Nestes versículos, 25 a 30 (Mateus capítulo 6), temos estado a considerar a declaração geral de nosso Senhor no que concerne ao terrível perigo que nos ameaça nesta vida, devido à nossa tendência de nos interessarmos exageradamente, e de várias maneiras, pelas coisas deste mundo. Tendemos por ficar ansiosos acerca de nossa vida, acerca do que comeremos, acerca do que beberemos, e também por ficar ansiosos acerca do corpo, quanto àquilo que vestiremos. É assustador observar-se quantas pessoas parecem viver inteiramente dentro desses estreitos limites: alimento, bebida e vestuário parecem representar a totalidade de sua vida. Passam todo o seu tempo disponível pensando sobre essas coisas, falando sobre elas, discutindo com outros a respeito delas, argumentando e lendo acerca delas em vários livros e revistas. E este nosso mundo está se esforçando ao máximo para que todos vivamos exclusivamente nesse nível. Demos uma olhada casual nas estantes das livrarias e verificaremos como essas coisas são abundantemente providas. Pois essa é a mentalidade do mundo, e nisso se resume o seu interesse. Os homens vivem para essas coisas, e ficam preocupados e apreensivos acerca delas de diversas maneiras. Sabendo disso, pois, e tendo plena consciência desses perigos, nosso Senhor primeiramente nos fornece uma razão abrangente para evitarmos essa armadilha.
Todavia, tendo-nos advertido que não devemos ficar ansiosos acerca do que comeremos, beberemos ou vestiremos, em seguida Cristo prosseguiu dando uma consideração separada para cada aspecto da questão. O primeiro desses aspectos é considerado nos versículos 26 e 27, abordando nossa existência, a continuação e o sustento de nossa vida neste mundo. Eis o argumento: “Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?” (v. 26 e 27). Alguns estudiosos preferem pensar que o versículo 27 pertence à seção seguinte; mas parece-me perfeitamente claro que, por razões que abordaremos a seguir, esse versículo necessariamente pertence à presente seção. No que concerne à questão inteira da alimentação, bem como da manutenção da vida, nosso Senhor nos proveu um duplo argumento, ou, se você assim o preferir, dois argumentos principais. O primeiro deles deriva-se das aves do céu. Pode-se notar que, neste ponto, o argumento do Senhor Jesus já não se alicerça sobre a ideia do maior em relação ao menor; antes, dá-se justamente o contrário. Tendo estabelecido a proposição em um nível inferior, Ele então eleva-se a um nível superior. Antes de tudo, Ele começa fazendo uma observação geral, chamando a nossa atenção para algo que é um fato da vida neste mundo. “Observai as aves do céu...” Olhai para elas. “Observar”, neste caso, é verbo que não implica em intensa contemplação. Jesus meramente pedia que olhássemos para uma coisa que sucedia diante de nossos olhos. Veja o que está diante de você – esses pássaros, essas aves do céu. Qual é o argumento que podemos deduzir dessas aves? É que essas aves, como é evidente, têm sua alimentação garantida pela providência divina.
Há uma grande diferença entre os modos de como as aves e os homens são sustentados. No caso das aves, esse alimento lhes é providenciado. No caso do homem, um determinado processo está claramente envolvido. O homem lança a semente na terra, e mais tarde colhe a safra resultante da semente que fora semeada. Então, o homem recolhe o produto da terra em celeiros, a fim de guardá-lo até momento de necessidade. Esse é o método de que o homem se utiliza; e é o método certo para o ser humano. Foi assim que Deus ordenou ao homem, após sua queda no pecado: “No suor do rosto comerás o teu pão...” (Gênesis 3:19). Lá nos primórdios da história, Deus determinou o tempo da semeadura e o tempo da colheita; isso não foi determinado pelo homem, em razão do que a semeadura, a colheita e o armazenamento do produto da terra em celeiros são atividades perfeitamente legítimas para o homem. Espera-se do homem que ele faça isso, e é assim que lhe cumpre viver neste mundo. Eis a razão pela qual a injunção “não andeis ansiosos” não pode significar que devamos sentar-nos a esperar que o nosso pão chegue miraculosamente pela manhã. Isso não é bíblico, e todos quantos imaginam que isso corresponde à vida da fé compreenderam muito mal o ensinamento bíblico.
Não obstante, o ser humano jamais deveria preocupar-se com essas coisas. Não deveria passar a totalidade do seu tempo perscrutando o céu, indagando como serão as condições atmosféricas, ou se haverá alguma coisa para armazenar no seu celeiro. É precisamente esse tipo de preocupação que o Senhor Jesus condenou. O homem precisa semear; foi Deus quem lhe ordenou que assim fizesse. Contudo, ele deve depender de Deus, o único Ser capaz de lhe conferir prosperidade. Nosso Senhor chama a nossa atenção para as aves. Nada existe de tão patente quanto o fato que elas são mantidas com vida, e que o alimento é fornecido a elas pela natureza – vermes, insetos e todas aquelas coisinhas que constituem o regime alimentar dos pássaros. Na natureza, tudo isso está à espera deles. De onde provém esse sustento? A resposta é que Deus provê para as aves o seu sustento diário. Aí, pois, está um fato simples da vida, e Cristo pede de nós que consideremos essa realidade. Essas pequenas aves, que não fazem provisão, no sentido de prepararem ou produzirem o alimento por si mesmas, recebem a provisão necessária. Deus cuida delas, e delas não se olvida. Deus providencia para que haja alguma coisa para as aves se alimentarem. Deus providencia para que a vida dos pássaros seja sustentada.
