domingo, 27 de julho de 2014

AS MAIORES PALAVRAS DA ESCRITURA

ROMANOS cap. 3:23-28
(parte 1)
pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus,
sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.

Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
mas, no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.

Onde está, então, o motivo de vanglória? É excluído. Baseado em que princípio? No da obediência à lei? Não, mas no princípio da fé.
“Pois sustentamos que o homem é justificado pela fé, independente da obediência à lei”. Romanos 3:23-28

Temos diante de nós o que muitos eruditos e pregadores, ao longo do tempo da igreja, chamam de a “  ACRÓPOLE DA FÉ CRISTÔ, “A CIDADE FORTIFICADA DO CRISTIANISMO”, “A GRANDE ESTRELA BRILHANTE DAS ESCRITURAS”.

Muitos pregadores disseram que se eles perdessem a Bíblia inteira, e pudessem pegar uma única passagem, seria esta passagem, romanos 3:23.

Pois, nessa passagem, se encontra a verdadeira salvação dos homens. Há palavras aqui, que possivelmente sejam as mais importantes em toda Escritura, e não podemos entender o evangelho de Jesus Cristo, se não entendermos estas palavras, algumas coisas ditas nesse pequeno texto.

Então, se não entendermos a Gloria de Deus no Evangelho, como então viveremos? Tantos são chamados de endurecidos no evangelho, mas, eles não são endurecidos ao Evangelho, e sim, ignorantes ao Evangelho.

Muitos hoje em dia, que, realmente são nascidos de novo, que estão procurando por uma motivação, razão e zelo, e um tipo de vida cristã, não entendem que isso se encontra somente na verdade do Evangelho.
E, eles ainda pensam que conhecem o Evangelho, mas, o evangelho na América hoje foi reduzido a, “quatro leis espirituais” e “cinco coisas que Deus quer que você saiba”.

O Evangelho é tratado como uma pequena verdade, “cristianismo para iniciantes”, algo que você aprende em cinco minutos e depois faz uma oração e depois continua com coisas maiores.
Mas, não existe nada maior que o Evangelho de JESUS CRISTO, e é como esta estabelecido neste glorioso texto.  Então nós vamos pegar este texto linha por linha, e buscar e descobrir, pela Graça de Deus, algo que esta por dentro dele.

Primeiramente ele diz: ”pois todos pecaram....”, é incrível não demonstrarmos a falta de discernimento da nossa parte e a dureza do nosso coração. Aqueles que são nascidos de novo, ao ouvir: “Todos pecaram!”, deveria cair com o rosto em terra, adorando a Deus, agradecendo a Deus, pois Ele nos salvou dessa coisa horrível.

E, quem ainda não é nascido de novo, e trata o Evangelho como algo comum, ou arranjou para si um evangelho que não transforma vida, deve prostrar sua face em temor, sabendo que se Deus não mover a seu favor, você estará diante Dele em seu pecado, e essa é a situação mais terrível.

Todos pecaram...”. Por que não trememos? Porque não sabemos como isso é terrível. Nós não Sabemos o quanto pecamos do mesmo modo que um peixe não sabe o quanto esta molhado.
Nascemos no pecado, fomos concebidos no pecado, nascemos num mundo caído em pecado, tudo o que conhecemos é o pecado, nossa sociedade, as Escrituras dizem, bebem iniquidade como se fosse agua.

“quanto menos o homem, que é impuro e corrupto, e que bebe iniqüidade como água”. Jó 15:16

Vivemos num mundo repleto da ignorância de Deus, um mundo sem conhecimento de Deus. Nós não sabemos quem Deus é, nós o tratamos como um tipo de papai noel ou um avô bobo.
E não entendemos que Ele é o Senhor dos senhores e Rei dos reis! 

E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores”. Apocalipse 19:16

A gente sabe que o inferno é de duração infinita??
A primeira razão disso é porque cada pecado que cometemos, é cometido contra um Deus infinitamente Digno e Bom.

O que era pecado ontem não deixou de ser pecado hoje. Veja como falamos sobre o pecado: falamos do pecado contra os homens, contra a natureza, animais e arvores; mas ninguém se da conta que todo pecado no final das contas é cometido contra Deus.

Davi pecou contra seu povo, cometeu adultério e assassinou um homem. Mas no final ele reconhece e diz: “Pequei contra Ti, contra ti somente...” Sl. 51:4.


Paul Washer - As Maiores Palavras das Escrituras

Litígio - Disputa entre irmãos na Fé


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Por Rev. Fernando de Almeida


O caso de Corinto - 1Coríntios 6.1-8


A cultura de nosso país tem mudado bastante de algumas décadas para cá no que tange a reivindicação dos direitos. Por pequenas coisas ações são movidas e existe uma infinidade de siglas que traduzem a amplitude do direito do cidadão. Por causa disso, as próprias empresas prestadoras de serviços criaram órgãos internos para atenderem seus clientes, as ouvidorias ou então o trabalho de um ombudsman.

De tanta ênfase que se tem dado ao direito individual não será possível que preceitos ainda mais importantes que esse sejam colocados de lado? Vamos estudar hoje como a busca pelo direito pode atrapalhar a comunhão da igreja.

Ganância disfarçada de justiça

É bastante comum ouvirmos de crentes que tem disputas contra outros a seguinte declaração: “Só desejo que a justiça seja feita”. Existe, porém, muitas afirmações bíblicas que nos fazem desconfiar das verdadeiras intenções humanas. Segundo a Palavra de Deus, o coração humano é desesperadamente corrupto (Jr 17.9); os nossos projetos e até pensamentos estão distantes do que Deus planeja em sua santidade (Pv 16.1; Is 55.8-9); e que há pecados praticados que passam desapercebidos de nossas consciências viciadas (Sl 19.12).

Por causa dessa tramoia que nossa carne prega é que foi tão importante para a Igreja de Corinto ser confrontada com as intenções reais de se contestar alguém na justiça comum. O que geralmente se busca com essa atitude senão uma compensação financeira por um suposto dano sofrido? Vê-se, então, que a “sede de justiça” nada mais é do que uma máscara para disfarçar um profundo amor ao dinheiro e desejo de vingança.

