QUAIS SÃO AS 3 PRINCIPAIS ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO DO APOCALIPSE?
Introdução:
Sobre qual assunto trata o Livro de Apocalipse? Qual é o tema central do Livro de Apocalipse? Qual é a mensagem essencial do Livro de Apocalipse?
Fundamentalmente, o Livro de Apocalipse trata sobre Jesus Cristo e sobre a Igreja! Jesus Cristo e a Igreja são os dois grandes temas do Livro de Apocalipse.
Circula no meio evangélico um mito de que o Livro de Apocalipse é um Livro absolutamente misterioso e que de tão complicado que é não pode ser entendido!
Contudo, contrariando o conceito popular de que o Livro do Apocalipse é um Livro tão misterioso que não pode ser entendido, a primeira palavra do Livro de Apocalipse é “ revelação”: “Revelação de Jesus Cristo” (Ap 1.1a).
O Livro de Apocalipse não está escrito para esconder verdades dos cristãos; o Livro de Apocalipse está escrito para revelar Jesus Cristo à Igreja: “ Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer. ” (Ap 1.1a).
O Livro de Apocalipse é Deus abrindo as cortinas da História e revelando a vitória de Cristo contra todas as hostes do mal que se levantam para conspirar contra a Igreja!
Em um tempo em que a Igreja estava sendo encurralada, oprimida, massacrada, perseguida e torturada, aprouve a Deus se revelar através de Jesus Cristo no Livro de Apocalipse para encorajar a Igreja.
No Livro de Apocalipse está detalhadamente clara a verdade de que a Igreja está absolutamente debaixo do controle de Jesus.
O Livro de Apocalipse vem revelar que Jesus Cristo exerce um domínio total, completo e absoluto sobre a Igreja. O Livro de Apocalipse vem revelar que a perseguição do Mundo e do Diabo não podem de maneira alguma destruir a Igreja, porque todos os inimigos que perseguem a Igreja hão de ser fragorosamente vencidos e sumariamente derrotados.
O Livro de Apocalipse vem revelar que o mesmo Jesus que tem total controle e domínio sobre a Igreja também exerce total controle e domínio sobre a História.
O Livro de Apocalipse nasceu em um berço de muita aflição; e, para uma Igreja perseguida, torturada, e oprimida pelas hostes do mal, o Livro de Apocalipse revela que a vida da Igreja está muito bem segura nas mãos de Jesus.
A grande tese do Livro de Apocalipse é que a História não é cíclica e tampouco caminha para o caos; mas que a História é linear e caminha para a vitória retumbante, final e gloriosa de Jesus Cristo e da Igreja.
O Livro de Apocalipse é um encorajamento de Deus para a Igreja em tempos de crise; o Livro de Apocalipse é uma injeção de ânimo na alma da Igreja em tempos difíceis.
O tema do Livro de Apocalipse é a vitória de Jesus Cristo e da Igreja sobre Satanás, sobre os demônios e sobre todas as hostes do mal.
O Livro de Apocalipse mostra que o Diabo, o Mundo, o Anticristo e o falso profeta hão de perecer definitivamente ao mesmo tempo em que a Igreja há de triunfar gloriosamente.
No Livro de Apocalipse Cristo sempre é apresentado como vencedor e como conquistador; no Livro de Apocalipse Cristo triunfa sobre a morte, derrota o Inferno, subjuga o Dragão, acaba com a Besta, derruba o falso profeta e vence o Anticristo.
O Livro de Apocalipse é incomparavelmente formoso, incomparavelmente formoso em estilo, incomparavelmente formoso em propósito e incomparavelmente formoso em significado; e de certo modo Apocalipse é o livro mais notável de toda a Bíblia.
É bem verdade que o Livro de Apocalipse fala do futuro: “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer.” (Ap 1.1a); mas bem antes de ser apenas uma revelação de eventos futuros, o Livro de Apocalipse magnífica a grandeza, a glória, a majestade e o triunfo de Cristo.
