Quem primeiro cantou e se alegrou foi Agar, ao conceber de Abraão ( Gn 16:4 ). A afronta da serva Agar é semelhante à afronta que os cristãos estavam sofrendo dos judaizantes. Sara já era desprezada diante da sociedade à época por não dar a luz um filho, porém, chegou ao fundo do poço quando sua serva, que teve um filho, a desprezou.
Após terem ‘conhecido’ a Deus, como podiam submeter-se novamente aos preceitos da lei? Como poderia alguém idôneo querer voltar a ser tutelado? Como uma pessoa idônea poderia aceitar a estar novamente sob os cuidados de outrem?
Era de se estranhar que os cristãos quisessem voltar a estar debaixo dos rudimentos fracos e pobres da lei após ‘conhecerem’ a Deus, ou antes, serem ‘conhecidos’ por Ele.
Eles já haviam ‘abandonado’ pai e mãe ao unirem-se com Cristo. Eram ‘conhecidos’ por Deus porque se tornaram membros do corpo, da carne e dos ossos de Cristo, o verdadeiro Deus e a vida eterna ( Mt 10:37 ; Mt 19:29 ), mas estavam se prendendo a rudimentos facos e pobres.
O que estava levando os cristãos da Galácia a rejeitarem a Cristo, que perante eles foi apresentado crucificado?
A atitude deles, de afastarem-se evangelho, faria mal a eles, e não ao apóstolo.
Especular sobre qual era a 'fraqueza da carne' que acometeu o apóstolo Paulo não esclarece de qual enfermidade ele sofria, e mesmo que descobríssemos qual era a enfermidade do apóstolo dos gentios, em nada contribuiria com relação ao evangelho.
Por estar enfermo, os cristãos da Galácia poderiam ter rejeitado (desprezo, desgosto) o apóstolo Paulo, uma vez que, segundo os rudimentos pobres e fracos, poderiam considerar que haveriam de ser contaminados se tivessem contato com o apóstolo, o que era uma tentação.
Mesmo após observarem a enfermidade do apóstolo Paulo, eles o receberam como se fosse um mensageiro (anjo) de Deus, como se fosse o próprio Cristo. Ora, se os cristãos convertidos tiveram a maturidade de receberem o apóstolo, mesmo vendo que ele estava enfermo, por que estavam retrocedendo aos rudimentos fracos e pobres?
Prova disto, é que, após receberem a alegria da salvação, se possível fora, eles teriam arrancado os olhos e dado ao apóstolo. O que tivessem de mais precioso, teriam doado ao apóstolo dos gentios.
O apóstolo Paulo alerta que o papel desempenhado pelos judaizantes haveria de ser invertido: agora estava parecendo que os judaizantes eram zelosos dos cristãos, porém, haveriam de exigir dos cristãos que aceitassem os rudimentos da lei que fossem zelosos deles.
O zelo deveria ser pelo evangelho, preservando-o tal qual foi anunciado pelo apóstolo, deveria ser constante, e não somente quando o apóstolo Paulo estivesse presente.
Ao ver que os cristãos estavam sendo inquietados, e que alguns estavam aderindo ao rudimentos da lei, o apóstolo Paulo novamente estava sofrendo, como se estivesse de parto, até que Cristo fosse formado neles.
Ele estava perplexo pela decisão daqueles que queriam novamente estar debaixo da lei.
Aqueles que desejavam voltar a estar debaixo da lei pareciam nunca ter ouvido o que a lei transmite. Quem estava se desviando do evangelho nunca entendeu qual era a proposta da lei.
Apesar de Abraão ter alcançado dois filhos, todavia um foi gerado e nasceu segundo a carne, e outro, o filho da livre, por promessa.
O que os judaizantes teriam a dizer acerca destes dois filhos de Abraão? Será que eles teriam ouvido e compreendido o que diz a lei?
Através deste comparativo, o apóstolo Paulo buscou demonstrar que Isaque nasceu segundo a promessa, o que envolve a fidelidade e o poder de Deus. Isto só é possível através da união (conhecer) com o Descendente.
Os cristãos também foram gerados segundo a promessa feita a Abraão, que diz: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” ( Gn 12:3 ) pois Deus é fiel e ao conceder a sua palavra, que é poder para todos quantos crêem, serão feitos filhos de Deus ( Jo 1:12 ; Rm 1:16 ).
Sara e Agar representam as duas alianças: A lei e a graça. Embora o filho da Sara tenha nascido por último, a graça é anterior a lei, pois foi prometido bem antes da lei que “... em ti serão benditas todas as famílias da terra” ( Gn 12:3 )
Agar, uma das servas de Sara, representa o monte Sinai, e gera filhos para a servidão. Agar representa o povo de Israel e a aliança que foi estabelecida no monte Sinai.