Há, portanto, no direito inato de todo cidadão (de usar a justiça comum quando se sentir prejudicado de alguma forma) uma série de quebras dos mandamentos de Deus e dentre esses, a constante busca pelo bem do próximo; um princípio muito mais importante que a procura pelo dinheiro ou o desejo de vingança.

Jesus disse que deveríamos fazer o bem até mesmo aos nossos inimigos bem como amá-los, bendizê-los e orar por eles (Lc 6.27-28). Tiago rumina essa ideia lembrando que devemos amar o próximo como a nós mesmos sem qualquer acepção de pessoas (Tg 2.8-9), ou seja, sem mesmo levar em consideração se o próximo é um crente ou um ímpio. Talvez por isso Paulo tenha apresentado um caso tão abrangente em nosso texto básico: “Atreve-se algum de vós, tendo negócio contra outro…” (1Co 6.1) Ele não especifica se esse “outro” é crente ou não[1] porque não vem ao caso; a regra é a mesma.

Seria possível aos coríntios acionar a justiça dos ímpios sem quebrar o mandamento acima? Será que algum dia encontraremos alguém que diga: “Meu irmão eu amo você em Jesus por isso já perdoei sua ofensa em meu coração mas mesmo assim vou entrar na justiça para requerer uma compensação em dinheiro”. Seria isso coerente?

Paulo começa o versículo com o verbo “atrever”. De fato, esse falso desejo por justiça é uma tremenda arrogância, atrevimento e audácia. É como se Paulo dissesse: “Como alguém que se diz crente pôde ter coragem de fazer algo assim?”

A suficiência da Igreja

O final do primeiro verso de 1 Coríntios 6, apresenta uma indignação da parte do apóstolo Paulo pelo fato de o caso controverso ter sido apresentado “aos injustos e não perante os santos” (1Co 6.1). Essa mesma repulsa é confirmada no verso 6: “Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos!” (1 Co 6.6).

Um cristão deveria ter a consciência (“ou não sabeis… [v.2]) que a atitude mais sensata diante de uma controvérsia na igreja era procurar irmãos na fé e não os ímpios.

Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade?” (1 Co 6.5). Essa declaração indica que até mesmo um único cristão, com uma mente cristão madura, já seria suficiente para intermediar qualquer disputa. Aliás, embora apareça muitas vezes a palavra “julgar” nesse texto, o espírito do significado está muito mais ligado a “mediação” do que “julgamento”. Nas questões terrenas podemos ser mediadores uns dos outros e assim cumprirmos a bem-aventurança que nos manda ser pacificadores (Mt 5.9).

Em uma certa igreja, dois irmãos na fé eram sócios em um negócio. Depois de um certo tempo de sociedade acharam por bem dissolvê-la mas não conseguiram acordar em que termos isso se daria. Imbuídos de sabedoria, levaram o caso ao conselho da igreja e após exporem cada um a sua versão pediram que aqueles líderes se pronunciassem (mediassem) a respeito e a opinião dada seria acatada por ambos. Assim foi feito. Um ou o outro talvez não tenha recebido o tanto que gostaria mas com certeza ambos puderam sentir paz com a decisão tomada.

A união que existe na igreja de Cristo deveria torná-la em um fórum suficiente para os irmãos resolvem seus problemas. As instâncias da justiça comum “não têm nenhuma aceitação na igreja” (1Co 6.4b), ou seja, de nada valem para a igreja. A “justiça dos homens” recentemente nos deu um exemplo claro disso ao proibir pais de imporem castigos físicos aos seus filhos. Essa mesma justiça tem autorizado o aborto, desconsiderado o adultério como crime e está em vias de não só aceitar a união civil homossexual mas também capacitá-los a adoção. De fato, a justiça humana nada tem a ver com a justiça de Deus e por causa dessa diferença abismal que os apóstolos disseram: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.” (At 5.29b).

Os coríntios são lembrados por Paulo a respeito do papel que os crentes ocuparão na vida eterna. “O absurdo da situação em Corinto torna-se mais claro quando a pessoa reconhece que, na consumação da história (mas não antes; 5.12,13), os crentes participarão, juntamente com Cristo, no julgamento não somente dos incrédulos, mas também dos anjos. Até o menos qualificado entre os crentes de Corinto estava em melhor posição do que um incrédulo para arbitrar disputas na igreja local.” [2]

O Testemunho diante do mundo

Levando as questões internas a justiça comum, os coríntios estavam literalmente lavando suas roupas sujas em público. Segundo Paulo, esse comportamento da comunidade cristã se traduzia em uma “completa derrota” (1Co 6.7). Primeiro por causa da evidente falta de amor cristão recíproco e segundo, por causa do testemunho cristão: em vez de a igreja julgar os valores do mundo o inverso é que se dá. O mundo tem que interferir na convivência da igreja para que esta tenha paz. De fato, a igreja tem que se sentir derrotada com isso.

Simon Kistemaker escreveu com bastante propriedade: “Para Paulo, o propósito do Cristianismo é permear o mundo todo, influenciá-lo e mudá-lo de acordo com as normas do evangelho. Mas Paulo nota que em Corinto está acontecendo o contrário. O mundo está penetrando na comunidade cristã para amoldá-la aos padrões do mundo. Prova disso é a questão das disputas que não são resolvidas dentro dos limites da comunidade cristã, mas levadas diante de juízes mundanos. Os irmãos cristãos que levam suas causas para não-cristãos estão tornando a igreja um motivo de galhofa no mundo gentio.” [3] Na ânsia de derrotar um outro irmão a fim de obter vantagem, essa pessoa derrotava a si mesma como parte do corpo de Cristo.

Aquilo que é mais valioso

A prova maior de que os coríntios litigiosos estavam negligenciando o amor se evidenciava no fato de não perceberem que “pessoas” é melhor do que “coisas” e “o bem do Corpo" (igreja) é melhor do que “satisfação pessoal”.

A Unidade da Igreja é mais importante do que o sofrimento pela injustiça.

