quinta-feira, 24 de julho de 2025

APOCALIPSE 10,11,12- RESUMO

  Apocalipse é um livro que, à primeira vista, pode parecer complexo, mas com a orientação do Ruach HaKodesh (Espírito Santo) e uma compreensão do contexto hebraico, ele se torna uma revelação maravilhosa do plano de Elohim.


Vamos desmistificar os capítulos 10, 11 e 12 de Apocalipse, buscando clareza e aplicação prática para nossas vidas.


Apocalipse 10: O Anjo Forte e o Livrinho Doce e Amargo


Apocalipse 10 nos apresenta uma cena poderosa. João vê um anjo forte descendo do céu. Este anjo é descrito com uma glória impressionante: vestido de nuvem, com um arco-íris sobre a cabeça, rosto como o sol e pés como colunas de fogo. 


Essa descrição nos remete à própria Shekinah (Glória) de Adonai, ou até mesmo a um anjo de altíssima patente, talvez o próprio Yeshua em uma de Suas manifestações angelofânicas.


O Juramento do Anjo e o Mistério de Deus


O anjo segura um livrinho aberto em sua mão. Ele coloca o pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra, uma postura de domínio universal. Em seguida, ele brada com voz de leão, e sete trovões respondem. 


João é instruído a não escrever o que os trovões disseram, indicando que há mistérios divinos que permanecerão ocultos até o tempo determinado por Adonai.


O ponto central deste capítulo é o juramento solene do anjo. Ele jura por Aquele que vive para todo o sempre, que criou o céu, a terra e o mar, que "não haverá mais demora" ou "não haverá mais tempo". 


Esta frase é crucial. Muitos entendem que significa que o tempo da graça ou da paciência de Adonai está se esgotando, e os eventos finais se desenrolarão rapidamente. Outros veem como o fim da "demora" para o cumprimento pleno do mistério de Deus.


O Mistério de Deus e o Livrinho Doce e Amargo


O anjo declara que, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele tocar a sua trombeta, "se cumprirá o mistério de Deus, como anunciou aos seus servos, os profetas." Que mistério é esse? 


É o plano redentor de Adonai em sua totalidade, a salvação através de Yeshua, a restauração de todas as coisas e o estabelecimento do Reino de Adonai. 

Este mistério foi revelado progressivamente aos profetas, e agora, no fim dos tempos, ele se completará.


João é instruído a pegar o livrinho da mão do anjo e comê-lo. 


A experiência é agridoce: "na tua boca será doce como mel, mas no teu ventre amargoso." O que isso significa para nós?


Doce como mel: A Palavra de Adonai é doce, deliciosa, cheia de promessas, esperança e vida. Recebê-la e meditar nela traz alegria e satisfação.


Amargo no ventre: A mensagem de Adonai, especialmente nos últimos tempos, também contém advertências, juízos e a realidade do sofrimento que os servos de Adonai enfrentarão ao proclamá-la. 


É uma mensagem que exige arrependimento, perseverança e muitas vezes implica em dificuldades. 


O profeta precisa digerir a Palavra em sua totalidade, com seus aspectos de graça e juízo, para então profetizar. Isso é o que a Torá Rashi nos ensina em muitas passagens, que a palavra de D'us é doce aos lábios, mas amarga quando o homem não consegue pôr em prática as suas ordenanças.


Após comer o livrinho, João recebe a ordem: "É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, e nações, e línguas, e reis." 


Isso indica que, mesmo em meio aos juízos, a proclamação da Palavra de Adonai não cessa. É um chamado para nós também: a Palavra que recebemos não é apenas para nosso deleite pessoal, mas para ser compartilhada com o mundo.


Apocalipse 11: As Duas Testemunhas e a Cidade Santa


Apocalipse 11 muda o foco para eventos mais específicos que ocorrerão durante o período final.


A Medição do Templo e o Pátio Exterior


João é instruído a medir o templo de Deus, o altar e os que nele adoram. Esta medição pode ser interpretada de algumas maneiras:


Simbólica: A medição indica que Adonai tem um remanescente fiel, um grupo de adoradores verdadeiros que Ele protegerá e preservará em meio à tribulação.


Literal: Alguns entendem que um templo literal será reconstruído em Jerusalém nos últimos dias, e esta medição se refere à santidade e à proteção divina sobre essa estrutura e seus adoradores.


No entanto, o pátio exterior do templo deve ser deixado de fora, pois foi entregue aos gentios (nações). Eles pisarão a Cidade Santa por quarenta e dois meses, o equivalente a três anos e meio. 


