domingo, 6 de julho de 2025

Os Cenários Celestiais e os Selos da Revelação

Estudo resumido de Hitgalut (Apocalipse): Os Cenários Celestiais e os Selos da Revelação (Capítulos 4 a 7)

Ao avançarmos em nosso estudo de Hitgalut Revelação, chegamos agora a uma das partes mais profundas e solenes das Escrituras: os capítulos 4 a 7.

 

Eles nos transportam da mensagem às comunidades para uma visão do céu, onde vemos o trono de Elohim, o Cordeiro e os selos que revelam os planos divinos para a história humana.

 

Capítulo 4: O Trono de Elohim no Céu

Após as mensagens às sete comunidades, Yochanan (João) é chamado a subir:
"
Depois destas coisas olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu" (Hitgalut 4:1).
Ele é convidado a ver o que acontecerá "depois dessas coisas", e o que se revela é o trono celestial de Elohim.

 

A Majestade do Trono (4:2-3)

João vê um trono estabelecido no céu, e Alguém está assentado sobre ele. Em vez de descrever sua forma, ele descreve o brilho — como jaspe e sardônio, expressando pureza, glória e juízo.

Ao redor do trono, há um arco como uma esmeralda, lembrando a aliança que Elohim fez com Noach (Bereshit/Gênesis 9:13-16).

 

Os 24 Anciãos e os Seres Viventes (4:4-8)

Há vinte e quatro tronos com anciãos vestidos de branco e coroas de ouro. Representam as 12 tribos de Israel e os 12 emissários do Cordeiro — a aliança plena entre Elohim e Seu povo.

 

Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e diante dele há sete tochas acesas: os sete Espíritos de Elohim (a plenitude do Espírito).

 

Os quatro seres viventes têm rostos de leão, boi, homem e águia — figuras presentes em Yechezkel (Ezequiel 1:5-10) e Yeshayahu (Isaías 6:2 - Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam).

 

Eles clamam sem cessar:
"Kadosh, Kadosh, Kadosh, YHWH Elohei Tzeva'ot, asher hayah vehoveh veyavo!"

(Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos Exércitos, que era, que é e que há de vir!) (Retomando Yeshayahu 6:3)

 

 

A Adoração Contínua (4:9-11)

Quando os seres viventes louvam, os anciãos se prostram e dizem:

"Digno és, nosso Senhor e nosso Elohim, de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas." (4:11)

 

Capítulo 5: O Rolo Selado e o Cordeiro

No centro da sala do trono, há um rolo selado com sete selos, na mão direita de Elohim.

 

Quem é Digno? (5:2-4)

Um anjo pergunta:
"
Quem é digno de abrir o livro e desatar os selos?"
Ninguém é encontrado, e João chora, pois parecia que ninguém poderia revelar os planos de Elohim.

 

O Leão de Judá e o Cordeiro (5:5-7)

Mas um dos anciãos diz:
"Não chores. O Leão da tribo de Yehudá, a Raiz de David, venceu."

(Referência a Bereshit 49:9-10 –

Judá é um leãozinho, da presa subiste, filho meu; encurva-se, e deita-se como um leão, e como um leão velho; quem o despertará?

 

¹⁰ O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos.) e Yeshayahu 11:1-10)

João vê então um Cordeiro como morto, de pé, com sete chifres e sete olhos — símbolos do poder e da plenitude do Espírito

(cf. Zekharyah 3:9 - Porque eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos; eis que eu esculpirei a sua escultura, diz o Senhor dos Exércitos, e tirarei a iniquidade desta terra num só dia)

 

Yeshua é o Leão conquistador, mas também o Cordeiro imolado.

 

O Novo Cântico ((5:9-10)

Quando o Cordeiro toma o rolo, os anciãos se prostram e cantam:

"Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com teu sangue compraste para Elohim homens de toda tribo, língua, povo e nação..."

