Este artigo foi traduzido da HeartCry Magazine (n° 59, Nov – Dez de 2008, p. 8, 9) e publicado com a autorização do Sr. Brad White (Coordenado da South America. HeartCry Missionary Society) a quem agradeço pela amabilidade e atenção com que acolheu minha petição. Por Paul Washer Tradução: Nelson Ávila (Aluno da Escola Charles Spurgeon) “Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” (Romanos 1:16) A carne de Paulo tinha todas as razões para se envergonhar do Evangelho que ele pregava, pois este contradizia absolutamente tudo que havia sido mantido como verdadeiro e sagrado entre seus contemporâneos. Para o Judeu, era o pior tipo de blasfêmia, pois alegava que o Nazareno que morreu amaldiçoado no Calvário era o Messias. Para os Gregos, era o pior tipo de absurdo, pois alegava que este Messias Judeu era Deus em carne. Assim, Paulo sabia que sempre que abrisse a boca para falar do Evangelho seria totalmente rejeitado e ridicularizado ao desprezo, a menos que o Espírito Santo interviesse e movesse os corações e mentes de seus ouvintes. Em nossos dias, o Evangelho primitivo não é menos ofensivo, pois ele ainda contradiz cada princípio ou “ismo” da cultura contemporânea – relativismo, pluralismo e humanismo. Nem Tudo é Relativo Vivemos numa era de Relativismo – um sistema de crenças baseado na absoluta certeza de que não existem absolutos. Hipocritamente aplaudimos homens por buscarem a verdade, mas clamamos pela execução pública de qualquer um que seja arrogante o bastante para dizer que a encontrou. Vivemos numa alto-imposta Idade das Trevas, e a razão para isto é clara. O homem natural é uma criatura caída, moralmente corrupta e determinada em sua busca por autonomia (i. é. auto-governo). Ele odeia Deus porque Ele é justo e odeia Suas leis porque censuram e restringem sua maldade. Ele odeia a verdade porque ela expõe quem ele é e os problemas que ainda permanecem em sua consciência. Portanto, o homem caído procura empurrar a verdade, especialmente a verdade acerca de Deus, para o mais distante possível de si. Ele irá a qualquer nível para suprimir a verdade; até ao ponto de fingir que tais coisas não existem ou que se existirem, não podem ser conhecidas ou ter qualquer influência sobre nossas vidas. O caso nunca é o de um Deus que se esconde, mas o de um homem que se esconde. O problema não é o intelecto, mas a vontade. Como um homem que enfia a cabeça na areia para evitar uma cobrança do tamanho de um rinoceronte, o homem moderno nega a verdade de um Deus justo e Seus valores morais absolutos na esperança de aquietar sua consciência e colocar para fora de sua mente o julgamento que ele sabe ser inevitável. O Evangelho Cristão é um escândalo para o homem e sua cultura porque ele faz aquilo que o homem mais deseja evitar – Ele o desperta de seu sono alto-imposto para a realidade de sua queda e rebelião, e o chama a rejeitar a autonomia e se submeter a Deus através de arrependimento e fé em Jesus Cristo. Nem Todo Mundo Está Certo Vivemos em uma era de Pluralismo – um sistema de crenças que põe um fim à verdade ao declarar que tudo é verdade, especialmente no que diz respeito a religião. Pode ser difícil para o Cristão contemporâneo compreender, mas os Cristãos que viveram nos primeiros séculos da fé foram verdadeiramente marcados e perseguidos como ateus. A cultura que os circundava estava imersa no teísmo. O mundo estava cheio de imagens de divindades, e a religião era um negócio florescente. Os homens não apenas toleravam as deidades uns dos outros, mas as trocavam e compartilhavam. O mundo religioso inteiro estava indo muito bem até que os Cristãos apareceram e declararam que, “deuses feitos pelas mãos humanas não são deuses de maneira alguma.” Eles negaram aos Césares a homenagem que eles exigiam, recusaram-se a dobrar os joelhos a todos os outros, assim chamados, deuses, e confessaram Jesus somente como Senhor de todos. O mundo inteiro olhou de queixo caído para tal arrogância e reagiu com fúria contra a intolerável intolerância Cristã em não tolerar. Este mesmo cenário é abundante em nosso mundo hoje. Contra toda lógica, dizem-nos que todas as visões concernentes a religião e moralidade são verdadeiras, não importa quão radicalmente diferentes e contraditórias elas possam ser. O aspecto mais impressionante nisto tudo é que através dos incansáveis esforços da mídia e do mundo acadêmico, esta se tornou rapidamente a visão majoritária. No entanto, o pluralismo não resolve a questão nem cura a doença. Ele apenas anestesia o paciente de modo que ele já não sente ou pensa. O Evangelho é um escândalo