Paulo questiona os coríntios: “Por que não sofreis, antes, a injustiça?” (1Co 6.7b). Diante da vergonha que é para a igreja a desunião de seus membros ao ponto de um acionar o outro na justiça comum, Paulo pergunta: “Por que não é preferível ser tratado injustamente? Jesus salientou bem que quando alguém impingisse injustiça ao crente este deveria conformar-se e alegrar-se: “Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e, ao que tirar a tua capa, deixa-o levar também a túnica; dá a todo o que te pede; e, se alguém levar o que é teu, não entres em demanda.” (Lc 6.29-30). A Palavra de Deus nos autoriza protegermos nosso patrimônio (afinal somos mordomos de Deus) mas não ao ponto de amarmos mais as posses do que nossa própria vida, a do próximo ou o próprio Deus. Se o crente não tem coragem de dispor do que tem então é porque nisso está seu coração. A história do encontro de Jesus com o jovem rico ilustra bem isso (Mc 10.17-22). 

A Unidade da Igreja é mais importante do que o sofrimento pelo prejuízo.

A segunda pergunta de Paulo foi: “Por que não sofreis, antes, o dano?” (1Co 6.7b); ou seja: “Não seria melhor ficar com o prejuízo?” (NTLH). A injustiça agora revela-se em prejuízo.

Ninguém melhor do que Paulo para falar de abnegação. Se você pudesse fazer uma meça da vida financeira de Paulo antes e depois de sua conversão, você saberia dizer se Paulo se tornou mais rico ou mais pobre? A Bíblia não trata desse assunto mas em mais de uma oportunidade ele confessa que já teve experiência de fome e escassez (Fp 4.12) bem como prisões, perigos, naufrágios, trabalhos, fadigas, sede, frio e nudez (2Co 11.24-27).

A igreja é o Reino de Deus visível nesse mundo caído. O Reino de Deus não tem preço, por isso, ele é comparado a uma pérola de grande valor ou a um campo com um tesouro. Os coríntios deveriam por tudo de lado em favor da preservação da igreja de Deus da mesma forma que um colecionador de pérolas vende todas que tem para comprar a mais valiosa (Mt 13.45,46) ou alguém que achando um tesouro vende tudo o que tem para comprar o campo no qual esse tesouro se encontra (Mt 13.44).

Conclusão

De acordo com a exortação de Paulo a comunhão do Corpo de Cristo é mais importante que qualquer coisa. Para esse fim devemos suportar, então, injustiças pessoais e até mesmo sermos roubados.

Nisso se manifesta o testemunho do cristão pois é bastante incomum um ímpio abrir mãos de bens materiais em detrimento de outras pessoas; somente com Cristo na direção de nossa vida isso pode ser possível.

Por outro lado, se preferirmos contender a abrir mão é porque ainda não entendemos o espírito do Evangelho e do próprio ministério de nosso Redentor Jesus Cristo.

Nem sempre as contendas entre os membros da igreja chegam aos tribunais mas nem por isso elas são menos prejudiciais à união da igreja. Tendo isso em conta, procure em seu coração as desavenças pendentes e tome a decisão de consertá-las sempre com o espírito de abrir mão do que por direito deveria ser seu. Se preciso chame o pastor ou qualquer outro líder sábio (1Co 6.5) para ser o mediador.

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Notas:
[1] A maioria dos estudiosos entende que a contenda que Paulo tinha em mente se deu entre dois crentes membros da igreja de Corinto.
[2] Bíblia de Genebra, comentário a 1Coríntios 6.2-5
[3] Simon  J. Kistemaker,  1 Coríntios,  São Paulo, Cultura Cristã, 2003, p.251.

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Sobre o autor: Rev. Fernando de Almeida é Ministro Presbiteriano e capelão da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Presbiteriano "Rev. José Manoel da Conceição"; Bacharel em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; Pós Graduado em Filosofia pela Universidade Católica de Brasília; Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Doutorando em Letras. Escritor de revistas para Escola Dominical pela Editora Cultura Cristã.

Fonte: Reflexões Bíblicas

O patriotismo que eu queria ver


Por Rev. Alan Renê Alexandrino Lima


Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria [...] Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade” (Hebreus 11.14,16).

A Copa do Mundo FIFA® está chegando ao seu final. E de uma forma que a grande maioria dos brasileiros nem imaginava nem gostaria que ocorresse: melancólica! Independentemente do final, pudemos perceber um arroubo de otimismo durante quase um mês. A maioria dos brasileiros estava eufórica, apoiava a seleção brasileira e, tristemente, voltava-se contra outra parcela da população brasileira que não estava apoiando a seleção pelas mais variadas razões.

O Facebook se tornou uma grande vitrine através da qual as pessoas exibiam seus pensamentos a respeito da seleção brasileira. Alguns desses pensamentos eram feios, vexatórios e vergonhosos. Aqui aproveito para fazer um recorte: Limito-me aos pensamentos daqueles que apoiaram a seleção e se voltaram contra aqueles que não o fizeram. Uma das principais acusações era a de antipatriotismo. Aqueles torcedores brasileiros que estavam torcendo por outras seleções eram acusados de não serem patriotas e não amarem o Brasil. Epítetos os mais variados foram aplicados, como, por exemplo, “coxinha”, “gente sem noção”, “imbecis”, “idiotas” e até mesmo “nojentos”. Testemunhei tal atitude até mesmo entre aqueles que têm “um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Efésios 5.5). Inversamente, houve até mesmo quem entendesse que usar a camisa oficial da seleção brasileira era sinônimo de patriotismo, honrar a pátria e etc.

Uma dúvida sempre me acompanhou nesse período: é justo, na real acepção do termo, acusar alguém de antipatriotismo por não apoiar a seleção brasileira? E mais: há dignidade em fazer do futebol motivo para beligerância, ofensas, ironias, indiretas sarcásticas até mesmo entre cristãos?