Quem foi o autor do Livro de Apocalipse? O autor do Livro de Apocalipse foi o Apóstolo São João; e São João escreveu Apocalipse ao ser banido para a Ilha de Patmos, no final do governo do Imperador Romano Domiciano entre os anos de 90 d.C. a 96 d.C.
Inicialmente, o Livro de Apocalipse foi endereçado aos cristãos que estavam sofrendo o martírio na época do Apóstolo João, no primeiro século da era cristã.
No primeiro Século da Era Cristã houve cruéis, brutais e sangrentas perseguições que os Imperadores Romanos infligiram à Igreja.
No primeiro século da era cristã houve grandes perseguições contra a Igreja lideradas pelos Imperadores Romanos: Nero (64 d.C.); Domiciano (95 d.C.); Trajano (112 d.C.); Marco Aurélio (117 d.C.); Sétimo Severo (final do segundo século); Décio (250 d.C.) e Diocleciano (303 d.C.).
Porém, apesar de ser inicialmente endereçado aos cristãos primitivos; o Livro de Apocalipse se destina a todos os cristãos que viverem até à segunda vinda de Cristo.
O Livro de Apocalipse é destinado a todos os cristãos em todos os tempos da História e em todos os lugares do Universo.
Então, já bastante idoso, o apóstolo João é banido para a Ilha de Patmos por decreto do Imperador Domiciano, no primeiro Século em um tempo de massacre e de tortura da Igreja; pelo que o próprio Senhor Deus aparece a João na Ilha de Patmos, se revela a João e manda que João envie a mensagem revelada do Apocalipse às 7 Igrejas da Ásia Menor:
“Eu, João, que também sou vosso irmão, e companheiro na aflição, e no reino, e paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo.
Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,
Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve – o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia. ” (Ap 1.9 – 11).
O Livro de Apocalipse, então, é enviado às 7 Igrejas da Ásia Menor.
No Livro de Apocalipse, o número 7 é um número muito importante. No Livro de Apocalipse, o número 7 não é apenas portador de um valor numérico. No Livro de Apocalipse, o número 7 é também portador de um valor simbólico.
O número 7 aparece 54 vezes no Livro de Apocalipse, e o número 7 significa “completo”, transmitindo a ideia de “totalidade”!
Na Ásia Menor, no primeiro Século, havia muito mais do que 7 Igrejas; mas quando o Senhor Jesus manda São João escrever a revelação do Apocalipse e enviar o Livro às 7 Igrejas da Ásia Menor (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia); o Senhor Jesus Cristo está enviando a revelação do Apocalipse para toda a Igreja, em todos os lugares do Universo e em todos os tempos da História.
O Dispensacionalismo é uma doutrina teológica e escatológica cristã que afirma que a segunda vinda de Jesus Cristo será um acontecimento no mundo físico, envolvendo o arrebatamento da Igreja seguido de imediato por um período de tempo de 7 anos de tribulação, a Batalha do Armageddon e o estabelecimento do Reino de Deus na terra!
A palavra “dispensação” se deriva de um termo latino que significa “administração” ou “gerência”; e se refere ao método divino de lidar com a humanidade e de administrar a verdade em diferentes períodos de tempo da História.
Os dispensacionalistas entendem que as 7 Igrejas da Ásia Menor representam 7 tipos de Igreja que tem existido ao longo de toda a História do Cristianismo.
Os dispensacionalistas entendem que as 7 Igrejas da Ásia Menor simbolizam os característicos distintivos e desenvolvimentos históricos dentro da cristandade durante as sucessivas eras da História Eclesiástica; a saber:
Igreja de Éfeso: a Igreja Primitiva Apostólica que trabalhou arduamente;
Igreja de Esmirna: a Igreja Pós – Apostólica da Idade Média que foi brutalmente perseguida e torturada;
Igreja de Pérgamo: a Igreja mundanizada depois do imperador Constantino que virtualmente adotou o cristianismo como religião oficial do império romano;
Igreja de Tiatira: a Igreja corrupta da Idade Média;
Igreja de Sardes: a Igreja da Reforma Protestante com reputação de Igreja ortodoxa, mas com ausência de vitalidade espiritual;
Igreja de Filadélfia: a Igreja dos reavivamentos modernos e dos empreendimentos missionários globais;
Igreja de Laodicéia: a Igreja moderna que ficou morna por causa da apostasia e por causa do dinheiro.
