quinta-feira, 28 de junho de 2012

Vasos para desonra

O apóstolo Paulo é enfático em especificar quem são os vasos para honra: "Somos nós", ou seja, os vasos para honra é a igreja (corpo) do Deus vivo! "Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade" ( 1Tm 3:15 ). Os vasos para honra também são designados "vasos de misericórdia": "... nos vasos de misericórdia, que para a glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem chamou, não só dentre os gentios?" ( Rm 9:22 -24).

Quem são os vasos para honra e quem são os vasos para a desonra? Quem é o barro e quem é o oleiro?
Muitas questões doutrinárias surgiram ao longo da história da igreja por causa da má interpretação deste versículo. Porém, estas questões são facilmente respondidas quando o leitor compreender o real significado de cada figura presente no versículo.
Deus é o Oleiro e Ele tem poder sobre o barro. Ou seja, não há como o homem questionar a soberania e o poder de Deus "Ai daquele que contende com o seu Criador! O caco entre outros cacos de barro!

Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? Ou a tua obra: Não tens mãos?" ( Is 45:9 ).
Quem é o barro? Todos os homens são descritos como barro. O homem foi criado do pó da terra, e por isso, a figura do barro remete ao homem, uma das criaturas de Deus.
O profeta Isaias evidência as diferenças entre o homem e o Criador utilizando as figuras do oleiro e do barro: "Vós tudo perverteis, como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: Não me fez; e o vaso formado dissesse do seu oleiro: Nada sabe" ( Is 29:16 ). É evidente que Deus é o oleiro, e o homem, o barro.

Estas figuras foram utilizadas várias vezes no Antigo Testamento: "Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai; nós o barro e tu o nosso oleiro; e todos nós a obra das tuas mãos" ( Is 64:8 ).
A primeira parte do versículo é facilmente respondida: "Ou não tem o oleiro poder sobre o barro...?" ( Rm 9:21 ). Sim! Deus tem total poder sobre os homens (barro)! O oleiro representa a pessoa do Criador, que de uma mesma massa (barro) cria vasos para uso diverso (honra e desonra).
Deus tem poder sobre os homens, mas, quem são os vasos (homens) para honra e quem são os vasos (homens) para desonra?
A bíblia apresenta algumas figuras em pares antagônicos. Observe:
  • Porta larga e porta estreita;
  • Caminho largo e caminho estreito;
  • Árvore má e árvore boa;
  • A planta não plantada pelo Pai e a planta que o Pai plantou;
  • Filhos das trevas e filhos da Luz;
  • Servos do pecado e servo da justiça;
  • Semente corruptível e semente incorruptível;
  • Carne e Espírito;
  • Vasos para desonra e vasos para honra.
As perguntas se avolumam diante do quadro acima: Quem é a porta larga? Quem é, ou o que é o caminho largo? Quem é a árvore boa; Quem são as plantas que o Pai não plantou? Quem são os filhos das trevas? Quem são os servos do pecado? Qual é a semente corruptível? Quem é carnal? Quem são os vasos para desonra?
É certo que Deus tem poder sobre o barro! Porém, o versículo demonstra que Deus pega de uma mesma massa (barro) e faz vasos para honra e vasos para desonra "... para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?" ( Rm 9:21 ).
Como é possível de uma mesma massa serem feitos vasos para honra e vasos para desonra? O que diferencia os vasos para honra e os vasos para desonra não é a massa (barro) que foram moldados. A diferença está na utilidade dos vasos (vasos para honra e vasos para desonra).

Através dos elementos apresentados no parágrafo anterior é possível esclarecer outro ponto: tanto os vasos para honra, quanto os vasos para desonra são moldados (feitos) de uma mesma massa (barro). Ou seja, a distinção entre vasos para honra e vasos para desonra não é proveniente da massa que os vasos são moldados. De uma mesma massa Deus faz vasos (homens) para honra e desonra.
Podemos dizer que há homens para honra e homens para desonra, sendo que, todos são provenientes de uma mesma massa (barro).
Quem são os homens (vasos) para honra, e quem são os homens (vasos) para desonra? Quando eles são feitos?
Os três versículos seguintes são esclarecedores:
"E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para a glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem chamou, não só dentre os gentios?" ( Rm 9:22 -24).
Paulo é enfático em especificar quem são os vasos para honra: "Somos nós", ou seja, os vasos para honra é a igreja (corpo) do Deus vivo! "Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade" ( 1Tm 3:15 ).
Os vasos para honra também são designados "vasos de misericórdia": "... nos vasos de misericórdia, que para a glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem chamou, não só dentre os gentios?" ( Rm 9:22 -24).
Através do versículo anterior foi possível determinar quem são os vasos para honra! São os cristãos, homens (vasos) que Deus chamou dentre todos os povos.
Agora, quem são os vasos para desonra?
Eles representam uma seita? Uma organização? Uma igreja? É o anticristo? São os Falsos profetas?
Os vasos para desonra também foram designados por Paulo como "vasos da ira", e eles foram preparados especificamente para a destruição. O apóstolo Paulo demonstra que Deus suportou os vasos criados para desonra com muita paciência!
A resposta sobre quem são os vasos para desonra está nos versículos seguintes:
"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus" ( Rm 3:23 -26).
Deus suportou com paciência os vasos da ira (desonra) ( Rm 9:22 ), e, concomitantemente, propôs através do sangue de Cristo, propiciação pela fé a todos (vasos para desonra) que cometiam pecado sob a paciência de Deus ( Rm 3:25 ).
Deus "... suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição" ( Rm 9:22 ), para "... demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus" ( Rm 3:25 ).
Que entrave para a mente humana! Você, que hoje é vaso para honra por meio da fé em Cristo, outrora já foi um dos vasos para desonra.
Isto demonstra que, os vasos da ira, ou os vasos preparados para a perdição, são todos aqueles que pecaram e foram destituídos da glória de Deus. Por que vasos da ira? Porque são filhos da ira e da desobediência ( 1Co 15:22 ).
Isto leva a seguinte conclusão: todos pecaram em Adão, ou seja, os vasos para desonra (ira) são provenientes da semente corruptível de Adão.

É possível construir o seguinte paralelo entre Adão e Cristo:
Adão (O primeiro Adão)
Cristo (O último Adão)
Porta larga
Porta estreita
Caminho largo
Caminho estreito
Árvore má
Árvore boa
Planta não plantada pelo Pai
Planta que o Pai plantou
Filhos das trevas
Filhos da Luz
Servos do pecado
Servos da justiça
Semente corruptível
Semente incorruptível
Carne
Espírito
Vasos para desonra
Vasos para honra

Paulo demonstra que 'todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus' Rm 3: 23. Verifica-se que todos pecaram em Adão, e que em Adão os homens são feitos vasos para desonra "Pois assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição veio por um homem" ( 1Co 15:21 ).
De igual modo, os homens que crêem são justificados pela redenção que há em Cristo ( Rm 3:24 ) "Pois assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem" ( 1Co 15:22 ).
Isto por si só demonstra que os vasos para desonra são feitos (criados) em Adão. Todos os nascidos segundo a vontade da carne, a vontade do varão e do sangue são vasos de desonra preparados para ira. São filhos da ira e da desobediência de Adão ( Jo 1:12 -13).
Deus utiliza a mesma massa que dá forma aos vasos para desonra para fazer vasos para honra. A 'matéria prima' (massa) que Deus utiliza para fazer a nova criatura (vaso para honra) é a mesma que foi utilizada para fazer os vasos para desonra.
O homem nascido de Adão é criado um novo homem por meio da fé em Cristo. Ou seja, a mesma massa utilizada para fazer os vasos para perdição (homens nascido de Adão), agora é utilizada para fazer vasos para honra (homens nascidos da água e do Espírito).

