sábado, 28 de fevereiro de 2015

Nossa expectativa - C. H. Mackintosh

Deus está chamando dentre judeus e gentios esse corpo chamado Igreja, para ser a companhia de Seu Filho na glória celestial; para estar completamente identificada com Ele em Sua presente rejeição nesta terra, e para aguardar em santa paciência por Seu glorioso advento.



Isto é o que identifica a posição do cristão da maneira mais clara possível. A sua porção e suas expectativas também são assim definidas com igual clareza. É inútil buscar na página profética na tentativa de encontrar ali a posição da Igreja, sua vocação e esperança. Elas não estão ali. É totalmente fora de questão para o cristão ficar ocupado com datas e eventos históricos, como se ele fosse de algum modo passar por eles. 

Não há dúvida de que essas coisas têm o seu lugar e valor, e também são de interesse, por estarem conectadas às tratativas de Deus com Israel e com a terra. Mas o Cristão nunca deve perder de vista o fato de que ele pertence ao céu, e que está inseparavelmente ligado a um Cristo rejeitado na terra e aceito no céu; que sua vida está escondida com Cristo em Deus e que é seu santo privilégio ficar na expectativa, a cada dia e a cada hora, da vinda de seu Senhor.

Nada há que impeça a concretização dessa bendita esperança para qualquer momento. Só uma coisa a atrasa, e esta é que o Senhor é "longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se" (2 Pe 3:9). Preciosas palavras estas para um mundo perdido e culpado! A salvação está pronta para ser revelada e Deus está pronto para julgar. Não existe coisa alguma agora que devamos esperar além da adição do último eleito e, então — oh! bendita perspectiva — nosso querido e amável Salvador virá e nos receberá para Si, para estarmos com Ele onde Ele está e para nunca mais sairmos dali.

Extraído de "A Vinda do Senhor" - C. H. Mackintosh 

Democracia 'a luz das Escrituras - F. B. Hole

No presente momento prevalecem duas grandes ideias do mundo, no que diz respeito à sua existência nacional, política e social. Elas são radicalmente diferentes e claramente incoerentes uma em relação à outra, todavia o atual estado de coisas nos leva a suspeitar que ainda está para ser encontrada uma forma de poder reuni-las em uma espécie de amálgama, e a voz das Escrituras proféticas nos confirmam essa expectativa. As duas grandes ideias são, respectivamente, a democrática e o imperialismo. Há muito tempo ambas têm estado em cena.

A democracia se nos apresenta como o produto acabado da sabedoria das eras. Pode-se dizer que a história nos dá o registro longo e sombrio de experiências humanas na arte de governar, e com base na experiência passada a ideia democrática tem evoluído e agora detém o domínio entre as nações esclarecidas. Usando a famosa frase de Abraham Lincoln, trata-se do “governo do povo, pelo povo, para o povo”. Na prática, ela resume-se à ideia de pessoas serem governadas por uma maioria -- pois nunca há unanimidade e, portanto, a minoria deve ceder -- e que a maioria deve governar por meio de seus representantes acreditados para o bem de todas as pessoas, e não para os interesses apenas da maioria. Se a democracia faz realmente isso é, naturalmente, outra história.

A ideia imperialista tem como lema “a união faz a força”. No contexto nacional ela cria alianças e ligas poderosas entre grupos de nações. Na política ela se expressa em grupos de partidos que visam alcançar o que eles não poderiam conseguir fazer individualmente. Socialmente ela produz corporações gigantes, federações de indústrias, sindicatos etc. Ela ainda pode ser vista no mundo religioso na forma de uma federação de “igrejas”. Ela é, na verdade, um retrocesso para a velha ideia que animou os antediluvianos em seus esquemas em Babel. (Veja Gênesis 11: 1-9).

Nossa preocupação atual não é de todo com as vantagens ou desvantagens políticas da democracia. No entanto, a fim de obtermos a luz que a Palavra de Deus derrama sobre ela, desejamos discernir o seu verdadeiro caráter e prever aonde ela chegará com o tempo. Em primeiro lugar, portanto, devemos perguntar às Escrituras qual seria o modo de Deus para o governo da terra. Ele tem, naturalmente, uma opinião sobre o assunto, e quanto mais nós a aprendermos com clareza, mais estaremos em posição de julgarmos toda e qualquer teoria proposta pelo homem.