Não existe, porém nenhuma indicação bíblica e nenhuma referência textual de que as 7 Igrejas da Ásia Menor representem 7 períodos sucessivos e distintos da História da Igreja.
Por que é que João está escrevendo a apenas 7 Igrejas da Ásia se havia muito mais do que 7 Igrejas na Ásia?
O entendimento mais lúcido e quase que unânime da Teologia Reformada é que o Livro de Apocalipse não apenas foi dirigido às 7 Igrejas específicas da Ásia; mas que as 7 Igrejas simbolizam a totalidade das Igrejas não somente da Ásia, mas as 7 Igrejas simbolizam a totalidade das Igrejas durante toda a extensão da História do Cristianismo.
De tal maneira Apocalipse foi um Livro para a Igreja Primitiva, Apocalipse foi um Livro para a Igreja da Idade Média, Apocalipse foi um Livro para a Igreja da Reforma, Apocalipse é um livro para a Igreja dos Tempos Modernos; e o Livro de Apocalipse também é um Livro atual e muito importante destinado à Igreja do futuro.
Assim sendo, entendemos que a interpretação do Livro de Apocalipse que faz a Doutrina Dispensacionalista de que as 7 Igrejas da Ásia Menor representam 7 tipos de Igreja que tem existido ao longo de toda a história do Cristianismo esteja equivocada, por que carece de amparo bíblico.
As 7 Igrejas da Ásia Menor servem de representantes de toda a Igreja, por que o Apocalipse é sim para a Igreja toda, para a Igreja toda do Senhor Jesus, em todos os períodos de tempo (período de tempo passado, período de tempo presente e período de tempo futuro) e em todos os lugares do Universo.
O Livro de Apocalipse é destinado a todos os cristãos, de todos os lugares e em todos os tempos.
O entendimento da Teologia Reformada à respeito do Livro de Apocalipse é que em todas as fases da Igreja houve Igrejas fiéis à doutrina cristã como a Igreja de Éfeso, Igrejas mortas como a Igreja de Sardes, Igrejas mornas como a Igreja de Laodicéia; e Igrejas que abrem brechas para a entrada de heresias como a Igreja de Pérgamo.
Ou seja, é possível perceber e encontrar realidades presentes de todas as 7 Igrejas da Ásia até mesmo dentro de uma única Igreja local: crentes fiéis a Deus e crentes que não amam verdadeiramente a Deus dentro da mesma Igreja, crentes fervorosos e decididos e crentes tão mornos e indecisos que estão a ponto de serem vomitados por Deus congregando dentro da mesma Igreja e sentados ao lado um do outro no mesmo banco, cantando os mesmos louvores e ouvindo o mesmo sermão.
Existem, então, três principais escolas de interpretação do Livro de Apocalipse: A Interpretação Preterista, A Interpretação Futurista e A Interpretação Histórica.
A Interpretação Preterista
Segundo a Interpretação Preterista, absolutamente tudo o que foi profetizado no Livro de Apocalipse já aconteceu e já faz parte do passado!
Segundo a Interpretação Preterista o Livro de Apocalipse narra apenas e tão somente a perseguição que os Imperadores Romanos infligiram à Igreja Primitiva, pelo que o Livro de Apocalipse tinha o propósito único e exclusivo de fortalecer e de encorajar a Igreja do primeiro Século.
A Interpretação Preterista falha em ver o Livro de Apocalipse com uma mensagem profética pertinente à toda a Igreja em toda a História do Cristianismo.
Segundo a Interpretação Preterista o Livro de Apocalipse foi escrito para a Igreja Primitiva que estava sendo perseguida pelos Imperadores Romanos.
