quinta-feira, 5 de maio de 2016

Seria Eva a segunda esposa de Adao?

Existe uma lenda que alguns tentam associar ao livro de Gênesis, porém isso só pode vir de pessoas que, ou não conhecem a Bíblia, ou não sabem o que é uma lenda, ou estão empenhadas em minar a fé cristã. Ou ainda que foram reprovadas em interpretação de texto em todos os exames. Trata-se da ideia de que Adão tinha uma primeira esposa chamada Lilith, que teria mantido uma relação com Satanás e gerado uma linhagem de seres malignos.

Outra teoria diz que Lilith teria sido a própria serpente que enganou Eva, e a moda parece que pegou depois que Michelangelo pintou no teto da Capela Sistina uma Lilith metade mulher, metade serpente, enroscada no tronco de uma árvore. Numa época quando ainda não existiam os gibis a garotada devia adorar ir à missa, mesmo se voltasse para casa com torcicolo. Apocalipse 20:2 deixa claro que a serpente era Satanás e não uma mulher: "Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos".
Veja abaixo o detalhe assinalado em vermelho.



Tudo isso tenta se basear na ideia de que, se em Gênesis 1:27 está escrito que "criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou", e Gênesis 2:18 diz "disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele", então supõe-se que a mulher do segundo capítulo seja outra, já que Adão já tinha recebido uma mulher no primeiro capítulo.

O problema é que em Gênesis 1:27 diz que Deus criou o homem, mas em Gênesis 2:7 também diz que Deus criou o homem, o que na mente limitada dos adeptos da teoria de Lilith deveria significar também que Deus teria criado dois homens! Se eu enviar um e-mail a você dizendo que estou de carro novo, e amanhã enviar outro e-mail para dizer que agora tenho um carro que vai me ajudar em meu trabalho, o que você vai pensar? Que no primeiro dia comprei um sedã e no segundo um utilitário? Nota zero de interpretação de texto para você!

Mas aí vem alguém e diz que existem até manuscritos antigos falando dessa outra mulher de Adão. É, devo admitir que existem mesmo, e esses manuscritos dão conta de que Lilith era o nome de uma deusa conhecida como o demônio da noite que assombrava os lugares desolados de Edom ou também poderia ser um animal noturno que habitava nos desertos. O texto de Isaías 34:14 também traz, no original, uma Lilith: "E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e Lilite pousará ali, e achará lugar de repouso para si." (Versão Almeida Revista e Atualizada).

A passagem está falando da terra de Edom no futuro, a qual ficará desolada e entregue às feras quando Deus derramar seu juízo ali. Se essa for a mesma Lilith do Éden é de admirar que não tenha envelhecido depois de tanto tempo! Dependendo da versão da Bíblia você encontrará a palavra hebraica traduzida como "animais noturnos""fantasmas","bruxa do deserto""espectro""coruja" ou "demônios". Seja qual for o significado real da palavra ou sua tradução mais correta, o contexto da passagem claramente nada tem a ver com Adão ou com a Criação.

A lenda de Lilith durante séculos habitou o imaginário popular dos hititas, egípcios, israelitas e gregos, ressurgindo na Idade Média pela pena de autores judeus junto com outras personagens como o Golem. Não sabe quem é o Golem? Você viu o "Quarteto Fantástico"? Não, não estou falando dos Beatles, mas dos super-heróis da Marvel. Pois é, pense no "Coisa"e você terá uma ideia do Golem dos judeus. E aproveite para pensar na "Mulher Invisível" como uma Lilith, só que do mal, não só invisível como também inexistente.

Já nos tempos modernos grupos ligados ao esoterismo e bruxaria passaram a admirar essa figura maligna. O autor irlandês James Joyce a chamou de "padroeira dos abortos", enquanto alguns grupos feministas veem nela uma heroína por ter simbolicamente 'rasgado o sutiã' e se livrado de Adão. Existe até uma revista feminina e feminista judaica que leva o seu nome e também um festival, Lilith Fair, celebrado anualmente para angariar fundos para vítimas de câncer nos seios.

Mas a verdade é que a lendária Lilith, que entre os sumérios seria uma entidade plural de demônios femininos representando o caos, a sedução e a impiedade, era chamada por eles de Lilitu. Os sumérios acreditavam que ela habitava os desertos e era um perigo para mulheres grávidas e crianças, pois seus seios seriam cheios de veneno, e não de leite. Ardat Lilitu, uma lenda derivada, representaria mulheres estéreis frustradas e inimigas de homens. Pense em Litith como uma versão feminina do Bicho Papão.

Não perca seu tempo tentando encontrar lendas e mitologias pagãs nas páginas da Bíblia. Ocupe-se procurando Cristo em suas páginas. Sabia que ele aparece em todos os livros da Bíblia? No Antigo Testamento em sombras, figuras e às vezes pessoalmente, e no Novo Testamento ele vem ao mundo em um corpo humano e depois parte daqui como o protótipo de uma nova Criação. pois quantos são os povos pagãos, tantas são as lendas da origem do homem, do pecado, do Éden, do dilúvio e até do Messias vindo ao mundo. O aviso de Paulo cabe aqui para você identificar quem são esses que espalham essas lendas como se fossem verdades bíblicas:

"O Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência... Rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade... Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas." (1 Tm 4:1-2, 7; 4:3-4).

Se não existissem esses que hoje tentam fazer você engolir fábulas como verdade, a previsão do Espírito Santo através do apóstolo Paulo nunca teria se cumprido. Mas como eles estão por aí, disseminando o que aprendem com "espíritos enganadores e doutrinas de demônios", tendo suas consciências "cauterizadas" por "hipocrisia" e "mentiras", podemos descansar no fato de que todos os avisos de Deus se cumprem. Não esteja você entre os que têm "coceira nos ouvidos" e vivem navegando nos sites dos "doutores conforme suas próprias concupiscências". Esses são os que vivem disseminando lendas e teorias conspiratórias para inquietar os cristãos.

Portanto, esqueça a Lilith, Lilite, Lilitu ou seja lá o nome que ela recebe nas diferentes versões. Prefira a Branca de Neve ou a Bela Adormecida, pois ao menos estas não tentam detonar a verdade da Palavra de Deus. Em um site onde o autor jura que a tal Lilith existiu alguém comentou, "Se existiu, como é que ela não é literalmente mencionada em Gênesis?" A resposta do autor é a mesma de todos os que duvidam da Palavra de Deus e só a utilizam até onde dá para cumprirem seus propósitos. Ele respondeu que "a igreja católica adulterou os manuscritos originais para fazer a Lilith desaparecer". Fica aqui uma dica de como identificar um apóstata: Ele usa a Bíblia para levantar uma teoria, e aí nega a veracidade da mesma Bíblia quando ela coloca em xeque o que ele quer dizer.