No início, Adão, como um ser ainda não caído, foi colocado na posição de única autoridade. Ele era a imagem de Deus ou Seu representante e tinha domínio sobre as classes mais baixas de seres criados (Gn 1:26). Nenhum pensamento de autoridade sobre outros homens existia naquele momento. Este ponto não foi levantado até que o pecado tivesse entrado em cena. Sua autoridade, do modo como lhe fora concedida, era absoluta, e sua responsabilidade era apenas para com Deus.

Após o pecado ter invadido a criação, um longo tempo se passou durante o qual nenhuma autoridade havia ainda sido delegada ao homem por Deus e, portanto, nenhum homem tinha qualquer autoridade sobre os seus semelhantes. Essa era terminou com o dilúvio.

Todavia, a primeira era pós-diluviana iniciou-se com uma maior delegação de autoridade. Noé, e seus filhos após ele, receberam a responsabilidade de manter os direitos de Deus no homem, especialmente no que diz respeito à sacralidade da vida humana. (Veja Gn 9, 5 e 6). Deus ali delegava a certos homens autoridade sobre seus semelhantes, ao ponto de estarem autorizados a executar a pena capital. A autoridade patriarcal era assim estabelecida.

Entre aqueles que logo depois deixaram de lado o temor de Deus, e “não se importaram de ter conhecimento de Deus”, conforme coloca Rm 1:28, esta autoridade, evidentemente, mudou a sua forma. Não era mais patriarcal em seu caráter, mas acabou caindo nas mãos de homens hábeis e de renome, como Nimrod (Gn 10:8-10) e, após a confusão das línguas em Babel, apareceram as nações com seus “reis” (Gn 12:15; 14:1-2).

No entanto, aqueles que ainda temiam a Deus aderiram à ordem patriarcal, até que Deus empregou Sua mão para libertar Israel do Egito e levantou Moisés. Aquilo marcou um novo começo. Moisés foi investido por Deus de uma autoridade no meio de Israel muito além de qualquer coisa que Noé tivesse recebido. É verdade que no início sua autoridade foi rejeitada. “O que ofendia o seu próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz sobre nós?” (At 7:27), mas também lemos que “a este Moisés, ao qual haviam negado, dizendo, ‘Quem te constituiu príncipe e juiz?’, a este enviou Deus como príncipe e libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera na sarça” (At 7:35). Moisés era de fato “rei em Jesurum” (Dt 33:5), mas aquele era um reinado de uma ordem informal. Propriamente falando, a teocracia tinha sido criada em Israel tendo Moisés como seu porta-voz e mediador e, portanto, rei nesse sentido .

Por séculos assim foi a autoridade, conforme havia sido estabelecida em Israel, mas seu poder declinou e aqueles que vieram depois eram muito inferiores em fidelidade e vigor. “E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor conhecera face a face” (Dt 34:10).

A debilidade resultante levou a um clamor por um rei como tinham as nações (1 Sm 8:5), e após o episódio do rei teimoso e segundo a preferência do povo, Deus levantou a David e estabeleceu autoridade real em uma base adequada. Ele era para ser príncipe sobre o povo de Deus e executor de juízo sobre seus inimigos (2 Sm 7:8-9). Ele também era para dar a Israel sua herança. Então, ele os alimentou, segundo a integridade do seu coração; e os guiou com a perícia de suas mãos (Sl 78:71-72). A autoridade de Davi era absoluta, e cabia a ele governar. Ele devia executar juízo quando necessário, mas devia também alimentar seus súditos e orientá-los. Seu governo era para ser absoluto, mas também totalmente beneficente.

Com o fracasso da descendência de Davi perdeu-se a glória de seu governo, e finalmente Deus transferiu a autoridade para as mãos dos gentios. Esta foi confiada inicialmente a Nabucodonosor, conforme mostrado em Daniel 2:37-38 e, embora o sonho do grande rei, como é registrado nesse capítulo, prenunciasse as mudanças que viriam nas formas de governo, no entanto, mostrava que a autoridade por detrás do governo, qualquer que fosse a sua forma, permaneceria nas mãos dos gentios até que a execução súbita da ira divina sobre todo o orgulho e abuso do poder que fora confiado ao homem fosse um fato consumado.