Assim, de acordo com a Interpretação Preterista o Livro de Apocalipse se refere apenas ao tempo de perseguição que a Igreja Primitiva padeceu durante o Império Romano.
Então, de acordo com a Escola Preterista, o Livro de Apocalipse não tem mais nenhuma pertinência, não tem mais relevância, não tem mais nenhuma atualidade e não tem mais nenhuma mensagem para a Igreja atual.
Muito embora, inicialmente, o Livro de Apocalipse fora escrito para a Igreja Primitiva para consolar os cristãos que estavam enfrentando uma perseguição cruel e sangrenta do Império Romano, jamais podemos concordar com a Escola Preterista de que o último Livro da Bíblia está limitado e restrito ao passado e que não possui relevância alguma para a Igreja Contemporânea.
A Interpretação Futurista
Na contra-mão da Escola Preterista está a Escola Futurista.
A Escola Futurista entende que a mensagem de Ap 1 até Ap 3 está dirigida à Igreja Primitiva; e que a mensagem de Ap 4 até Ap 22 somente tem que ver com os eventos do fim dos tempos sem nenhuma aplicação ou importância em toda a História do Cristianismo.
A Interpretação Futurista é adotada, mormente pelos dispencasionalistas que entendem e que conseguem ver um arrebatamento secreto da Igreja à partir de Ap 4 com Deus tratando exclusivamente com a Nação de Israel, que fica sob o Período da Grande Tribulação de 7 anos debaixo do governo maligno do Anti-Cristo, e que depois dos 7 anos de Tribulação, Jesus Cristo vem visivelmente para implantar o Reino Milenar físico e terreno na inauguração do Milênio, reinando com a Igreja por 1000 anos aqui na Terra, no mesmo período em que Satanás será preso.
Depois do milênio, então, Satanás seria solto para a revolução final; de modo que somente então, o Senhor Jesus consumaria a retumbante vitória celestial sobre o Diabo, lançando o Diabo no Lago de Fogo, estabelecendo o Juízo Final e também o Novo Céu e a Nova Terra.
A Escola Futurista não faz justiça ao Livro de Apocalipse que é uma mensagem atual, pertinente e poderosa para todos os cristãos de todas as épocas.
A Escola Futurista entende que o Livro de Apocalipse é um livro apenas para o tempo do fim; e que o Livro de Apocalipse não teve mensagem para a Igreja do passado e que também não possui mensagem e importância para a Igreja atual.
Embora, o Livro de Apocalipse tenha sim uma mensagem para a Igreja do Tempo do Fim, para a Igreja do Tempo do Arrebatamento, contendo revelações concernentes ao Fim dos Tempos, jamais podemos concordar com a Escola Futurista de que o último Livro da Bíblia não possui relevância alguma para a Igreja Atual.
Interpretação Histórica
A Escola Histórica encara o Livro de Apocalipse com uma profecia simbólica de toda a História da Igreja até à volta de Cristo e o Fim dos Tempos.
Assim, o Livro de Apocalipse é uma profecia da História do Reino de Deus desde o primeiro advento de Cristo até o segundo advento de Cristo.
Santo Agostinho, os Reformadores, os Puritanos, As Confissões de Fé Reformada, e todos os grandes teólogos reformados entendem que a Interpretação Histórica é de fato e de verdade a melhor e mais correta linha de interpretação do Livro de Apocalipse.
A Escola Histórica entende que o Livro de Apocalipse foi um livro real e pertinente para a Igreja Primitiva; foi um livro atual e pertinente para os Pais da Igreja; foi um livro importante e atual para os Reformadores e para os Puritanos além de ser um livro atual para a Igreja Contemporânea ao mesmo tempo em que aponta para o fim e para a consumação dos tempos.
A Escola Histórica entende que o Livro de Apocalipse não se limita apenas à uma parcela de tempo da Igreja; por que é na realidade, um livro que cobre toda a História do Cristianismo.
Então, como entender o Livro de Apocalipse? Certamente, não é uma tarefa fácil e simples estudar e entender o Livro de Apocalipse.