Ou seja, os descendentes da carne são escravos, uma vez que permanecem sob a servidão do pecado por serem descendentes do primeiro pai da humanidade, que é Adão ( Is 43:27 ).
A Jerusalém celestial é mãe de todos aqueles que confiam em Deus, pela fé em Cristo. Ou seja, para ser filho da Jerusalém de cima é necessário ter a mesma fé que o crente Abraão, o que é diferente de ser filho da carne de Abraão.
Da carne são gerados escravos, e da fé que teve Abraão são gerados livres ( Rm 9:8 ).
Este verso de Isaias é citado como resposta ao verso 26. A Jerusalém que é de cima é livre, e é mãe de todos os cristãos, isto porque ela é segundo a promessa de Deus. Os cristãos da Galácia deveriam considerar o que Deus prometeu por intermédio de Isaias.
Quem primeiro cantou e se alegrou foi Agar, ao conceber de Abraão ( Gn 16:4 ). A afronta da serva Agar é semelhante à afronta que os cristãos estavam sofrendo dos judaizantes. Sara já era desprezada diante da sociedade à época por não dar a luz um filho, porém, chegou ao fundo do poço quando sua serva, que teve um filho, a desprezou.
O profeta Isaias ao falar da igreja fez referência ao evento de Sara e Agar. Sara, a estéril, que nunca deu a luz, deveria cantar e exultar de prazer e com alegre canto. Sara nunca sentiu as dores de parto, mas deveria cantar.
Por que deveria a desprezada entoar cânticos? Por causa da promessa do Senhor que diz: "... mais são os filhos da desolada, do que os da casada, diz o Senhor" ( Is 54:1 ).
A desolada, ou desprezada, por não poder conceber e ter filhos precisou ter confiança naquele que prometeu que os números dos seus filhos não seriam inferiores aos filhos da que concebera (teve marido). O apóstolo Paulo demonstra que a profecia de Isaias diz dos filhos da promessa, que por Cristo, o Descendente, são em maior número do que os filhos da escrava.
O conflito que é descrito pelo apóstolo Paulo e que a Escritura apresenta não ocorreu no interior de Isaque. A luta da carne vesus Espírito se dá fora do homem. A luta entre o que era gerado segundo a carne e o que foi gerado segundo a promessa de Deus é descrita como perseguição.
A 'carne' refere-se à natureza pecaminosa herdada em Adão (velho homem), e 'Espírito' refere-se ao Espírito de Deus que é concedido aos que crêem (nova criatura)( Gl 4:6 ).
Este verso envolve conceitos próprios a antiguidade, pois um filho bastardo jamais herdaria o que é de direito do filho legítimo. Portanto, para não herdar o filho da escrava, ambos deveriam ser mandados embora: a escrava e o filho.
Não há como os filhos das escravas herdarem com o filho da livre, isto é, qualquer um que volte a estar debaixo da lei (menino), não herdará com a igreja de Cristo “... de modo algum...” ( v. 30).
Não é possível considerar como verdade bíblica a idéia de que o cristão possui duas naturezas, isto porque o novo homem em Cristo Jesus é filho da livre, e não da escrava. Como ter duas naturezas se o novo homem em Cristo não pode ser filho de ambas: da escrava e da livre? Ou se é filho da escrava ou se é filho da livre.
Os cristãos são filhos da livre e os gálatas deviam ter o cuidado de não voltarem a ser filhos da escrava.
Os filhos da escrava, por meio da promessa que há no evangelho, se crerem no Descendente, recebem poder de Deus para serem feitos seus filhos ( Jo 1:12 ).
Deus prometeu a Abraão que faria dele uma nação numerosa, e que nele todas as famílias da terra seriam benditas. De Abraão a Escritura diz que ele teve dois filhos: Ismael e Isaque.
Os judeus consideravam serem descendentes de Abraão segundo a linhagem de Isaque. Por Isaque ter nascido conforme Deus prometeu a Abraão, os judeus acreditavam serem filhos de Deus, por serem filhos de Abraão e de Isaque.
O apóstolo Paulo, porém, trouxe a lume o grande mistério acerca do nascimento de Isaque, e que os judaizantes não atinavam: foi Abraão que teve filhos, e não Deus ( Gl 4:22 ).
Ismael, um dos filhos de Abraão, foi gerado segundo a carne, segundo a vontade de Sara e Abraão. Com relação ao sangue, Ismael era filho de uma escrava, Agar, que somente podia gerar filhos para escravidão. Diferente de Ismael, Isaque foi gerado segundo a promessa de Deus ( Gl 4:23 ).
