domingo, 2 de outubro de 2011


Filhos de Balaão
Pessoas Perigosas que Fazem Comércio da Palavra de Deus
Exemplos de grandes erros registrados no Antigo Testamento servem para nos instruir hoje. Falando de tais exemplos, o apóstolo Paulo escreveu: “Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram....Estas coisas lhe sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa” (1 Coríntios 10:6,11).

 Este comentário inclui os erros dos israelitas no deserto, depois de sairem do Egito e antes de entrarem em Canaã, a terra prometida por Deus aos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. Uma pessoa influente em um dos maiores erros do povo de Israel foi um profeta chamado Balaão. Vamos considerar a conduta deste profeta, e aprender lições que servem ainda “para advertência nossa”. Como veremos, ainda há muitos “filhos de Balaão”, pessoas que imitam o exemplo deste homem, fazendo comércio da palavra de Deus e conduzindo outras pessoas à morte.

A História de Balaão

Quase 40 anos depois de sair do Egito, o povo de Israel estava chegando à terra de Canaã. Pelo poder de Deus, venceram os inimigos que impediram sua jornada, mesmo os povos numerosos e os reis gigantes que ocupavam as terras próximas a Canaã. Balaque, rei dos moabitas, viu os israelitas chegando perto do território dele e ficou desesperado. Ele mandou mensageiros para tentar contratar o profeta Balaão para amaldiçoar os israelitas. Inicialmente, Balaão respeitou a palavra de Deus e recusou ir.

 Depois, quando outros mensageiros de Balaque fizeram uma proposta mais lucrativa, o profeta novamente procurou a permissão de Deus. O Senhor deixou o profeta rebelde ir, mas explicitamente disse que teria que fazer e falar somente o que veio de Deus. No caminho, o Anjo do Senhor mostrou a ira de Deus contra este homem, mas ainda deixou o profeta chegar ao rei dos moabitas.

Quando Balaão chegou, ele explicou para o rei Balaque que ele ia falar somente a palavra de Deus (Números 22:38). Da mesma forma que ele tinha insistido com Deus para conseguir a resposta que ele queria, ele estava agora preparado a insistir e tentar conseguir a resposta que Balaque queria. A motivação foi simples: o rei lhe ofereceu riqueza e honra. Balaão pretendia buscar uma resposta de Deus para agradar o rei e ganhar dinheiro.
Balaão se esforçou para entregar as bênçãos que o rei desejava. Ele pregou a mesma doutrina que muitos pregam hoje: “Se fizer um sacrifício para Deus, ele ouvirá a sua oração e certamente dará o que você pede”.

Conforme esta noção, Balaão ensinou Balaque sobre a necessidade de sacrifícios. O rei foi obediente e fez sete altares e sacrificou sete novilhos e sete carneiros. Balaão subiu um morro e pediu a Deus a resposta que o rei queria. Deus respondeu, mas suas palavras foram totalmente contrárias ao desejo do rei.
Mas estes homens não desistiram. Foram para outro lugar e o rei fez mais sete altares e ofereceu mais catorze animais. Mais uma vez, Balaão procurou uma resposta favorável de Deus. Nisso, ele fez a mesma coisa que alguns fazem hoje. Buscam uma resposta e quando interpretam uma palavra negativa, tentam outra vez esperando uma resposta diferente de Deus.Para Balaão, não deu o resultado que ele queria. Nesta segunda tentativa, como na primeira, a resposta foi negativa.

Ainda persistiram. Foram para outro lugar e o profeta falou para o rei fazer outros altares. Fez mais sete altares e sacrificou mais sete novilhos e sete carneiros. Quando Balaão procurou uma resposta de Deus, veio novamente uma palavra negativa, contra a vontade do rei.
Balaque demitiu o profeta, dizendo para ele que Deus tinha o privado de ganhar as riquezas e honras que ele queria (Números 24:11).

Esta história, porém, ainda não terminou. Alguns capítulos depois descobrimos que Balaão deu mais um conselho para o rei que até ajudou a enfraquecer os israelitas que ele tanto temia.
Os moabitas e midianitas fizeram uma festa que juntava práticas pagãs e a imoralidade, e convidaram os israelitas a participarem. Foi Balaão que deu esta ideia de colocar uma pedra de tropeço diante do povo (Números 31:16). O que Balaão não conseguiu com palavras ele conseguiu, pelo menos parcialmente, pela tentação carnal. 24.000 israelitas morreram por causa do pecado de participar desta festa pagã. O povo foi enfraquecido pela influência deste profeta ambicioso.