PATRIOTISMO

O termo “patriotismo” tem a sua origem na língua grega. Para os gregos antigos o termo dizia respeito à devoção a uma língua, tradições, símbolos, história, ética e leis comuns a um determinado povo. O filósofo Stephen Nathanson afirma que o termo envolve:

          1. Afeição especial pelo próprio país;
          2. Um sentimento de identificação pessoal com o país;
          3. Preocupação especial pelo bem-estar do país; e
          4. Disposição para se sacrificar para promover o bem do país.
Stanford Encyclopedia of Philosophy define “patriotismo” como “o amor ao país, a identificação com ele, e a preocupação especial pelo seu bem-estar e o dos compatriotas”. É pertinente observar ainda que, de acordo com a Stanford Encyclopedia, somente uma pessoa cujo amor pelo país não se expressa por meio de nenhum interesse especial é que pode ser considerada como antipatriota. Tomando essa afirmação e juntando-a com o fato de que, muitos dos que vi contrários à seleção brasileira agiam assim motivados por preocupação genuína com a situação do Brasil, chego à conclusão de que dificilmente poderíamos dizer que os mesmos são antipatriotas.

A partir das definições acima não consigo compreender como o não torcer pela seleção brasileira é uma horrível manifestação de falta de amor pelo país, e o torcer pela seleção, uma cristalina manifestação de patriotismo.

Soma-se a isso o fato de que aquela que tem real interesse na conquista da Copa do Mundo é a entidade que é a verdadeira proprietária da seleção: a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Trata-se de um órgão privado que não tem nenhum compromisso real com o bem-estar do país. A CBF pugna pelos seus próprios interesses, sendo o maior deles, o lucro.

Por tudo isso, é que estou convicto de que patriota é aquele que vê o atual estado do Brasil (sem educação, sem segurança, sem saúde, sem cuidado para com os seus cidadãos, caminhando rumo a uma ditadura socialista) e se dói por isso. O patriota se preocupa com tudo isso. Ele luta por um país diferente. Ele briga para que uma ideologia autoritária não se instale de vez na nação. O patriota é aquele que possui verdadeira afeição pelos símbolos oficiais do seu país: seu hino, sua bandeira, suas forças armadas. A seleção brasileira não é um símbolo da nação. Ela não luta por melhorias em nossa nação, nem mesmo possui esse objetivo. É verdade que ela usa as cores da nossa bandeira. Ela se posta enfileirada ante a execução do nosso hino, mas ela não luta pela melhoria do Brasil. Ela almeja a sua própria glória e o lucro para a sua entidade mantenedora (o que, necessariamente, não é ruim. Trata-se apenas de um esclarecimento). Assim sendo, é possível não torcer pela seleção e, ainda assim, ser verdadeiramente patriota. Ao mesmo tempo, é possível se imaginar patriota simplesmente por vestir uma camisa da seleção e não o ser de fato.

UM PATRIOTISMO MAIOR

Depois disso tudo, quero me dirigir especialmente aos cristãos evangélicos.

Somos brasileiros? Somos. Devemos ser patriotas? Creio que sim. Não obstante, tem me afligido muito perceber que muitos cristãos têm brigado e escrito palavras vergonhosas motivados por um “prato de lentilhas”. Quem dera fôssemos tão prontos para defender o nome do nosso Senhor Jesus Cristo e denunciar os erros, as heresias e os males que nos assolam, como o somos para trocar farpas por causa de um jogo de futebol!

Vivemos numa nação que, além do caos político, econômico e social, vive o caos espiritual. O fato de os últimos censos registrarem dezenas de milhões de evangélicos não diz absolutamente nada. Vivemos um cristianismo superficial, sem discernimento, sem compromisso verdadeiro com a Palavra de Deus, sem zelo para com aquilo que é do Senhor. Em nome de um patriotismo cego e sem entendimento desonramos a Deus transgredindo o seu santo dia. Quantos já estavam dispostos a deixar de participar do ajuntamento solene, caso o Brasil tivesse chegado à grande final? Ao agirmos assim não estamos menosprezando nossa verdadeira e mais importante cidadania? Não estamos honrando nossa “brasilidade” em detrimento do nosso status como filhos do Deus vivo? Agindo assim não estamos demonstrando que preferimos tesouros terrenos a tesouros celestiais? Mais do que nunca, como crentes, precisamos definir muito claramente as nossas prioridades. Precisamos defender a nossa pátria celestial, o reino de Deus, com o mesmo vigor, a mesma veemência, a mesma paixão com que defendemos nossa seleção brasileira e os nossos clubes do coração. É preciso também que lutemos contra o pecado e contra o erro com a mesma disposição com que denunciamos as falcatruas e a corrupção dos nossos governantes. Até porque somente Jesus Cristo é a solução para todo o caos moral, político, econômico, social e espiritual no qual estamos imersos.

Eu acredito que somos aqueles de quem Hebreus 11.14,16 fala: “Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria [...] Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade”. Também o apóstolo Pedro afirma que, porque somos “estrangeiros e peregrinos” devemos nos abster “das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma” (1Pedro 2.11). Dessa forma, tenho a certeza de que nossa “brasilidade” é efêmera, passageira. Este não é o nosso verdadeiro país. Esta não é a nossa verdadeira pátria. Possuímos uma cidadania celestial. Aspiramos por uma pátria superior, que tem o Senhor Deus como o seu Arquiteto e Mantenedor. Um dia não mais possuiremos carteiras de identidade que identifiquem nossa nacionalidade como “brasileiro” ou “brasileira”. Chegará o dia quando em nossa identidade consistirá de “uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe” (Apocalipse 2.17). Chegará o dia quando a seleção brasileira não mais nos dividirá, nem mais será o motivo para tanta agressão verbal entre os filhos de Deus. Particularmente, almejo pelo dia quando o futebol, quando mal usado, quando absolutizado, quando tratado como ídolo, deixará de provocar guerras e contendas entre nós (Tiago 4.4).

Enquanto esse dia não chega, que sejamos verdadeiros patriotas: 1) Lutando pelo verdadeiro bem-estar do Brasil; e 2) Batalhando diligentemente pela fé que uma vez por todas nos foi entregue e vivendo a mutualidade da comunhão, como verdadeiros habitantes da Jerusalém celestial, nascidos não da vontade do homem nem da vontade da carne, mas pela graça e pelo poder do Senhor! Isso é ser verdadeiramente patriota!

Que o Senhor nos abençoe!

***
Fonte: Cristão Reformado

Se o domingo é o "dia do Senhor" (Ap 1.10), como entender Romanos 14?