Não é possível apresentar qualquer outro tipo de interpretação às figuras apresentadas no quadro acima. O primeiro Adão é alma vivente, é da terra e é homem carnal.
Os vasos para honra são feitos (criados) em Cristo, o último Adão. Ele é Espírito vivificante ( 1Co 15:45 ). Ele é homem espiritual e é de cima (céu).
Todos que crêem em Cristo, conforme diz a Escritura, são feitos vasos para honra em Cristo Jesus. São vasos de misericórdia. Deixaram a condição de vaso para desonra, pois alcançaram misericórdia.
A mesma massa que foi utilizada para fazer vasos para desonra em Adão, agora é utilizada para fazer vasos para honra em Cristo. É da mesma massa (homens nascidos em Adão) que Deus faz vasos para honra (homens nascidos do último Adão).

Isto demonstra que Deus tem poder sobre a massa para fazer vasos para honra e vasos para desonra. É por isso que, aqueles que crêem, recebem poder para serem feitos (cridos) filhos de Deus.
Os vasos preparados para a destruição que crerem Naquele que o Pai enviou serão feitos (criados) vasos para honra segundo o poder de Deus que operou em Cristo ressuscitando-o dentre os mortos ( Ef 1:19 ).
As figuras dos vasos para honra e vasos para desonra também são utilizadas pelo apóstolo dos gentios ao escrever a Timóteo:
"Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra" ( 2Tm 2:20 -21).
Ao escrever a seu filho na fé ( 2Tm 2:1 ), Paulo estava tratando de questões relativas à igreja (local) que estava sob o cuidado de Timóteo.
A igreja (corpo) de Jesus Cristo é constituída somente de vasos para honra, porém, no ajuntamento solene de pessoas, há vasos para honra e vasos para desonra (crentes e descrentes).
Este versículo trata especificamente do ajuntamento solene de pessoas, onde várias pessoas reúnem-se (crentes e descrentes).
Quando o apóstolo estabeleceu o comparativo entre uma grande casa e o ajuntamento solene de pessoas crentes e descrentes, ele torna evidente que não há somente vasos de ouro e prata nestes ajuntamentos (reuniões), mas que também há vasos de pau e barro.
Ora, se em uma grande casa há vários tipos de vasos feitos de materiais diferentes (ouro, prata, pau e barro), da mesma forma o ajuntamento solene, que congrega varias pessoas, é um misto de pessoas com valores culturais diferenciados.

Sobre as qualidades e méritos de cada indivíduo que compõe a igreja local, Paulo é bem claro: "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós" ( 2Co 4:7 ). Paulo sabia qual o valor do conhecimento humano perante o evangelho de Cristo ( 1Co 3:15 ).
O apóstolo Paulo falava a sabedoria proveniente de Deus, para que a fé dos irmãos não estivesse alicerçada em valores provenientes da sabedoria humana ( 1Co 2:5 ).
Ou seja, o apóstolo Paulo pregava o evangelho de maneira dissociada de suas qualidades pessoais. Isto porque ele não pregava a si mesmo "Pois não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus..." ( 2Co 4:5 ). Ele tinha plena consciência de que era vaso de barro.
E quanto a nós? Você se considera que tipo de vaso?
Em Cristo Jesus o cristão é vaso para honra, mas há aqueles que ousam classificar ou medirem a si próprio "Porque não ousamos classificar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se louvam a si mesmos; mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos, estão sem entendimento" ( 2Co 10:12 ).

Enquanto Paulo considerava ser um vaso de barro por causa da excelência de Deus, havia aqueles que consideravam ser vasos de ouro e prata, por considerarem a si mesmos como mestres, doutores, pastores, graduados, etc. O que Paulo considerou como escória para ganhar a Cristo, eles (maus obreiros) consideravam como forma de evidenciar uma posição de honra e destaque perante a igreja local ( Fl 3:8 ).
Não é o ser vaso de ouro e prata (qualidades pessoais) que torna o homem vaso para honra. E não é o ser vaso de pau e barro que torna alguém vaso para desonra.
É Deus que tem poder sobre o homem (barro), para constituí-los vasos para honra, e não importa as suas qualidades pessoais (ouro, prata, pau ou barro), pois, é Ele quem faz vasos para honra em Cristo.
Os vasos para desonra moldados em Adão não são provenientes da vontade de Deus, mas da vontade do homem, da carne e do sangue. Não importam quais são as qualidades dos homens nascidos em Adão, é preciso ser feito vaso para honra. Nicodemos é um exemplo claro de um vaso para desonra que possuía vários méritos e qualidades pessoais, etc.

De quais coisas é necessário ao homem purificar-se para ser um vaso para honra? Das contendas de palavras e dos falatórios inúteis que produzem maior impiedade ( 2Tm 2:14 e 16). Este era o caso de Himeneu e Fileto, que não conservaram o modelo das sãs palavras de Cristo e se desviaram da verdade do evangelho ( 2Tm 1:13 e 18).
Crer conforme o modelo das sãs palavras de Cristo, ou seja, crer conforme a Escritura torna um vaso preparado para desonra e que foi destinado à destruição em um vaso de honra e misericórdia.
Mas, se o homem não guardar o modelo das sãs palavras do evangelho, será vaso para desonra e sujeito a ira de Deus.
Quem não segue o caminho de Fileto e Himeneu é separado para uso exclusivo de Deus (santificado). É idôneo para uso, uma vez que é participante da herança dos santos na Luz ( Cl 1:12 ). Foi criado para toda a boa obra ( Ef 2:10 ).

Com base no que foi exposto, vem a pergunta: você é vaso para honra ou vaso para desonra?
Se você creu em Cristo conforme diz a Escrituras e guarda o modelo das sãs palavras do evangelho (persevera), você foi criado um novo homem (vaso) para honra e louvor ao nome de Deus ( Ef 1:11 -12).
Mas, aquele que não crê na mensagem do evangelho ou que transtorna a doutrina do evangelho, é vaso para desonra, preparado para a perdição, visto que, 'não crê no nome do unigênito Filho de Deus', e, por tanto, já está debaixo de condenação.
Isto demonstra que Deus não predestinou os homens nascidos em Adão à perdição (embora eles sejam preparados para a destruição), visto que, os cristãos eram filhos da ira e da desobediência, mas foram suportados por Deus com muita paciência ( Rm 9:22 ).
Aqueles que eram preparados para perdição, mas que ao ouvirem a palavra do evangelho e creram, foram remidos dos pecados dantes cometidos sob a paciência de Deus, e tornaram-se vasos para a honra ( Rm 3:25 ).

Agora, compreendendo esta verdade, não tenha um sentimento de soberba, achando que você é melhor que os demais (vaso de ouro, prata), antes guardem este tesouro, sabendo que é vaso de barro, criado em Cristo para toda boa obra ( 2Co 4:7 ).
Agora, ao analisar o contexto do capítulo 9 de Romanos, temos que os israelitas confiavam da carne que eram filhos de Deus. Não atinavam que os nascidos segundo a carne são carnais. Não era porque eram descendentes de Abraão que eram seus filhos (filho de Abraão é o mesmo que filho de Deus).
Para ser filho de Abraão é preciso a mesma fé que teve o crente Abraão, que creu na promessa de

Deus. Os judeus cofiavam da carne que eram filhos de Deus, porém, segundo a carne eram filhos de Adão. Continuavam na condição de filhos da ira e da desobediência.
Eles (judeus) eram vasos de desonra como os demais gentios, pois todos os homens são gerados segundo a carne por causa de Adão. Tanto judeus quanto gentios precisam nascer de novo para serem feitos filhos de Deus, tornando-se vaso para honra.

quarta-feira, 27 de junho de 2012


Conselhos de Charles Finney 1792-1875


“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres, porque, fazendo assim salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.” I Tm 4.16.

