terça-feira, 10 de abril de 2018

Os perigos de um evangelho ultra simplificado - John MacArthur






O que precisa ser transmitido aos incrédulos para que possam entender e abraçar a salvação?
Muitas das tendências modernas no evangelismo propendem a adotar uma abordagem minimalista para a questão. Infelizmente, o desejo legítimo de expressar o coração do evangelho deu lugar a um esforço menos saudável. É uma campanha para destilar os elementos essenciais da mensagem para os melhores termos possíveis.
O glorioso evangelho de Cristo – que Paulo chamou de “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16) – inclui toda a verdade sobre Cristo. Contudo, o evangelicalismo atual tende a considerar o evangelho como um “plano de salvação”. Reduzimos a mensagem para uma lista de fatos declarados nas palavras mais triviais possíveis: “Seis Passos para a Paz com Deus”. “Cinco coisas que Deus quer que você conheça”. “Quatro Leis Espirituais”. “Três verdades com as quais você não pode viver”. “Duas maneiras de viver”. Ou, “Um Caminho Para o Céu”. (Esta não é uma crítica a essas apresentações específicas, mas é meramente uma observação que parecemos ansiosos para produzir e usar como “planos de salvação” que enumeram e consolidam a mensagem do evangelho).
Outra tendência, igualmente perigosa, é reduzir o evangelismo a um script memorizado. Muitas vezes, o treinamento de evangelismo consiste em fazer com que os cristãos memorizem uma série de perguntas, antecipando que cada pergunta cairá em uma das poucas categorias que tem uma resposta pré-planejada.
Todavia, o evangelho não é uma mensagem que pode ser capsulada, abreviada, encolhida e depois oferecida como um remédio genérico para todo o tipo de pecador. Os pecadores ignorantes precisam ser instruídos sobre quem é Deus e por que Ele tem o direito de exigir obediência deles. Os pecadores justos devem ter o seu pecado exposto pelas demandas da lei de Deus. Os pecadores despreocupados precisam ser confrontados com a realidade do julgamento iminente de Deus. Os pecadores temerosos precisam ouvir que Deus, em Sua misericórdia, forneceu um meio de libertação. Todos os pecadores devem entender o quão Deus é completamente santo. Eles devem compreender as verdades básicas da morte sacrificial de Cristo e o triunfo de Sua ressurreição. Eles precisam ser confrontados com a exigência de Deus de que eles se voltem do seu pecado para abraçar Cristo como Senhor e Salvador.
Além disso, em todos os casos que Jesus e os apóstolos evangelizaram – seja ministrando a indivíduos ou multidões – não houve dois incidentes em que eles apresentaram a mensagem precisamente na mesma terminologia. Ambos sabiam que a salvação é uma obra soberana de Deus. O papel deles era pregar a verdade, pois o Espírito Santo é quem aplica a mensagem individualmente aos corações dos Seus eleitos.
A forma da mensagem será diferente em cada caso. Mas o conteúdo deve sempre conduzir ao lar da realidade da santidade de Deus e da condição impotente do pecador. Então, aponte os pecadores para Cristo como um Senhor soberano, mas misericordioso, que pagou a expiação total por todos os que se voltam para Ele em fé.
Os cristãos de hoje são muitas vezes advertidos sobre o perigo de falar demais para os perdidos. Certos problemas espirituais são rotulados como tabu ao falar com os não-convertidos, como a lei de Deus, o senhorio de Cristo, o arrependimento, a rendição, a obediência, o julgamento e o inferno. Tais coisas não devem ser mencionadas, para que não “adicione algo à oferta do presente gratuito de Deus”.
Pior ainda, há alguns que levam esse evangelismo reducionista ao seu extremo mais distante. Aplicando erroneamente a doutrina reformada do sola fide (somente a fé), eles fazem da fé o único assunto permitido para falar aos não-cristãos sobre o dever perante Deus. Assim, eles tornam a fé completamente sem sentido, extraindo-a de tudo, exceto de seus aspectos nocionais. Isso, alguns acreditam, preserva a pureza do evangelho. Mas o que realmente faz é diminuir o poder da mensagem da salvação.
Falsos convertidos também habitam na igreja, cuja fé é falsa e cuja esperança mantém uma falsa promessa. Dizendo que “aceitam a Cristo como Salvador”, eles descaradamente rejeitam Sua legítima reivindicação como Senhor. “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Marcos 7:6). “Afirmam que conhecem a Deus, mas o negam por meio do que fazem; é por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para qualquer boa obra” (Tito 1:16). Aproximam-se de Cristo superficialmente chamando-o de “Senhor, Senhor!” (Lucas 6:46). Tais pessoas se encaixam na descrição trágica dos “muitos” em Mateus 7:22-23, que no dia final ficarão  aterrorizados ao ouvir Jesus dizer: “Eu nunca conheci vocês. Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal”.
Se não há uma descrição simples para uma conversa evangelística, então, o que o evangelista deve falar ao proclamar o evangelho? Quais são os pontos que precisamos deixar claros se quisermos articular o evangelho tão precisamente quanto possível? A santidade de Deus, a depravação do homem, a obra de Cristo e as determinações de Deus sobre o pecador. Estas são verdades que precisamos abraçar como povo de Cristo e dominar como suas testemunhas.

Fonte: Grace to You
Tradução: Leonardo Dâmaso
Via: Reformados 21

Nenhum comentário:

Postar um comentário