É necessário observar que, tanto Ismael como Isaque foram filhos de Abraão. O filho decorrente da promessa nada mais foi que filho da carne do pai Abraão, ou seja, filho nascido da vontade da carne, do sangue e da vontade de Abraão, porém, segundo a promessa de Deus.
Por que é preciso fazer esta distinção? Porque somente a mulher de Abraão, Sara, estava impossibilitada de gerar por causa da avançada idade. Observe que mesmo após a morte de Sara, Abraão teve concubinas e filhos ( Gn 25:1 -4).
Os filhos de Abraão foram gerados segundo a carne, e após crerem, foram justificados por causa da promessa do Descendente (fé). Somente o Descendente, que é Cristo, nasceu segundo a vontade de Deus e através do Espírito de Deus. Até mesmo Isaque, nascido segundo a promessa, através da operação do poder de Deus, era filho segundo a carne, segundo a vontade e do sangue de Abraão.
Isaque era descendente de Abraão (filho da carne), porém, para se tornar filho de Abraão (filho de Deus), precisou ter a mesma fé que teve o seu pai na carne (Abraão), pois somente por meio da fé o homem alcança a filiação divina.
A promessa de Deus a Abraão repousa sobre o Descendente, que é Cristo, o filho Unigênito de Deus, e os seus filhos segundo a carne (descendentes) não são filhos de Deus ( Gl 3:16 ).
O apóstolo Paulo apresenta as duas mulheres, Sara e Agar como sendo alegoria das duas alianças de Deus: a lei e a graça.
Deus prometeu uma nação numerosa e que todas as famílias da terra seriam benditas em Abraão. Mas, a alegoria não se fixa na promessa feita a Abraão, e sim, nas pessoas de Sara e Agar.
A promessa feita a Sara, e que o apóstolo Paulo evidência como base para a alegoria diz: "EU a abençoarei, e dela te darei um filho" ( Gn 17:16 e Gn 18:10; "O Senhor visitou a Sara, como tinha dito, e lhe fez como havia prometido" ( Gn 21:1 ). Na alegoria apresentada pelo apóstolo Paulo, o que deve ser destacado é a promessa de Deus à Sara, que é diferente da promessa feita a Abraão.
Da promessa feita à Sara não surgiram filhos a Deus, como os judaizantes acreditavam, antes Deus disse a Abraão: "... em Isaque será chamada a tua descendência" ( Gn 21:12 ), que é Cristo.
A filiação divina decorre da promessa feita a Abraão segundo o Descendente, e não de Isaque. A promessa de Deus a Sara destaca-se pelo fato de ter sido concedido a ela poder para conceber um filho, embora avançada em idade "Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder de conceber um filho, mesmo fora da idade, porque teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa" ( Hb 11:11 ), e a promessa feita a Abraão diz de bens eternos.
Só através do Descendente, que é Cristo, torna-se possível gerar filhos para Deus. Filhos nascidos, não da carne, nem do sangue, e nem da vontade do varão, mas da vontade de Deus ( Jo 1:12 ). Para que os filhos de Deus sejam gerados, há a necessidade de nascerem da palavra e do Espírito de Deus. Nascer de Deus só é possível por meio da pregação do evangelho que é semente incorruptível e poder de Deus pela fé em Cristo.
A alegoria demonstra que Agar vincula-se ao monte Sinai, que corresponde à cidade de Jerusalém atual, visto que ela e Ismael habitaram antes de todos os israelitas no deserto de Parã ( Gn 21:21 ).
Como os judaizantes se gloriavam da lei, e da cidade de Jerusalém, o apóstolo Paulo demonstra que o único que teve possessão desde os pais, foi Ismael, o filho de Abraão com a escrava, pois habitaram o deserto e Parã. Abraão, por sua vez, estavam em busca de uma pátria melhor ( Hb 11:9 -10).
Da mesma forma que Ismael é alegoria para os que vivem sob a lei e estavam reduzidos à servidão, Isaque também é alegoria para o cristão, pois são livres ( Gl 4:28 ).
Os cristãos são filhos da promessa como Isaque pelos seguintes motivos:
Todos os que estão debaixo da lei são escravos, pois são nascidos segundo a carne, e procuram uma possessão terrena. Já os que nascem da promessa, são filhos de Abraão pela fé em Cristo, e desejam uma possessão melhor, a Jerusalém que é livre, e é de cima ( Gl 4:26 ).
Os judaizantes se esquecem da palavra de Sara, que protesta contra os filhos da escrava Agar: "... o filho desta escrava não herdará com o meu filho Isaque" ( Gn 21:10 ).
Os judeus acreditavam que eram filhos de Deus por entenderem que Isaque era filho da promessa que estipula a bem-aventurança. Porém, não observaram que Isaque era filho da promessa que foi feita à Sara, que não guarda relação direta com a bem-aventurança prometida a Abraão e a todas as famílias da terra. A promessa de filiação divina somente é possível pela fé em Deus, que prometeu o seu Filho, o Descendente.