Com a graça e com a misericórdia de Deus nós faremos apenas uma pequena introdução ao Livro de Apocalipse para entendermos um pouco do contexto, do sentido e do significado do último livro da Bíblia Sagrada.
Existem três grandes correntes de interpretação do Livro de Apocalipse agrupadas ao redor do capítulo 20 do Livro que trata sobe a questão do Milênio, competindo assim pela melhor e mais coerente interpretação do último Livro da Bíblia:
A Corrente Pós-Milenista,
A Corrente Pré-Milenista, e
A Corrente Amilenista.
( I ) A Corrente Pós – Milenista
A Corrente Pós – Milenista ensina que a segunda vinda de Cristo se seguirá a um longo período de retidão e de paz, chamado de Milênio.
O pós – milenismo não é literal no que tange à duração do Milênio.
Para os pós – milenistas, o Milênio não é um longo período de tempo e não necessariamente tem a duração exata e específica de 1000 anos medidos pelo calendário; pelo que de acordo com os pós-milenistas, o Milênio terminará com a segunda vinda de Cristo ao invés de começar com a segunda vinda de Cristo.
Então, de acordo com a corrente pós-milenistas o Milênio se encerrará com a segunda vinda de Cristo, a ressurreição e o julgamento final.
O pós-milenistas crê que o Mundo inteiro vai ser cristianizado através de um grandioso e poderoso reavivamento que vai produzir um crescimento tão espantoso da Igreja a ponto de todo o Planeta Terra se encher do conhecimento do Senhor assim como as águas cobrem o Mar.
Os pós-milenistas pregam que no fim da Era Cristã haverá um período de bênçãos tão especial de uma enorme profusão do Espírito Santo que levará à uma atividade missionária e evangelística tal que a esmagadora maioria dos habitantes da Face da Terra serão convertidos e se tornarão cristãos.
Os pós-milenistas entendem que o cristianismo vai avançar, que a Igreja cristã vai crescer, que o Mundo há de ser cristianizado e que a Igreja vai vivenciar um avivamento tão poderoso e extraordinário que a Igreja vai empurrar as portas do Inferno fazendo o Inferno recuar e fazendo o Evangelho de Jesus Cristo alcançar todo o Mundo e abraçar todos os perdidos!
A Corrente pós-milenistas predominou no Século XVII, no Século XVIII e no Século XIX quando a atividade missionária da Igreja Cristã estava em franca expansão.
Os Séculos XVII, XVIII e XIX foram o tempo áureo das Missões, quando o Mundo estava sendo tomado de assalto para Cristo, pelo que os grandes teólogos do Seminário de Princeton como Jonathan Edwards e Charles Hodge ergueram a voz para dizerem que o Mundo inteiro seria ganho para Jesus.
Os hinos missionários começaram a brotar em abundância através de Charles Wesley, o irmão de John Wesley, o fundador da Igreja Metodista, dizendo que o avanço da Igreja iria evangelizar o Mundo todo.
Então, assim sendo, de acordo com a Corrente pós-milenistas, Cristo haveria de vir depois do Milênio em um tempo de apoteose do Cristianismo!
Contudo, a Corrente pós-milenistas deixa de perceber que antes da Segunda Vinda de Cristo, a Igreja estará vivenciando um tempo de crise ao invés de estar vivenciando um intenso tempo de despertamento espiritual.
Assim sendo, rejeitamos a Corrente pós-milenistas de interpretação do Livro de Apocalipse.
Há um ensino muito claro nas Sagradas Escrituras que muito longe de haver uma espécie de Era Áurea do Cristianismo principalmente no tangente às Missões, perto do Fim dos Tempos haverá um período de Grande Tribulação quando a Igreja será sujeitada a terríveis provações e haverá pavorosas e terríveis guerras entre as Nações.
Em Lc 18.8, o Evangelho faz uma pergunta que se quando o Senhor Jesus voltar a segunda vez ainda haverá fé entre os homens: “ Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra? ” (Lc 18.8b).