Se você acredita mesmo nessa lenda de Lilith como esposa de Adão, então terá de crer também em outras lendas como "verdadeiras". Tem aquela da Branca de Neve, por exemplo. Eu não acredito em Branca de Neve, e você? Se ficar navegando na Web atrás de lendas e mitologias vai ter baldes e mais baldes de maionese para viajar. Não sou profeta, mas se o mundo ainda existir daqui a alguns milhares de anos alguém irá escavar um manuscrito de um escriba chamado Walt Disney que viveu no século 20, e então publicar um tratado arqueológico afirmando que em nossa época os ratos falavam. E sempre vão existir incautos sentindo coceira nos ouvidos para acreditar nisso.

por Mario Persona 

A vigilancia na assembleia - Bruce Anstey

Em uma assembleia biblicamente reunida haverá liberdade para vários irmãos exercitarem seus dons e sacerdócio, mas não devemos pensar que na assembleia não há governo. As Escrituras indicam que há algo como regras (liderança administrativa) na Igreja. Na assembleia biblicamente reunida haverá aqueles que tomarão a liderança administrativa para assegurar que a santidade e a ordem sejam mantidas.


Normalmente o Senhor guia uma assembleia local no que tange às responsabilidades administrativas por meio dos que“tomam a liderança” (1 Ts 5:12-13; Hb 13:7,17,24; 1 Co 16:15-18; 1 Tm 5:17 – Tradução de J. N. Darby). Essa frase na versão King James da Bíblia e na versão de João Ferreira de Almeida foi traduzida como: “aqueles que presidem sobre vós”, mas é um pouco equivocada, nos levando a pensar que exista uma casta especial de homens que esteja “sobre” o rebanho – o clérigo. É evidente que essas versões da bíblia estiveram nas mãos de clérigos que de alguma forma influenciaram na tradução. O uso da palavra “bispo” é outro exemplo. Ela deveria ter sido traduzida como “supervisor”ou “supervisão.

Tomar “a liderança” nessa função não significa liderar no ensino público ou pregar, mas tem a ver com questões administrativas da assembleia. Confundir essas duas coisas é interpretar de forma equivocada a diferença entre dons e ofícios, que são duas esferas distintas na Casa de Deus. Alguns daqueles que “tomam a liderança” podem não ensinar publicamente, mas quando são capazes são muito bons e úteis (1 Tm 5:17). Estes homens devem conhecer os princípios da Palavra de Deus e serem capazes de expô-los para que a assembleia compreenda o curso da ação que Deus tomaria em um assunto em particular (Tt 1:9). Estes homens não constituem a si mesmos para o desempenho deste papel, nem mesmo são constituídos pela assembleia – como é frequente na Igreja professa atualmente – mas eles são levantados pelo Espírito Santo para este trabalho (At 20:28). A assembleia irá reconhecê-los pelo cuidado devotado aos santos, pelo conhecimento dos princípios das Escrituras e pela demonstração de bom discernimento.

Há três palavras usadas nas epístolas para descrever estes líderes responsáveis na assembleia local.

- Primeiramente, “anciãos” (Presbuteroi). Essa palavra se refere àqueles avançados em idade – implicando maturidade e experiência. No entanto, nem todos os homens mais velhos da assembleia necessariamente atuam no papel de líderes (1 Tm 5:1; Tt 2:1-2)

- Em segundo lugar, “bispos” ou supervisores (Episkopoi). Essa palavra se refere ao trabalho que eles fazem – pastoreando o rebanho (At 20:28; 1 Pe 5:2), cuidando das almas (Hb 13:17) e admoestando (1 Ts 5:12).

- Em terceiro lugar, “guias” ou líderes (Hegoumenos). Isto se refere à capacidade espiritual que possuem em liderar e guiar os santos.

Os pontos acima mencionados não se referem a três diferentes posições na assembleia, mas sim a três aspectos de um trabalho que esses homens fazem. Isto pode ser visto pela maneira como o Espírito de Deus usa os termos alternadamente – compare Atos 20:17 com 20:28 e Tito 1:5 com 1:7. No livro de Apocalipse os que possuem esta função são chamados de “estrelas” e também de “anjo da igreja (local) (Ap 1 a 3). Como “estrelas” eles devem ser testemunhas da verdade de Deus (dos princípios de Sua Palavra) como portadores de luz na assembleia local, trazendo luz sobre os vários assuntos enfrentados pela assembleia.

Isso é ilustrado em Atos 15. Após ouvir sobre os problemas que estavam atribulando a assembleia, Pedro e Tiago trouxeram luz à questão. Tiago aplicou um princípio da palavra de Deus e julgou da forma como ele acreditava que o Senhor desejaria que eles fizessem (vss. 15 a 21). Como “o anjo da igreja”, eles agem como mensageiros que levam a mente do Senhor à assembleia no cumprimento das coisas. Isso também é ilustrado nos versículos 23 a 29.

Como já foi dito, não há nomeação oficial de anciãos/supervisores/guias para este trabalho hoje, como houve na Igreja primitiva (At 14:23; Tt 1:5), porque não há apóstolos (ou pessoas delegadas pelos apóstolos) na terra para ordená-los. Isso não significa que o trabalho de supervisão não possa continuar. O Espírito de Deus continua levantando homens de Deus para exercer a supervisão na assembleia biblicamente reunida (At 20:28). Esses certamente seriam aqueles que um apóstolo iria ordenar se vivesse em nossos dias.

Na carta de despedida de Paulo aos anciãos de Éfeso, ele fornece uma descrição do caráter e trabalho de um ancião/supervisor/guia, usando a si mesmo como exemplo (At 20:17-35). Primeiramente ele destaca o que os mesmos devem ser:

- Coerentes (vs. 18);
- Humildes (vs. 19);
- Compassivos (v. 19);
- Perseverantes (vs. 19);
- Fiéis (vs. 20);
- Comprometidos (vss. 21-24);
- Enérgicos (ou decididos) (vss. 24-27).

Na sequência ele destaca o que eles devem fazer:

- Pastorear o rebanho (vs. 28);
- Vigiar contra duas ameaças: lobos adentrando e homens atraindo discípulos após si (vss. 29-31);
- Utilizar os recursos dados por Deus para aquele trabalho – oração e a Palavra de Deus (vs. 32);
- Ter o ministério de dar (vss. 33-35).

A manutenção da santidade e da ordem

O propósito do governo na igreja é manter a santidade e a ordem na casa de Deus. Isso, tem a ver, principalmente, com duas coisas:

- O cuidado com o que adentra a assembleia. Isso envolve princípios de recepção.
- O cuidado com o que (ou quem) está na assembleia. Isso envolve disciplina na Igreja, caso necessário.

Princípios de recepção

Importar-se com a glória de Deus com relação ao que trazemos à comunhão, é algo que praticamente não existe na cristandade hoje. Ora, a Bíblia ensina que a assembleia deve ter cuidado em não trazer alguém à comunhão que possa estar envolvido com o mal, seja esse mal moral, doutrinal ou eclesiástico. O princípio é simples. Se uma assembleia local é responsável por julgar o mal no seu meio excomungando os que praticam o mal (1 Co 5:12), então é natural que se tenha cuidado com o que ou quem é trazido à assembleia.

Tem sido dito, e com razão, que a assembleia local não deve possuir uma comunhão aberta e nem fechada, mas sim, uma comunhão vigiada. A assembleia deve receber à mesa do Senhor todos os membros do corpo de Cristo a quem a disciplina bíblica não proíbe. Se, por um lado, todo cristão possui o direito de estar à mesa do Senhor, por outro nem todo cristão possui necessariamente o privilégio de estar nela, pois este privilégio pode ser perdido por seu envolvimento com alguma forma de mal.