Não pode haver confusão com relação a comparação estabelecida: "Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque" (v. 28). Isaque nasceu da promessa feita à Sara, e o Cristão por meio da promessa feita a Abraão.
Desta forma os cristãos são filhos da promessa como Isaque, o que se entende alegoricamente. Por quê? Porque Isaque nasceu segundo a promessa, fidelidade e poder de Deus, e os cristãos através da união com o Descendente (em Cristo). Nascem também segundo a promessa feita a Abraão, pois Deus é fiel e concede a sua palavra, que é poder de Deus para todos quantos crêem, para serem feitos filhos de Deus ( Jo 1:12 ; Rm 1:16 ).
Os cristãos são filhos da promessa como Isaque, e não em Isaque.
Após demonstrar que os cristãos eram filhos de Deus ( Gl 4:6 ), o apóstolo Paulo retrocede no tempo, e aponta que, antes de terem um encontro com Cristo, os cristãos não ‘conheciam’ a Deus.
“Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que por natureza não o são” ( Gl 4:8 )
Esta realidade também foi demonstrada aos cristãos em Éfeso: “E VOS vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” ( Ef 2:1 -3).
Após terem recebido a adoção de filhos ( Gl 4:5 ), os cristãos passaram a conhecer a Deus, a palavra conhecer neste verso possui um sentido diverso daquele que a nossa sociedade se acostumou. O ‘conhecer’ bíblico refere-se à união íntima, união semelhante a do homem quando se une a sua esposa, ou seja, os cristãos passaram ter comunhão íntima com Deus.
Sobre este ‘conhecimento’, diz o apóstolo Paulo, é um grande mistério: “Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja” ( Ef 5:32 ). O mistério não está no fato de Deus ter determinado que o homem deva deixar pai e mãe, e unir-se (conhecer) a sua mulher, tornando-se ambos uma só carne.
O mistério desta ordem refere-se à igreja, porque ao tornarem-se filhos de Deus, cada cristão é membro do corpo de Cristo, ou seja, da sua carne e dos seus ossos “Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne” ( Ef 5:30 -31).
9 Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?
O apóstolo Paulo demonstra estar inconformado com a situação atual dos cristãos da Galácia.Após terem ‘conhecido’ a Deus, como podiam submeter-se novamente aos preceitos da lei? Como poderia alguém idôneo querer voltar a ser tutelado? Como uma pessoa idônea poderia aceitar a estar novamente sob os cuidados de outrem?
Era de se estranhar que os cristãos quisessem voltar a estar debaixo dos rudimentos fracos e pobres da lei após ‘conhecerem’ a Deus, ou antes, serem ‘conhecidos’ por Ele.
Eles já haviam ‘abandonado’ pai e mãe ao unirem-se com Cristo. Eram ‘conhecidos’ por Deus porque se tornaram membros do corpo, da carne e dos ossos de Cristo, o verdadeiro Deus e a vida eterna ( Mt 10:37 ; Mt 19:29 ), mas estavam se prendendo a rudimentos facos e pobres.
10 Guardais dias, e meses, e tempos, e anos.
Os rudimentos fracos e pobres são o mesmo que guardar dias, meses, tempos e anos. O povo de Israel sempre guardou tais rudimentos, mas não era agradável a Deus, ou seja, nunca O conheceram ( Is 29:13 ).O que estava levando os cristãos da Galácia a rejeitarem a Cristo, que perante eles foi apresentado crucificado?
11 Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco.
O apóstolo Paulo demonstra estar preocupado com a maneira que os cristãos estavam se portando com relação ao evangelho de Cristo, mas nutria esperança de não ter evangelizado (trabalhado) em vão.12 Irmãos, rogo-vos que sejais como eu, porque também eu sou como vós; nenhum mal me fizestes.
O apóstolo Paulo invoca um sentimento de fraternidade. Embora muitos cristãos estivessem propensos a seguirem um pseudo-evangelho, o apóstolo dos gentios não estava rancoroso, pois a atitude deles não era uma afronta a pessoa do apóstolo, nem lhe haviam feito mal.A atitude deles, de afastarem-se evangelho, faria mal a eles, e não ao apóstolo.
Conhecimento Comum a Todos
13 E vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da carne; 14 E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne, antes me recebestes como um anjo de Deus, como Jesus Cristo mesmo.