Essa é a simples declaração do fato. Em seguida, nosso Senhor toma esse fato e extrai daí duas deduções vitais. Deus trata os animais e as aves dessa maneira, mediante a Sua providência geral, e nada mais. Deus, porém, não é o Pai celeste dessas aves: “Observai as aves do céu... contudo, vosso Pai celeste as sustenta”. Essa é uma interessantíssima observação. Deus é o Criador e o Sustentador de tudo quanto existe no mundo; e Ele trata do mundo inteiro, não apenas do homem, através de Suas providências gerais, agindo dessa forma no tocante à natureza. Então é notória a sutil modificação na linguagem de Jesus, introduzindo o mais profundo argumento de todos: “contudo, vosso Pai celeste as sustenta”.
Trecho extraído do livro: D. M. Lloyd Jones, Estudos no Sermão do Monte , edição comemorativa da Editora Fiel
Todavia, tendo-nos advertido que não devemos ficar ansiosos acerca do que comeremos, beberemos ou vestiremos, em seguida Cristo prosseguiu dando uma consideração separada para cada aspecto da questão. O primeiro desses aspectos é considerado nos versículos 26 e 27, abordando nossa existência, a continuação e o sustento de nossa vida neste mundo. Eis o argumento: “Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?” (v. 26 e 27). Alguns estudiosos preferem pensar que o versículo 27 pertence à seção seguinte; mas parece-me perfeitamente claro que, por razões que abordaremos a seguir, esse versículo necessariamente pertence à presente seção. No que concerne à questão inteira da alimentação, bem como da manutenção da vida, nosso Senhor nos proveu um duplo argumento, ou, se você assim o preferir, dois argumentos principais. O primeiro deles deriva-se das aves do céu. Pode-se notar que, neste ponto, o argumento do Senhor Jesus já não se alicerça sobre a ideia do maior em relação ao menor; antes, dá-se justamente o contrário. Tendo estabelecido a proposição em um nível inferior, Ele então eleva-se a um nível superior. Antes de tudo, Ele começa fazendo uma observação geral, chamando a nossa atenção para algo que é um fato da vida neste mundo. “Observai as aves do céu...” Olhai para elas. “Observar”, neste caso, é verbo que não implica em intensa contemplação. Jesus meramente pedia que olhássemos para uma coisa que sucedia diante de nossos olhos. Veja o que está diante de você – esses pássaros, essas aves do céu. Qual é o argumento que podemos deduzir dessas aves? É que essas aves, como é evidente, têm sua alimentação garantida pela providência divina.
Há uma grande diferença entre os modos de como as aves e os homens são sustentados. No caso das aves, esse alimento lhes é providenciado. No caso do homem, um determinado processo está claramente envolvido. O homem lança a semente na terra, e mais tarde colhe a safra resultante da semente que fora semeada. Então, o homem recolhe o produto da terra em celeiros, a fim de guardá-lo até momento de necessidade. Esse é o método de que o homem se utiliza; e é o método certo para o ser humano. Foi assim que Deus ordenou ao homem, após sua queda no pecado: “No suor do rosto comerás o teu pão...” (Gênesis 3:19). Lá nos primórdios da história, Deus determinou o tempo da semeadura e o tempo da colheita; isso não foi determinado pelo homem, em razão do que a semeadura, a colheita e o armazenamento do produto da terra em celeiros são atividades perfeitamente legítimas para o homem. Espera-se do homem que ele faça isso, e é assim que lhe cumpre viver neste mundo. Eis a razão pela qual a injunção “não andeis ansiosos” não pode significar que devamos sentar-nos a esperar que o nosso pão chegue miraculosamente pela manhã. Isso não é bíblico, e todos quantos imaginam que isso corresponde à vida da fé compreenderam muito mal o ensinamento bíblico.
Não obstante, o ser humano jamais deveria preocupar-se com essas coisas. Não deveria passar a totalidade do seu tempo perscrutando o céu, indagando como serão as condições atmosféricas, ou se haverá alguma coisa para armazenar no seu celeiro. É precisamente esse tipo de preocupação que o Senhor Jesus condenou. O homem precisa semear; foi Deus quem lhe ordenou que assim fizesse. Contudo, ele deve depender de Deus, o único Ser capaz de lhe conferir prosperidade. Nosso Senhor chama a nossa atenção para as aves. Nada existe de tão patente quanto o fato que elas são mantidas com vida, e que o alimento é fornecido a elas pela natureza – vermes, insetos e todas aquelas coisinhas que constituem o regime alimentar dos pássaros. Na natureza, tudo isso está à espera deles. De onde provém esse sustento? A resposta é que Deus provê para as aves o seu sustento diário. Aí, pois, está um fato simples da vida, e Cristo pede de nós que consideremos essa realidade. Essas pequenas aves, que não fazem provisão, no sentido de prepararem ou produzirem o alimento por si mesmas, recebem a provisão necessária. Deus cuida delas, e delas não se olvida. Deus providencia para que haja alguma coisa para as aves se alimentarem. Deus providencia para que a vida dos pássaros seja sustentada.
Essa é a simples declaração do fato. Em seguida, nosso Senhor toma esse fato e extrai daí duas deduções vitais. Deus trata os animais e as aves dessa maneira, mediante a Sua providência geral, e nada mais. Deus, porém, não é o Pai celeste dessas aves: “Observai as aves do céu... contudo, vosso Pai celeste as sustenta”. Essa é uma interessantíssima observação. Deus é o Criador e o Sustentador de tudo quanto existe no mundo; e Ele trata do mundo inteiro, não apenas do homem, através de Suas providências gerais, agindo dessa forma no tocante à natureza. Então é notória a sutil modificação na linguagem de Jesus, introduzindo o mais profundo argumento de todos: “contudo, vosso Pai celeste as sustenta”.
Trecho extraído do livro: D. M. Lloyd Jones, Estudos no Sermão do Monte , edição comemorativa da Editora Fiel
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