Por Frank Brito


Ora, ao que é fraco na fé, acolhei-o, mas não para condenar-lhe os escrúpulos. Um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes. Quem come não despreze a quem não come; e quem não come não julgue a quem come; pois Deus o acolheu. Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus”. (Romanos 14:1-6)

Aqui Paulo tratou de problemas de relacionamento na Igreja entre os “fracos” e os “fortes”. Os “fracos” eram os que tinham problemas para entender corretamente determinadas áreas da vida cristã e os “fortes” eram os que tinham maturidade suficiente para entender. Dentro disso, Paulo cita duas polêmicas. É muito importante entender exatamente o que estava sendo discutido, pois o que Paulo diz pode ser facilmente tirado do contexto, o que pode nos levar a conclusões e aplicações erradas.

A primeira questão que estava sendo debatida era que o forte “crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes”. (Rom 14:2) Essas palavras precisam ser lidas no contexto do debate que havia na Igreja do primeiro século. O lado que dizia que “tudo se pode comer” não estava defendendo que poderíamos cair no pecado da glutonaria (Lc 21:34) de consciência limpa e também não estava defendendo que não há problemas em alimentarmos nossos filhos com fezes em vez de pão. As palavras, “tudo se pode comer”, devem ser entendidas no contexto daquele debate específico que era sobre a liberdade de comer carne que havia sido anteriormente consagrada a falsos deuses antes de ser vendida no mercado, como I Coríntios 8-10 deixa claro.

É por isso que os “fracos” comiam “só legumes” (Rm 14:2). Eles acreditavam que se um animal houvesse sido consagrado a um ídolo antes de ser vendido no mercado, a carne ficava contaminada e, portanto, era pecado comê-la. Como no Império Romano, a maioria dos vendedores eram pagãos, o risco da carne estar “contaminada” era alto. Os “fortes”, por outro lado, entendiam que “do Senhor é a terra e a sua plenitude” (I Co 10:26; Sl 24:1) e por isso defendiam o seguinte princípio: “comei de tudo o que se puser diante de vós” (I Co 10:27). Um caso parecido hoje seriam cristãos que se recusam a tomar Coca-Cola ou usar determinadas marcas por acreditarem que foram consagradas a demônios antes de chegar nas lojas. Sendo assim, quando lemos que havia um lado do debate que dizia que “tudo se pode comer”, não devemos entender que se trate de uma defesa da glutonaria ou de comer fezes como sinal de força espiritual e nem que um vegetariano seja necessariamente fraco espiritualmente. As palavras precisam ser lidas no contexto do debate original.

O mesmo, aliás, deve ser dito sobre as palavras de Paulo aos Colossenses: “Ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber” (Cl 2:16). Se isso é verdade, então por que ele mandou aos Coríntios: “Não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for... beberrão” (I Co 5:11), pois “os bêbados... [não] herdarão o reino de Deus” (I Co 6:10)? Isso não é julgá-los “pelo beber” como ele manda os Colossenses não fazer? Isso mostra a necessidade de ler o que ele diz no contexto do debate original. O que estava sendo debatido não era se alguém podia ser beberrão ou não. O que estava sendo debatido eram leis cerimoniais do Antigo Testamento.

Da mesma forma, quando ele explica que o fraco “faz diferença entre dia e dia” e o forte “julga iguais todos os dias” (Rom 14:5), devemos entender as palavras de Paulo no contexto do debate que havia. O que estava sendo debatido era a necessidade de guardar os dias santos do Antigo Testamento, listados em Levítico 23. Os “fortes” eram os que entendiam que a necessidade de guardar esses dias havia sido ab-rogada. Os “fracos” tinham acabado de sair do Judaísmo e por isso ainda não haviam sido suficientemente instruídos para saber que os dias santos do Antigo Testamento eram dias comuns. Eram estes dias que os fracos diferenciavam dos demais e que os fortes igualavam aos demais.

Isso significa que quando João falou do "dia do Senhor", ele não poderia estar falando dos dias santos do Antigo Testamento. Colossenses 2 e Romanos 14 mostram que havia sido cancelada a obrigação de guardar os dias santos do Antigo Testamento, listados em Levítico 23. Isso significa que o dia do Senhor era um novo dia instituído na era do Novo Testamento. Colossenses 2 e Romanos 14 falam somente da ab-rogação dos dias de festa do Antigo Testamento, mas em nenhum momento negam a existência de um dia santo do Novo Testamento. Se negassem, estariam em contradição com João, pois o Apocalipse diz que ainda há um "dia do Senhor". E se este dia não eram nenhum dos dias santos do Antigo Testamento, só resta uma alternativa quando analisamos o Novo Testamento - o primeiro dia de cada semana é o Dia do Senhor.
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Fonte: Facebook do autor
Via: 2Timóteo 316

A eficácia do controle exercido por Deus



Por John Frame


Dizer que o poder controlador de Deus é eficaz é simplesmente dizer que esse poder sempre realiza o seu propósito. Deus nunca deixa de cumprir o que se dispõe a fazer. É certo que as criaturas podem opor-se a ele, mas não podem prevalecer. Por seus próprios motivos, ele decidiu adiar o cumprimento das suas intenções para o fim da História, e conduzir essas intenções através de uma complicada sequência histórica de acontecimentos. Nessa sequência, às vezes os seus propósitos parecem sofrer derrota, e às vezes obtêm vitória. Mas, como veremos posteriormente na nossa discussão sobre o problema do mal, cada aparente derrota torna de fato a sua vitória final supremamente gloriosa. É evidente que a cruz de Jesus é o principal exemplo desse princípio. 

Nada é difícil demais para Deus (Jr 32.27); nada lhe parece maravilhosos demais (Zc 8.6); nada lhe é impossível (Gn 18.14; Mt 19.26; Lc 1.37). Desse modo, os seus propósitos sempre prevalecerão. Contra a Assíria, ele diz:

"Jurou o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e, como determinei, assim se efetuará. Quebrantarei a Assíria na minha terra e nas minhas montanhas a pisarei, para que o seu jugo se aparte de Israel, e a sua carga se desvie dos ombros dele. Este é o desígnio que se formou concernente a toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; que pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?" (Is 14.24-27; cf. Jó 42.2; Jr 23.20).