Quem decide quem deveria estar em comunhão?

É importante entender que os irmãos na assembleia local não decidem o que é adequado à mesa do Senhor e o que não é. Isto é algo que compete à Palavra de Deus. A razão é que a mesa não é dos irmãos, a mesa é do Senhor (1 Co 10:21). As preferências e gostos pessoais dos que fazem parte da assembleia não têm nada a ver com a recepção. A decisão vem totalmente da Palavra de Deus. Quando não existir um motivo bíblico para recusar a alguém a comunhão à mesa do Senhor, tal pessoa deve ser recebida. Se um crente já tiver sido batizado, for são na fé e piedoso em seu andar, não existe motivo para ser rejeitado. O nível de conhecimento das Escrituras não é um critério neste sentido. Ainda que seja um crente limitado em seu conhecimento, as Escrituras dizem: “Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas” (Rm 14:1).

Todavia, nem sempre se pode determinar de imediato se alguém é são na fé e piedoso em seu andar. Quanto maior a confusão no lugar de onde a pessoa tiver saído, seja do meio cristão ou do mundo, maior a dificuldade de se tomar uma decisão. Se for este o caso, agir com sabedoria pode significar pedir à pessoa que tem o desejo de estar em comunhão que aguarde. Isto não significa que a assembleia esteja afirmando que tal pessoa tenha alguma associação com o mal. Poderia até ser o caso, porém os irmãos podem estar indecisos quanto a isso e por esta razão devem esperar até que estejam convencidos de não ser este o caso, uma vez que são eles os responsáveis diante de Deus pelas pessoas que recebem em comunhão. As Escrituras ensinam: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios” (1 Tm 5:22). Este versículo fala da comunhão pessoal com alguém individualmente, mas o princípio é amplo o suficiente para guiar os santos na comunhão coletiva à mesa do Senhor. Alguém maduro e piedoso não se sentirá ofendido com isso, pois certamente nenhum cristão piedoso iria querer que a assembleia violasse um princípio bíblico. Na verdade, todo esse cuidado deveria dar a ele a confiança de estar entrando em uma comunhão de cristãos onde existe a preocupação com a glória do Senhor e a pureza da assembleia.

Os testemunhos pessoais não seriam suficientes?

Outro importante princípio relacionado a este assunto e que precisa ser compreendido é que a assembleia, biblicamente falando, não faz coisa alguma baseada no que diz apenas uma testemunha. Tudo o que se refere à assembleia deve ser feito de acordo com este princípio: “Por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda a palavra” (2 Co 13:1). Confira também o que diz em João 8:17 e Deuteronômio 19:15. Por esta razão a assembleia não deve receber pessoas com base em seu próprio testemunho. As pessoas naturalmente costumam dar um bom testemunho de si mesmas, como as próprias Escrituras afirmam: “Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos” (Pv 16:2). E também: “Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória” (Jo 7:18). Por isso pode ser preciso pedir a uma pessoa que deseja entrar em comunhão que aguarde. Assim que os irmãos na assembleia local conheçam melhor a pessoa que deseja estar em comunhão, ela poderá ser recebida com base no testemunho desses.

Este é um princípio que encontramos através das Escrituras. Até mesmo o Senhor Jesus Cristo, o Senhor da Glória, sujeitou-Se a este princípio quando Se apresentou a Israel como seu Messias. Ele disse; “Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro [válido]” (Jo 5:31). Em seguida Ele continuou apresentando quatro outros testemunhos que comprovavam quem Ele era: João Batista, Suas obras, Seu Pai e as Escrituras (Jo 5:32-39). Apesar dos vários testemunhos que testificavam dele como sendo o Messias, o Senhor advertiu os judeus de que chegaria um tempo quando eles, como nação, receberiam um falso messias (o Anticristo) sem testemunhas. Ele disse: “Se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis” (Jo 5:43). Assim o Senhor reprovou a prática de se receber alguém com base em seu próprio testemunho.

Atos 9:26-29 nos dá um exemplo do cuidado que a igreja no princípio tinha ao receber alguém à comunhão. Quando Saulo de Tarso foi salvo ele quis entrar em comunhão com os santos em Jerusalém, porém foi rejeitado. Apesar de ser verdade tudo o que ele disse aos irmãos em Jerusalém sobre sua vida pessoal, ele não foi recebido com base em seu próprio testemunho. Foi só quando Barnabé levou Saulo consigo e o apresentou aos irmãos, testificando de sua fé e caráter, de modo que então já era o testemunho de duas pessoas, que os irmãos o receberam. Daquele momento em diante Saulo “andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo” (At 9:28).


Outro princípio para se receber alguém é que existe a necessidade de se colocar à prova a profissão de fé da pessoa. Se alguém diz ser cristão, é preciso que prove isso deixando de lado todo pecado conhecido. Em 2 Timóteo 2:19 diz que“qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade”. Veja também Apocalipse 2:2 e 1 João 4:1. Se essa pessoa não se apartar da iniquidade, seu modo de agir não estará de acordo com sua profissão de fé. Isto é ainda mais importante em uma época de ruína e abandono do testemunho cristão, quando o que não falta são doutrinas e práticas perniciosas de todos os tipos.

Se uma pessoa professa má doutrina, está claro que a assembleia não deve recebê-la, pois se o fizer ficará em comunhão com o mal que ela traz em seu ensino. (Compare 2 Jo 9-11 e Rm 16:17-18). Não falamos aqui das diferenças de opinião que as pessoas possam ter a respeito de assuntos como o batismo, por exemplo, mas de coisas que digam respeito aos fundamentos da fé cristã. As Escrituras dizem: “Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. Para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus”(Rm 15:5-7). Se alguém que professasse má doutrina fosse recebido, como se poderia dizer que a assembleia estaria concorde e “a uma boca” glorificando a Deus? Os irmãos na assembleia estariam dizendo uma coisa e essa pessoa dizendo outra. O resultado seria confusão. Paulo disse aos Coríntios: “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer” (1 Co 1:10).

Associações eclesiásticas

Quando a questão envolve pecado eclesiástico, é preciso paciência e discernimento para identificar isso em alguém. Existe uma diferença entre alguém estar associado ao erro clerical por ignorância e uma pessoa ativamente envolvida e promovendo tal erro. Um crente que talvez ignore a ordem bíblica para a adoração e o ministério cristão pode querer partir o pão à mesa do Senhor vindo de uma denominação criada por homens e onde seja adotada uma ordem clerical. Ainda que essa pessoa esteja associada ao erro eclesiástico, ela não está envolvida com o mal eclesiástico. E se tal pessoa for conhecida por sua piedade no andar e professar sã doutrina, não deveria haver impedimento para que ela partisse o pão, mesmo que não tenha se desligado formalmente de sua associação com aquela denominação.