No final das contas, Balaão sofreu o castigo justo pelo seu erro. Ele foi morto na batalha de Israel contra os midianitas, Balaão foi morto (Números 31:8).
Resumindo, apesar de todos os esforços de adquirir o que queriam, mesmo com toda a despesa de construir 21 altares e sacrificar 42 animais, Balaque e Balaão não conseguiram as “bênçãos” que desejavam. O motivo: Deus não quis dar o que eles queriam (Deuteronômio 23:5; Josué 24:10).

Lições Importantes para Nós

Aprendemos muitas coisas valiosas da história de Balaão. Considere algumas aplicações práticas:

(1) Não manipulamos a vontade de Deus com sacrifícios. Ouvimos este tema nas mensagens de muitos pregadores da teologia da prosperidade: se for fiel nos dízimos e ofertas, alcançará a prosperidade. Usam trechos como Malaquias 3, ignorando seu contexto como parte do Antigo Testamento, para pressionar as pessoas a fazer sacrifícios por motivos egoístas. Quantas pessoas já venderam casas, carros e outros bens acreditando que iam alcançar prosperidade maior? Toda a riqueza do rei Balaque não foi suficiente para manipular a vontade de Deus!

(2) Nenhum homem pode garantir resultados para as pessoas que buscam bênçãos de Deus. Já ouvi pregadores garantindo que as pessoas iam conseguir emprego, alcançar metas financeiras, restaurar casamentos, etc. Devemos orar sobre as nossas provações e necessidades, mas ninguém tem direito de garantir respostas favoráveis. Nem Balaão ousou garantir resultados!

(3) A ganância nos púlpitos hoje é um problema grande e grave. Pregadores ambiciosos incentivam a avareza porque eles mesmos querem alcançar a prosperidade. A Bíblia ensina que o servo merece seu sustento (1 Coríntios 9:14; 1 Timóteo 5:18), mas este princípio não justifica as exigências, os exageros e a ganância de muitos pregadores hoje. Aqueles que pregam também precisam praticar o que Deus ensinou a todos: “Tendo sustento e com que nos vestir estejamos contentes” (1 Timóteo 6:8). Há uma triste ironia em observar pregadores condenando a “idolatria” de outras religiões enquanto incentivam a idolatria da avareza (cf. Colossenses 3:5). Pedro comparou pregadores deste tipo com Balaão: “abandonando o reto caminho, se extraviaram, seguindo pelo caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça” (2 Pedro 2:15).

(4) Devemos orar conforme a vontade de Deus. Não devemos distorcer uma passagem para contradizer outra. A mesma Bíblia que fala de orações de fé e das respostas de Deus também fala das condições e limites destas promessas. Não devemos ler somente 1 João 5:15 sem observar que no contexto ele limita esta promessa. No mesmo livro, ele fala de duas condições para receber respostas às orações: obediência (1 João 3:22) e aceitação da vontade de Deus nos pedidos (1 João 5:14). Às vezes, Deus ouve a oração de uma pessoa fiel e ainda diz “não”. Ele fez isso como Paulo (2 Coríntios 12:8-10) e certamente pode recusar as nossas petições.

(5) Precisamos ter cuidado com as outras táticas do Inimigo. Quando Balaão não derrubou o povo com palavras, ele usou tentações da carne. Quantas pessoas hoje resistem bem os ataques de falsas doutrinas (Efésios 4:14) mas caem nos pecados de imoralidade sexual, mentiras, etc.? O nosso adversário é esperto e usa várias artimanhas para nos enredar no pecado (1 Pedro 5:8-9; Efésios 6:11,17). Sejamos vigilantes!

(6) Devemos evitar a participação em atividades pagãs e imorais. Os moabitas e midianitas seduziram o povo de Israel com uma festa onde os servos de Deus participaram das práticas pagãs de outras culturas. A festa juntou elementos de idolatria e imoralidade. Devido ao sincretismo praticado durante muitos séculos por supostos cristãos, muitos elementos de religiões pagãs têm encontrado lugar nas atividades religiosas do nosso dia. O Carnaval e outras festas misturam aspectos do cristianismo com o paganismo e a sensualidade. E muitas igrejas “evangélicas” seguem a mesma tendência quando se adaptam à cultura e introduzem práticas que tem suas raízes em religiões erradas ou na imoralidade da sociedade. 

Paulo disse: “Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: ‘Habitarei e andarei entre eles serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.  Por isso, retirai-vos do meio deles separai-vos, diz o Senhor não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei’” (2 Coríntios 6:16-17). João disse com carinho no final da sua primeira carta: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 João 5:21).
Hoje, há muitos filhos de Balaão. Não seja um deles! 

–por Dennis Allan

Nenhum comentário:

Postar um comentário