O apóstolo Paulo faz referência a algum tipo de enfermidade que havia acometido o seu corpo, mas não podemos precisar qual foi. Como uma carta possui um público alvo restrito, é personalíssima, e somente os cristãos à época do apóstolo Paulo souberam dos seus problemas de saúde.Especular sobre qual era a 'fraqueza da carne' que acometeu o apóstolo Paulo não esclarece de qual enfermidade ele sofria, e mesmo que descobríssemos qual era a enfermidade do apóstolo dos gentios, em nada contribuiria com relação ao evangelho.
Por estar enfermo, os cristãos da Galácia poderiam ter rejeitado (desprezo, desgosto) o apóstolo Paulo, uma vez que, segundo os rudimentos pobres e fracos, poderiam considerar que haveriam de ser contaminados se tivessem contato com o apóstolo, o que era uma tentação.
Mesmo após observarem a enfermidade do apóstolo Paulo, eles o receberam como se fosse um mensageiro (anjo) de Deus, como se fosse o próprio Cristo. Ora, se os cristãos convertidos tiveram a maturidade de receberem o apóstolo, mesmo vendo que ele estava enfermo, por que estavam retrocedendo aos rudimentos fracos e pobres?
15 Qual é, logo, a vossa bem-aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora, arrancaríeis os vossos olhos, e mos daríeis.
A pergunta é especifica: “Qual é a vossa bem-aventurança?”. Ou seja, qual é a vossa alegria? A alegria deles não era o Senhor Jesus? Eles eram bem-aventurados por crerem em Cristo somente ( Gn 12:3 ).Prova disto, é que, após receberem a alegria da salvação, se possível fora, eles teriam arrancado os olhos e dado ao apóstolo. O que tivessem de mais precioso, teriam doado ao apóstolo dos gentios.
16 Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?
O apóstolo Paulo utiliza um argumento bem convincente: aquele que diz a verdade, em verdade é um amigo, e não inimigo. Ao anunciar o evangelho (verdade), demonstrando a invalidade dos rudimentos fracos e pobres, o apóstolo estava se revelando como amigo, um irmão.17 Eles têm zelo por vós, não como convém; mas querem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles.
Os judaizantes demonstravam zelo pelos cristãos, mas não conforme o que estipula o evangelho. Parece que os judaizantes queriam tirar os cristãos do evangelho genuíno com o intuito de serem eles o objeto de zelo dos cristãos.O apóstolo Paulo alerta que o papel desempenhado pelos judaizantes haveria de ser invertido: agora estava parecendo que os judaizantes eram zelosos dos cristãos, porém, haveriam de exigir dos cristãos que aceitassem os rudimentos da lei que fossem zelosos deles.
18 É bom ser zeloso, mas sempre do bem, e não somente quando estou presente convosco.
O apóstolo Paulo demonstra que ser zeloso é recomendável, porém, o zelo não pode ser apregoado como prática para se conquistar a salvação.O zelo deveria ser pelo evangelho, preservando-o tal qual foi anunciado pelo apóstolo, deveria ser constante, e não somente quando o apóstolo Paulo estivesse presente.
19 Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós;
O apóstolo Paulo paternalmente chama os cristãos de 'meus filhinhos'!Ao ver que os cristãos estavam sendo inquietados, e que alguns estavam aderindo ao rudimentos da lei, o apóstolo Paulo novamente estava sofrendo, como se estivesse de parto, até que Cristo fosse formado neles.
20 Eu bem quisera agora estar presente convosco, e mudar a minha voz; porque estou perplexo a vosso respeito.
O apóstolo Paulo não queria estar escrevendo repreensões. Era desejo do apóstolo estar com os cristãos das regiões da Galácia, e com um outro o tom de conversa.Ele estava perplexo pela decisão daqueles que queriam novamente estar debaixo da lei.
21 Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei?
O público alvo da carta torna-se mais restrito. Deixou de abarcar todos os cristãos, para tratar somente com os simpatizantes do judaísmo. Eles são convidados a responder as questões do apóstolo Paulo.Aqueles que desejavam voltar a estar debaixo da lei pareciam nunca ter ouvido o que a lei transmite. Quem estava se desviando do evangelho nunca entendeu qual era a proposta da lei.
22 Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre.
A carta aos Gálatas contrapõe:- Lei X evangelho;
- Carne X Espírito;
- Sara X Agar;
- Isaque X Ismael;
- Escrava X livre, etc.
23 Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa.
O apóstolo Paulo convoca os que queriam viver segundo a lei a observarem e entenderem o que a Escritura ensina.Apesar de Abraão ter alcançado dois filhos, todavia um foi gerado e nasceu segundo a carne, e outro, o filho da livre, por promessa.
O que os judaizantes teriam a dizer acerca destes dois filhos de Abraão? Será que eles teriam ouvido e compreendido o que diz a lei?
Através deste comparativo, o apóstolo Paulo buscou demonstrar que Isaque nasceu segundo a promessa, o que envolve a fidelidade e o poder de Deus. Isto só é possível através da união (conhecer) com o Descendente.