Este período é o mesmo que os "tempo, tempos e metade de um tempo" de Daniel 7:25, ou os 1.260 dias mencionados em outros lugares de Apocalipse. É o período da Grande Tribulação, um tempo de grande perseguição.


As Duas Testemunhas


Em seguida, surgem as duas testemunhas de Adonai. Elas são figuras misteriosas, mas sua descrição nos dá algumas pistas:


Vestidas de saco: Isso indica luto, arrependimento e uma mensagem de juízo.


Profetizarão por 1.260 dias: O mesmo período em que os gentios pisarão a Cidade Santa.


Poderes impressionantes: Têm poder para fechar o céu para que não chova, transformar águas em sangue e ferir a terra com pragas. Isso nos lembra as figuras de Moisés (pragas no Egito) e Elias (secas e fogo do céu). 


Muitos comentaristas judeus e cristãos acreditam que estas duas testemunhas são, de fato, Moisés e Elias que, segundo a tradição judaica, não morreram, mas foram transladados, e retornarão antes da vinda do Messias.


Testemunho final: Elas proclamam a mensagem de Adonai em um tempo de grande escuridão, chamando ao arrependimento.


A Morte e Ressurreição das Testemunhas


Após cumprirem seu testemunho, a besta que sobe do abismo (o Anticristo) fará guerra contra elas, as vencerá e as matará. Seus corpos ficarão na rua da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o Senhor foi crucificado — claramente uma referência a Jerusalém.


Alegria tomará conta daqueles que odeiam a Adonai, e eles não permitirão que os corpos das testemunhas sejam sepultados. No entanto, após três dias e meio, o sopro de vida de Adonai entrará nelas, e elas ressuscitarão. Um grande terror cairá sobre os que as veem, e uma voz do céu as chamará: "Subi para cá!" Elas subirão ao céu em uma nuvem.


Este evento demonstra o poder e a soberania de Adonai, mesmo sobre a morte. A ressurreição das testemunhas serve como um sinal poderoso para aqueles que estão vivendo na terra.


O Grande Terremoto e o Fim do Período


No mesmo instante da ressurreição e ascensão das testemunhas, ocorrerá um grande terremoto que destruirá a décima parte da cidade e matará sete mil homens. Os sobreviventes, aterrorizados, darão glória ao Deus do céu. Isso mostra que, mesmo em meio ao juízo, Adonai continua a operar para que alguns se arrependam.


O capítulo termina com a declaração: "O segundo ai passou; eis que o terceiro ai vem sem demora." Este é o prelúdio para o toque da sétima trombeta.


A Sétima Trombeta e o Reino de Deus


A sétima trombeta toca, e grandes vozes no céu proclamam: "Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre." Este é o clímax da era, o anúncio da consumação do Reino de Adonai.


Os vinte e quatro anciãos (representando a Igreja e/ou os salvos do Antigo Testamento) prostram-se e adoram, louvando a Adonai por assumir Seu grande poder e reinar. Eles também reconhecem o tempo do juízo sobre os mortos, a recompensa dos servos de Adonai e a destruição dos que destroem a terra.


O capítulo conclui com a abertura do *templo de Deus no céu, e a arca do concerto (ou aliança) é vista, com relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada. 

A arca da aliança representa a presença de Adonai e Sua fidelidade à Sua aliança com o povo. Sua aparição no céu simboliza a consumação da promessa de Adonai e a presença plena de Yeshua.


Apocalipse 12: A Mulher, o Dragão e o Filho Varão


Apocalipse 12 é um capítulo altamente simbólico que nos leva a uma visão cósmica da batalha espiritual.


A Mulher e o Dragão


João vê um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Esta mulher é a chave para entender o capítulo. Tradicionalmente, ela é interpretada como:


Israel: A nação de Israel, da qual veio o Messias. As doze estrelas representam as doze tribos. Ela é "vestida do sol" (a glória de Adonai) e a "lua debaixo dos pés" (o governo de Adonai sobre o tempo e os ciclos).


A Igreja: Em um sentido mais amplo, a mulher também pode representar o povo de Adonai, a Igreja (noiva de Cristo), que dá à luz o Messias espiritualmente através da pregação do Evangelho.


Esta mulher está grávida e clama com dores de parto, prestes a dar à luz.


Então, aparece outro sinal no céu: um grande dragão vermelho, com sete cabeças, dez chifres e sete diademas nas cabeças. 


Este dragão é claramente identificado como "a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás" (Apocalipse 12:9). 

Ele tem grande poder e sua cauda arrasta a terça parte das estrelas do céu e as lança sobre a terra, o que pode simbolizar a queda de anjos que se rebelaram com ele.


O dragão se posiciona diante da mulher para devorar o filho tão logo nascesse.


O Filho Varão e a Fuga da Mulher


A mulher dá à luz um filho varão, que "há de reger todas as nações com vara de ferro." Esta é uma clara referência a Yeshua HaMashiach (Jesus o Messias), cujo destino é governar o mundo com justiça e autoridade. 


Imediatamente após nascer, o filho varão é arrebatado para junto de Deus e do Seu trono. Isso representa a ascensão de Yeshua ao Pai após Sua ressurreição.


Frustrado por não conseguir devorar o Messias, o dragão começa a perseguir a mulher. No entanto, à mulher são dadas duas asas de grande águia para que voasse para o deserto, para o seu lugar, onde é sustentada por um tempo, tempos e metade de um tempo (os mesmos 1.260 dias ou três anos e meio da Grande Tribulação). 


Isso simboliza a proteção divina ao remanescente fiel de Israel ou à Igreja durante a perseguição do Anticristo. Adonai sempre proverá um refúgio para Seu povo.


A Guerra no Céu e a Queda de Satanás


Uma guerra irrompe no céu. Miguel e os seus anjos batalham contra o dragão e os seus anjos. Embora Satanás seja um poderoso adversário, ele é vencido e "não se achou mais lugar no céu para eles." O dragão, a antiga serpente, é lançado à terra com seus anjos.


Esta passagem não se refere à queda original de Lúcifer (que aconteceu antes da criação), mas sim a um evento escatológico, onde Satanás e suas hostes são definitivamente expulsos dos céus, perdendo seu acesso para acusar os irmãos perante Adonai (Jó 1:6, Zacarias 3:1).


A Alegria no Céu e a Ira de Satanás na Terra


Uma grande voz no céu proclama: "Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual os acusava de dia e de noite diante do nosso Deus."


Esta é uma celebração da vitória de Yeshua e da derrota de Satanás. Os santos de Adonai "o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte." Esta é a chave para a vitória espiritual: o sacrifício de Yeshua e a fidelidade em proclamar Sua Palavra, mesmo que isso custe a própria vida.


No entanto, a queda de Satanás na terra significa que ele desce com "grande ira, sabendo que já tem pouco tempo." Ele redobra sua perseguição contra a mulher.


A Perseguição e o Remanescente da Mulher


Satanás persegue a mulher, mas ela é sustentada por Adonai. Então, o dragão vomita água como um rio para afogá-la, uma imagem que pode representar uma inundação de perseguição, mentiras ou engano. 

No entanto, a terra ajuda a mulher, abrindo a boca e engolindo o rio. Isso pode significar intervenções divinas inesperadas ou o surgimento de aliados que protegem o povo de Adonai.


Frustrado em sua tentativa de destruir a mulher, o dragão volta sua ira contra o "restante da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo." Este é o *remanescente fiel, o povo de Adonai que permanece leal a Ele e a Yeshua, mesmo em meio à perseguição. Satanás fará guerra contra eles.


Conexões e Aplicações Práticas


O Livro de Enoque: O Livro de Enoque fala sobre a queda dos anjos e a perseguição aos justos, ecoando temas de Apocalipse 12. Ele descreve a rebelião dos "Vigilantes" e suas consequências na terra, o que pode ser visto como um precedente para a ira do dragão contra a humanidade.


Pensamentos dos Sábios de Israel (Rashi): Rashi, em seus comentários sobre a Torá, muitas vezes enfatiza a importância da obediência aos mandamentos e a perseverança na fé em meio à adversidade. 


Ele também fala sobre a promessa de redenção e a vinda do Messias como a esperança final para Israel, o que ressoa com a figura do Filho Varão e a batalha pela salvação. 


A ideia da Palavra de Adonai sendo doce na boca e amarga no ventre pode ser comparada à experiência do maná, que era doce, mas que testava a fé do povo no deserto.


Fidelidade e Testemunho: Apocalipse 10 e 11 nos chamam a ser profetas fiéis de Adonai, mesmo que a mensagem seja agridoce e traga oposição. O chamado para as duas testemunhas é o mesmo chamado para cada crente: testemunhar a verdade de Yeshua.


Perseverança na Perseguição: Apocalipse 12 nos lembra que a batalha espiritual é real. Satanás é um inimigo derrotado, mas ainda ativo. Devemos nos lembrar que nossa vitória não está em nossa força, mas no sangue do Cordeiro e na palavra do nosso testemunho, sem amar a própria vida mais do que a Yeshua.


A Soberania de Adonai: Em todos esses capítulos, vemos a soberania de Adonai em ação. Ele controla o tempo, protege Seu povo e garante a vitória final de Seu Reino. Mesmo em meio aos juízos e à perseguição, o plano de Adonai está se cumprindo.

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