Então deveria aparecer o reino que seria “de eternidade a eternidade” (Dn 2:20), e esse reino será dado ao Filho do Homem, que irá exercer o domínio absoluto para a bênção dos homens (Dn 7:13, 9). Ele irá desejar, no entanto, levar e usar em conexão com seu governo os santos “do Altíssimo” ou “dos lugares altos” (versículos 18 e 22), e também um“povo” que irá possuir o reino “debaixo de todo o céu”, ou seja, em sua esfera terrestre. Este povo, evidentemente, é Israel.

Este rápido esboço do curso do governo entre os homens é suficiente para mostrar que existe uma característica que prevalece do começo ao fim: Deus -- e Deus somente -- é sempre a autoridade final. A nenhum homem foi dado o direito de exercer autoridade sobre os seus semelhantes, exceto aquela que ele recebeu de Deus. É por isso que em passagens como Rm 13:1-6 e 1 Pe 2:13-15 a obediência às autoridades governantes é ordenada ao cristão. O apóstolo Paulo nos diz que “não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus”.

Passando agora do governo, tal como nos é apresentado nas Escrituras, para a prática do mesmo por aqueles a quem ele foi confiado na Terra, logo vemos que a autoridade delegada sofreu um terrível abuso, como tudo o mais que foi confiado ao homem caído. A tirania e o egoísmo têm crescido em todos os lugares, e a história é um registro das longas e dolorosas lutas por meio das quais as nações passaram de uma forma de governo para outro, ou introduziram modificações em seus vários sistemas governamentais na vã esperança de evoluírem para uma condição ideal. De todas essas mudanças a democracia é a mais recente, e não é surpresa para ninguém que seu nascimento tenha sido versado nos mesmos abusos que a conceberam.

Comparando-a, entretanto, não com os seus antecessores, mas com os ideais das Escrituras que devem ser plenamente realizados no Milênio, logo vemos que ela está irremediavelmente condenada, à semelhança de qualquer outra forma de governo que já tenha existido. A razão é que ela, de forma aberta e despudoradamente, depõe Deus como fundamento e fonte de autoridade e coloca o homem-- ou seja, “o povo” -- em Seu lugar. O abismo entre os dois é tão grande quanto o que existe entre o céu e o inferno.

Para o democrata convicto existe apenas uma questão que realmente importa, isto é, saber qual é a vontade do povo. Perguntar o que pode estar certo -- ou o que, em outras palavras, pode ser a vontade de Deus -- passa a ser irrelevante. O que as pessoas desejam é o que será considerado como sendo a coisa certa, e as funções de um governo verdadeiramente democrático são a realização dos desejos do povo, colocando-se como humilde servo da vontade deste -- seja ela certa ou errada.

Nesta questão, como em todas as outras, a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo coloca o cristão diante de um teste supremo. Naquela hora solene, Pôncio Pilatos, o governador que representava César, tinha poder absoluto sobre Cristo, detido e acusado sob sua jurisdição. No entanto, em um momento de fraqueza incomum, a autocracia abdicou de suas funções. O registro daquela hora é apresentado da seguinte forma:

“Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo. Considerai isso.” (Mt 27:24).

“Mas eles instavam com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado. E os seus gritos, e os dos principais dos sacerdotes, redobravam. Então Pilatos julgou que devia fazer o que eles pediam.” (Lc 23:23-24).

Como representante de César, Pilatos lavou as mãos de toda aquela questão, ao mesmo tempo em que, atuando como presidente de uma democracia que exerceu por apenas um breve instante, ele “julgou que devia fazer o que eles pediam. Do ponto de vista da aplicação dos princípios democráticos isso pode ter sido visto como correto. Porém, se enxergado de qualquer outro ângulo, representou o mais ultrajante erro já cometido em toda a história da humanidade.

Voltando ao sonho de Nabucodonosor conforme registrado em Daniel 2, podemos compreender melhor o significado do barro que entrou na estátua quando chegamos aos seus pés.

A visão de Daniel em Daniel 7 apresenta o curso dos quatro grandes impérios gentios nas suas relações entre os homens, e eles são retratados como animais selvagens em seu poder de destruição. O sonho de Nabucodonosor, por outro lado, nos apresenta os mesmos quatro impérios, mas como se estabelecesse o caráter e a qualidade de seus governos e, portanto, o que os identifica é uma constante deterioração nos metais ali mostrados.

