumentos através de que elas nos chegaram e o Espírito Santo, conforme fora prometido, foi quem trouxe todas as coisas à memória dos evangelistas para que deixassem registradas para nós estas preciosidades da Palavra de Deus.