segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Uma ponderação para os Reformados - Entendendo a Livre Agência



Quando pensadores reformados indicam que não possuímos livre arbítrio, não significa que estão dizendo que somos robôs, agindo mecanicamente em um teatro da vida. Esse é o grande mistério: como Deus consegue nos dar nossas faculdades decisórias, mas, ainda assim, cumprir o seu plano de forma imutável. 

Confissão de Fé Westminster nos esclarece isso no Cap 3, seção 1 (“Dos eternos decretos de Deus”), onde lemos que Deus “ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece”, porém “nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias”.
Como reformados, precisamos cuidar, portanto, ao contestarmos o livre arbítrio, de não suprimirmos esse aspecto – de que decidimos organicamente as questões da nossa vida, mas Deus, soberanamente, cumpre seus propósitos. Se olharmos sob este prisma, reduzimos os atos de Deus a ummodus operandi que não é o dele, nem é o ensinado na Bíblia.

Talvez uma distinção que pode auxiliar a nossa compreensão e dar maior precisão ao tratamento desse conceito, é a utilização do termo livre agência. O livre arbítrio foi perdido. Esteve presente em Adão e Eva, mas não se encontra na humanidade caída. Mas a Livre Agência é a capacidade recebida de Deus de planejarmos os nossos passos (Ti 4.13), de decidirmos o nosso caminhar. 

Quando entendemos bem esse aspecto, nunca vamos achar que nossas decisões são autônomas, ou “desligadas” do plano de Deus (Ti 4.14-15). É ele que opera em nós “tanto o querer como o realizar” (Fl 2.13) e o faz milagrosamente, imperceptivelmente, sem “violentar a vontade da criatura”. 

Longe de ser uma contradição, esse entendimento reformado, retrata Deus em toda sua majestade, ao lado de criaturas preciosas, livres agentes, que perderam a possibilidade de escolha do bem (livre arbítrio), mas continuam formadas à imagem e semelhança da divindade, necessitadas da redenção realizada em Cristo Jesus que é aplicada nas vidas dos que constituem e constituirão o Povo de Deus, pelo poder do Espírito Santo.

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Autor: Pb. Solano Portela
Fonte: Perfil do autor no Facebook

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