Deus começou os “tempos dos gentios” com uma forma ideal de governo, embora o homem que exercia seu poder estivesse longe de ser o ideal. Que essa era uma forma ideal é comprovado pelo fato de que Deus irá usá-la no milênio, quando o Homem ideal aparecer e, por meio dessa forma ideal de governo, “julgar o mundo com justiça”. Logo tudo será paz e bênção. À medida que se desenvolveram os impérios os homens se desviaram do ideal de ouro introduzindo modificações humanas, e o governo tornou-se prata, bronze e ferro, à medida que mais e mais pensamentos divinos eram deixados de lado e políticas humanas vinham à tona.

É, no entanto, na última fase do último império -- a fase romana -- que se encontra pela primeira vez a introdução de barro -- uma substância não-metálica. Esse foi um sinal evidente de que antes do fim deveria ser introduzida no sistema de governo prevalecente um princípio que não era tanto uma completa modificação do antigo, mas mesmo assim era algo fundamental e radicalmente diferente. “Assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil” (Dn 2:42). A interpretação dada por Daniel à mistura de ferro e barro é que “[eles] misturar-se-ão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro” (Dn 2:41).

“eles” desta passagem parece significar aqueles em cujas mãos por enquanto repousa a autoridade. Não hesitamos em ver aqui uma previsão do levante e prevalência de uma democracia nos últimos dias. A autoridade que tem a sua fonte em Deus, comparada àquela que tem a sua fonte no homem, são tão diferentes entre si como ouro, ferro ou qualquer outro metal comparados ao barro. São duas coisas que podem ser misturadas, e em certa medida são inextricavelmente misturadas em teoria e prática no governo moderno, mas o resultado é apenas fraqueza e fragilidade. Logo virá o golpe mortal administrado pela pedra “cortada sem mãos”.

Se alguém tem dificuldade em conciliar o que é dito acima com as profecias sobre a vinda do líder inspirado por Satanás para o império romano revivido, gostaríamos de sugerir que se lembre de que, na prática, a transição de uma forma democrática de governo para uma imperialista é muito fácil. Basta surgir um homem que seja considerado um expoente, que pareça encarnar em si o espírito do “povo”, e nada é mais fácil para ele do que assumir para si os poderes que teoricamente pertencem ao povo, e as pessoas, inconstantes e facilmente levadas, ficarão contentes de tê-lo assim. A carreira de Napoleão I, fruto da Revolução Francesa, é um exemplo disso. A futura “besta” de Apocalipse 13 sobe “do mar”, ou seja, das massas do povo em um estado de agitação e inquietação.

Portanto, é mais do que provável que esse próximo “super-homem” irá defender com veemência as instituições democráticas em teoria, enquanto exerce um regime autocrático na prática -- ferro misturado com barro.

O leitor que pacientemente nos seguiu até este ponto pode ser inclinado a perguntar qual é o nosso objetivo em escrever tudo isso, se não temos, como se diz, finalidade política. Confessamos, sem hesitação, que o nosso objetivo é ter uma separação de coração mais clara do presente século mau para nós e para todos os crentes. Sabemos muito bem que nada além de uma consciência permanente da excelência do conhecimento de Cristo Jesus, nosso Senhor, pode efetivamente elevar nossas almas acima do nível do mundo e seus pensamentos, mas a exposição da política mundial e seus esquemas à luz das Escrituras tem seu valor, e este tem sido o nosso esforço presente.

Como diz 2 Pedro 1:19, a luz das Escrituras proféticas alumia em lugar escuro. Deixe essa luz lançar seus raios sobre os princípios tão apregoados da socialdemocracia e você verá quão frágil ela é. A argila pegajosa pode ser dourada, mas certamente não é ouro! O cristão esclarecido não vai se entusiasmar muito com ela. E quão clara é a luz que as Escrituras lançam sobre a controversa questão do cristão dever votar ou não ou interessar-se com política em geral. Somos convidados a aceitar a posição de uma pequena engrenagem nessa máquina chamada “o povo” que tem usurpado para si aquela função na esfera de governo que pertence somente a Deus. Devemos aceitar tal posição? Sim, se acreditarmos no moderno “evangelho” humanista que humaniza Jesus e diviniza o homem. Mas se acreditamos que a salvação não é do povo, mas do Senhor, então não.