Não vou pregar a pregadores, mas apenas sugerir algumas condições sob as quais poderão apossar-se da salvação prometida nesse texto.

1. Cuida em ser constrangido pelo amor a pregar o evangelho, como o foi Cristo a providenciar Seu evangelho.
2. Cuida em ter o revestimento especial do poder do alto, pelo batismo do Espírito Santo.
3. Cuida em ler a vocação, não apenas da cabeça, mas do coração, para empreenderes a pregação do evangelho. Com isso quero dizer: ser cordial e intensamente inclinado a buscar a salvação de almas como a grande missão da tua vida; e não empreendas aquilo a que teu coração não te impelir.
4. Mantém constantemente a comunhão íntima com Deus.
5. Faze da Bíblia o teu Livro dos livros. Estude-a muito, de joelhos, esperando iluminação divina.

6. Acautela-te de depender dos comentários. Consulta-os quando convier: porém julga por ti mesmo, à luz do Espírito Santo.
7. Guarda-te puro — em propósito, em pensamento, em sentimento, em palavras e em ações.
8. Contempla a culpa dos pecadores e o perigo que correm, para que se intensifique teu zelo pela sua salvação.
9. Também pondera profundamente e demora-te diante do infinito amor e compaixão de Cristo por eles.
10. Ama-os de tal modo a estares pronto a morrer por eles.

11. Dedica os esforços da tua mente ao estudo de meios e modos de salvá-los. Faça disso o grande e intensivo estudo da tua vida.
12. Recusa-te a ser desviado dessa obra. Guarda-te contra toda tentação que arrefeça teu interesse nela.
13. Crê na afirmação de Cristo, de que ele está contigo nessa obra sempre e em todo lugar, para dar-te todo o auxílio necessário.
14. “O que ganha almas é sábio”: e “se algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e nada lhes impropera: e ser-lhe-á concedida. Peça-a, porém, com fé”. Lembra-te, portanto, que tens a obrigação de possuir a sabedoria que ganhará almas para Cristo.
15. Sendo chamado por Deus para a obra, faze dessa tua vocação o argumento constante junto a Deus, para dele obteres tudo que precisares para a execução da obra.

16. Sê diligente e laborioso, “a tempo e fora de tempo”.
17. Conversa muito com todas as classes dos teus ouvintes sobre a questão da salvação, a fim de compreenderes suas opiniões, erros e necessidades. Verifica seus preconceitos, sua ignorância, seu humor, seus hábitos e tudo mais que precisares saber a fim de adaptares tua instrução às suas necessidades.
18. Cuida em que teus próprios hábitos sejam corretos em todo sentido; que sejas temperado em todas as cousas: livre da mancha ou odor do fumo, do álcool, das drogas, de tudo que terias motivo para envergonhar-te e que sirva de tropeço a outros.
19. Não sejas “de mente leviana,” antes “põe o Senhor continuamente diante de ti”.
20. Controla bem tua língua e não te dês a conversas frívolas e sem proveito.

21. Deixa sempre que o povo observe que o tratas com a mais absoluta seriedade tanto no púlpito como fora dele: e não permitas que o convívio diário com as pessoas neutralize tua mensagem no domingo.
22. Resolve “nada saber” entre teu povo “senão a Jesus e este crucificado”: e deixa claro que, na qualidade de embaixador de Cristo, teus negócios com eles dizem respeito inteiramente à salvação da alma.
23. Tem cuidado de ensiná-los não só por preceito, mas também, pelo exemplo. Pratica tu mesmo o que pregas.
24. Tem cuidado especial no relacionamento com o sexo feminino, a fim de jamais levantares pensamento ou desconfiança da menor impureza em ti mesmo.
25. Vigia os teus pontos fracos. Se fores por natureza dado a jovialidade e brincadeiras, vigia ocasiões de falha nesse setor.

26. Se fores por natureza carrancudo e insociável, vigia contra o mau humor e a insociabilidade.
27. Evita toda a afetação e fingimento. Sê aquilo que professas ser, e não serás tentado a “fazer de conta”.
28. Que a simplicidade, a sinceridade e a correção cristã, assinalem toda a tua vida.
29. Passa muito tempo, diariamente pela manhã e à noite, em oração e comunhão direta com Deus. Isso te trará poder para a salvação. Não há erudição nem estudo que compense a perda dessa comunhão. Se deixares de manter comunhão com Deus, “te enfraquecerás e serás como qualquer outro homem”.
30. Acautela-te do erro que afirma não haver participação do homem na regeneração nem, por conseguinte, ligação entre esta participação e o resultado final, ou seja, a regeneração da alma.

31. Compreende que a regeneração é uma transformação também moral e, portanto, voluntária.
32. Compreende que o evangelho se destina a transformar o coração dos homens, e, apresentando-o sabiamente, podes contar com a cooperação eficiente do Espírito Santo.
33. Na escolha e no tratamento dos textos para teus sermões, procura sempre a orientação direta do Espírito Santo.
34. Que todos os teus sermões sejam do coração e não apenas da cabeça.
35. Prega à base da experiência, e não por ouvires dizer, nem apenas pela leitura e estudo.

36. Apresenta sempre o assunto que o Espírito Santo põe no teu coração para a ocasião. Lança mão dos pontos que o Espírito apresentar à tua mente, e apresenta-os tão diretamente quanto possível à congregação.
37. Entrega-te à oração sempre que fores pregar, e vai do aposento para o púlpito com os gemidos íntimos do Espírito procurando expressão nos teus lábios.
38. A tua mente deve estar plenamente imbuída do assunto, de maneira que este esteja procurando expressão: abre a boca e deixa as palavras saírem como torrente.
39. Vê que não esteja sobre ti o “temor do homem que arma um laço”. Deixa o povo compreender que temes muito a Deus para temê-los.
40. Não deixes nunca que a tua popularidade com o povo tenha influência sobre a tua pregação.

41. Não deixes nunca que a questão de salário te detenha de “declarar todo o conselho de Deus”, “quer ouçam quer deixem de ouvir”.
42. Não contemporizes, para não acontecer perderes a confiança do povo e assim falhares em salvá-los. Eles não poderão respeitar-te integralmente como embaixador de Cristo, se perceberem que te falta coragem para cumprires o teu dever.
43. Cuida em te “recomendar à consciência de todo homem, na presença de Deus”.
44. Não sejas “cobiçoso de torpe ganância”.
45. Evita toda aparência de vaidade.

46. Inspira o respeito do povo pela tua sinceridade e sabedoria espiritual.
47. Não deixes nem de longe que imaginem que possas ser influenciado na pregação por questões de salário maior, menor ou nenhum.
48. Não dês a impressão de que aprecias uma boa mesa e gostas de ser convidado para jantar; pois isso será um laço para ti e uma pedra de tropeço para eles.
49. Subjuga o teu corpo, para que, tendo pregado aos outros, não venhas tu mesmo a ser desqualificado.
50. Vela pelas almas, como quem deve prestar contas a Deus.

51. Sê diligente no estudo, e instrui cabalmente o povo em tudo que é essencial à salvação.
52. Jamais bajules os ricos.
53. Sê particularmente atencioso às necessidades e à instrução dos pobres.
54. Não te deixes levar à transigência com o pecado pelo suborno de festas beneficentes.
55. Não te deixes tratar publicamente como mendigo, pois do contrário virás a merecer o desprezo de larga classe dos teus ouvintes.