Quando Deus expressa com palavras os seus propósitos eternos, por intermédio dos seus profetas, essas profecias certamente acontecerão (Dt 18.21-22; Is 31.2).[1] Às vezes Deus apresenta a sua palavra como o seu agente ativo que inevitavelmente cumpre a sua determinação:

"...[assim como descem a chuva e a neve dos céus] assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo que designei" (is 55.11; cf. Zc 1.6). 

E o sábio mestre nos lembra:

"Não há sabedoria, nem inteligência, nem mesmo conselho contra o SENHOR" (Pv 21.30; cf. 16.9; 19.21)

A Escritura fala muitas vezes sobre o propósito de Deus em termos "do que lhe agrada" ou do que "o que é da vontade". O que agrada a Deus certamente será realizado:

"... que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade" (Is 46.10)

"Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?" (Dn 4.35)

"Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, SENHOR do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelastes aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado" (Mt 11.25-26). 

"... (e em amor) nos predestinou para ele, para adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade" (Ef 1.5; cf. 1.9).[2]

Para ilustrar a eficácia dos propósitos de Deus na nossa vida, a Escritura faz uso da figura do oleiro e do barro (Is 29.16; 45.9; 64.8; Jr 18.1-10; Rm 9.19-24). Com a mesma facilidade com que o oleiro molda seu barro, fazendo um vaso para um propósito e outro vaso para outro propósito, assim Deus age nas pessoas. Seu propósito prevalecerá, e o barro não tem nenhum direito de queixar-se com o oleiro a respeito disso.

A eficácia geral do propósito de Deus forma o pano de fundo para a doutrina reformada da graça irresistível. Como mencionamos anteriormente, os pecadores de fato resistem aos propósitos de Deus; esse é, na verdade, um tema significativo da Escritura (Is 65.12; Mt 23.37-39; Lc 7.30; At 7.51; Ef 4.30; 1Ts 5.19; Hb 4.2;12.25). Mas o ponto visado pela doutrina é que a resistência deles não prevalece contra o SENHOR. Quando Deus tenciona levar alguém para a fé em Cristo, ele não pode deixar de fazer isso, embora, pelos seus próprios motivos, ele decida lutar com a pessoa por longo tempo antes de atingir esse propósito.[3] Mais adiante, nesse precede a nossa resposta de fé, e é sempre origem desta. Também veremos que Deus chama eficazmente pecadores para entrarem em comunhão com ele. Teremos que discutir amplamente a natureza da resistência humana na nossa consideração posterior da responsabilidade e liberdade características da criatura.

Mas a Escritura ensina normalmente que, quando Deus elege, chama e regenera alguém em cristo, mediante o Espírito, essa obra realiza o seu propósito salvífico. Quando Deus dá àqueles que são seus um novo coração, é certo e seguro que eles "andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem" (Ez 11.20; cf. 36.26-27). Quando Deus nos dá nova vida (Jo 5.21), não podemos devolvê-la a ele. Disse Jesus: "Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim" (Jo 6.37). Se Deus pré-conhece alguém (isto é, se é seu amigo, como veremos abaixo), ele certamente o predestinará para conformar-se à semelhança de Cristo, para ser chamado, justificado e glorificado no céu (Rm 8.29-30). "[Deus] tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz" (Rm 9.18; cf. Êx 33.19). Os crentes podem dizer: Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo (1Ts 5.9). O salmista acrescenta:

"Bem aventurado aquele a quem escolhes e aproximas de ti, para que assista nos teus átrios; ficamos satisfeitos com a bondade de sua casa - o teu santo templo" (Sl 65.4)

Portanto, como acontece com a sua palavra, a graça de Deus nunca voltará vazia a ele.

Podemos resumir o ensino bíblico acerca da eficácia do governo de Deus com as seguintes passagens, que falam por si mesmas:

"O conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações" (Sl 33.11)

"No céu está o nosso deus e tudo faz como lhe agrada" (Sl 115.3)

"Tudo quanto aprouve o SENHOR, ele o faz, nos céus e na terra, no maus e em todos os abismos" (Sl 135.6)

"... nenhum já que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, que o impedirá?" (Is 43.13)

"Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará. e que fecha, e ninguém abrirá" (Ap 3.7)

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Notas:
[1] Nas Escritura, nem toda profecia é expressão do propósito eterno de Deus. Algumas profecias indicam o que Deus fará em várias situações possíveis. Portanto, às vezes ele anuncia juízo, mas "se arrepende" quando as pessoas se arrependem: ver Jr 18.5-10. [...] Ver também Richard Pratt, "Prophecy and historical contingence", em www.thirmill.org.
[2] Certo é que há também na Escritura muitos exemplos de criaturas que desagradam a Deus por desobedecerem aos seus mandamentos, desse modo deixando de estar à altura dose seus padrões. Aqui é importante a distinção reformada tradicional entre a vontade decretiva e a vontade preceptiva (ou, nesse caso, o que agrada a Deus). Deus sempre realiza o que ele ordena que aconteça, mas nem sempre ordena que seus preceitos, seus padrões, sejam seguidos. Em outras palavras, às vezes lhe apraz ordenar seu próprio desprazer, como quando ele ordena as ações pecaminosas dos seres humanos.
[3] Há também situações nas quais pessoas que parecem eleitas abandonam Deus e, com isso, provam que não pertencem aos seu povo. Também há casos em que Deus escolhe alguém sem a intenção de lhe dar os benefícios completos da salvação. Judas é um exemplo (Jo 6.70), como também o é Israel, que, por sua incredulidade, perdeu sua posição especial como nação eleita de Deus.
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Fonte: FRAME, John. A Doutrina de Deus; São Paulo: Cultura Cristã, 2013. 53-55

Seis Inimigos do Ideal Apologético


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Por Douglas Groothuis

Introdução

O mundo evangélico hoje sofre de uma anemia apologética. Apesar do fato das Santas Escrituras convocarem os Crentes a dar razão da esperança que nós temos em Cristo (1 Pedro 3.15; veja também Judas 3), falta-nos uma voz pública no mercado de ideias para a verdade e a razão.[1] Nós não temos uma presença intelectual forte na cultura popular ou acadêmica (embora algumas áreas, tal como a filosofia, sejam mais influenciadas por evangélicos que por outros). As razões para esta anemia são multidimensionais e complexas.