Assim que Lc 18.8 deixa bem claro que muito longe de ser um Período Áureo do Cristianismo aonde a Igreja estará vivenciando tempos de paz e de avanço da Fé Cristã para alcançar a todos os perdido, quando Jesus vier talvez nem haja fé na Terra; e assim sendo, eliminamos e rejeitamos a interpretação da Corrente Pós – Milenista acerca do Livro de Apocalipse.
( II ) A Corrente Pré – Milenista
Ao passo que a Corrente pós-milenistas ensina que a segunda vinda de Cristo acontecerá depois do Milênio, a Corrente pré-milenista ensina que a segunda vinda de Cristo acontecerá antes do Milênio.
O pré-milenista foi a posição oficial da Igreja Primitiva para a interpretação do Livro de Apocalipse até o Século IV.
Os Pais da Igreja como Justino, o Mártir, Tertuliano, Lactâncio, Papias, Irineu e Hipólito eram pré – milenistas e entendiam que a Igreja haveria de passar pela Grande Tribulação!
Todos os Pais da Igreja que estudaram o Livro de Apocalipse entenderam que a Igreja sofreria às mãos do Anticristo, mas Cristo voltaria no fim da Grande Tribulação de 7 anos para salvar a Igreja, para destruir o Anticristo e para inaugurar e estabelecer um reinado de 1000 anos, o Milênio.
Do Século IV ao Século XIX a Corrente pré-milenista não recebeu muita atenção da Igreja.
Contudo a Corrente pré-milenista é certamente a corrente mais popular de interpretação do Livro de Apocalipse na Igreja Contemporânea; por que no fim do Século XIX, John Nelson Darby (1800 – 1882), o líder dos irmãos Plymouth articulou a perspectiva Dispensacionalista do Pré-Milenismo.
John Nelson Darby, sem nenhuma base bíblica descreveu a segunda vinda de Cristo antes do Milênio, consistida de dois estágios:
1º ESTÁGIO: um arrebatamento secreto removendo a Igreja do Planeta Terra antes da Grande Tribulação de 7 anos devastar o Planeta Terra; e o
2º ESTÁGIO: Cristo volta ao Planeta Terra com os cristãos que foram arrebatados para estabelecer um reino de 1000 anos, o Milênio.
De acordo com John Nelson Darby, Cristo virá arrebatar a Igreja e somente os cristãos que não estiverem levando Deus à sério ficarão na Grande Tribulação de 7 anos para terem como que uma segunda chance de irem para o Céu.
Então, os cristãos impenitentes que se redimirem durante a Grande Tribulação e sobreviverem aos 7 anos, irão reinar no Milênio com Cristo, que virá no final dos 7 anos de Tribulação para destruir o Anticristo e para reinar durante os 1000 anos do Milênio na Face da Terra.
Quando morreu em 1882, John Nelson Darby deixou 40 volumes escritos defendendo a Corrente pré-milenista além de ter realizado mais de 1500 Congressos de Interpretação do Livro de Apocalipse.
Então, todo o mundo de língua inglesa foi alcançado e influenciado pelo Dispensacionalismo pré-milenista de John Darby.
Um dos maiores fatores para alavancar o crescimento do Dispensacionalismo no meio evangélico foi a Bíblia Anotada de Scofield, publicada em 1909, 27 anos depois da morte de John Darby que teve grande aceitação nos EUA e se espalhou por todo o Mundo!
Além da Bíblia Anotada de Scofield, o Livro de Hal Lindsay “A Agonia do Planeta Terra”, a revista de Win Malgo “A Chamada da Meia – Noite” e os livros e os filmes de Tim LaHaye “Deixados para Trás”, enraizaram na Igreja Contemporânea a Corrente pré-milenista de interpretação do Livro de Apocalipse.
Muito embora seja extremamente popular e domine na Igreja Contemporânea, a Corrente pré-milenista de interpretação do Apocalipse não se sustêm em bases bíblicas.
