domingo, 27 de julho de 2014

A IGREJA DEVE REALMENTE DISCIPLINAR UM MEMBRO?

Quando ouvimos falar sobre disciplina na igreja, somos tentados a pensar que isso vai trazer somente coisas negativas.  E somos tentados a usar o texto onde Jesus disse: “Não julgues para que não sejais julgados” (Mt 7.1). O que Jesus quis ensinar? Que é errado alguém concentrar sua atenção na pequena mancha que há no olho de seu irmão e, enquanto assim faz, não levar em conta a trave que está em seu próprio olho (v.3-4). O Senhor está condenando o espírito de censura, o juízo agressivo a autojustificativa em detrimento de outros, e isso sem qualquer misericórdia ou amor. Algo que era comum para muitos fariseus nos tempos de Jesus.  No entanto quando lemos o mesmo evangelho, vemos que o Senhor nos chamou para repreender os outros por causa de seus pecados e repreendê-los até publicamente (cf  Mt 18.15-17; cf Lc 17.3).
O que é disciplina?
A palavra "disciplina" vem de uma raiz grega que significa "treinar", “instruir” (cf Hb 12.11). No latim tem a mesma etimologia da palavra “discípulo”, vem do verbo “discere” que significa “aprender”. A disciplina faz parte do treinamento de um discípulo. A correção visa colocar os pés do discípulo no caminho certo.  Deus quer que Seus filhos pensem e ajam conforme a Sua vontade. O principal alvo da disciplina não é o castigo, mas a correção. E esse processo, geralmente, traz tristeza e dor, mas depois, quando a lição é entendida, traz alegria e  “fruto de justiça”(Hb 12:11). Na carta aos Coríntios Paulo faz uma exortação àqueles irmãos quanto ao participar da Santa Ceia, então o apóstolo diz que eles deveriam examinar a si mesmos, se arrepender para participar daquele momento, e então ele diz qual era seria o função da disciplina de Deus sobre eles: “…somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.”(1Co 11.32). Deus não quer que sejamos condenados com o mundo, por isso Ele nos disciplina.
Exortação mútua
“Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.”(Hb 3.12-13). O autor aos hebreus adverte seus leitores para que haja entre eles um cuidado especial com a pureza mútua. Alguns estavam vivendo na incredulidade e isso é pecado. Qual seria a reação do irmão vendo o outro pecar? Correção! E o autor diz: “exortando-vos mutuamente” ou seja, um corrigindo o outro para que ninguém seja: “endurecido pelo engano do pecado”.
Veja o que Jesus disse: “Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano.”(Mt 18.15-17). Observe que o texto traz uma ordem. Você vai até seu irmão que pecou e converse com ele, se ele não ouvir, leva uma testemunha para corrigi-lo. Mas mesmo assim, se ainda não quiser arrepender-se, leva-o perante a igreja, o conselho. Porém se mesmo assim não quiser ouvir, deverá ser excluído.
 A disciplina eclesiástica
Assim como existem muitas doenças que precisam de tratamento diferenciado, assim também acontece com pecado. Cada caso deve ser considerado e disciplinado como a Bíblia ensina. E essa é função é da Igreja do Senhor que é Santo.
A disciplina na igreja é um dos principais meios usados por Deus para corrigir e restaurar Seus filhos quando caem em pecado. É também o modo pelo qual o Senhor mantém a unidade, pureza, integridade e boa reputação da igreja. Através da instrução, admoestação, conselho e repreensão, tanto público como em particular e, em alguns casos, até por meio de exclusão social ou remoção do rol de membros, Deus corrige Seus filhos desobedientes ou, então, remove da igreja aqueles que não são realmente Seus. O próprio Senhor Jesus deixou isso claro: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.”(Mt 18.18-20). Muitos usam estes versos para justificarem a falta de membros em uma reunião de oração, mas o texto está falando de corrigir, disciplinar um membro em pecado.
Um lar onde não há disciplina poderá deixar de existir. Assim, se uma igreja não cuida de seus membros aconselhando, exortando e disciplinando, ela deixará de ser igreja de Jesus Cristo porque estará vivendo conforme o mundo vive (cf Rm 12.1-2). O Conselho de cada igreja nunca deve esquecer que precisa lutar sempre para recuperar o irmão em pecado. Nunca desistir dele, ser misericordioso e amoroso. A disciplina visa melhorar o irmão faltoso. A Bíblia nos mostra que existem alguns casos que se deve usar a exclusão; aquele que recusar reconhecer o erro de ofensa a outro irmão (Mt 18.15-17), os que vivem na imoralidade, avareza, idolatria, maledicência, bebedeira, roubo (I Co 5.11), e blasfêmia (I Tm 1.20) que é ensinar doutrina errada sobre a pessoa e Obra do Senhor Jesus Cristo. O apóstolo Paulo diz que entregou a Satanás Himeneu e Alexandre, isso significa que foram colocados fora da comunhão da igreja (cf I Co 5.5). Um Conselho de uma igreja deve ficar atento para não cometer injustiça ou deixar de exercer justiça. Lembre-se: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”(Hb 12.14).

Por Rev. Ronaldo P Mendes

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