A questão é: quando uma associação inconsciente com o erro eclesiástico se torna mal eclesiástico? Cremos que a resposta é simplesmente quando a vontade da pessoa está envolvida nisso. Para detectar essa vontade é preciso que a assembleia tenha um discernimento sacerdotal. Em casos assim a assembleia precisa depender muito do Senhor para conhecer a opinião que Ele tem a respeito do assunto. Em condições normais os irmãos deveriam permitir que essa pessoa partisse o pão, esperando e confiando que Deus estaria trabalhando em seu coração e que ela iria abandonar o lugar de onde veio após ter participado da ceia do Senhor, continuando a partir daí congregada com aqueles reunidos ao nome do Senhor.

Isto é ilustrado na passagem em 2 Crônicas 30 e31. Ezequias permitiu que o povo de Judá, e também alguns das dez tribos separadas, participassem da Páscoa e adorassem ao Senhor no divino centro em Jerusalém. Depois de fazerem isso, eles voltaram para casa e destruíram seus ídolos e imagens. (Não estamos insinuando que as denominações criadas pelos homens sejam condescendentes com a idolatria; estamos falando apenas do princípio encontrado ali). O que é interessante notar neste caso é que Ezequias não lhes falou para agirem assim! Aquilo foi uma resposta vinda de seus corações pelo simples fato de terem estado na presença do Senhor em Jerusalém.

Todavia, se alguém deseja continuar indo a ambos os lugares regularmente, isto não deveria ser aceito. Como assinalou J. N. Darby, “Pontos de vista eclesiásticos diferentes não representam razão suficiente para colocar fora uma alma. Mas se alguém deseja estar entre os irmãos um dia e no próximo entre os sectários, isso não deveria ser permitido e tal pessoa não deveria ser recebida, pois, ao invés de usar da liberdade que pertence a ela para gozar da comunhão espiritual entre os filhos de Deus, avança na pretensão de mudar a ordem da casa de Deus e perpetuar a divisão dos cristãos. Fica claro que uma pessoa assim não estaria sendo honesta com nenhuma das partes.” Darby também afirmou que a degradação e a corrupção aumentam cada vez mais no testemunho cristão, ficando cada vez mais difícil colocar em prática este princípio. À medida que os dias se tornarem mais sombrios será necessário um discernimento cada vez maior. Atualmente algo assim só tem acontecido esporadicamente.

O visitante ocasional

W. Potter disse: “Eu não concordo com o pensamento de que, às vezes, a participação na Mesa do Senhor é feita, por assim dizer, por conveniência. Por exemplo, como aqueles que entre nós têm parentes que os visitam, sendo estes membros de alguma denominação, e que vêm à reunião e desejam participar conosco da Ceia ‘simplesmente como cristãos’. Pode ser que eles sejam íntegros e tenham uma consciência reta. Porém, eles simplesmente vêm pela ocasião da visita, e não se importam de romper com os amigos com quem reúnem no momento. Nesse ponto eu não concordo.

da razão

“Não é o exercício da alma o que importa? Assim nenhuma regra pode ser estabelecida. Certamente não viria do Senhor a exigência de que uma alma piedosa e exercitada, conectada com qualquer uma das denominações “tradicionais”, cortasse seus laços com a sua igreja, antes que nós permitíssemos que viesse participar conosco à Mesa. Fazer isso, parece-me, é negar praticamente o terreno sobre o qual estamos reunidos.

Em relação às assembleias que professam estar reunidas ao nome do Senhor, eu acredito tratar-se de outra questão. Elas professam estar reunidas ao Seu nome, e devem saber por que estão em separação de nós e nós delas. Se alguns deles têm o desejo de participar da mesa conosco, as suas razões para isso devem ser examinadas e medidas tomadas de acordo com o que for encontrado. Há sempre mais conhecimento entre eles, como verdade divina, do que com os santos nas denominações, e creio que, em geral, eles não são  tão ignorantes das causas das divisões entre nós, como alguns deles, às vezes, fazem-nos pensar”.

Em Israel havia “porteiros” e “guardadores de porta” que cuidavam dos portões e guardavam as portas da casa de Deus (1 Cr 9:17-27). O dever deles era deixar entrar os que deveriam estar dentro e recusar a admissão dos que deveriam ser mantidos fora. Da mesma forma hoje, em uma assembleia nos moldes bíblicos, haverá este tipo de cuidado.

Outro tipo de ilustração no Antigo Testamento demonstra esse cuidado no recebimento. Quando a cidade de Jerusalém, o centro divino na terra onde o Senhor colocou Seu nome, foi reconstruída nos dias de Neemias, havia ao seu redor grande perigo por conta dos inimigos. Consequentemente, eles não abriam as portas para permitir que as pessoas adentrassem a cidade até que “o sol aquecesse” [literalmente “meio-dia”] (Ne 7: 1-3.). Eles se certificavam de que não havia nenhum vestígio de “escuridão” ao redor antes de receberem as pessoas na cidade. Até aquele momento, os que queriam entrar tinham que esperar. Enquanto a escuridão da cristandade aumenta nestes últimos dias, são necessários cuidados deste tipo no recebimento.

Disciplina na Igreja

Uma assembleia nos moldes bíblicos também exercerá disciplina quando necessário. Se os anciãos que cuidam do rebanho virem uma pessoa  com um mau comportamento, de alguma forma, eles vão agir para corrigi-la (Hb 13:17). Isto será feito para a glória do Senhor, mas também em amor para com o indivíduo que está se extraviando. Eles vão se sentir responsáveis por agir a este respeito, porque sabem que a Palavra de Deus diz: “Se tu deixares de livrar os que estão sendo levados para a morte, e aos que estão sendo levados para a matança; se disseres: Eis que não o sabemos; porventura não o considerará aquele que pondera os corações? Não o saberá aquele que atenta para a tua alma? Não dará ele ao homem conforme a sua obra?” (Pv 24: 11-12). Como vigias sobre o muro, eles são responsáveis ​​por “tocar a trombeta” para soar um alerta quando veem algum perigo. Ao fazê-lo, eles livram suas próprias almas, porque Deus os considera responsáveis ​​(Ez 33:1-6; Hb 13:17).

Existem três principais áreas de preocupação em que um indivíduo pode se extraviar. Em cada caso, os que cuidam do rebanho e são responsáveis ​​por manter a santidade e a ordem na casa de Deus vão tentar lidar com o problema antes que ele fique fora de controle. Se eles puderem corrigir o curso que uma pessoa está percorrendo antes que ela atinja um ponto em que a assembleia deverá colocá-la fora da comunhão, terão feito um bom trabalho e terão livrado essa pessoa de muita dificuldade e sofrimento em sua vida (Tg 5:19-20). Isso pode ser feito por qualquer um que se preocupa com a pessoa, mas os anciãos/supervisores são primeiramente responsáveis ​​por este trabalho. Por conseguinte, eles vão tomar certas ações preliminares com a pessoa no erro, dependendo do rumo no qual a pessoa está. Isso mostra que a maior parte de toda a disciplina da Igreja deve ser exercida para com uma pessoa que ainda está em comunhão.

Os cenários seguintes dão o procedimento geral. É reconhecidamente difícil delinear o porquê de estas coisas nãopoderem ser arregimentadas e tratadas como se estivéssemos consultando um manual ou livro; cada caso deve ser tratado em seu próprio mérito, e não existem dois casos idênticos. A Escritura pressupõe que aqueles que fazem este trabalho são pessoas espirituais que irão lidar com esses casos com discernimento “espiritual” (Gl 6:1; 1 Co 2:15).