O sistema mundial está condenado, e que não haja hesitação em nosso testemunho quanto a este fato. Almas estão sendo resgatadas para fora dessa catástrofe iminente pela abundante graça de nosso Senhor. É nosso dever buscá-las, dando testemunho de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, não percamos nosso tempo em vãs tentativas de fortalecer essa trama que cambaleia, mas vamos nos ocupar com aquilo que é a grande obra que o Senhor designou para nós. Sermos completamente dedicados a Ele e aos Seus interesses é estarmos completamente fora do sistema mundial e suas esperanças.

Buscamos, não um sistema aperfeiçoado de democracia, mas Aquele “que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp 3:20-21.). E no que diz respeito a esta terra, olhamos para a criação do reino de Cristo pelo Deus do céu, o qual não será jamais destruído mas subsistirá eternamente.

(“Democracy in the Light of Scripture”, F. B. Hole - Extraído de “Scripture Truth”, Vol. 12, 1920, página 108)

Os anciaos e os jovens - F. B. Hole

(1º Pedro 5:1-5)


"Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória. Rogo igualmente aos jovens: sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça."

Todos sabemos com que facilidade pode suscitar-se fricções entre os anciões e os jovens. Se uns e outros tomaram mais a serio a exortação que o apostolo Pedro lhes dirige em sua primeira epistola, as tensões no seio da Igreja de Deus cessariam e daria lugar à harmonia.
......O perigo de que se produzam fricções entre diferentes gerações existe sempre, mas nunca foi tão grande como na atualidade. Efetivamente, nestas ultimas décadas as transformações se sucederam a um ritmo tão veloz como nunca, e produziram consideráveis trocas de opiniões, hábitos e perspectivas durante o curso de uma só geração. Por sua vez os jovens são prejudicialmente instigados a pensar que seus pais são retrógrados e que seus avos são completamente antiquados. Por seu lado, as pessoas mais velhas tendem a considerar que os jovens, com suas novas idéias, são rebeldes.
Apascentar o rebanho de Deus
Pedro se dirige primeiramente aos anciões, pois estes, por causa de sua idade, tem uma responsabilidade muito maior. A exortação dirigida a eles é: “Apascentai o rebanho de Deus que esta entre vos”. Os anciões devem manifestar a seus irmãos mais jovens todo o cuidado que um pastor tem por suas ovelhas. Somente o amor de Deus vertido em seus corações pode produzir a vigilância que se requer para brindar tais cuidados. Por seu lado, os jovens crentes podem reconhecer nos cuidados que lhes brindam seus irmãos de maior idade, uma expressão do amor de Cristo, o Príncipe dos pastores, quem os recompensara ricamente por isso em Sua vinda.
É sumamente importante que os anciões exerçam sua autoridade espiritual de boa maneira e com espírito amável. Eles o poderão fazê-los se se estiverem as três condições expostas nos versículos 2 e 3: devem cumprir seu serviço voluntariamente e com animo pronto, sendo exemplos do rebanho. O fato de que é dirigida-nos estas exortações demonstra, ou ainda impulsados pelo desejo de obter poder e influencia.
Estar sujeito
Os jovens crentes devem prestar especial atenção ao versículo 5. um ancião pode estar bem disposto e mostrar cuidado no exercício da tarefa de supervisionar como convém, pode por em pratica o que recomenda aos demais e servir de exemplo, mas tudo isso sra inútil se os jovens não estão dispostos a escutá-los e sujeitar-se.
Cada jovem crente deveria recordar que se nos diversos campos do conhecimento humano se verifica um progresso tão grande que pode fazer que a geração precedente fique facilmente distanciada, não existe em evolução similar no campo da verdade que Deus revela. A maturidade espiritual é o fruto que provem sempre, e unicamente. Dos anos passados realmente na escola de Deus, quer dizer, o resultado do estudo de sua Palavra, completado e enriquecido pela experiência da vida cristã e do serviço para o Senhor.
Um jovem crente poderia ter muito zelo, energia, resistência e talvez faculdades intelectuais superiores as de um ancião; no entanto, servira melhor a seu Senhor se sujeita-se a recomendação impregnada da maturidade e da sabedoria de um ancião que, baixo os outros aspectos, pode estar em inferioridade de condições.
Tudo isso é fácil se prevalece à humildade espiritual. O versículo 5, falando de nossas relações mutuas, disse: “Todos submissos uns aos outros, revestidos de humildade”. Uma pessoa humilde de espírito não está cheia de si mesma, pelo tanto não se deixa arrastar facilmente para opor-se aos demais. E o que é também mais importante, não se opõe a Deus, “porque deus resiste aos soberbos e da graça aos humildes”.