Os cristãos também foram gerados segundo a promessa feita a Abraão, que diz: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” ( Gn 12:3 ) pois Deus é fiel e ao conceder a sua palavra, que é poder para todos quantos crêem, serão feitos filhos de Deus ( Jo 1:12 ; Rm 1:16 ).
As Duas Alianças em Alegorias
24 O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar.
O apóstolo Paulo demonstra que Sara e Agar serve de ilustração, alegoria, para representar tudo que ocorre ao longo dos tempos na história de Israel.Sara e Agar representam as duas alianças: A lei e a graça. Embora o filho da Sara tenha nascido por último, a graça é anterior a lei, pois foi prometido bem antes da lei que “... em ti serão benditas todas as famílias da terra” ( Gn 12:3 )
Agar, uma das servas de Sara, representa o monte Sinai, e gera filhos para a servidão. Agar representa o povo de Israel e a aliança que foi estabelecida no monte Sinai.
25 Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos.
O apóstolo Paulo demonstra que a escrava Agar representa o monte Sinai, que corresponde a Jerusalém que todos conheciam, ou seja, a que agora existe. Agar e seu filho eram escravos, o que demonstra que Jerusalém continua sob o julgo da escravidão juntamente com todos os seus filhos, pois todos eles eram descendentes da carne de Abraão, Isaque e Jacó.Ou seja, os descendentes da carne são escravos, uma vez que permanecem sob a servidão do pecado por serem descendentes do primeiro pai da humanidade, que é Adão ( Is 43:27 ).
26 Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós.
O apóstolo Paulo apresenta a Jerusalém celestial, que ainda não se vê, em contraste com a que agora se vê. Esta Jerusalém do alto é livre juntamente com os seus filhos.A Jerusalém celestial é mãe de todos aqueles que confiam em Deus, pela fé em Cristo. Ou seja, para ser filho da Jerusalém de cima é necessário ter a mesma fé que o crente Abraão, o que é diferente de ser filho da carne de Abraão.
Da carne são gerados escravos, e da fé que teve Abraão são gerados livres ( Rm 9:8 ).
27 Porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz; Esforça-te e clama, tu que não estás de parto; Porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido.
O apóstolo Paulo cita um verso do Livro do profeta Isaias para demonstrar as diferenças entre as duas alianças: "Canta, ó estéril, que não deste à luz; exulta de prazer com alegre canto, e exclama, tu que nunca tiveste dores de parto, porque mais são os filhos da desolada, do que os da casada, diz o Senhor" ( Is 54:1 ).Este verso de Isaias é citado como resposta ao verso 26. A Jerusalém que é de cima é livre, e é mãe de todos os cristãos, isto porque ela é segundo a promessa de Deus. Os cristãos da Galácia deveriam considerar o que Deus prometeu por intermédio de Isaias.
Quem primeiro cantou e se alegrou foi Agar, ao conceber de Abraão ( Gn 16:4 ). A afronta da serva Agar é semelhante à afronta que os cristãos estavam sofrendo dos judaizantes. Sara já era desprezada diante da sociedade à época por não dar a luz um filho, porém, chegou ao fundo do poço quando sua serva, que teve um filho, a desprezou.
O profeta Isaias ao falar da igreja fez referência ao evento de Sara e Agar. Sara, a estéril, que nunca deu a luz, deveria cantar e exultar de prazer e com alegre canto. Sara nunca sentiu as dores de parto, mas deveria cantar.
Por que deveria a desprezada entoar cânticos? Por causa da promessa do Senhor que diz: "... mais são os filhos da desolada, do que os da casada, diz o Senhor" ( Is 54:1 ).
A desolada, ou desprezada, por não poder conceber e ter filhos precisou ter confiança naquele que prometeu que os números dos seus filhos não seriam inferiores aos filhos da que concebera (teve marido). O apóstolo Paulo demonstra que a profecia de Isaias diz dos filhos da promessa, que por Cristo, o Descendente, são em maior número do que os filhos da escrava.
28 Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque.
O apóstolo Paulo destaca que os cristãos são filhos da promessa, conforme foi Isaque. Por meio de Cristo, o Descendente, todos que crêem alcançam a bem-aventurança prometida a Abraão, ou seja, alcançam a filiação divina.29 Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora.
A bíblia demonstra que o filho de Abraão gerado segundo a carne perseguia o filho gerado segundo a promessa: Ismael versus Isaque. O apóstolo Paulo reitera que a perseguição que estava ocorrendo no seio da igreja decorria deste confronto histórico: Ismael versus Isaque, o mesmo que carne versus Espírito.O conflito que é descrito pelo apóstolo Paulo e que a Escritura apresenta não ocorreu no interior de Isaque. A luta da carne vesus Espírito se dá fora do homem. A luta entre o que era gerado segundo a carne e o que foi gerado segundo a promessa de Deus é descrita como perseguição.