56. Repele toda tentativa de fechares a boca a tudo quanto for extravagante, errado ou prejudicial entre o teu povo.
57. Mantém a tua integridade e independência pastoral, para não cauterizar a consciência, apagar o Espírito Santo e perder a confiança do povo e o favor de Deus.
58. Sê exemplo do rebanho: permite que a tua vida ilustre o teu ensino. Lembra-te de que as tuas ações e espírito ensinarão com ainda maior ênfase do que os teus sermões.
59. Se pregares que os homens devem servir a Deus e ao próximo por amor, cuida em fazer o mesmo e evita tudo que possa dar a impressão de que trabalhas por salário.
60. Serve ao povo com amor e anima-os a retribuir, não com o equivalente em dinheiro, mas com a retribuição do amor, que proporcionará refrigério tanto a ti como a eles.

61. Repele toda proposta para angariar fundos para ti ou para o trabalho da igreja junto a homens mundanos, embora sejam solícitos.
62. Repele as festas e reuniões sociais dispersivas, principalmente nas épocas mais favoráveis a esforços unidos para a conversão de almas a Cristo. Podes estar certo de que o diabo procurará desviar-te nessa direção. Quando estiveres orando e planejando um avivamento da obra de Deus, alguns mundanos da igreja te convidarão a uma festa. Não vás, pois se fores, terás uma série de festas, que virão anular as tuas orações.
63. Não te deixes enganar: o teu poder espiritual perante o povo nunca crescerá pela aceitação de tais convites em tais épocas. Se a ocasião é boa para festas, porque o povo está folgado, também é boa para reuniões religiosas, e tua influência deve ser aplicada para atrair o povo à casa de Deus.
64. Cuida em conhecer pessoalmente e viver diariamente a pessoa de Cristo.

Temistocles Santos



Mt 8:5-13 ‘Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente. Jesus lhe disse: Eu irei curá-lo. Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Ouvindo isto, admirou-se Jesus e disse aos que o seguiam: Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta. Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus. Ao passo que os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes. Então, disse Jesus ao centurião: Vai-te, e seja feito conforme a tua fé. E, naquela mesma hora, o servo foi curado.’
Vamos analisar mais detalhadamente:
Mt 8:5- 6 ‘Apresentou-se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente.’
O centurião era uma figura de autoridade. Era alguém que coordenava, comandava, tinha pessoas debaixo da sua autoridade e mesmo assim ele resolve PARAR por causa de um de seusSERVOS.
Mt 8:7 ‘Jesus lhe disse: Eu irei curá-lo.’
JESUS prontamente responde ao clamor do centurião. Isso nos revela algo grandioso da parte do Senhor pra nós: ‘Deus QUER curar, transformar, restaurar.’
Mt 8:8a ‘Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa...’
‘Digno’ significa ‘Bom’. O centurião estava dizendo: ‘Senhor não sou bom o suficiente para que entres na minha casa’. ‘A GRAÇA de Deus é que nos alcança.’ Não é por sermos bons, mas porque Ele é bom.
Mt 8:8b ‘...Mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado.’ Reconhecer a autoridade do Senhor. ‘Deus olha a nossa FÉ n’Ele.’
Mt 8:11 ‘Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus.’
A promessa de benção se estende a todos aqueles que crêem em Seu nome. (Jo 1:11-13). ‘Podemos nos ACHEGAR confiantes. Fomos incluídos nessa obra maravilhosa.’
Mt 8:13 ‘Então, disse Jesus ao centurião: Vai-te, e seja feito conforme a tua fé. E, naquela mesma hora, o servo foi curado.’
Deposite sua TOTAL confiança naquele que pode fazer o IMPOSSÍVEL por você. ‘Deus respondeCONFORME a nossa .’
ATITUDE deste homem, firmada no RECONHECIMENTO da autoridade de Jesus e motivado por sua FÉ, fez com que ele experimentasse a GRAÇA, a MISERICÓRDIA e o PODER de Deus.
Um homem atarefado, PARA tudo por um simples SERVO. Ele coloca o seu tempo em favor de alguém e essa atitude resulta no MILAGRE.
Se um homem pode crer desta maneira, mesmo antes de receber o milagre ou qualquer palavra da parte de Jesus, será que conseguimos imaginar à que nível foi levada a sua FÉ depois de ver o poder de Deus e receber aquilo que os olhos naturais e o poder humano não poderiam ver nem fazer?
Como está escrito: ‘Tudo é possível ao que crê.’ (Mc 9:23b)
http://tulipaibmr.blogspot.com.br/

NADA ALÉM DO SANGUE LEGENDADO

terça-feira, 26 de junho de 2012


Nossa Completa Dependência - J. Edwards


"Deus é glorificado na obra de redenção no fato de que há dependência tão absoluta e universal dos seus redimidos". Aqui proponho mostrar que os redimidos dependem absoluta e universal mente de Deus para o seu próprio benefício. E que Deus é exaltado e glorificado por isso, na obra de redenção.  
Os redimidos dependem absoluta e universalmente de Deus. A natureza e o plano de nossa redenção são tais, que somos diretamente e completamente dependentes dEle. Somos inteiramente dependentes de Deus, em tudo e de todas as maneiras. 

As várias maneiras nas quais a dependência de um ser pode estar em outro para o seu benefício e nas quais os redimidos de Jesus Cristo dependem de Deus para o seu benefício são estas: Que eles têm todo o seu benefício proveniente dEle, e que eles têm tudo através dEle e tudo nEle. Ele é a causa e a origem de onde provém todo o seu benefício — é nesse particular que é proveniente dEle —; Ele é o meio pelo qual o benefício é obtido e transmitido — é nesse particular que eles o têm através dEle —; e Ele é o próprio benefício dado e transmitido — é nesse particular que está nEle. Os que são redimidos por Jesus Cristo dependem, em todos estes aspectos, muito direta e completamente de Deus para o tudo. 

Em primeiro lugar, os redimidos têm todo o seu benefício proveniente de Deus. Deus é o grande Autor. Ele não é apenas a causa primeira, mas também a única causa formal. E de Deus que te mos nosso Redentor. Foi Deus que nos proveu um Salvador. Jesus Cristo não é somente de Deus em sua pessoa, visto que Ele é o Filho unigênito de Deus, mas Ele também é proveniente de Deus. Já que estamos envolvidos nEle e no seu ofício de Mediador, Ele é o dom de Deus para nós. Deus o escolheu, o ungiu, o nomeou em sua obra e o enviou ao mundo. Considerando que é Deus quem dá, então é Deus quem consente o Salvador. Ele dá o comprador e fornece a coisa comprada. 

E proveniente de Deus que Cristo se torne nosso; somos levados e unidos a Ele. E proveniente de Deus que recebemos fé para aceitá-lo, que temos interesse nEle: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus" (Ef 2.8). É proveniente de Deus que recebemos todos os benefícios que Cris to comprou. E Deus que nos perdoa e justifica, nos livra de irmos para o inferno; e no seu favor os redimidos são recebidos, quando justificados. Assim, é Deus que nos livra do domínio do pecado, nos limpa de nossa imundície e nos muda de nossa perversidade. E proveniente de Deus que os redimidos recebam toda a sua verdadeira excelência, sabedoria e santidade, e o recebam de duas maneiras, ou seja, tanto quanto o Espírito Santo por quem estas coisas são imediatamente feitas é proveniente de Deus, procede dEle e é enviado por Ele, e também considerando que o próprio Espírito Santo é Deus, por cuja operação e habitação o conheci mento de Deus, as coisas divinas, a disposição santa e toda graça são conferidos e sustentados. Embora meios sejam emprega dos para conferir a graça na alma dos homens, é proveniente de Deus que tenhamos estes meios da graça e é Ele que os torna eficaz. E proveniente de Deus que tenhamos as Escrituras Santas, pois elas são sua palavra. E proveniente de Deus que tenha mos as ordenanças, pois sua eficácia depende da influência imediata do seu Espírito. Os ministros do evangelho são enviados de Deus, e toda sua suficiência é proveniente dEle: "Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós" (2 Co 4.7). O seu sucesso depende completa e absolutamente da bênção e influência imediatas de Deus.  