Uma pessoa mundana - (com andar imperfeito). Isso pode incluir um grande número de desordens morais nas quais uma pessoa poderia estar envolvida (1 Co 5:11, etc.).

- Aqueles que se importam com o rebanho vão tentar “restaurar” a pessoa surpreendida em alguma falta, com espírito de mansidão, indo a ela com a Palavra de Deus (Gl 6:1; Jo 13:14). Eles procurarão alcançar o coração e a consciência da pessoa de uma forma gentil e carinhosa, num esforço para afastá-la do curso que ele ou ela possam se encontrar.

- Se isso não alcançar a pessoa, o próximo passo será o de “alertar” a pessoa em uma repreensão privada (1 Ts 5:14).Isso seria mais firme e direto.

- Se a pessoa persiste em seu curso, mas não em um pecado em particular que exija a excomunhão, aqueles que assumem a liderança na assembleia podem encorajar os santos a se “afastarem” da pessoa para que sua consciência seja tocada, assim, ela poderá julgar-se a si mesma (2 Ts 3: 6-15).

- Se um pecado em particular se torna manifesto e exige a excomunhão, a assembleia terá que agir na tomada de uma decisão de julgamento obrigatória para “colocar para fora” a pessoa que está entre eles. (Mt 18: 18-20; 1 Co 5:11-13).

UMA PESSOA HERÉTICA/HEREGE- (com erros doutrinais). Esta seria uma situação em que uma pessoa adota doutrinas errôneas consideradas heterodoxas.

- Os responsáveis ​​na assembleia tentarão corrigir o indivíduo de seu erro e “intimá-lo” a não ensinar outra doutrina que não seja a ortodoxa (1 Tm 1:3).

 - Se a pessoa insiste em ensinar suas ideias errôneas na assembleia, a assembleia é responsável por “julgar” os seus ensinamentos e chamá-la a ficar em silêncio nas reuniões (1 Co 14:29). Isso poderia ser chamado de “a disciplina do silêncio”.

-  Se as doutrinas da pessoa têm caráter de blasfêmia, tocando a Pessoa e a obra de Cristo, a assembleia deverá colocá-la fora de comunhão. O apóstolo Paulo fez isso com Himeneu e Alexandre, entregando-os a Satanás, para que“aprendam a não blasfemar” (1 Tm 1:20). A assembleia não pode entregar diretamente a Satanás como um apóstolo podia fazer, mas pode colocá-la fora de comunhão, onde Deus julga.

- Se os santos entram em contato com essa pessoa na profissão cristã em geral, elas devem se “afastar” dos tais que têm ensinamentos errôneos e que pervertem a fé dos santos (2 Tm 2:16-19).

A PESSOA QUE CAUSA DIVISÃO (com espírito herege). Esta é uma pessoa que cria divisão na assembleia, tendo um espírito partidário em alguma causa. Este é mais um mal eclesiástico e, geralmente, é o mais difícil de detectar-se entre todos os males. J. N. Darby disse: “impiedade Eclesiástica é sempre o pior.” Uma vez que isso é prejudicial para a saúde da assembleia, deve ser tratado.

- Os irmãos devem identificar e “evitar” aqueles que provocam divisões e escândalos na reunião (Rm 16:17-18). Nota: Isso não quer dizer: “note os que seguem em divisões”, mas aqueles que “causam” divisões. Isto significa que devemos distinguir entre os líderes e os liderados quando um espírito de partidarismo surge na assembleia.

- Aqueles que pressionam em questões que dividem os santos muitas vezes fazem isso liderando uma rebelião contra os que tomam a dianteira da assembleia. Os que pecam por trazer acusações infundadas contra um ancião, a assembleia deve “repreendê-los na presença de todos” (1 Tm 5:19-20). A repreensão pública está ordenada para quando alguém divide os santos em linhas de partidarismo (Gl 2:12-14).

- Se a pessoa continua a propagar suas questões e a dividir o rebanho, a assembleia tem motivos para excomungá-la. Semear a discórdia entre os irmãos é uma “abominação” ao Senhor (Pv 6:16-19), e algo que é abominável ao Senhor não deve estar em comunhão à Sua mesa. Por conseguinte, a pessoa deve ser afastada.

- Se alguém na assembleia se encontrar com um líder de uma divisão colocado fora da comunhão ou acompanhar essa pessoa, eles devem “admoesta-lo mais uma vez” (Tito 3:10). Se houver qualquer outro encontro com ele, devem “evita-lo”, porque ele está pervertido (Tito 3:10).

Três razões para Excomunhão

Existem três razões principais pelas quais a assembleia deve afastar da comunhão pessoas que estão no erro.

1) A Glória do Senhor - A assembleia deve ter cuidado de não permitir que o nome do Senhor seja associado ao mal diante do mundo. Quando os coríntios agiram para a glória do Senhor e colocaram para fora a pessoa imoral que estava no meio deles, o apóstolo Paulo escreveu os elogiando e dizendo: “Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio” (2 Co 7:11). Eles agiram com zelo veemente e vingança para a glória do Senhor.
 
2) A santidade na Assembleia deve ser mantida - Há duas razões para isso. Em primeiro lugar, a assembleia é lugar da habitação de Deus (Ef 2:22). Ela deve ser mantida como um lugar adequado para a Sua santa presença. O Senhor habita no meio do Seu povo reunido ao Seu nome (Mt 18:20) e, portanto, a assembleia deve manter o mal fora do seu meio para que continue a ser um lugar adequado para Sua presença. “A santidade convém à tua casa, Senhor, para sempre” é um princípio verdadeiro em cada dispensação (Sl 93:5). “O que usa de engano não ficará dentro da minha casa” (Sl 101: 7; 1 Co 3:17; Nm 5: 1-4). A segunda razão é o caráter de fermento do pecado. A Escritura ensina que a associação com o mal contamina. O apóstolo Paulo disse: “Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa” (1 Co 5:6-8; Gl 5:9-12). Se a assembleia não afastar o mal de seu meio, não demorará muito para que outros sejam afetados por ela, porque “as más conversações corrompem os bons costumes” (1 Co 15:33).

3) A Correção e Restauração do Ofensor - A ação da assembleia de colocar alguém fora da comunhão também deve ter em vista o bem da pessoa que erra. Ela é posta para fora da convivência para que possa ser contristada para arrependimento e restaurada para o Senhor. “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais” (1 Co 5:11). Isto se refere a nem mesmo fazer uma refeição qualquer com a pessoa. Quando a pessoa estiver arrependida e tiver julgado o seu pecado, a assembleia irá recebê-la de volta à comunhão. O apóstolo Paulo disse: “Basta-lhe ao tal esta repreensão feita por muitos. De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza. Por isso vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor”(2 Co 2:6-8). Esta é uma ação administrativa da assembleia ao desligar alguém.  (Mt 18:18).