O entendimento de que Cristo virá arrebatar a Igreja em secreto, a Igreja fiel para a Igreja Fiel não enfrentar a Grande Tribulação, e deixar a Igreja impenitente sofrer a Grande Tribulação de 7 anos para em seguida voltar visivelmente uma segunda vez, dando como que uma segunda chance de ir ao Céu para os cristãos impenitentes que resistiram aos 7 anos de tribulação; destruir o Anticristo na Batalha do Armageddon estabelecendo um reinado de 1000 anos na Terra (o chamado Milênio), teve origem na imaginação de John Nelson Darby e não na Bíblia.
Não existe nenhuma evidência bíblica que possa dar suporte ao Pré-Milenismo!
Ao invés de dar suporte ao Pré-Milenismo a Bíblia vai contra o Pré-Milenismo por que ao invés de ensinar um arrebatamento secreto em duas etapas como o Pré-Milenismo ensina, a Bíblia fala de um único arrebatamento que não será secreto por que o arrebatamento será audível (com som de muitas trombetas), o arrebatamento será visível (todo olho verá o arrebatamento acontecer de uma só vez) e o arrebatamento será poderoso e glorioso como um relâmpago.
“ Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém. ” (Ap 1.7)
“ Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. ” ( Mt 24.37 ).
Ao invés de dar suporte ao Pré-Milenismo a Bíblia vai contra o Pré-Milenismo por que ao invés de ensinar que a Igreja não sofrerá a Grande Tribulação.
Na verdade, a Bíblia ensina que a Igreja não enfrentará a ira de Deus; mas que a Igreja passará sim pela Grande Tribulação, por que as duas palavras gregas para ira de Deus “thymos” e “orge” são aplicadas apenas e tão somente aos ímpios; mas a palavra grega para a Grande Tribulação “thlipsis” é aplicada tanto para os ímpios quanto é aplicada para a Igreja.
A Tribulação não é a ira de Deus contra os pecadores, a Tribulação é a ira de Satanás, do Anticristo, dos demônios e dos ímpios contra os santos; pelo que a Igreja enfrentará sim a Grande Tribulação, mas não enfrentará a ira do juízo de Deus contra os pecadores.
A verdade é que a Igreja de Cristo tem sido acuada e acossada e espreitada pela tribulação desde os primórdios...
Desde os primórdios da História, a Igreja de Cristo tem sido perseguida e atribulada, pelo que o Apóstolo Paulo escreveu que quando Cristo voltar para arrebatar a Igreja, Cristo haverá de arrebatar a Igreja da Tribulação e fazer com que os ímpios sofram a penalidade da ira divina:
“Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam,
E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder,
Com labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo;
Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face do Senhor e da glória do seu poder,
Quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem ( porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós ).” (II Ts 1.6 – 10).
A corrente pré-milenista prega a possibilidade de salvação depois da segunda vinda de Cristo.
Os Pré – Milenistas entendem que após o arrebatamento haverá uma evangelização massiva e intensa durante a Grande Tribulação pelo que muitas pessoas serão convertidas e terão uma segunda chance de salvação.
Em lugar nenhum da Bíblia, é possível encontrar textos para suportar a idéia de que após a vinda de Cristo ainda haverá chances de salvação, como que um segunda chamada.
Absolutamente, a corrente Pré-Milenista de interpretação do Livro de Apocalipse está ancorada na imaginação de John Nelson Darby e não está ancorada na Bíblia.
Muito embora seja extremamente popular e domine na Igreja Contemporânea a corrente pré-milenista de interpretação do Livro de Apocalipse não se sustêm em bases bíblicas.
Todas as Confissões de Fé Reformada, A Confissão de Fé de Augsburgo, A Confissão de Fé Helvética e A Confissão de Fé de Westminster, rejeitam e repudiam a corrente pré-milenista de interpretação do Livro de Apocalipse.
( III ) A Corrente Amilenista
Os amilenistas não crêem em um Milênio literal e cronológico de exatos 1000 anos. Os amilenistas entendem que o Milênio é um período de tempo indeterminado que vai da primeira vinda de Cristo até à segunda vinda de Cristo.
No Século IV da Era Cristã, o mais destacado teólogo da Igreja Ocidental, Santo Agostinho, o Bispo de Hipona, sistematizou e desenvolveu a abordagem amilenista de interpretação do Livro de Apocalipse
.
De acordo com a corrente amilenista, encabeçada por Santo Agostinho, o Reino Milenar de Cristo foi igualado à totalidade da História da Igreja na Terra ; e a igualdade entre o Reino Milenar de Cristo e a totalidade da História da Igreja na Terra é chamada de Amilenismo!
O Amilenismo se tornou a interpretação dominante da Igreja Reformada para a interpretação do Livro de Apocalipse à partir do Concílio de Éfeso em 431 d.C.
Assim sendo, à partir do Concílio de Éfeso crer em um Milênio literal e terrenal era considerado superstição!
Todos os reformadores protestantes e todos os puritanos abraçaram o Amilenismo Agostiniano como a interpretação mais correta do Livro de Apocalipse; e sem exceção, todas as Confissões de Fé Reformada, também abraçaram o Amilenismo de Santo Agostinho como a interpretação mais correta e fiel à Bíblia do Livro de Apocalipse.
Muito embora os amilenistas creiam no Milênio, os amilenistas não interpretam o Milênio de forma literal.
A Corrente Amilenista entende que atualmente o Milênio está em processo de realização, por que de acordo com a Interpretação Amilenista, o Milênio começou com a primeira vinda de Cristo e o Milênio vai se encerrar com a segunda vinda de Cristo.
Conclusão
Entendemos que a interpretação mais coerente do Livro de Apocalipse é a Interpretação Amilenista; por que o Amilenismo olha para o Livro de Apocalipse como um Livro que tem mensagem para a Igreja de Cristo durante toda a existência da História do Cristianismo, desde os seus primórdios até o tempo do fim!
A grande mensagem do Livro de Apocalipse é que o Senhor Jesus tem o controle a Igreja e da História nas mãos.
O Livro de Apocalipse descreve o Cristo que morreu, que ressuscitou e que vai voltar:
“E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados,
E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém.
Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém. ” (Ap 1.5-7).
A morte e a ressurreição de Cristo são o começo da Era Cristã e a segunda vinda de Cristo será o término da Era Cristã.
Que Deus nos ajude, que Deus nos abençoe em nome de Jesus, Amém!
Bibliografia.
Mais que Vencedores, William Hendriksen, Editora Cultura Cristã.
Apocalipse, Simon Kistemaker, Editora Cultura Cristã.
Apocalipse, Introdução e Comentário, Editora Vida Nova, George Ladd.
O Que Cristo Pensa da Igreja, Editora United Press, John Stott.
Comentário Bíblico Expositivo, Editora Geográfica, Warren Wiersbe.
A Igreja e as Últimas Coisas, Grandes Doutrinas Bíblicas Volume III, Editora PES, Martyn Lloyd – Jones.
Apocalipse – O Futuro Chegou, As Coisas que em Breve Devem Acontecer, Editora Hagnos, Hernandes Dias Lopes.
O Novo Testamento Interpretado, Comentário Versículo por Versículo – Volume VI, Editora Hagnos, Russell Norman Champlin.
Alerta Final, Steven J. Lawson, Editora CPAD.
Comentario Al Nuevo Testamento – Tomo 16, El Apocalisis, Editora Clie, William Barclay.
Apocalipse de João, Comentário Esperança do Novo Testamento, Editora Evangélica Esperança, Adolf Pool.
A Mensagem do Apocalipse, Eu Vi o Céu Aberto, Editora ABU, Michael Wilcock.
Chave Linguística do Novo Testamento Grego, Editora Vida Nova, Fritz Rienecker e Cleon Rogers.
A Escatologia do Novo Testamento, Editora Vida Nova, Russell Shedd.
Extraído de: http://www.materiasdeteologia.com
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