Três livros recentes exploram a falta de uma “Mente Cristã” no evangelicalismo contemporâneo, e eu fortemente recomendo tais livros. O livro de Mark Noll, The Scandal of the Evangelical Mind (Eerdmans, 1994), explora as raízes históricas do antiitelectualismo evangélico. O livro Fit Bodies, Fat Minds (Baker Books, 1994), de Os Guinness, discute alguns dos problemas históricos e também esboça o que a mente cristã deve ser. Por fim, o livro Love Your God with all of Your Mind (Navpress, 1997), de J.P. Moreland, explica porque os Cristãos não pensam, não desenvolvem uma teologia bíblica da mente,[2] e oferecem argumentos e estratégias apologéticas úteis para capacitar intelectualmente a igreja.

Meu modesto propósito neste texto é fornecer brevemente seis fatores que inibem ilegitimamente o compromisso apologético hoje. Se estas barreiras forem removidas, nosso testemunho apologético poderá se transformar naquele que seria de Cristo.

1. Indiferença

Muitos cristãos não parecem se importar que o Cristianismo seja rotineiramente ridicularizado como ultrapassado, irracional e tacanho em nossa cultura. Eles podem queixar-se que isto os “ofende” (assim como todo mundo reclama que uma coisa ou outra os “ofendem”), mas eles fazem pouco para combater as acusações por oferecer uma defesa da cosmovisão cristã em uma variedade de ambientes. No entanto, a Escritura ordena que todos os Cristãos têm uma razão para a esperança que está dentro deles e ordena apresentá-la com mansidão e respeito ao incrédulo (1 Pedro 3.15). Nossa atitude deveria ser aquela do Apóstolo Paulo que ficou “muito angustiado” quando viu a sofisticada idolatria em Atenas. Este zelo pela verdade de Deus levou-o a um encontro apologético frutífero com os pensadores reunidos para debater novas ideias (Cf. Atos 17). Deve também ser para nós. Assim como Deus “amou o mundo” e que enviou Jesus para nos reconciliar com Deus (João 3.16), os Discípulos de Jesus também deveriam amar o mundo que eles se esforçam para alcançar os perdidos apresentando-lhes o Evangelho e respondendo objeções à Fé Cristã (João 17.18).

2. Irracionalismo

Para alguns Cristãos, fé significa crer na ausência de evidência ou argumentos. Pior ainda, para alguns fé significa crer apesar da prova em contrário. [Quanto mais] irracionais nossas crenças, melhor – mais “espirituais” elas são. Embora Paulo ensine em 1 Coríntios 1 e 2 que Deus tornou tolice “a sabedoria deste mundo” (porque ela é falsa sabedoria), a Revelação de Deus não é irracional; nem deve a crença nela ser sustentada irracionalmente.[3] Deus não exige de nós a suspensão de nossas faculdades críticas a fim de crer naquilo que tem dado a conhecer. Por meio do profeta Isaías, Deus declara a Israel: “Vinde e arrazoemos” (Isaías 1.18). Jesus nos ordenou a amar a Deus com toda a nossa mente (Mateus 22.37). Quando Cristãos optam pelo irracionalismo, eles apenas se tornam mais uma “opção religiosa” e são classificados ao lado [de religiões] como Heaven’s Gate [Portão do Céu] ou a Flat Earth Society [Sociedade da Terra Plana] e outros grupos intelectualmente deficientes. No rastro do suicido de Heaven’s Gate, as mais importantes revistas como a Esquire, Newsweek e US News and World Report afirmaram que a fé daqueles que acabaram com suas vidas de acordo com a religião da ficção científica Marshall Applewhite não seria estranho para Cristãos que também acreditam em coisas ridículas. Infelizmente, o comportamento de alguns Cristãos dá impulsos a tais acusações.

3. Ignorância

Muitos Cristãos não estão conscientes dos enormes recursos intelectuais disponíveis para defender a “fé que uma vez foi dada aos santos” (Judas 3). Isso porque muitas das principais igrejas e organizações paraeclesiásticas praticamente ignoram a Apologética. Um dos principais ministérios no campus [universitário], com uma ótima história e um excelente programa, de qualquer forma não oferece material para auxiliar aos estudantes a lidar com a descrença que emana de seus professores seculares. Poucos sermões evangélicos quase nunca abordam temas sobre as evidências da Existência de Deus, a Ressurreição de Jesus, a Justeza do Inferno, a Supremacia de Cristo ou os problemas lógicos com as visões não-Cristãs. Bestseller Cristãos, com raras exceções, entram em especulações apocalípticas infundadas, exaltam celebridades cristãs (cujos personagens frequentemente não se encaixam com tal notoriedade) e deleitam-se com métodos “faça você mesmo”. Você pode dizer muito sobre um movimento pelo que lê e pelo que não lê.

4. Covardia

Em uma cultura pluralista, uma atitude “viva e deixe viver” é a norma, e ceder a apelos da pressão social assombra o evangelicalismo, drenando as suas convicções. Muitos evangélicos também estão mais preocupados em serem “bacanas” e “tolerantes” do que serem bíblicos ou fiéis ao Evangelho exclusivo encontrado em suas Bíblias. Não basta aos evangélicos estarem dispostos a apresentar e defender sua fé em situações difíceis, seja na escola, trabalho ou ambiente público. A tentação é de privatizar a fé, separá-la e isolá-la inteiramente da vida pública. Sim, somos Cristãos (em nossos corações), mas temos dificuldades de envolver alguém no que cremos e por que cremos. Isto não é nada menos que covardia e traição do que dizemos crer. Considere a exigência inspirada de Paulo para a oração e sua admoestação a nós: “Perseverai em oração, velando nela com ação de graças; orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso; para que o manifeste, como me convém falar. Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um” (Colossenses 4.2 – 6).

Nós podemos esperar rejeição, mas Jesus chama a aqueles que são perseguidos por amor de seu nome de “bem-aventurados”: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mateus 5.11, 12).