A atitude apropriada da assembleia na excomunhão

A assembleia deve ter sempre em pauta o assunto de seus pecados. A sua atitude em excomungar alguém deve ser de luto, reconhecendo que eles falharam em não conseguir alcançar a pessoa quando esta estava caminhando rumo ao pecado. Isto é o que os coríntios não fizeram. Paulo lhes disse: “Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação” (1 Co 5: 2). Cada um na assembleia deve buscar em seu coração perguntando a si mesmo, “O que eu poderia ter feito para evitar a queda dessa pessoa?” Devemos ver que temos parte nisso, em não termos guiado/pastoreado a pessoa adequadamente, ou não termos orado por essa pessoa o suficiente, etc. É sobre isso que se refere o comer a oferta pelo pecado (Lv 6:26).

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Resumo: Uma assembleia biblicamente reunida terá aqueles que irão assumir a liderança administrativa para garantir que a santidade e a ordem sejam mantidas.

Extraído do livro "The Search for a Scripturally Gathered Assembly" de Bruce Anstey

Como eram as ‘línguas’ no Novo Testamento?

As línguas no Novo Testamento



Introdução
Hoje em dia há confusão sobre o assunto de ‘línguas’ entre os que trabalham com a Palavra de Deus. Quando a Palavra de Deus é entendida, ela traz paz às igrejas dos santos e nunca a confusão (I Cor 14:33). Mas o que existe hoje, entre as pessoas que dizem que são da Bíblia, é muita confusão. Igrejas de graus diferentes de regulamento sobre o assunto existem, mas a Bíblia é uma só. Convém um estudo mais detalhado para esclarecer o que a Bíblia diz sobre as ‘línguas’ no Novo Testamento.
I. SIGNIFICADO DA PALAVRA ‘LÍNGUA’ NO NOVO TESTAMENTO
A. As quatro palavras Gregas usadas como línguas no Novo Testamento
Concordância Strong’s usado junto com a sua léxico da linguagem grega do Novo Testamento.
1. GLOSSA (#1100) – significa:
1) a língua, um membro do corpo, o órgão do corpo, um órgão de fala;
2) uma língua; como a linguagem ou dialeto usado por um povo, distinto das linguagens de outras nações
2. DIALEKTOS (#1258) – significa:
1) conversação, ato de falar, discursar, linguagem,
2) a língua ou linguagem peculiar de um povo.
3. HEBRAISTI (#1447) – significa:
1) em Hebraico, por exemplo, na linguagem da Caldéia
4. HELLENIKOS (#1673) – significa:
1) da Grécia
B. Os usos destas palavras gregas
  1. GLOSSA, #1100, é a palavra grega mais usada no Novo Testamento (no singular é usada umas 30 vezes e no plural umas 25 vezes). Todas as vezes que se vê a palavra ‘língua’ ou ‘línguas’ no Novo Testamento e que não conste na lista das outras palavras gregas, ela vem desta palavra que significa ou a língua como órgão do corpo ou uma linguagem peculiar de um povo. LINGUAGEM: I Cor 14:26; NACIONALIDADE: Apoc 5:9; 14:6; ATO DE FALAR: I Cor 14:9; Tiago 1:26; I João 3:18; ÓRGÃO: entre os usos vede Atos 2:26; Rom 14:11; Fil. 2:11; Tiago 3:5-8; I Ped 3:10; LINGUAGEM DESCONHECIDA: 6 vezes: I Cor 14:2,4,13,14,19,27.
  2. DIALEKTOS, #1258, é uma palavra grega usada só seis vezes no Novo Testamento, 5 vezes como “língua” e uma vez usada como “linguagem”. LÍNGUA: Atos 1:19; 2:8; 21:40; 26:14; 22:2; LINGUAGEM: Atos 2:6. Veja especialmente o uso em Atos 2:8 comparado com Atos 2:6.
  3. HEBRAISTI, #1447, é usada só três vezes no Novo Testamento e sempre para apontar a LINGUAGEM HEBRAICA: João 5:2; Apoc 9:11; 16:16
  4. HELLENIKOS, #1673, é usada só duas vezes no Novo Testamento e sempre para apontar a LINGUAGEM GREGA: “gregas”, Lucas 23:38; “em grego”, Apoc 9:11
II. AS OCORRÊNCIAS DA PALAVRA ‘LÍNGUA’ NO NOVO TESTAMENTO
Podemos aprender muito sobre um assunto pelo exame de como uma determinada palavra foi usada no Novo Testamento. Como ela é usada determina, em muito, como é a doutrina baseada nela. Queremos examinar os casos onde a palavra ‘língua’ ou ‘línguas’ é usada com referência a igreja e onde ela não é usada com referência a igreja. Em tudo podemos aprender a alinhar a nossa prática de línguas na igreja para ser igual àquela do Novo Testamento.
A. Positivamente
O falar em línguas é usado em três ocasiões no Novo Testamento:
  1. Atos 2:4 – A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes
  2. Atos 10:44-48 – O Evangelho aos gentios na casa de Cornélio
  3. Atos 19:1-7 – O Batismo com autoridade entres os 12 discípulos em Éfeso
OBS: Não foram contadas as vezes em I Corintos por não haver a certeza de que as línguas foram praticadas, pois a palavra “se” (I Cor 14:6, 14, 23) ou “ainda que” (I Cor 13:1) é usada antes da palavra ‘língua’ para mostrar uma suposição de uso e não um uso de fato.
B. Negativamente
O falar em línguas não é usado nos seguintes casos:
  1. Conversões: Paulo (Atos 9:1-9); Eunuco (Atos 8:35-40)
  2. Acontecimentos Espetaculares: Avivamento (Atos 4:31-37); Morte de Estevão (Atos 7:54-60); a recuperação da vista de Paulo (Atos 9:17-20); Recebimento de visões (Atos 16:9-13)
  3. Atividades da igreja: Consagração dos diáconos (Atos 6:1-7); consagração dos anciãos (Atos 14:21-23); chamada dos missionários (Atos 13:1-4); crescimento da igreja (Atos 16:4,5; 19:13-20); Batismos, Paulo (Atos 9:17-20), Lídia (Atos 16:13-15), carcereiro (Atos 16:25-31); ou na Ceia do Senhor (Mat. 26:26-29)
O falar em línguas tem limitações:
  1. não tem preminência sobre outras atividades na igreja – I Cor 14:5,23
  2. não é para ser praticada por mulheres na igreja – I Cor 14:34,35
  3. deve ter intérpretes – I Cor 14:27; se não tiver, não deve ter línguas, I Cor 14:28
  4. as línguas não devem acontecer todas de uma vez, I Cor 14:30,31
  5. línguas são sinal para os infiéis – I Cor 14:22
  6. nunca devem provocar confusão – I Cor 14:31-33,40
  7. são temporárias até que o Novo Testamento seja completo, I Cor 13:8; Apoc 22:18,19
OBS: Como os trovões e relâmpagos sobre o monte Sinai quando Moisés recebeu a lei (Êx. 19:16) assim o acontecimento no dia de Pentecostes (Atos 2:1-8) era limitado para aquela única ocasião.
Conclusão: As palavras ‘línguas’ e ‘língua’ no Novo Testamento têm significados específicos. Entendendo melhor o significado e os usos das palavras ‘língua’ e ‘línguas’ pelo Novo Testamento podemos saber o que aconteceu no Novo Testamento foi limitado à ocasiões e aos participantes e que os usos foram qualificados conforme detalhadas instruções bíblicas.
Bibliografia:
Números e explicações das palavras gregas de:
Strong’s Concordance of the Whole Bible, Strong, James LL.D., S.T.D; Abingdon, Nasville, EUA, 1981

