quarta-feira, 4 de maio de 2016

A inconsistência da ciência sem Deus

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É importante deixar claro também que o conhecimento cientifico é a obediência ao mandato cultural de Gênesis 1:26.


Recentemente, a revista VEJA publicou uma entrevista com o astrofísico americano Neil Degrasse Tyson, com a frase: “Não vejo evidências que corroborem a existência de Deus” estampada.

O que este artigo visa não são argumentos a posteriori para a existência de Deus, nem tampouco apresentam uma solução sobre o que os filósofos chamam de “problema do mal” (Se bem que se há algum problema, o problema é deles!), que foi o que astrofísico tanto frisou em sua entrevista, e muito menos mostrar a falibilidade do método cientifico.

Talvez em outra oportunidade eu possa tratar dessas coisas, mas no momento o meu objetivo principal neste artigo é demonstrar a inconsistência da ciência à parte de Deus, como bem já apresentou o título, e como a ciência é possível somente com Deus.

O presente artigo também não tem por finalidade fornecer argumentos exaustivos sobre o assunto (apesar de este ser o meu desejo, mas não vejo momento propício para isso); antes, procura ser objetivo e direto em poucas linhas.

Alguns poderão achar prepotência da minha parte, afinal, não é comum um jovem de 18 anos de idade querer ensinar algo à um astrofísico de 56 anos; mas não nego que renomeados intelectuais incrédulos são verdadeiramente inteligentes no sentido de que fazem uso extremamente sofisticado e engenhoso das suas faculdades mentais, mas são estultos em rejeitar o óbvio e demonstrarei isso aqui. Mas, por que homens inteligentes fogem tanto de Deus? Porque estão determinados a serem antes “modernos” que fiéis à Palavra de Deus.

É importante deixar claro também que o conhecimento cientifico é a obediência ao mandato cultural de Gênesis 1:26 quando no versículo, existe uma ordem explícita para “dominarmos sobre a terra”. Sim, os cientistas incrédulos cumprem o plano pactual de Deus mesmo sem saber!

Um breve resumo das origens da ciência moderna

Alfred North Whitehead, um renomeado pesquisador na área da filosofia da ciência, diz na sua exposição do tema “Ciência e o mundo moderno” que o Cristianismo é a mãe das ciências, por causa da insistência da Idade Média na racionalidade inteligível de Deus”. Whitehead também falava da confiança “na racionalidade inteligível do ser pessoal”.

Naquelas palestras, ele também dizia que foi graças à racionalidade de Deus que os primeiros cientistas conseguiram manter a sua “confiança inexpugnável em que qualquer evento detalhado pode ser correlacionado com antecedentes, de forma perfeitamente definida, exemplificando princípios gerais. Sem esse tipo de fé, todos os inacreditáveis esforços dos cientistas seriam em vão”. Em outras palavras, os primeiros cientistas não ficavam nada surpresos em descobrir que era possível alguém achar algo de verdadeiro sobre a natureza e o universo com base na razão, e o motivo disso era a crença de que o mundo foi criado por um Deus inteligível.

Vivendo com a concepção de que o mundo foi criado por um Deus inteligível, os cientistas podiam progredir com confiança, na expectativa de poder descobrir coisas acerca do mundo por meio da observação e experimentação. Esta era a sua base epistemológica – os fundamentos filosóficos que lhe davam a certeza de que podiam desenvolver conhecimentos (epistemologia é a teoria do conhecimento – como sabemos, ou como sabemos que podemos saber).

Já que o mundo foi criado por um Deus inteligível, esses cientistas não ficavam surpresos por encontrar uma correlação entre eles enquanto observadores e a coisa observada – isto é, entre o sujeito e objeto. Este fundamento serve de norma para toda pessoa ou coisa, no âmbito da estrutura de pensamento cristão, não importa se está observando uma cadeira ou as moléculas que compõem uma cadeira. Sem este fundamento, não teria nascido a ciência moderna no mundo ocidental.