O Apóstolo Pedro ecoa as palavras de seu Mestre: “Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus” (1 Pedro 4.14)

Por outro lado, quando o Espírito Santo abençoa nossos esforços, as pessoas respondem com interesse e, até mesmo, com fé salvadora (Romanos 1.16). Nunca devemos esquecer que Jesus tem toda autoridade no céu e na terra, e que ele nos comissionou a declarar e defender seu Evangelho (Mateus 28.18 – 20).

5. Arrogância e Vaidade Intelectual

No outro extremo do espectro de erro, está a arrogância do “apologista sabe-tudo” que está mais interessado em mostrar seu arsenal de argumentos do que defender a verdade de maneira piedosa.

O pecado que assedia a apologética é o orgulho intelectual, e deve ser evitado a todo custo. A verdade que defendemos é um dom da graça, não de nossa conquista intelectual. Desenvolvemos nossas habilidades apologéticas para nos santificar na verdade, conquistar almas para Jesus, e glorificar a Deus. Nós devemos “falar a verdade em amor” (Ef. 4.15). Verdade sem amor é arrogância; amor sem verdade é sentimentalismo.[4] 

Arrogância também ocorre quando alguns apologistas acusam outros crentes sem prova suficiente. Paulo disse aos líderes da igreja que eles deveriam esperar heresias no meio da igreja e estarem em guarda contra elas (Atos 20.28 – 31). Deveríamos fazer o mesmo. Todavia, devemos estar atentos para não difamar companheiros Cristãos ou assumir o pior sobre eles. Sei deste erro na própria pele, tendo sido acusado uma vez de ser um adepto da Nova Era porque um crítico horrivelmente interpretou mal uma porção de um de meus livros anti-Nova Era, Unmasking the New Age! Não vamos gastar nossas energias apologéticas atacando outros crentes quando hereges reais e incrédulos clamam por refutação e correção.

6. Técnicas Superficiais e Apologética Capenga

Alguns que ficam animados com apologética podem se tornar contentes com respostas superficiais às questões intelectuais difíceis. Nossa cultura se contenta com respostas rápidas a muitas coisas, e a técnica está dominando. Alguns Cristãos memorizam respostas prontas para questões apologéticas – tais como o problema do mal ou a controvérsia Criação-Evolução – que eles dispensam sem um tratamento adequado das questões e sem uma preocupação empática pela alma que levanta a questão. Uma vez vi um pequeno livro com um título como algo do tipo “The Handy, Dandy Evolution Refuter”. Sim, a macro-evolução é falsa, e bons argumentos têm sido trazidos contra ela, tanto da Natureza, quanto das Escrituras, mas o assunto não é tão simplista como o título do livro faz parecer.[5] Apologética deve ser feita com integridade intelectual.

O moto apologético de Francis Schaeffer era que deveríamos dar “respostas honestas para questões honestas”. Primeiro, devemos realmente ouvir a questão perguntada ou a objeção levantada. Devemos entrar na mente daqueles que estão apresentando razões para não seguir a Cristo. Cada pessoa é diferente, não importa o quão comum algumas objeções céticas possam parecer. Não reduza as pessoas a clichês.

Segundo, responda o que você ouviu. Não responda questões que não foram perguntadas. Tal abordagem superficial não vai impressionar o incrédulo que pensa. Se no momento você não pode oferecer uma resposta sólida para a objeção, não tente ocultar sua ignorância ou incapacidade. Honestamente admitir suas limitações é melhor que dar uma resposta fajuta. Fale para a pessoa que este é um bom ponto e que você precisa pensar mais sobre isso. O Cristianismo é absolutamente verdadeiro; mas isto não implica absolutamente que qualquer Cristão possa tratar com toda objeção levantada contra ele. Deveríamos evitar técnicas apologéticas e, em lugar disso, desenvolver recursos intelectuais e cultivar um diálogo real com os descrentes.[6]

Walter Martins disse corretamente que a igreja evangélica era um gigante adormecido e ele esforçou-se poderosamente para despertar todo o seu potencial dado por Deus para apresentar o Evangelho e defendê-lo contra objeções céticas e cultuais. Com seu legado em mente, possamos reavivar esta visão e encontrar paixão e sabedoria para por em prática por meio do poder do Espírito Santo (Atos. 1.8).

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Notas:

[1] Se o autor fala isso de seu contexto, o que diremos de nosso contexto brasileiro? [Nota do Tradutor]
[2] Em compasso com a filosofia da mente, área de interesse do Dr. Moreland, com livros e artigos acadêmicos publicados. [Nota do Tradutor]
[3] Para explicação das passagens bíblicas que, supostamente, ensinam que a fé não é racional, veja J.P. Moreland, Love God With All of Your Mind (Colorado Springs, CO: NavPress, 1997), 57-61.
[4] Sobre isto, veja Douglas Groothuis, "Apologetics, Truth, and Humility," Christian Research Journal (Spring 1992), p. 7.
[5] Para uma forte introdução a este assunto, veja Philip Johnson, Defeating Darwinism by Opening Minds (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1997). Nota do Tradutor: Este livro encontra-se em português, Como Derrotar o Evolucionismo com as Mentes Abertas (Editora Cultura Cristã, 2000).
[6]  Veja Dialogical Apologetics by David Clark (Grand Rapids, MI: Baker Books, 1993).

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Sobre o Autor: O Dr. Douglas Groothuis (N.T – pronuncia-se Grote–Hice) é um filósofo Cristão, Professor de Filosofia no Denver Seminary. Também é pregador do Evangelho e Escritor. Autor de onze livros, sendo um deles Christian Apologetics – A Comprehensive Case for Biblical Faith (InterVarsity Press, 2011). Suas áreas de especialização em Filosofia são Ética e Cultura Contemporânea, História da Filosofia Moderna e Filosofia da Religião. Especialista em Blaise Pascal, Dr. Groothuis possui muitos outros livros sobre Cultura, Filosofia, Tecnologia e Apologética. Atualmente ele é o responsável pelo programa de Apologética Cristã e Ética no Denver Seminary. Visite seu site: The Constructive Curmudgeon.

Fonte: Six Enemies Of Apologetic Engagement 
Traduzido por: Rev. Gaspar de Souza. (Agradeço ao Dr. Groothuis a autorização para tradução desta importante advertência aos apologistas.) 
Via: Eis nosso Tempo!