O Deleite de Deus na Redenção – Jonathan Edwards


[Deus se deleita na obra salvífica de Cristo como um fim supremo da criação]

A obra da redenção realizada por Jesus Cristo é de tal maneira referida como conseqüência da graça e do amor de Deus pelos homens que não pode ser coerente com a idéia de que ele procura lhes comunicar o bem apenas de modo subordinado. Expressões como as de João 3.16 ("Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"). 1 João 4.9,10: ("Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados"). Bem como Efésios 2.4: ("Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou"), apresentam outra idéia. Caso, porém, isso se desse apenas em razão de um fim ulterior, inteiramente distinto do nosso bem,81 todo amor seria concretizado e manifestado nesse objeto supremo, estritamente falando, e não no fato de que ele nos amou, ou que teve por nós a mais alta consideração. Se o nosso bem ou interesse não é considerado de modo supremo, mas apenas subordinado, é, em si mesmo, tido como nada para Deus.


As Escrituras sempre mostram que as grandes coisas que Cristo fez e sofreu foram, no sentido mais direto e estrito, decorrentes do seu imenso amor por nós. O apóstolo Paulo expressa esse fato da seguinte maneira em Gaiatas 2.20: "Vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim". Efésios 5.25: "Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela". O próprio Cristo diz em João 17.19: "E a favor deles eu me santifico a mim mesmo". E as Escrituras mostram Cristo descansando na salvação e na glória do seu povo, quando estas são obtidas depois de terem sido buscadas acima de todas as coisas, como tendo alcançado o seu objetivo, recebido o prêmio pretendido e desfrutado o trabalho da sua alma no qual ele se satisfaz, como recompensa desse labor e das agonias extremas. Isaías 53.10,11: "Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si". Ele vê o trabalho da sua alma ao ver sua descendência, os filhos gerados por esse trabalho. Isso implica que Cristo se deleita, de modo absolutamente verdadeiro e próprio, em obter a salvação da sua igreja não apenas como um meio, mas como aquilo no que ele se regozija e se satisfaz, mais direta e particularmente.


Esse fato pode ser comprovado pelas passagens das Escrituras de acordo com as quais Cristo se regozija ao obter esse fruto de seu trabalho e aquisição, como o noivo quando recebe sua noiva. Isaías 62.5: "Como o noivo se alegra da noiva, assim de ti se alegrará o teu Deus". E quão enfáticas e veementes quanto ao seu propósito são as expressões em Sofonias 3.17: "O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo". Pode-se dizer o mesmo de Provérbios 8.30,31 ("Então, eu estava com ele e era seu arquiteto, dia após dia, eu era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo; regozijando-me no seu mundo habitável e achando as minhas delícias com os filhos dos homens") e das passagens que falam dos santos como a herança de Deus, suas jóias e propriedade peculiar, afirmações amplamente corroboradas em João 12.23-32:

Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorifiçado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preserva-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará. Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora. Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei. A multidão, pois, que ali estava, tendo ouvido a voz, dizia ter havido um trovão. Outros diziam: Foi um anjo que lhe falou. Então, explicou Jesus: Não foi por mim que veio esta voz, e sim por vossa causa. Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo".

domingo, 24 de junho de 2012

A quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória " (I Ped. 1:8).
O verdadeiro cristão tem uma convicção sólida e efetiva da verdade do evangelho. Não hesita mais entre duas opiniões. O evangelho deixa de ser duvidoso ou provavelmente verdadeiro, tornando-se estabelecido e indiscutível em sua mente. As coisas grandes, espirituais, misteriosas e invisíveis do evangelho influenciam seu coração como realidades poderosas.
Ele não tem simplesmente uma opinião que Jesus seja o Filho de Deus; Deus abre seus olhos para ver que este é o caso. Quanto às coisas que Jesus ensina sobre Deus, a vontade de Deus, a salvação e o céu, o cristão também sabe que são realidades indubitáveis. Têm, assim, uma influência prática em seu coração e em seu comportamento.


É claro nas Escrituras que todos os verdadeiros cristãos têm essa convicção sobre as coisas divinas. Mencionarei somente alguns textos dos muitos existentes: "Mas vós... quem dizeis que eu sou?" "Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo. Então Jesus lhe afirmou: bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus" (Mat. 16:15-17). "Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. Agora eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado, provêm de ti; porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste e eles as receberam e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste" (João 17:6-8). "Porque sei em quem lenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia" (II Tim. 1:12). "E nós conhecemos e cremos 0 amor que Deus nos tem" (I João 4:16).

Existem muitas experiências religiosas que falham em trazer essa convicção. Muitas das chamadas revelações são emocionantes, mas não convincentes. Não produzem mudança duradoura na atitude e conduta da pessoa. Existem pessoas que têm tais experiências, todavia não agem sob influência prática de uma convicção das realidades infinitas, eternas em suas vidas diárias. Suas emoções Urdem por algum tempo e depois morrem de novo, não deixando atrás de si nenhuma convicção duradoura.
Entretanto, suponhamos que as afeições religiosas de uma pessoa surjam realmente de uma forte convicção que o cristianismo é verdadeiro. Seriam suas afeições espirituais? Não, não necessariamente. De fato, suas emoções ainda não são espirituais, a não ser que sua convicção seja razoável. Por "uma convicção razoável", quero dizer uma convicção fundada em evidência e de bom entendimento. Pessoas de outras crenças têm uma forte convicção da verdade de suas religiões. Muitas vezes aceitam suas religiões meramente porque seus pais, vizinhos e nações as ensinam. Se um cristão professo não tem outra base para sua fé, a não ser essa, sua religião não é melhor do que a de qualquer outro que creia meramente como resultado de sua formação. Sem dúvida a verdade em que o cristão acredita é melhor, porém se sua crença nessa verdade vem somente de sua formação, então a crença em si mesma está no mesmo nível que aquela das pessoas de outras religiões. As emoções que fluem de tal crença não são melhores que as emoções religiosas fundadas em outras crenças.
Além disso, suponhamos que a crença de uma pessoa no cristianismo não seja baseada em sua educação, mas em argumentos e na razão. Seriam suas emoções agora espirituais? Mais uma vez, não necessariamente. Emoções não espirituais podem surgir até de uma crença razoável. A crença propriamente dita há de ser espiritual bem como razoável. De fato, argumentos racionais às vezes convencerão uma pessoa intelectualmente que o cristianismo é verdadeiro, no entanto aquela pessoa continua não salva. Simão, o mágico, cria intelectualmente (At. 8:13), porém, continuou "em fel de amargura e laço de iniqüidade" (At. 8:23). Crença intelectual certamente pode produzir emoções, como nos demônios que "crêem e tremem" (Tg. 2:19), todavia tais emoções não são espirituais.
Convicção espiritual da verdade surge somente numa pessoa espiritual. Somente quando o Espírito de Deus ilumina nossas mentes para entender realidades espirituais podemos ter uma convicção espiritual da verdade delas. Lembrem-se, compreensão espiritual significa uma percepção interior da beleza espiritual das coisas divinas.
Fonte: Site: Jonathan Edwards

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Evangelização, a urgência de uma tarefa
Jesus concluiu sua obra na cruz. Triunfou sobre o diabo e suas hostes e levou sobre si os nossos pecados. Agora, comissiona sua igreja a levar essa mensagem ao mundo inteiro. O projeto de Deus é o evangelho todo, por toda a igreja, a toda criatura, em todo o mundo. Três verdades devem ser destacadas sobre a evangelização.

