Assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: “Habito num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito”. Pela boca do profeta Isaías (57.15) ouvimos o convite de Deus à contrição e humildade, duas atitudes pouco celebradas em nossa sociedade competitiva e cosmética, que vive de aparências de sucesso efêmero, alegrias artificiais e felicidades de fotografia. A contrição é “sentimento pungente de arrependimento por pecados cometidos e pela ofensa a Deus, menos pelo receio do castigo do que pelo amor e gratidão à divindade” (Houaiss). Nunca estamos tão próximos de Deus quanto quando nos enxergamos debaixo de sua santidade onde recebemos uma pequena noção da distância entre sua perfeição e nossa finitude. Sob sua luz de brilho intenso e quase insuportável nenhum mortal permanece em pé, nenhum canto da vida humana fica na penumbra, nenhum mal fica camuflado. O ato conseqüente desta experiência é o cair de joelhos gritando “Ai de mim que sou pecador e meus olhos viram a glória do Deus Santo”, seguido de uma súplica desesperada “Afasta-te de mim, pois sou pecador”, para em seguida ouvirmos a voz doce e suave “Tu és meu filho amado, e em ti tenho prazer”. Jamais ouviremos a voz do Abba enquanto não nos despojarmos de todo e qualquer senso de merecimento e virtude: somente o contrito desfruta o prazer de sentar-se à mesa com o Alto e Sublime. A humildade, por sua vez, pode ser compreendida como a “virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações” (Houaiss). Não se trata de uma pseudo-modéstia nem uma auto-diminuição diante de quem quer que seja. Humilde não é aquele que se julga inferior aos outros. Talvez o oposto seja verdadeiro, humildade é a capacidade de não se julgar superior a ninguém. A contrição nos esvazia do senso de mérito, e a humildade nos esvazia da necessidade de comparações, pois quem se enxerga pela lente da santidade de Deus não pode tomar o outro como padrão: nem para se sentir menor, nem para se considerar maior. Sob a luz de Deus todos somos o que somos, e se somos alguma coisa, pela graça de Deus o somos. Somos sim, alguma coisa, mas é a graça de Deus que explica o que somos. A auto-desvalorização é uma ofensa à graça que visita nossa contrição e nos confere a dignidade de filhos de Deus. Humilde é quem sabe de si, e sabe de si pela graça de Deus. Não se ocupe em aparentar força, demonstrar virtude ou exercer controle. Ocupe-se em cair de joelhos em humildade e contrição. Sua recompensa está prometida: o Deus Alto e Sublime cujo nome é santo estará com você, trazendo alento e ânimo, soprando sobre você fôlego de vida que dissipa toda escuridão de morte, e refazendo sua anima, dando a você uma nova alma, não mais tenebrosa, mas iluminada pela glória do céu. Fonte: IBAB |
terça-feira, 5 de julho de 2011
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