A VITÓRIA DECRETADA


Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”(Gênesis 3.14-15)
Nos capítulos iniciais do livro de Gênesis encontramos o relato da criação. Deus criou o universo, o mundo e todos os seres viventes de forma perfeita (cf 1.1 – 2.3). Ou seja, sem precisar de evolução para se aprimorar, pois o próprio texto diz “segundo a sua espécie” (cf Gn 1.11, 12,24-25).  E para garantir isso o texto diz: “E viu Deus que isso era bom.”(cf Gn 1.10,12,18,21). E Diferente dos animais, o homem e a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus (cf 1.26-28; 2.4-25). Ele poderia refletir de modo finito, certos aspectos infinitos do seu Criador. Deveria refletir as qualidades éticas de Deus, como por exemplo: a retidão e a santidade, o seu conhecimento, justiça etc.  Assim o verso 31, que relata a conclusão da criação, diz: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia.”(Gn 1.31). Assim como a criação, o homem e mulher eram completos; nenhum aspecto adicional poderia ser acrescentado, eles eram capazes de fazer o que Deus pedia deles, o que Deus ordenava. Eram livres para viver e agir de acordo com a natureza e características de que foram criados.
Aliança com a humanidade
Deus estabeleceu uma aliança com o homem. Ele foi criado não para ser o proprietário do mundo, mas o vassalo do rei. O servo que cuidaria de sua propriedade. Teria ele domínio sobre tudo que Deus criou (Gn 1.26). Deus confiou a ele o cuidado com Sua criação. Assim o Senhor estabelece os “Mandatos da criação” ou “Mandatos da Aliança”. Que são:
1)      Mandato Cultural – O homem e a mulher receberam do Senhor a tarefa de dominar sobre as coisas criadas (Gn 1.26). Todas as formas de vida na terra foram colocadas sob a supervisão do homem e da mulher. Diante dessa responsabilidade, eles receberam o privilégio de usar as plantas, os seus frutos, suas sementes para manter sua vida e energia para realizar as tarefas. Mas esse mandado não se limitaria apenas cuidar das plantas. Deus deu ao homem todo domínio. Assim ele deveria desenvolver uma sociedade, cultivar a terra em todos os sentidos. Deveriam criar uma cultura onde Deus seria glorificado.  
2)      Mandato Social  - Deus criou a humanidade “macho e fêmea”. Isso significa que ela foi criada para se relacionar-se. O homem e mulher, cumprindo cada um o papel estabelecido por Deus, estariam exercendo esse mandato. Eles deveriam povoar a terra criando vínculos de amor um para com o outro e com o próximo.  
3)      Mandato Espiritual  - Eles deveriam ter um relacionamento especial com Deus. Deus caminhava no jardim para se relacionar com seus filhos (cf Gn 3.8). Deus estabeleceu o sétimo dia de descanso para se relacionar com o homem (Gn 2.1-3). Eram livres para adorar a Deus, ter com ele uma intimidade perfeita.
A Queda da humanidade e as consequências (Gn 3.1-7)
O casal vivia em comunhão com o seu Criador; cumpria a sua vontade e determinação. Assim surge Satanás com astúcia e engano para romper as relações entre o Senhor e a humanidade (Gn 3.1). Deus tinha proibido o casal comer da árvore do “conhecimento do bem e do mal”(Gn 2.17). O ato de comer do fruto dessa árvore era, portanto, um ato de desobediência. Ao fazer isso, colheriam consequências “no dia em que delas comeres, certamente morrerás.” (Gn 2.17b). Porém, enganados por Satanás, eles comeram (Gn 3.6-7).
As consequências desse ato foram grandes. Houve aqui a quebra da comunhão com Deus. A separação entre o Senhor Criador e a humanidade tornou-se um fato. Adão e Eva haviam morrido para Deus; sua vontade para eles tinha sido deixada de lado. O fato deles se esconderem de Deus nos mostra essa verdade (Gn 3.8). Seu senso de vergonha e medo foi basicamente em relação a Deus. Não toleravam mais nem mesmo ser vistos pelo Senhor. Como consequência, eles tiveram seus relacionamentos afetados (Gn 3.16); haveria entre o homem e a mulher uma “batalha entre os sexos”. A harmonia íntima foi comprometida pelo pecado e corrompida pelo domínio e submissão forçada. Além disso, a mulher teria como consequência dores de parto para cumprir com o que o Senhor ordenou na criação (Gn 1.28). O trabalho não mais seria da mesma forma, pois agora seria com “suor”. A terra não mais iria produzir como antes. Deus diz “maldita é a terra por sua causa”(Gn 3.17b). Repare que o pecado de Adão trouxe consequências até mesmo para a criação como um todo (cf Rm 8.22).   
Em resumo: tendo desobedecido ao Senhor, Adão e Eva perderam sua posição real, tornaram-se prisioneiros do pecado e de Satanás. Assim em Adão “todos pecaram e carecem da glória de Deus”(Rm 3.23). A humanidade decaída tornou-se realeza destronada e escravizada.  
A promessa do Redentor, a proclamação do juízo e da graça (Gn 3.15)
Teólogos como Gerard Van Groningen, chama esse verso de “proto-evangelho” (primeiro evangelho). Ou seja, o primeiro relato da Redenção. Dirigindo-se a Satanás na presença de Adão e Eva, Deus proclama seu juízo e sua salvação para a humanidade. Deus não abandonou os desobedientes. Deus fez o que fazia antes, andava pelo Jardim. Ele não mudou, ele continuou como antes, conversava com homem e sua mulher. Quem quebrou o relacionamento foi o homem. Assim Deus quer restaurar este relacionamento. O pecado trouxe consequências, mas não eliminou a graça de Deus.
Deus traz a maldição sobre a serpente (Gn 3.14). A ira de Deus estava sobre a Criação, como consequência do pecado de Adão (Gn 3.17b). Porém, a serpente experimentaria a ira de Deus de forma mais completa que todas as outras criaturas. Por ter ela servido a Satanás, carregaria uma carga pesada e humilhante por toda vida. Tanto o mundo animal quanto o mundo humano devem sentir os efeitos da queda do homem em pecado.
            A maldição dirigida a serpente também foi dirigida diretamente à Satanás. Foi uma maldição absoluta. Ambos (Satanás e a serpente) são colocados sob o desprezar de Deus. Para Satanás isso significaria que a ira de Deus estaria sobre ele e contra ele para sempre. O Senhor estabeleceu um grande abismo entre ele mesmo e Satanás, entre os que estão “ao seu lado” e os que estão “ao lado de Satanás”.
            A manifestação da graça de Deus pode ser vista também na expressão: “Porei inimizade entre ti e a mulher”(Gn 3.15a). Deus converte as depravadas afeições da mulher por Satanás. Até então eles estavam servido a Satanás. Mas agora Deus muda isso em guerra. Deus, por amor e graça, preservaria a sua descendência.
            A semente de Satanás seria a humanidade natural que se tornaria inimiga de descendência da mulher. Podemos ver esse exemplo no caso de Caim e Abel (Gn 4). Abel a semente boa, Caim a semente má (cf 1Jo 3.12). Após a morte de Abel, essa semente continuou com Sete (Gn 4.25).