1. A evangelização é ordem de Deus.
O mesmo Deus que nos alcançou com a salvação, comissiona-nos a proclamar a salvação pela graça mediante a fé em Cristo. Todo alcançado é um enviado. Deus nos salvou do mundo e nos envia de volta ao mundo, como embaixadores do seu reino. Jesus disse para seus discípulos que assim como o Pai o havia enviado, também os enviava ao mundo. Isso fala tanto de estratégia como de ação. Jesus não trovejou do céu palavras de salvação; ele desceu até nós. A Palavra se fez carne; o Verbo de Deus vestiu pele humana. A evangelização não é uma tarefa centrípeta, para dentro; mas centrífuga, para fora. Não são os pecadores que vêm à igreja, mas é a igreja que vai aos pecadores. Deus tirou a igreja do mundo (no sentido ético) e a enviou de volta ao mundo (no sentido geográfico). Não podemos nos esconder, confortavelmente, dentro dos nossos templos. Precisamos sair e ir lá fora, onde os pecadores estão. Jesus, antes de voltar ao céu e derramar seu Espírito, deu a grande comissão aos seus discípulos. Essa grande comissão está registrada nos quatro evangelhos e também no livro de Atos. Não evangelizar é um pecado de negligência e omissão. Na verdade, é uma conspiração contra uma ordem expressa de Deus.

2. A evangelização é tarefa da igreja.
Nenhuma outra entidade na terra tem competência e autoridade para evangelizar, exceto a igreja. A igreja é o método de Deus. Não podemos nos calar nem nos omitir. Se o ímpio morrer na sua impiedade, sem ouvir o evangelho, Deus vai requer de nós, o sangue desse ímpio. Em 1963, quando John Kennedy foi assassinado em Dalas, no Texas, em doze horas, a metade do mundo ficou sabendo de sua morte. Jesus Cristo, o Filho de Deus, morreu na cruz, pelos nossos pecados, há dois mil anos e, ainda, quase a metade do mundo, não sabe dessa boa notícia. O que nos falta não é comissionamento, mas obediência. O que nos falta não é conhecimento, mas paixão. O que nos falta não é método, mas disposição. Encontramos o Messias, e não temos anunciado isso às outras pessoas. Encontramos o Caminho e não temos avisado isso aos perdidos. Encontramos o Salvador e não proclamamos isso aos pecadores. Encontramos a vida eterna e não temos espalhado essa maior notícia aos que estão mortos em seus delitos e pecados. Precisamos erguer nossos olhos e ver os campos brancos para a ceifa. Precisamos ter visão, paixão e compromisso. Precisamos investir recursos, talentos e a nossa própria vida nessa causa de consequências eternas.

3. A evangelização é uma necessidade do mundo.
O evangelho de Cristo é o único remédio para a doença do homem. O pecado é uma doença mortal. O pecado é pior do que a pobreza. É mais grave do que o sofrimento. É mais dramático do que a própria morte. Esses males todos, embora sejam tão devastadores, não podem afastar o homem de Deus. Mas, o pecado afasta o homem de Deus no tempo, na história e na eternidade. Não há esperança para o mundo fora do evangelho. Não há salvação para o homem fora de Jesus. As religiões se multiplicam, mas a religião não pode levar o homem a Deus. As filosofias humanas discutem as questões da vida, mas não têm respostas que satisfazem a alma. As psicologias humanas levam o homem à introspecção, mas nas recâmaras da alma humana não há uma fresta de luz para a eternidade. O mundo precisa de Cristo; precisa do evangelho. Chegou a hora da igreja se levantar, no poder do Espírito Santo e proclamar que Cristo é o Pão do céu para os famintos, a Água viva para os sedentos e a verdadeira Paz para os aflitos. Jesus é o Salvador do mundo!

Rev. Hernandes Dias Lopes

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Nossas Igrejas estão cheias do que? - John Piper - Legendado em Português

Como NÃO Orar - Mark Driscoll - Legendado em Português

Idolatria - Mark Driscoll

As Igrejas de Deus
por
Arthur W. Pink

"Pois vós, irmãos, vos tornastes imitadores das igrejas de Deus em Cristo Jesus que estão na Judéia" (1 Tes. 2:14)

A ignorância que prevalece no Cristianismo agora em relação às Igrejas de Deus é profunda e mais geral que qualquer outro erro sobre qualquer outro tema das Escrituras. Muitos que são fortes em relação ao Evangelho e são corretamente ensinados sobre os grandes fundamentos da fé, estão equivocados em relação à Igreja. Há de se notar que a confusão que abunda diz mais respeito a palavra "Igreja". Há poucas palavras com tamanha variedade de sentidos. O homem comum entende por "igreja" um edifício no qual as pessoas se congregam para a adoração pública. Porém os que compreendem melhor, sabem que o termo se refere as pessoas que se congregam neste edifício.
Outros usam o termo em um sentido denominacional e chamam de a "Igreja Metodista" ou a "Igreja Presbiteriana". Também se emprega para chamar de instituições do Estado como a "Igreja da Inglaterra" ou a "Igreja da Escócia".
 
Para os papistas, a palavra "igreja" é quase sinônimo da palavra "salvação", porque eles ensinam que todos os que estão fora da "Santa Igreja Mãe" estão eternamente perdidos.
Para muitos que são até mesmo povo de Deus, parece não interessar-lhes o que Deus pensa sobre o tema. É triste notar que homens devotos no Evangelho, que proclamam a Palavra de Deus, nos comentam que não se molestam em relação à doutrina da Igreja; que a salvação é um tema mais importante; e o estabelecimento dos Cristão nos fundamentos é tudo o que é necessário.
Vemos que eles dão capítulo e versículo para cada declaração que fazem e enfatizam a autoridade da Palavra de Deus, porém cerram os olhos à seus ensinamentos sobre a Igreja.

Que constitui uma Igreja Neotestamentária ?
Que haja multidões de supostos Cristãos que desdenham a importância desta questão em manifesto. Suas ações os demostram. Não se molestam em contestar a pergunta. Alguns estão contentes em ficar fora de qualquer Igreja terrenal. Outros se unem a alguma igreja por considerações sentimentais, porque seus pais ou seus parentes pertencem à ela. Todavia outros se unem a uma igreja por motivos mais baixos, por razões políticas ou de negócios. Porém isto não deve ser assim.
Se o leitor é um Anglicano, deve sê-lo porque está convencido de que sua igreja é a mais bíblica. Se é presbiteriano, deve sê-lo pela convicção de que sua igreja está mais de acordo com a Palavra de Deus. E assim também se és Batista, ou Metodista, etc.

Há muitos outros que não guardam nenhuma esperança de poder contestar satisfatoriamente a pergunta: O que é uma Igreja Neotestamentária ? A confusão que causam no Cristianismo, as numerosas seitas e denominações, que diferem amplamente na doutrina e na constituição da igreja e na sua idéia sobre o governo, tem desanimado a muitos. Não dispõe de tempo necessário para examinar as declarações de muitas denominações. Muitos Cristãos são pessoas muito ocupadas, que trabalham muito para ganhar a vida, e não tem o tempo necessário para investigar adequadamente os méritos escriturísticos dos diferentes sistemas eclesiásticos. Consequentemente deixam de um lado a questão, porque a vem demasiadamente difícil e complexa para poder chegar a uma conclusão satisfatória e conclusiva. Porém não, a solução não deve ser assim. Em vez de que estas diferenças de opiniões nos deixem perplexos, devem estimular-nos a chegar a compreender a mente de Deus em relação ao assunto. Se Ele nos diz que devemos "comprar a verdade", o que implica que o esforço e o sacrifício são necessários, somos convidados a "provar todas as coisas".