F. B. Hole

Perto do arrependimento - J. N Darby

Este é um assunto de extrema importância. Em Lucas 24:47 lemos que era necessário "pregar em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados em todas as nações começando em Jerusalém". Isto não se discute, mas chegou-se a pensar que o arrependimento antecede a fé, e isto debilitou a pregação, tanto entre nós quanto em outras partes. Todos nós podemos pender para um lado ou para outro, e deste modo, o verdadeiro lugar que tem o arrependimento obscureceu e a apresentação deste se debilitou. E nisso existe algo nocivo: os direitos de Deus são deixados de lado e diminuídos.



No presente, Deus reúne aos seus com prontidão, se posso me expressar deste modo: "O Senhor vem e ai de nós se dissermos que ele difere sua vinda! Deus rapidamente retira do mundo seus herdeiros, assim como no passado quando foi proclamar: "Sejam salvos dessa perversa geração (Atos 2:40) Então, Jerusalém seria destruída, Deus "agora manda a todos os homens em todo lugar, que se arrependam; pois estabeleceu um dia em que julgará ao mundo com justiça, por aquele homem respeitável a quem designou" para ele (Atos 17:30-31)
Deus exige o arrependimento e se ao pregar digo somente "Deus te ama, tú és um pobre pecador; aqui a graça está disponível para tí" (ainda seguramente que eu diga), e deixe de lado o arrependimento, estarei deixando de lado a consciência de homem.
O arrependimento é julgarmos a nós mesmos perto de tudo o que temos feito e o que temos sido, é julgarmos na presença de Deus, pelo efeito da graça ou ainda, mesmo quando perde-se a graça, possa haver lugar para o arrependimento em virtude da lei. Mas se o arrependimento é colocado antes da fé, colocamos todo o fundamento sobre o qual nos apresentamos diante de Deus, pois então é algo que tenho que agir em meu próprio coração e sou incapaz de fazê-lo. Quando prego o arrependimento, devo pregá-lo em nome de Cristo e em virtude de estar sob a graça.
Uma vez voltado para Deus, me vejo cada dia mais claramente em luz plena; é o amor infinito que fez sobreabundar a graça onde o pecado vivia; quando apresento aos outros a mensagem de Deus, devo apresentar os direitos de Deus, dizendo: "Se não te arrependeres e voltastes a Deus, estarás perdido". Mas se em nome de Cristo chamo as pessoas ao arrependimento é necessário que elas acreditem em Cristo.
Deus manda que todos se arrependam, se as pessoas o não fazem verão o julgamento. Como homem, tú tens que prestar contas a Deus. E em que estado tu te encontras diante dele? Se teu coração não há mudado terá algo conveniente para Deus?
Mas se suplico a um homem enfrentando com a presença de Deus, com os direitos de Deus pesando sobre ele, e o faço em graça (uma graça perfeita) então ele retorna e se volta a Deus. O arrependimento deve ser pregado como aquilo que Deus exige do homem, mas unindo esta exigência á pessoa do Senhor Jesus Cristo. Evidentemente, tú não podes ter teus olhos abertos e fixos sobre o Senhor Jesus Cristo e não te aborrecer como pecador.

J. N. Darby

Nosso padrao e nossa esperanca - C. H. Mackintosh

Apo 3:1  E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.
Apo 3:2  Sê vigilante e confirma o restante que estava para morrer, porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus.
Apo 3:3  Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.
Apo 3:4  Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes e comigo andarão de branco, porquanto são dignas disso.
Apo 3:5  O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.
Apo 3:6  Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Apo 3:7  E ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi, o que abre, e ninguém fecha, e fecha, e ninguém abre:
Apo 3:8  Eu sei as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome.
Apo 3:9  Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás ( aos que se dizem judeus e não são, mas mentem ), eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo.
Apo 3:10  Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.
Apo 3:11  Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. 


Há dois princípios muito importantes apresentados em Apocalipse 3:3-11 que são profundamente interessantes, claros, simples, de fácil compreensão e cheios de poder, quando assimilados - duas coisas distintas que caracterizam um vencedor. A primeira é a verdade que nos foi comunicada, e a segunda, a esperança que está diante de nós.



Encontramos estas duas coisas ilustradas na história de Israel e na história da Igreja de Deus - aquilo que Ele nos deu, e aquilo que é colocado diante de nós. Essas duas coisas servem para formar nosso caráter. Não devemos ser influenciados pelo "caráter" das coisas ao nosso redor, nem pela atual condição do povo de Deus, mas devemos nos deixar influenciar pelo que Deus tem nos dado e por aquilo que nos dará. Somos facilmente desencorajados e desanimados pelo estado das coisas ao nosso redor e levados a desistir de tudo por causa da ruína, ficando assim paralisados. Mas se você tomar posse dessas duas coisas, ou melhor, se elas se apoderarem de você, elas lhe permitirão transpor essas dificuldades e ser um vencedor. Você deve se lembrar daquilo que tem recebido e ouvido, e acalentar a esperança da glória.

Temos diante de nós o protestantismo em Sardes. Você deve sempre distinguir entre a obra do Espírito de Deus e o estado das coisas decorrentes da interferência do homem, da administração humana, dos estratagemas terrenos, que tentam emular um poder que já não existe. A Reforma Protestante foi uma obra distinta do Espírito de Deus, uma onda de poder espiritual. O protestantismo atual é a forma impotente que, graças à fraqueza humana e aos ardis de Satanás, sucedeu aquela gloriosa época de visitação divina.

Há cinquenta anos houve um movimento muito distinto do Espírito de Deus que atraiu muitos para fora dos limites da cristandade. Mas que proveito foi tirado disso? Quando a energia, o frescor, e o desabrochar do Espírito haviam partido, o que se seguiu, em muitos dos casos? Por que as pessoas "escorregaram" no que pode ser chamado de  “dead brethrenism” (alusão ao que ficou conhecido como “movimento dos irmãos”, porém sem vida? Nãohá nada pior do que isso, porque a pior corrupção é aquela que ocorre com as melhores coisas. Qual é a nossa salvaguarda moral? Reter o que temos recebido, e viver na bem-aventurada esperança da vinda de Cristo, para compreender em nossas próprias almas o poder daquilo que Deus nos tem dado e do que Ele dará.

Encontramos exemplos disso nos tempos do Antigo Testamento. Todos os grandes movimentos de reforma em Israel foram caracterizados por isso. Foi assim no tempo de Josafá, e no tempo de Ezequias. O Senhor chama de volta seu povo ao padrão original, para aquilo que eles haviam recebido inicialmente. Ezequias reporta-se a Moisés como a sua autoridade para manter o padrão divino na celebração da Páscoa. Muitos poderiam ter dito: ‘Oh, é tudo sem esperança; sua unidade nacional se foi/não existe mais. Até mesmo Solomão deixou abominações para atrás’. O diabo sugere a diminuição do padrão por causa da ruína; mas Ezequias não deu ouvidos a isso. Ele foi um vencedor, uma onda de bênção tal como não se via desde os dias de Salomão. (2 Cr. 30)

Então, mais uma vez, nos dias de Josias: a criança estava no trono, uma mulher ocupando o ofício profético e Nabucodonosor quase às portas. O que Josias fez? O livro da lei foi lido. Ao invés de baixar o nível ao estado das coisas em redor, ele agiu com base na Palavra de Deus. Essee era o seu padrão de ação, e ele manteve a Páscoa no primeiro mês. O resultado foi esse: não havia tal páscoa desde os dias de Samuel.

Assim foi com Ezequias e Josias; e temos ainda um exemplo mais belo disso em Esdras e Neemias. Naqueles dias, foi celebrada uma festa que não tinha sido observada desde os dias de Josué, filho de Nun. Essa festa foi reservada para o pobre e pequeno remanescente de Israel. Eles eram vencedores; eles voltaram para Deus, e para o que Ele tinha dado no início.

Mais uma vez, Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego conquistaram uma magnífica vitória quando se recusaram a comer carne do rei. Eles não cederam mesmo diante algo de tão pequena significância. Acaso não foram vencedores? Eles poderiam ter dito: ‘Deus nos seus procedimentos governamentais nos enviou para o cativeiro; por que deveríamos nos recusar a comer a carne do rei?’ Mas não! eles foram capacitados a manter o padrão de Deus em meio às ruínas ao redor.

Foi a mesma coisa com Daniel. Ele permaneceu numa fidelidade inabalável, e conquistou uma esplêndida vitória. Não foi para se exibir que ele abriu as janelas e orou em direção a Jerusalém, mas para manter a verdade de Deus. Ele orou em direção ao centro de Deus e foi chamado de servo do Deus vivo. Se todos esses tivessem cedido teriam perdido suas vitórias, e Deus teria sido desonrado.

Tudo isso se aplica a nós, de uma forma muito distinta, em meio ao protestantismo e faz da Palavra de Deus um valor indescritível para nós. Não se trata de impor nossa própria opinião ou autoridade, mas do fato de sermos chamados a manter a verdade de Deus e nada mais, e se você não se apossar disso não fará ideia de sua posição. Poderia ter sido dito para Josias, quando ele derrubou o que foi construído por Salomão (2 Reis 23:13): ‘Quem é você, para posicionar-se contra Salomão e as instituições criadas por um grande homem como ele?’ Mas essa não era uma questão de Josias versus Salomão, mas de Deus versus o erro.

Quanto ao nosso segundo grande princípio, pelo qual o nosso caráter também é formado, temos diante de nós a vinda do Senhor. Todavia repare que a igreja de Sardes, ao invés de ser louvada por adotar a expectativa que cabe à Igreja, de aguardar pela Resplandecente Estrela da Manhã, é alertada: "Se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei" (Ap 3:3). É assim que Cristo virá para o mundo - como um ladrão. Nós pertencemos à região da luz; nossa esperança é a Estrela da Manhã, a qual é vista apenas por aqueles que estão vigiando durante a noite. A razão pela qual Sardes é alertada, em vez de animada pela esperança da vinda dEle,  foi por ter descido ao nível do mundo, um nível baixo e sem vida, vivendo um cristianismo insípido Para ela a vinda de Cristo será como um ladrão.

Esta é a ameaça dirigida ao protestantismo, e que caberá a você também caso se deixe levar pela correnteza como um peixe morto. O Senhor está despertando o coração de Seu povo a um sentido mais profundo disso. Ele está permitindo a eles que vejam que nada irá funcionar se não cairmos na real.. Se não tivermos isso, nada teremos. Uma coisa é ter doutrinas no cérebro, e outra coisa completamente diferente é ter Cristo no coração e Cristo na vida.

Ele está vindo para mim, e eu tenho que atentar para a resplandecente Estrela da Manhã. Que meu coração possa se elevar acima da condição das coisas ao meu redor. Se eu encontrar santos nessas condições, devo buscar elevá-los acima disso. Se você quiser instruir esses santos, você deve trazê-los de volta para a verdade que recebeu de Deus desde o princípio, edificando sobre o que Deus lhe deu, e de olho na esperança que está diante de você. Acho que uma grande pergunta a ser feita a essas pessoas é: ‘Você está preparado para abandonar tudo o que não vai passar no teste da Palavra de Deus e assumir uma posição a respeito?

Conserve o padrão da verdade de Deus e não aceite nada menos que isso; mesmo que você esteja sozinho. Quando um regimento é dizimado e resta apenas um soldado, se ele conservar a bandeira a dignidade do regimento é mantida. Não é uma questão de resultados, mas de ser fiel a Cristo, para permanecer realmente vivo em um cenário que se caracteriza por ter nome de que vive, e está morto" (Ap 3:1). Queremos algo mais do que mera profissão. Até mesmo o partir do pão pode se transformar em formalidade vazia. Queremos mais poder e frescor, uma devoção mais viva para a Pessoa de Cristo. Somos chamados a vencer. O ouvido cada vez mais atento só é encontrado nos vencedores. Que os nossos corações sejam estimulados a desejar isso.