Francis Bacon, considerado o fundador da ciência moderna, levava a Bíblia a sério, sobretudo a temática sobre a queda do homem em Adão, isto é, a rebeldia do homem na história. Em Novum Organum Scientiarum, ele afirmava que: “com a queda, os homens perderam o seu estado de inocência e, ao mesmo tempo, o seu controle sobre a criação. Ambas as perdas, entretanto, podem, em parte, ser reparadas ainda neste mundo; a primeira pela religião e fé e a última, por meio das artes e ciências”. Note que Bacon não vê a ciência como autônoma. O homem não é autônomo – inclusive sua ciência. O homem, portanto, deve levar a sério o que a Bíblia ensina sobre a História e sobre o que ela diz ter ocorrido no cosmos.

Citando novamente Bacon: para concluir, portanto, não podemos deixar nenhum homem, por pretensões insanas à sobriedade, ou uma doentia moderação aplicada, pensar ou sustentar que o homem possa ir longe demais na pesquisa ou ser excessivamente entendido no livro das palavras de Deus ou no livro das obras de Deus”. Para Bacon, o “livro das palavras de Deus” é a Bíblia; “o livro das obras de Deus” é o mundo que Deus criou.

Portanto, para Bacon, bem como para os demais cientistas que trabalhavam a partir do fundamento cristão, não havia, em última instância, nenhuma separação ou conflito entre os ensinamentos da Bíblia e da ciência. Eles defendiam uma concepção de uniformidade das causas naturais em um sistema aberto, ou, como também pode ser dito, eles defendiam a uniformidade das causas naturais em um espaço de tempo limitado e somente o cristianismo pode servir de base para isso.

A uniformidade da natureza

A uniformidade da natureza é o fundamento de toda a ciência, isto é, pressupor que o universo seja lógico e ordenado, e que siga as leis matemáticas constantes sobre o tempo e o espaço. A uniformidade simplesmente insiste que as leis da natureza são consistentes e não mudam arbitrariamente no tempo ou no espaço, embora condições e processos específicos possam mudar. O astrofísico citado no início do artigo demonstra implicitamente isso na entrevista completa concedida ao afirmar sobre as predições que a ciência pode fazer.

Essas predições só podem existir se houver certa regularidade no universo. O problema para o ateísmo é que tal regularidade somente faz sentido numa cosmovisão de criação bíblica.

Numa cosmovisão ateísta, o mundo dos “fatos” surge do “caos” – isto é o acaso final. E consequentemente, assume que a realidade não é divinamente criada e controlada de acordo com o plano de Deus. Contraditoriamente, ele assume fazendo ciência que a realidade é segundo toda racionalidade constituída.

Pois se o mundo não fosse racional, ou como eu disse “uniforme”, não poderia haver ciência. Em contrapartida, para os cristãos, a uniformidade da natureza repousa sobre o plano de Deus. A coerência que ele vê é tomada como analógica de resultado da absoluta coerência de Deus na criação do universo.

A tarefa do cristão, nas ciências, é a de descobrir a estrutura do mundo, ordenada por Deus. Para o cristão, o homem e o mundo são feitos um para o outro, de maneira que as habilidades racionais do homem são aplicáveis ao mundo à medida que o homem “domina a terra”.

Esses princípios cristãos são absolutamente essenciais para a ciência. Quando executamos um experimento repetidamente, nas mesmas condições anteriores, esperamos que ele tenha os mesmos resultados todas às vezes. Os cientistas são capazes de fazer predições apenas porque existe uniformidade como resultado do poder consistente e soberano de Deus.

A experimentação científica seria inútil sem uniformidade; nós obteríamos resultados diferentes toda vez que realizássemos o mesmo experimento, destruindo a própria possibilidade do conhecimento científico. Se por hipótese Deus não existisse, a alternativa seria dizer que tudo é ordenado por acaso, todo pensamento é fútil e todos os juízos éticos são nulos e vazios.

É bom deixar claro que eu não estou dizendo que aqueles que rejeitam a cosmovisão cristã não fazem ciência. O que estou dizendo é que um cientista é inconsistente quando não professa o cristianismo. Ele alega que o universo não é projetado, mas faz ciência como se o universo fosse projetado e mantido uniformemente por Deus.