            “... Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”(Gn 3.15b) – Ambos seriam gravemente feridos. Haveria luta, aflição e sofrimento para vencer esta batalha contra a serpente, Satanás (Cf Is 53.12; Lc 24.46,47). A expressão “ferir o calcanhar” é uma referência à crucificação de Jesus. Foi necessário que Jesus fosse crucificado, mas isto, comparado com a sua ressurreição, é apenas um ferimento no calcanhar. Veja a diferença: Um ferimento no calcanhar nunca tem as consequências que tem o ferimento na cabeça. Aliás, no calcanhar é um ferimento, mas na cabeça da serpente, é um “esmagar”. E, cabeça, aqui, representa o poder. É o poder de Satanás que Cristo derrotou na sua ressurreição. Sua ação no mundo em que Deus criou teria um fim.
            A fidelidade de Deus à Sua Aliança
É importante destacar que o Senhor, em toda história Bíblica, confirma essa promessa de Salvação. Com o passar do tempo, o povo de Deus (semente da mulher) e os descendentes de Caim (semente má) se misturaram com casamento misto (Gn 6). Assim o Senhor traz sua ira sobre a humanidade (Gn 6.11-22). Porém reafirma a aliança de Genesis 3.15 com Noé e sua descendência (cf Gn 9). Anos depois o Senhor também reafirma essa mesma aliança com Abrão e seu descendente (Gn 12 – 21­), e continuou com Isaque e sua semente, Jacó (Gn 27). E de Jacó com sua descendência, José (Gn 37 – 50).
            Mais de 400 anos depois, Deus chama Moisés para libertar o seu povo do Egito (Êx 3). Assim Deus continuava fiel a Sua promessa de Gn 3.15. A nação agora teria uma terra onde nasceria o descendente da mulher. Agora, como parte da aliança, Deus estabelece a sua Lei (Êx 20.1-7). Lei esta que direcionaria a nação para realizar a vontade de Deus e estabeleceria o culto e o ensino do Senhor. Após a morte de Moisés, Deus continua reafirmando essa Aliança com Josué, servo de Moisés (Js 1.1-9). E este obedece e toma posse da terra.
Avançando um pouco na história, chegamos no tempo dos reis. Aqui os teólogos chamam de “aliança do Reino”. E o rei que o Senhor levantou e reafirmou sua aliança foi Davi (1Sm 16; 2Sm 7). O reinado de Davi era sinal de que a Semente da mulher viria como Rei. Teria poder e domínio sobre os povos. Depois da morte de Davi, Salomão, seu filho,  seria o sucessor (2Cr 7.11-22). Depois de Salomão os reis que andassem nos caminhos de Davi e Salomão, guardando os preceitos e os ensinos da Lei de Moisés (cf 1Rs 2.3-4), estariam realizando a vontade de Deus e preservando a linhagem.
            Jesus, a semente da mulher que ferirá a cabeça da Serpente
No Novo Testamento lemos assim: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.”(Mt 1.1). Jesus é o descendente de Davi. É aquele que reinaria eternamente em seu trono (cf 2Sm 7.13). Jesus também é filho de Abraão. Para Abraão Deus prometera uma descendência, um povo. Em Cristo essa promessa é cumprida. As promessas tanto para Abraão quanto para Davi tem como base Genesis 3.15. Jesus como Rei soberano, que pisaria a cabeça da serpente para libertar seu povo.
            Como consequência do pecado, o homem está morto (Gn 2.17; Rm 5.12, 6.23). Ele se tornou escravo do pecado (Jo 8.34). Para resgatá-lo da morte e do pecado somente alguém sem pecado. Assim, para a nossa redenção, foi necessário que Cristo pagasse o preço para nos libertar (Hb 9.22). E esse preço foi o Seu sangue derramado.
O sofrimento de Cristo na cruz é muito maior do que a dor física. É mais do que a morte humana; é uma expiação. Cristo é o Cordeiro pascal. Ele sofreu a ira de Deus derramada contra o pecado. O peso da transgressão de Adão estava sobre ele: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.”(Is 53.5). Mas a crucificação não era derrota, ele foi apenas ferido no calcanhar (cf Gn 3.15). Ele venceu a morte (cf Jo 20.1-10).
Na cruz, o Senhor Jesus já alcançou a vitória (Cl 2.13-15). Mas pisará definitivamente a cabeça da Serpente na sua segunda vinda: “O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos.”(Ap 20.10). Em romanos vemos a declaração: “E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás...” (Rm 16.20). O salmo 110, uma das passagens mais citadas no Novo Testamento, descreve o triunfo do descendente da mulher: “Ele julga entre as nações; enche-as de cadáveres; esmagará cabeças por toda a terra.”(Sl 110.6).
Totalmente libertos do pecado
Visto que Adão fracassou, finalmente o descendente da mulher seria o Adão celestial (cf Rm 5.12-19; 1Co 15.45-59). Este libertaria completamente o Seu povo do pecado. Nós somos libertos e não há nada que possa nos condenar (Rm 8.1). No entanto, ainda não somos perfeitos: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.”(1Jo 3.2). Assim, só seremos livres completamente, na volta de Cristo. O apóstolo Paulo declarou essa verdade aos coríntios dizendo: “Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.”(1Co 15.51-53). A morte será derrotada (1Co 15.26).
            A criação será liberta
            Em Gênesis vimos que o pecado de Adão trouxe a maldição sobre a terra: “E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida.”(Gn 3.17). Mas essa condição que se encontra a criação não é a condição final. A criação inteira tem um destino planejado por Deus. E isso será cumprido. Assim como cumprirá a sua promessa sobre nós: “A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.”(Rm 8.19-21). A missão da Semente da mulher é tanto resgatar o seu povo, pisando a cabeça da serpente, quanto libertar a criação da maldição do pecado de Adão. Textos como de Isaías declaram essa verdade:
“Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas... Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado.Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será como a da árvore, e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas próprias mãos... O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR.” (Is 65.17,20-22, 25).
            Quando Cristo voltar tudo isso se cumprirá. Ele nos dará novos corpos, seremos remidos completamente do pecado. Também a criação será liberta da maldição. Seremos perfeitos, assim habitaremos em uma terra perfeita. Assim também reafirmou o apóstolo Pedro:
“Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas.Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão.Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.”(2Pe 3.10-13, cf Ap. 21.1).
Assim aguardamos a volta do nosso Senhor Jesus. No entanto, mediante a fé, podemos experimentar, em parte, essa futura bênção em Cristo: “Eis que as primeiras predições já se cumpriram, e novas coisas eu vos anuncio; e, antes que sucedam, eu vo-las farei ouvir.”(Is 42.9). Não há o que temer; esta vitória já está decretada. E como sabemos Deus não mente, ele cumprirá com toda sua Palavra. Nós podemos confiar completamente nas promessas de Deus. Temos a certeza de que e ouviremos a manifestação da glória do Senhor. Esse momento cumprirá o que Paulo escreveu aos Coríntios: “...Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.”(1Co 2.9).
“... Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap. 22.20)

Por Rev. Ronaldo P. Mendes