Agora, é óbvio a todos que deve haver uma maneira mais excelente do que examinar os credos e os artigos de fé de todas as demais denominações. O único método satisfatório para descobrir a resposta divina à pergunta é voltarmos para o próprio Novo Testamento e estudar seus ensinamentos relacionados à "Igreja"; não os pontos de vista de algum homem piedoso; não aceitando o credo de uma Igreja a qual pertencem os meus pais; mas sim provando todas as coisas por si mesma. O povo de Deus não tem nenhum direito de organizar uma igreja sobre fundamentos que não são os que governaram as Igrejas no tempo do Novo Testamento. Uma instituição cujos ensinamentos ou governo são contrários aos Novo Testamento sem dúvida não é uma igreja neotestamentária.
Agora, se Deus tem considerado de suma importância colocar entre as páginas de inspiração, o que é uma igreja neotestamentária, então deve ser importante para cada homem ou mulher estudar o que está escrito, e submetermos a sua autoridade e conformarmos à sua conduta. Assim que apelo ao Novo Testamento unicamente e busco a resposta a nossa pergunta.

1. Uma Igreja Neotestamentária é um corpo local de crentes. Muita confusão tem sido o resultado de se utilizar adjetivos que não se encontram no Novo Testamento. Se fossemos perguntar a alguns Cristãos: a que igreja você pertence ? Contestariam: a grande igreja invisível de Cristo – uma igreja que é intangível e invisível. Quantos repetem o Credo dos Apóstolos, "Creio na santa igreja católica ?, que certamente não era parte alguma no credo que os apóstolos mantiveram. Outros falam de uma "igreja militante" e de uma "igreja triunfante", porém nenhum destes termos se encontram nas Escrituras, e os empregarmos somente cria dificuldade e confusão. No momento que deixamos de reter "o modelo das sãs palavras" (2 Timóteo 2:13) e usamos termos não-escriturísticos, somente nos confundimos ainda mais. Não podemos melhorar as Sagradas Escrituras. Não há necessidade de inventar mais temos, fazê-lo é criticar o vocabulário do Espírito Santo. Quando alguns falam de uma igreja universal de Cristo, empregam um termo anti-escriturístico. O que querem dizer é "a família de Deus". Esta última expressão inclui toda a companhia dos eleitos, porém a palavra "Igreja" não tem o mesmo sentido.

O tipo de Igreja que é enfatizado no Novo Testamento, não é nem invisível nem universal, mas visível e local. A palavra para "igreja" é ekklesia e os que conhecem a língua grega estão de acordo que significa uma assembléia. Uma assembléia é uma companhia de gente que se reúne atualmente. Se nunca se reúnem, então isso seria um mal uso da linguagem dizer que são uma assembléia. Por isso, como todo o povo de Deus nunca tem estado em uma assembléia, juntos, não há uma Igreja ou assembléia universal. Essa igreja é todavia futura porque ainda não tem uma existência corporal.
Para provar o que se disse acima, vamos examinar as passagens onde o termo foi usado pelo nosso próprio Senhor durante os dias de sua carne. Somente duas vezes nos quatro Evangelhos encontramos a Cristo falando de sua "Igreja". A primeira está em Mateus 16:18, onde disse Jesus a Pedro "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". A que tipo de Igreja se referia o Salvador ? A grande maioria dos Cristãos pensam que foi a grande Igreja invisível, mística e universal, que inclui todos os redimidos. 

Porém certamente estão equivocados. Se isto houvesse sido o sentido da palavras, necessariamente haveria dito "Sobre esta pedra estou construindo minha Igreja". Porém disse "construirei", tempo futuro. O que demonstra que quando falou estas palavras, a Igreja não tinha existência, salvo no propósito de Deus. A igreja à qual Cristo se refere em Mateus 16:18 não podia ser universal, isto é, uma igreja que inclui todos os santos de  Deus, porque o tempo do verbo que emprega manifestamente exclui os santos do Antigo Testamento. Além disso, nosso Senhor não se referia à Igreja na glória, porque essa Igreja já não estará sob o perigo das portas do inferno. Sua declaração que "as portas do inferno não prevalecerão contra ela" sem dúvida esclarece que se refere a Sua Igreja sobre a terra, uma Igreja visível e universal.
 
O único outro exemplo de nosso Senhor falando da Igreja quando esteve na terra, se encontra em Mateus 18:17 : "Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano". Agora, o único tipo de Igreja a qual um irmão pode falar de seus problemas é um Igreja visível e local. Isto é tão óbvio que não há necessidade de falar mais deste ponto.
No último livro do Novo Testamento, encontramos o nosso Senhor usando o termo outra vez. Primeiro em 1:11 disse a João "Escreve em um livro o que vês, e enviá-lo às sete igrejas que estão na Ásia". Outra vez, é claro que o Senhor fala de igrejas locais. Depois disto, o Senhor usa a palavra 19 vezes no Apocalipse e em cada passagem a referência foi à Igrejas locais. Sete vezes repete "O que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz as igrejas", não disse "ouça o que o Espírito diz à Igreja" - o que haveria dito se a opinião popular fosse a correta.

A última referência no Apocalipse está em Apocalipse 22:16: "Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas a favor das igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã". A razão disto é que a Igreja de Cristo ainda não tem nenhuma existência tangível e incorporada, seja na glória ou sobre a terra; tudo o que tem agora são suas Igrejas locais.
Uma prova adicional de que o tipo de Igreja que é enfatizado no Novo Testamento é local e visível, está em outros passagens da Escritura. Lemos da "igreja que estava em Jerusalém" (Atos 8:1), "a igreja que estava em Antioquia" (Atos 13:1); "a igreja de Deus que está em Corinto" (1 Coríntios 1:2) – tomem nota de que ainda que esta Igreja tinha vínculos com as demais Igrejas, se distingue de "todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Coríntios 1:2). Outra vez lemos de Igrejas, plural no número. "Assim as igrejas em toda a Judéia, Galiléia e Samária, tinham paz..." (Atos 9:31); "...As igrejas de Cristo vos saúdam" (Romanos 16:16); "...as igrejas da Galácia" (Gálatas 1:2). Assim que se pode ver que a idéia proeminente e dominante no Novo Testamento, foi de Igrejas locais e visíveis.

2. Uma Igreja Neotestamentária é um corpo local de crentes batizados. Por "crentes batizados" quero dizer Cristão que tenha sido submergidos em água. Em todo o Novo Testamento, não há nem um só caso de alguém que chegara a ser membro de uma igreja de Jesus Cristo sem ser primeiro batizado; há muitos casos, muitas indicações e provas de que todos os que pertenciam às igrejas nos dias dos apóstolos eram Cristãos batizados.
Vamos ver primeiro a última parte de Atos 2:47: "E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos". Notem que o versículo não diz que "Deus" ou "o Espírito Santo" ou "Cristo" mas "o Senhor" acrescentava. A razão é esta: "o Senhor" leva a idéia de autoridade e os que Ele acrescentava à igreja haviam se submetido ao Seu senhorio. E a maneira pela qual haviam submetido a Ele está nos versículos 41-42: "De sorte que foram batizados os que receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas; e perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações". Assim que durante os dias mais primitivos desta dispensação, o Senhor acrescentava à Sua igreja pessoas que estavam batizadas. Vejam a primeira das epístolas. Romanos 12:4-5 demonstra que os santos em Roma formavam uma igreja local. Agora regressemos a Romanos 6:4-5 onde encontramos o apóstolo dizendo aos membros de Roma (e deles): "Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição". Assim que os membros da igreja local em Roma eram cristãos batizados.
Agora considerem a igreja em Corinto. Em Atos 18:8 lemos: "e muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados". Outra prova de que os santos de Corinto foram batizados se acha em 1 Coríntios 1:13-14; 10:2,6. E 1 Coríntios 12:13 traduzido corretamente (espero comentar sobre esta passagem em outro artigo mais adiante) expressamente afirma que a entrada à assembléia local é pelo batismo nas águas.