Em Gênesis 8:22, Deus promete que podemos ter em vista certo grau de uniformidade no futuro. Sem a criação bíblica, a base racional para a uniformidade está perdida! A escolha é simples: Deus e a inteligibilidade do Universo ou o Caos e a ininteligibilidade do Universo.

A idolatria científica

O coração do homem é uma fábrica de ídolos, escreveu Calvino. O grande problema de boa parte dos cientistas modernos é a idolatria. A perda total de significado implícita no ateísmo é demais para que muitos suportem. As pessoas precisam de alguns valores, alguns padrões, algumas maneiras para orientarem suas vidas. Entre essas pessoas, aqueles que continuam a resistir à crença no verdadeiro Deus tornam-se inconsistentes quanto ao seu ateísmo. Se não querem o verdadeiro Deus, terão de procurar outro.

E um dos deuses deste século é a ciência moderna à parte de Deus. A ciência não cristã é amplamente divinizada e cultuada, mas agora está mais vulnerável do que em todos estes últimos quatrocentos anos. O compromisso do coração do descrente é opor-se a Deus, e, assim, ele procura fugir da sua responsabilidade de obedecer qualquer lei escriturística, inclusive as normas requeridas para o conhecimento. Mas ele não pode ter sucesso. Na verdade, ele não pode nem sequer atacar a lei sem presumir sua verdade, tornando dessa maneira o seu pensamento duvidoso.

A queda do homem no Éden foi uma tentativa de independência de Deus em cada aspecto da vida. O homem buscou seus próprios ideais de verdade em algo fora de Deus, diretamente dentro de si mesmo (racionalismo), ou indiretamente no universo ao seu redor (empirismo). Originalmente, o homem havia interpretado o universo sob a direção de Deus, mas agora busca interpretar o universo sem referência a Deus.

O homem fez de si mesmo um ideal falso de conhecimento, um ideal de compreensão absoluta não derivativa. Ele nunca teria feito isso se mantivesse o reconhecimento de sua condição de criatura. O homem buscou um ideal inatingível, e o resultado? Uma miséria intelectual sem fim.

Cristo, É o Senhor soberano de tudo, inclusive do nosso pensamento. Intelectuais são geralmente orgulhosos de sua autonomia e esse orgulho não pode prevalecer. Nas palavras de John Frame: Deus rejeita a sabedoria do mundo e chama seu povo, oferecendo-lhe uma sabedoria especial, dele próprio, uma sabedoria que se contrapõe agudamente aos valores do mundo. Os crentes são pela sabedoria de Deus e contra o falso ensino, mesmo quando enfrentam os mais difíceis desafios.

Esse assunto é melindroso para os homens modernos; é difícil apresentar de modo atraente o autoritarismo intelectual! Liberdade intelectual, liberdade acadêmica, liberdade de expressão e de pensamento – esses são valores importantes em nosso tempo. Podem os homens modernos serem levados adorar um Deus que é um autoritário intelectual? Isso depende, claro, de Deus e de sua graça. O fato é, porém, que esse autoritarismo é a fonte da verdadeira liberdade intelectual.”

Eu reitero dizendo que não há como fugir: Deus é a sua autoridade intelectual ou algum aspecto da realidade criada; se você escolher a segunda opção, você estará condenado a idolatria, e consequentemente, fadado a inconsistência intelectual no mundo de Deus.

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Obras referenciais:
• Ciência e o mundo moderno, de Alfred North Whitehead
• Novum Organum Scientiarum, de Francis Bacon
• A Doutrina do Conhecimento de Deus, de John Frame
• Como Viveremos?, de Francis Schaeffer
• O Pastor Reformado e o Pensamento Moderno, de Cornelius Van Til

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Sobre o autor: Gabriel Reis é aspirante ao ministério pastoral na 1ª Igreja Presbiteriana do Brasil em Duque de Caxias-RJ. Graduando em filosofia pela UFRJ. E fundador da Página Apologética Reformada.
Revisão: Raquel Magalhães
Fonte: Gospel Prime

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