A 'carne' refere-se à natureza pecaminosa herdada em Adão (velho homem), e 'Espírito' refere-se ao Espírito de Deus que é concedido aos que crêem (nova criatura)( Gl 4:6 ).
30 Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre.
A pergunta: "Mas que diz a Escritura?" é feita aos que queriam estar debaixo da lei ( Gl 4:21 ).Este verso envolve conceitos próprios a antiguidade, pois um filho bastardo jamais herdaria o que é de direito do filho legítimo. Portanto, para não herdar o filho da escrava, ambos deveriam ser mandados embora: a escrava e o filho.
Não há como os filhos das escravas herdarem com o filho da livre, isto é, qualquer um que volte a estar debaixo da lei (menino), não herdará com a igreja de Cristo “... de modo algum...” ( v. 30).
31 De maneira que, irmãos, somos filhos, não da escrava, mas da livre.
Conclui-se o pensamento do apóstolo Paulo: somos filhos da livre. O cristão é filho da promessa por meio de Cristo Jesus. Qual promessa? "E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra" ( Gn 28:14 ); "Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti" ( Gl 3:8 ).Não é possível considerar como verdade bíblica a idéia de que o cristão possui duas naturezas, isto porque o novo homem em Cristo Jesus é filho da livre, e não da escrava. Como ter duas naturezas se o novo homem em Cristo não pode ser filho de ambas: da escrava e da livre? Ou se é filho da escrava ou se é filho da livre.
Os cristãos são filhos da livre e os gálatas deviam ter o cuidado de não voltarem a ser filhos da escrava.
Os filhos da escrava, por meio da promessa que há no evangelho, se crerem no Descendente, recebem poder de Deus para serem feitos seus filhos ( Jo 1:12 ).
Alegoria
Sobre a alegoria apresentada pelo apóstolo Paulo aos cristãos nas regiões da Galácia, ela é focada em Sara e Agar.Deus prometeu a Abraão que faria dele uma nação numerosa, e que nele todas as famílias da terra seriam benditas. De Abraão a Escritura diz que ele teve dois filhos: Ismael e Isaque.
Os judeus consideravam serem descendentes de Abraão segundo a linhagem de Isaque. Por Isaque ter nascido conforme Deus prometeu a Abraão, os judeus acreditavam serem filhos de Deus, por serem filhos de Abraão e de Isaque.
O apóstolo Paulo, porém, trouxe a lume o grande mistério acerca do nascimento de Isaque, e que os judaizantes não atinavam: foi Abraão que teve filhos, e não Deus ( Gl 4:22 ).
Ismael, um dos filhos de Abraão, foi gerado segundo a carne, segundo a vontade de Sara e Abraão. Com relação ao sangue, Ismael era filho de uma escrava, Agar, que somente podia gerar filhos para escravidão. Diferente de Ismael, Isaque foi gerado segundo a promessa de Deus ( Gl 4:23 ).
É necessário observar que, tanto Ismael como Isaque foram filhos de Abraão. O filho decorrente da promessa nada mais foi que filho da carne do pai Abraão, ou seja, filho nascido da vontade da carne, do sangue e da vontade de Abraão, porém, segundo a promessa de Deus.
Por que é preciso fazer esta distinção? Porque somente a mulher de Abraão, Sara, estava impossibilitada de gerar por causa da avançada idade. Observe que mesmo após a morte de Sara, Abraão teve concubinas e filhos ( Gn 25:1 -4).
Os filhos de Abraão foram gerados segundo a carne, e após crerem, foram justificados por causa da promessa do Descendente (fé). Somente o Descendente, que é Cristo, nasceu segundo a vontade de Deus e através do Espírito de Deus. Até mesmo Isaque, nascido segundo a promessa, através da operação do poder de Deus, era filho segundo a carne, segundo a vontade e do sangue de Abraão.
Isaque era descendente de Abraão (filho da carne), porém, para se tornar filho de Abraão (filho de Deus), precisou ter a mesma fé que teve o seu pai na carne (Abraão), pois somente por meio da fé o homem alcança a filiação divina.
A promessa de Deus a Abraão repousa sobre o Descendente, que é Cristo, o filho Unigênito de Deus, e os seus filhos segundo a carne (descendentes) não são filhos de Deus ( Gl 3:16 ).
O apóstolo Paulo apresenta as duas mulheres, Sara e Agar como sendo alegoria das duas alianças de Deus: a lei e a graça.