E antes de passar a outro ponto, permita-me dizer que um igreja composta de crentes batizados é óbvia e necessariamente uma igreja batista – de que mais a vamos chamar ? Este é o nome que Deus deu ao primeiro homem que chamou e comissionou para batizar. O nomeou "João Batista". E por isso os verdadeiros batistas não devem ter vergonha do nome que levam. Se alguém perguntar: por que não chamou o Espírito Santo de a "igreja batista em Corinto"? ou, "das igrejas batistas na Galácia"? Contestamos, por esta razão: não havia, nesse tempo, necessidade de assinalar distinções utilizando este adjetivo. Não havia outros tipos de igrejas nos dias dos apóstolos, além de igrejas batistas. Todas eram Igrejas Batistas; isto é, todas estavam compostas de crentes batizados de acordo com as Escrituras. São os homens que tem inventado outras "igrejas" e nomes para as igrejas agora em existência.

3. Uma Igreja Neotestamentária é um corpo local de crentes batizados que formam uma organização. Uma assembléia é uma companhia de pessoas que se reúnem juntos em uma organização, de outro modo não haveria nada para distinguir-lhes de uma multidão qualquer. Prova clara disto se acha em Atos 19:39: "E se demandais alguma outra coisa, averiguar-se-á em legítima assembléia". Estas palavras foram pronunciadas pelo escrivão do povo à multidão que quebrantava a paz. E havendo "apaziguado a multidão" e havendo afirmado que os apóstolos não eram nem ladrões de igrejas ou blasfemadores da deusa do povo, lhes recordou a Demétrio e seus seguidores que "os tribunais estão abertos e há procônsules"; e lhes convida a acusar-se uns aos outros. A palavra grega para "assembléia" nesta passagem é ekklesia e a referência foi à corte jurídica Romana, isto é, uma organização governada por leis.
Também as figuras usadas pelo Espírito Santo em relação com a "igreja" são pertinentes unicamente a uma organização local. Em Romanos 12 e em 1 Coríntios 12 Ele emprega o "corpo" humano como uma analogia ou ilustração. Este exemplo não é próprio para representar uma igreja "invisível" ou "universal" cujos membros estão esparzidos por toda a terra. Não é necessário recordar ao leitor que não há organização mais perfeita na terra que o corpo humano, cada membro em seu lugar apropriado, cada um cumprindo seu dever e função. Em 1 Timóteo 3:15 a igreja é chamada "a casa de Deus". Esta "casa" fala de organização, cada habitante tendo sua própria recâmara, os móveis em seu lugar, etc.

Outra prova de que uma "igreja" neotestamentária é uma companhia local de crentes batizados, em uma relação organizada, se acha em Atos 7:38, onde o Espírito Santo aplica o termo ekklesia aos filhos de Israel – "na congregação (igreja) no deserto". Agora bem, os filhos de Israel no deserto eram uma assembléia organizada, redimida e batizada. Será que alguém se surpreenda que foram batizados ? Porém a Palavra de Deus é mui explícita neste ponto: "Pois não quero, irmãos, que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar; e, na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés" (1 Coríntios 10:1-2). Também estavam organizados; tinham seus "príncipes" (Números 7:2) e seus "sacerdotes", "anciões" (Êxodo 24:1) e seus "oficiais" (Deuteronômio). Assim pois podemos ver que foi correto aplicar o termo ekklesia a Israel no deserto. E podemos descobrir como sua aplicação a Israel nos ajudar a definir seu sentido exato. Vemos que uma igreja neotestamentária tem seus "oficiais", seus "anciões" (que é o mesmo que "bispos"), "diáconos" (Timóteo 3:11,12), "tesoureiro" (João 12:6; 2 Coríntios 8:19), e "escrivão" – a enumeração dos membros (Atos 1:15) claramente implica um registro.

4. Uma Igreja Neotestamentária é um corpo local de crentes batizados em uma organização pública e corporalmente adorando a Deus pela maneiras que Ele estabeleceu. Seria necessário citar uma boa parte do Novo Testamento, para amplificarmos sobre este tema. Melhor é que o leitor leia com cuidado o livro dos Atos e as epístolas, com uma mente aberta, e encontrará abundante confirmação do tema. Porém somente permita-me dizer em resumo: Primeiro, para manter "a doutrina dos apóstolos" e o companheirismo (Atos 2:42). Segundo, para preservar e perpetuar o batismo escriturístico e a ceia do Senhor: "as instruções tal como" Paulo as entregou à Igreja (1 Coríntios 11:2). Terceiro, para manter a disciplina santa: Atos 13:17; 1 Timóteo 5:20-21, etc. Quarto, para ir a todo o mundo e pregar o Evangelho a toda criatura (Marcos 16:15).
 
5. Uma Igreja Neotestamentária é independente de tudo, menos de Deus. Cada igreja local é completamente independente de todas as demais. Uma igreja em uma cidade não tem autoridade sobre outra igreja em outra cidade. Nem tampouco pode um grupo de igrejas locais eleger um "comitê", "presbitério" ou "papa" para assenhorar-se sobre os membros daquelas igrejas. Cada igreja tem seu próprio governo, conforme 1 Coríntios 16:3; 2 Coríntios 8:19. Por "governo" quero dizer que sua obra é administrativa e não legislativa.
Uma igreja neotestamentária deve fazer todas as coisas decentemente e em ordem (1 Coríntios 14:40), e sua única regra para ordenar as coisas, é a Sagrada Escritura. Seu único modelo, sua corte de apelação, é a Bíblia e nada mais que a Bíblia, pela qual todas as questões de fé, doutrina, e a vida Cristã são determinadas. Sua única cabeça é Cristo: Ele é seu Legislador, Fonte e Senhor.
A Igreja local deve ser governada pelo que o Espírito disse às igrejas. Por isso logicamente está separada do Estado e deve recusar o sustento econômico do Estado. Ainda que seus membros são instruídos a submeterem-se "às autoridades superiores" (Romanos 13:1), não devem permitir que o Estado lhes dite nos assuntos da fé ou da prática.
 
A administração do governo de uma igreja neotestamentária reside em sua própria membresia e não em um corpo especial de homens, seja dentro ou fora da igreja. Uma maioria de seus membros decidem as ações da igreja. Isto se vê claramente em 2 Coríntios 2:6: "Basta a esse tal (a pessoa disciplinada) esta repreensão feita por muitos". As últimas duas palavras "por muitos" é tradução de hupo ton pleionon. Pleionon é um adjetivo e literalmente significa pela maioria e é traduzido assim pelo Dr. Charles Hodge, um dos melhores e competentes conhecedores do Grego.
Em resumo: a menos que haja uma companhia de pessoas regeneradas, batizadas de acordo com as Escrituras, organizadas segundo o Novo Testamento, adorando a Deus segundo suas instruções, tendo companheirismo com a doutrina dos apóstolos, mantendo as ordenanças, preservando a disciplina estrita, ativa na evangelização, então não há uma igreja neotestamentária, chame o que se chame. 

Porém se uma igreja possui estas características, é então a única instituição em toda terra ordenada, construída e aprovada pelo Senhor Jesus Cristo. Assim que o escritor considera seu maior privilégio, depois de ser salvo, pertencer a uma de Suas igrejas. Que a graça divina me ajude a andar dignamente como membro de Sua Igreja!

Arthur W. Pink (1927)


Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto