domingo, 7 de fevereiro de 2016

Considerações cristãs sobre a homossexualidade

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Em vista dos desafios contemporâneos em relação ao comportamento homossexual e sua crescente aceitação na sociedade ocidental, a Igreja Cristã deve olhar com cautela para essa questão. Devemos lembrar que o ensino bíblico deve ser considerado acima de quaisquer ilações sociológicas sobre o assunto. De fato, vivemos em um tempo em que o Liberalismo Teológico, em especial devido ao método histórico-crítico, tem feito surgir mesmo no seio da Cristandade, movimentos que negam a imoralidade da homossexualidade propondo uma releitura dos textos bíblicos e uma abertura eclesiásticas aos homossexuais. Outros mantém uma posição contra a homossexualidade relativizada, subordinada ao “politicamente correto”, efeito de um marxismo cultural, e por isso é possível ver pessoas que condenam a homossexualidade religiosamente, mas não absolutamente. 

Vamos dar uma olhada nas causas da homossexualidade e no que a Bíblia têm a nos dizer sobre o aspecto moral, bem como nas distinções entre disposição psicológica e expressão comportamental e entre decisão legalista e escolha consciente. Desse modo, será possível apresentar uma “cosmovisão cristã sobre a homossexualidade”. 

CAUSAS DA HOMOSSEXUALIDADE


Nessa primeira seção é importante fazer alguns esclarecimentos. Não se pretende buscar as causas da homossexualidade num sentido médico-etiológico. Não entendemos a homossexualidade como uma doença, nem propomos a ideia de “cura gay”[1]. O objetivo aqui é refutar a ideia de que a não-escolha na questão da atração homossexual seja um problema para o Cristianismo.

A princípio é importante observar que o inatismo ou o biologismo homossexual é um equívoco e um reducionismo da sexualidade humana. De igual modo o “psicologismo homossexual”, ou mesmo o “ambientalismo” constituem-se visões com as quais deve-se ter cautela. A causa ou causas da homossexualidade permanece(m) um mistério. Alguns proporiam a ideia de pareamento de estímulos condicionados, outros a influência de hormônios durante os períodos intrauterinos, ainda a genética, a epigenética, a identificação materna/paterna na infância entre outros.

Deveríamos ser hesitantes quanto a ideia de causa única. É comum alguns acharem que a causa é unicamente ambiental, outros que é unicamente biológica. Há quem pense que se provar que alguém nasce homossexual terá refutado a moral cristã. Este não é o caso, já que a antropologia cristã compreende que todos nascem pecadores. As Escrituras dizem que nascemos mentirosos (Salmos 58.3), mas não deixa de condenar a mentira como pecado (Colossenses 3.9). A natureza pecaminosa herdada de Adão é capaz de produzir toda sorte de desejos desordenados.[2]

Mas têm algo de importante aqui, em relação às causas. Muitos “biologistas” apelam para a presença de supostos “comportamentos homossexuais” entre os animais. Parece haver um erro evidente nesse modo de pensar. Não somos animais! Não somos determinados fatalistamente a seguir nosso destino biológico. Somos humanos, e como tais, não somos guiados meramente por uma questão instintual. Que estranho, que alguns queiram reduzir a dignidade humana ao colocar o homem como um animal fadado ao seu destino biológico, apregoando uma vida hedonista, segundo a qual a felicidade está em viver de acordo com os seus desejos. A Bíblia, por outro lado, traz uma visão que valoriza a dignidade humana.

VISÃO BÍBLICA


Desde os tempos do Velho Testamento, a condenação da homossexualidade é objetiva. Deus abomina os que praticam a homossexualidade: “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é” (Levítico 18:22). A Lei Teocrática do Antigo Testamento exigia a pena de morte aos seus praticantes: “Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.” (Levítico 20.13). Evidentemente que a pena capital não é mais requerida na Era Cristã[3], mas os homossexuais impenitentes não deixam de estar sob a condenação divina à morte eterna no lago de fogo e enxofre (cf. Apocalipse 21.8). 

No Novo Testamento Jesus ratifica as leis de moral sexual do Antigo Pacto (Mateus 5.17-18), e passa a condenar como porneiatoda prática que se desvia da relação sexual lícita (Marcos 7.21-22). Obedecendo aos ensinos da Lei Antiga e de Jesus Cristo, o apóstolo Paulo reafirma com clareza a posição judaico-cristã:
Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. - Romanos 1:26 – 27

Estaríamos sendo mentirosos, caso querendo ser politicamente corretos, disséssemos que a homossexualidade é um pecado como qualquer outro. Paulo fala da homossexualidade como um exemplo primário de impiedade[4], sinal de um povo que chegou aos últimos estágios de depravação. Isso acontece quando ocorre uma inversão da ordem criacional natural: troca-se a verdade de Deus pela mentira, a criatura toma o lugar do Criador, e a homossexualidade usurpa a ordem criacional “macho e fêmea”. Além de idolatrar as coisas deste mundo, o homem passa a adorar a si mesmo, envolvendo-se em relações narcísicas, pois ignorando a alteridade, passa a se unir com um “outro”, que na realidade, em gênero, é um de “si mesmo” (cf. Romanos 1.18-25). 

O apóstolo Paulo descreve os praticantes da homossexualidade como pessoas que não terão lugar no Reino de Deus. “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus.” (1 Coríntios 6:9-10; cf. 1 Timóteo 1.10). 

Muitos, dispostos a negar a verdade de Deus, distorcem deliberadamente as Escrituras para satisfazer seus desejos egóicos. Alguns querem invalidar a ordenança de Levítico, confundindo-a com as interdições cerimoniais de Levítico 19.28-29 (“Não cortem o cabelo, arredondando­o nos cantos da cabeça, nem cortem também os cantos da barba, tal como fazem os pagãos. Tão pouco devem dar-se golpes na vossa carne ou fazer marcas na pele a título de ritos funerários, por causa de alguém que tenha morrido. Eu sou o Senhor”). Outros, a despeito da ratificação de Cristo da Lei moral, querem fazer soar nos discursos de amor do Nazareno uma aceitação da distorção do amor conjugal. Há ainda aqueles ávidos a relativizar culturalmente os ensinos paulinos, ignorando sua clara posição de um casamento heterossexual com submissão feminina, o que não faria o mínimo sentido se houvesse da parte dele qualquer apoio ao “casamento gay” (cf. Efésios 5.22-33; 1Coríntios 11.3; 1Pedro 3.1). As Escrituras são claras: A homossexualidade é uma abominação perante Deus.

DISTINÇÕES IMPORTANTES

É importante distinguir a disposição psicológica da homossexualidade da expressão comportamental da mesma. A atração homossexual involuntária advinda da natureza pecaminosa adâmica não é em si pecado. O que a Bíblia condena é a expressão comportamental na forma de estimulação de desejos impuros (pornografia, masturbação, pensamentos lascivos...) e na prática propriamente dita (relação sexual). Uma pessoa não estará pecando se resistir às tentações e não ceder aos seus desejos, ainda que continue sentido atrações homossexuais. 

Alguns neste ponto podem indagar: Pode um homossexual, ter felicidade verdadeira, renunciando seus impulsos sexuais?[5] Primeiro alguém que não expressa comportamentalmente e habitualmente uma sexualidade homossexual, apesar de sua disposição psicológica, não deve assumir uma identidade homossexual. Nesse sentido, não existe “homossexual cristão”. 

No entanto, quando se fala de alguém com tendências homossexuais, mas que decidiu abrir mão de sua sexualidade por causa de suas crenças, estamos falando de dois grupos de pessoas: (i) aqueles que reprimem sua sexualidade simplesmente porque sua religião diz que é errado (decisão legalista), (ii) aqueles que voluntariamente fazem a escolha de abrir mão de sua vida sexual por uma vida de prazer na presença de Deus (escolha voluntária).

O Cristianismo convida as pessoas a fazerem parte do grupo ii, atenderão a esse chamado àqueles nos quais a graça de Deus opera, levando-os a unir-se ao sacrifício de Cristo. Tais pessoas não reprimem neuroticamente seu prazer sexual, ao invés disso o transfere, sublima, canaliza para atividades ainda mais prazerosas, como a oração, o altruísmo e atividades espirituais. Elas abrem mão da sua sexualidade não porque se submetem a um conjunto de regras legalistas, mas porque escolheram abrir mão da homossexualidade voluntariamente. Tais pessoas são felizes, desfrutando de uma paz interior plena, pois vivem a vida que elas escolheram viver. A realidade, no entanto, é que foi Deus quem as escolheu para viverem dentro do padrão moral d'Ele.

CONCLUSÃO

Ficou claro que algo é pecado ainda que haja a possibilidade de que isso seja inato, pois o que define o que é pecado são os mandamentos de Deus, e não a causa desse algo. O ensino bíblico, conforme revelado por Deus, é o de que a prática homossexual constitui em um grave pecado contra a ordem criacional, e como tal é enojada pelo Criador. É importante ter em mente que o condenado pelo Cristianismo não é a disposição psicológica ou atração homossexual em si, mas a expressão comportamental, por meio de ações, pensamentos ou estimulações de desejos dessa ordem. Por fim, o Evangelho chama ao arrependimento, a uma vida de santidade e ao amor de Deus todos aqueles que praticam a homossexualidade, e reafirma a possibilidade dos eleitos que tem desejos homossexuais de viverem a vontade preceptiva do Criador. Por fim, defendemos claramente a nossa convicção pela absolutidade da Moral Cristã diante do fenômeno degradante que se desdobra na sociedade.

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