porque desperta o homem de seu sono e se recusa a deixá-lo descansar em tal posição ilógica. Ele o força a chegar a uma conclusão – “Até quando você hesitará entre duas opiniões? Se o SENHOR é Deus, segui-O; mas se é Baal, segui-o.” O verdadeiro Evangelho é radicalmente exclusivo. Jesus não é “um” caminho, mas “o” caminho, e todos os outros caminhos não são caminho algum. Se o Cristianismo apenas movesse um pequeno passo em direção a um ecumenismo mais tolerante e trocasse o artigo definido “o” pelo artigo indefinido “um”, o escândalo seria removido, e o mundo e o Cristianismo poderiam ser amigos. Em todo o caso, sempre que isso ocorrer, o Cristianismo deixa de ser Cristianismo, Cristo é negado, e o mundo fica sem um Salvador. O Homem não é a Medida Vivemos numa era de Humanismo. Ao longo das últimas várias décadas, o homem tem lutado para expurgar Deus de sua consciência e cultura. Ele tem demolido cada altar visível ao “Único Deus Verdadeiro” e erigido monumentos a si mesmo, com o zelo de um fanático religioso. Ele tem administrado de modo a fazer de si mesmo o centro, a medida e o fim de todas as coisas. Ele louva sua dignidade inerente, demanda homenagem a sua auto-estima, e promove sua auto-satisfação e auto-realização como o bem supremo. Ele justifica sua consciência atormentada como o remanescente de uma religião de culpa antiquada, e desculpa a si mesmo de qualquer responsabilidade pelo caos moral a sua volta, culpando a sociedade, ou pelo menos aquela parte da sociedade que ainda não alcançou sua iluminação. Qualquer sugestão de que sua consciência possa estar certa em seu testemunho contra ele ou que ele possa ser responsável pelas variações quase infinitas de doenças no mundo é impensável. Por essa razão, o Evangelho é um escândalo para o homem caído, porque ele expõe sua ilusão acerca de si mesmo e o convence de sua queda e culpa. Esta é a essencial “primeira obra” do Evangelho, e este é o motivo pelo qual o mundo detesta tanto a pregação do verdadeiro Evangelho. Ele arruína a festa do homem, chove sobre seu desfile, expõe seu faz-de-conta, e aponta para o fato de que o rei não tem roupas1. As Escrituras reconhecem que o Evangelho de Jesus Cristo é uma “pedra de tropeço” e “loucura” para todos os homens de todas as épocas e culturas. Portanto, para remover o escândalo da mensagem é preciso anular a cruz de Cristo e seu poder salvífico. Devemos entender que o Evangelho não é apenas escandaloso, mas ele presume ser! Através da loucura do Evangelho, Deus ordenou destruir a sabedoria dos sábios, frustrar a inteligência das maiores mentes, e humilhar o orgulho de todos os homens. A fim de que nenhuma carne possa se gloriar em Sua presença, mas como está escrito, “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.” O Evangelho de Paulo não apenas contradisse a religião, filosofia e cultura da época, mas declarou guerra a elas. Ele se recusou a fazer uma trégua ou tratado com o mundo e não aceitaria nada menos que a absoluta rendição da cultura ao Senhorio de Jesus Cristo. Faríamos bem em seguir o exemplo de Paulo. Devemos ter cuidado para evitar qualquer tentação de conformar nosso Evangelho às tendências da época ou aos desejos de homens carnais. Não temos o direito de diluir sua ofensa ou civilizar suas exigências radicais, a fim de torná-lo mais apelativo a um mundo caído ou membros de igrejas carnais. Nossas igrejas estão cheias de estratégias para torná-las mais amigáveis por meio de uma reembalagem do Evangelho, removendo a pedra de tropeço, e suavizando a navalha, de modo que possa ser mais aceitável aos homens carnais. Devemos ser pessoas amigáveis2, mas devemos perceber isto – há um só que busca e Ele é Deus. Se estamos nos empenhando para tornar nossa igreja e mensagem mais acomodáveis, que as acomodemos a Ele. Se estamos nos esforçando para construir uma igreja ou ministério, que o construamos sobre uma paixão por glorificar a Deus, e um desejo por não ofender Sua majestade. Para o espaço com o que o mundo pensa de nós. Não estamos buscando as honras da terra, mas as honras do céu devem ser o nosso desejo. 1 Referência ao conto do alfaiate que disse ter feito para o rei uma roupa com um tecido que somente poderia ser visto por pessoas inteligentes [N. do T.]. 2 A palavra traduzida aqui por “pessoas amigáveis” é “seeker-friendly”, dando a idéia de alguém que busca (“seek”) amigavelmente (“friendly”). Paul Washer faz um trocadilho ao referir-se a Deus como o único que “busca” (“seeker”) [N. do T.]. |
domingo, 14 de agosto de 2011
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