Deus prometeu uma nação numerosa e que todas as famílias da terra seriam benditas em Abraão. Mas, a alegoria não se fixa na promessa feita a Abraão, e sim, nas pessoas de Sara e Agar.
A promessa feita a Sara, e que o apóstolo Paulo evidência como base para a alegoria diz: "EU a abençoarei, e dela te darei um filho" ( Gn 17:16 e Gn 18:10; "O Senhor visitou a Sara, como tinha dito, e lhe fez como havia prometido" ( Gn 21:1 ). Na alegoria apresentada pelo apóstolo Paulo, o que deve ser destacado é a promessa de Deus à Sara, que é diferente da promessa feita a Abraão.
Da promessa feita à Sara não surgiram filhos a Deus, como os judaizantes acreditavam, antes Deus disse a Abraão: "... em Isaque será chamada a tua descendência" ( Gn 21:12 ), que é Cristo.
A filiação divina decorre da promessa feita a Abraão segundo o Descendente, e não de Isaque. A promessa de Deus a Sara destaca-se pelo fato de ter sido concedido a ela poder para conceber um filho, embora avançada em idade "Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder de conceber um filho, mesmo fora da idade, porque teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa" ( Hb 11:11 ), e a promessa feita a Abraão diz de bens eternos.
Só através do Descendente, que é Cristo, torna-se possível gerar filhos para Deus. Filhos nascidos, não da carne, nem do sangue, e nem da vontade do varão, mas da vontade de Deus ( Jo 1:12 ). Para que os filhos de Deus sejam gerados, há a necessidade de nascerem da palavra e do Espírito de Deus. Nascer de Deus só é possível por meio da pregação do evangelho que é semente incorruptível e poder de Deus pela fé em Cristo.
A alegoria demonstra que Agar vincula-se ao monte Sinai, que corresponde à cidade de Jerusalém atual, visto que ela e Ismael habitaram antes de todos os israelitas no deserto de Parã ( Gn 21:21 ).
Como os judaizantes se gloriavam da lei, e da cidade de Jerusalém, o apóstolo Paulo demonstra que o único que teve possessão desde os pais, foi Ismael, o filho de Abraão com a escrava, pois habitaram o deserto e Parã. Abraão, por sua vez, estavam em busca de uma pátria melhor ( Hb 11:9 -10).
Da mesma forma que Ismael é alegoria para os que vivem sob a lei e estavam reduzidos à servidão, Isaque também é alegoria para o cristão, pois são livres ( Gl 4:28 ).
Os cristãos são filhos da promessa como Isaque pelos seguintes motivos:
- Ambos nasceram por promessa - Isaque pela promessa feita a Abraão e Sara, e o Cristão pela promessa feita a Abraão, que se cumpriu no Descendente;
- Isaque não teve, e os cristãos não têm possessão permanente neste mundo, uma vez que Isaque morreu aguardando a promessa, e os cristãos aguardam a cidade que tem fundamentos, tendo Deus como arquiteto e edificador.
- Isaque confessou, e os cristãos confessam que são peregrinos e estrangeiros na terra;
- Tanto Isaque quanto os cristão desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial ( Hb 11:13 -16).
Todos os que estão debaixo da lei são escravos, pois são nascidos segundo a carne, e procuram uma possessão terrena. Já os que nascem da promessa, são filhos de Abraão pela fé em Cristo, e desejam uma possessão melhor, a Jerusalém que é livre, e é de cima ( Gl 4:26 ).
Os judaizantes se esquecem da palavra de Sara, que protesta contra os filhos da escrava Agar: "... o filho desta escrava não herdará com o meu filho Isaque" ( Gn 21:10 ).
Os judeus acreditavam que eram filhos de Deus por entenderem que Isaque era filho da promessa que estipula a bem-aventurança. Porém, não observaram que Isaque era filho da promessa que foi feita à Sara, que não guarda relação direta com a bem-aventurança prometida a Abraão e a todas as famílias da terra. A promessa de filiação divina somente é possível pela fé em Deus, que prometeu o seu Filho, o Descendente.
Não pode haver confusão com relação a comparação estabelecida: "Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque" (v. 28). Isaque nasceu da promessa feita à Sara, e o Cristão por meio da promessa feita a Abraão.
Desta forma os cristãos são filhos da promessa como Isaque, o que se entende alegoricamente. Por quê? Porque Isaque nasceu segundo a promessa, fidelidade e poder de Deus, e os cristãos através da união com o Descendente (em Cristo). Nascem também segundo a promessa feita a Abraão, pois Deus é fiel e concede a sua palavra, que é poder de Deus para todos quantos crêem, para serem feitos filhos de Deus ( Jo 1:12 ; Rm 1:16 ).
Os cristãos são filhos da promessa como Isaque, e não em Isaque.
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