Anjos e toda a criação se juntam, dizendo:
"
Ao que está no trono e ao Cordeiro, sejam o louvor, a honra, a glória e o domínio para todo o sempre!" (5:13)

 

Capítulo 6: Os Seis Primeiros Selos

O Cordeiro começa a abrir os selos:

 

 

1º Selo – Cavalo Branco (6:1-2)

Cavaleiro com arco e coroa, saindo para conquistar. Pode simbolizar tanto a proclamação vitoriosa do Evangelho quanto um poder dominante.

 

2º Selo – Cavalo Vermelho (6:3-4)

Representa a guerra e a ausência de paz.

 

3º Selo – Cavalo Preto (6:5-6)

Representa fome e injustiça econômica: alimentos básicos caríssimos, mas luxo preservado.

 

4º Selo – Cavalo Amarelo (6:7-8)

A Morte o cavalga, com Hades atrás. Quarto da terra sob juízo — espada, fome, peste e feras.

 

5º Selo – As Almas dos Mártires (6:9-11)

As almas clamam por justiça. Elohim responde que aguardem, até que se complete o número dos que ainda serão mortos.

 

6º Selo – Sinais Cósmicos (6:12-17)

Terremoto, sol negro, lua de sangue, estrelas caindo, céu se enrolando como rolo. Todos se escondem, dizendo:
"
Escondei-nos da face daquele que está no trono e da ira do Cordeiro, pois o grande dia da sua ira chegou.

Quem poderá resistir?"

Conexão com Yôel/Joel 2:31 - (O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor).

e Tzefanyah (Sofonias) 1:14-18 - ¹⁴ O grande dia do Senhor está perto, sim, está perto, e se apressa muito; amarga é a voz do dia do Senhor; clamará ali o poderoso.

 

¹⁵ Aquele dia será um dia de indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas,

 

¹⁶ Dia de trombeta e de alarido contra as cidades fortificadas e contra as torres altas.

 

¹⁷ E angustiarei os homens, que andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor; e o seu sangue se derramará como pó, e a sua carne será como esterco.

 

¹⁸ Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da indignação do Senhor, mas pelo fogo do seu zelo toda esta terra será consumida, porque certamente fará de todos os moradores da terra uma destruição total e apressada.

 

Capítulo 7: Os Selados e os Redimidos

Os 144.000 (7:1-8)

Antes de novos juízos, os servos de Elohim são selados. São 144.000, das 12 tribos de Israel.

Como em Yechezkel 9:4 (Ezequiel - E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela.

 

Essa marca simboliza proteção.

Elohim sempre mantém fidelidade à Sua aliança com Israel — esse selo é prova disso.

 

A Grande Multidão (7:9-17)

Uma multidão incontável, de todas as nações, está diante do trono, vestida de branco. Clamam:

"A salvação pertence ao nosso Elohim, e ao Cordeiro!" (7:10)

São os que saíram da grande tribulação, lavados no sangue do Cordeiro. Não terão mais fome nem sede, pois o Cordeiro será seu pastor, e Elohim enxugará toda lágrima.

 

Aplicações Práticas

 

1. Elohim/D'us está no controle
Nada escapa à Sua soberania.
Tudo que ocorre na história está dentro do Seu plano.

 

2. A redenção custou um alto preço
Yeshua, o Cordeiro, foi imolado por nós.

Não há glória sem sacrifício.

 

3. O juízo é real
Guerras, crises e perseguições fazem parte do
processo de juízo e purificação da história.

 

4. Elohim/D'us é fiel a Israel e às nações
A aliança com Israel permanece viva, mas há lugar para todos os que creem no Messias.

 

5. Há recompensa para os fiéis
Aqueles que perseveram
estarão para sempre com Elohim/D'us, em consolo, segurança e plenitude.

 

Que essas palavras fortaleçam sua fé, reacendam sua esperança e aprofundem sua adoração enquanto aguardamos a gloriosa volta de nosso Cordeiro e Rei, Yeshua HaMashiach


terça-feira, 1 de julho de 2025

Descobrindo e Vivendo a Vontade de Deus

Assim que alguém tem um encontro genuíno com o Messias, uma pergunta inevitável toma conta do coração:


E agora? O que Deus quer de mim?”


Essa busca por propósito, direção e sentido é natural. Queremos entender nosso chamado, dons, vocação e nosso lugar no Reino.


1. O Clamor Interior: “Qual é a vontade de Deus para minha vida?”


Assim como um trabalhador novo que, ao chegar no emprego, não recebe nenhuma instrução, também nos sentimos deslocados sem saber o que fazer espiritualmente. O sentimento de inutilidade pesa.


Deus não nos criou para a ociosidade, mas para a ação com propósito (Efésios 2:10).

Por isso, se essa inquietação está em seu coração, saiba: você está no lugar certo.


Hoje, o Eterno deseja falar contigo.


2. Falsas Percepções Sobre a Vontade de Deus.

Muitos creem que a vontade de Deus é:


a) Um Mistério Oculto

Como se fosse um mapa do tesouro escondido, em que Deus diz: “está quente” ou “está frio”.


Mas a Escritura é clara:

“A palavra está muito perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a cumprires” (Deuteronômio 30:14).


b) Algo Indesejável

Alguns acham que, se é da vontade de Deus, deve ser algo que não gostamos.

Isso distorce o caráter do Pai, que é bom:

“O plano do Senhor permanece para sempre; os propósitos do seu coração por todas as gerações” (Salmo 33:11).


c) Apenas Para os Sorteados

Como se fosse um bilhete de loteria espiritual.


Mas Deus não age com favoritismo:

“Pois Deus não faz acepção de pessoas” (Romanos 2:11).


d) Um Único Ponto a Ser Descoberto

A famosa “teologia do ponto”: só existe uma pessoa, um trabalho, uma casa...


Isso gera ansiedade. Mas a vontade de Deus é um caminho      (Salmo 25:4), não um único ponto.

É um estilo de vida guiado pela Palavra e pelo Espírito, não um jogo de adivinhação.


3. Comece com o Desejo de Obedecer.

a) Davi clamou:

“Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus!”                  (Salmo 143:10)


Ele não pediu para apenas entender a vontade, mas para fazê-la.

Isso nos mostra que a vontade de Deus não é apenas para ser contemplada, mas obedecida.


b) Yeshua nos deu o maior exemplo:

“Não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22:42).

“Minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e completar a sua obra” (João 4:34).


4. Duas Dimensões da Vontade de Deus.

a) Vontade Soberana (Eterna e Inalterável)

Essa é a vontade que rege os eventos globais. Ninguém a impede.

Ex: A vinda do Messias, o julgamento final, o Reino futuro.


“O conselho do Senhor permanece para sempre” (Salmo 33:11).


b) Vontade Revelada (Para nós)

Esta é aquela que Deus espera que conheçamos e obedeçamos.

Ela está registrada com letras eternas nas Escrituras.


“A tua palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho” (Salmo 119:105).


5 Passos Para Entrar na Vontade de Deus

I – A vontade de Deus é que você seja salvo.

“Deus, nosso Salvador, quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.” (1 Timóteo 2:3-4)


A salvação é o primeiro passo para estar na vontade de Deus.

Sem novo nascimento, ninguém pode entender ou viver a vontade do Pai (João 3:3).


Autoavaliação:

Tenho evidências reais de nova vida?

Amo a Deus e odeio o pecado?

Desejo crescer na verdade ou apenas cumprir rituais?


II – A vontade de Deus é que você seja cheio do Espírito Santo.

“Não vos embriagueis com vinho, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5:18).


Ser cheio é estar sob o controle do Espírito, como as velas de um navio guiadas pelo vento.

Jesus promete o Espírito Santo àqueles que pedirem (Lucas 11:13).


“Andai no Espírito e jamais satisfareis os desejos da carne”    (Gálatas 5:16).


III – A vontade de Deus é a sua santificação.

“Porque esta é a vontade de Deus: a vossa santificação.”

(1 Tessalonicenses 4:3)


Ser santo é ser separado do pecado.

Nos versículos seguintes (v. 4-7), Paulo orienta:


Use seu corpo para honrar a Deus.

Viva diferente do mundo.

Seja justo e honesto com o próximo.

Você foi chamado para ser santo, não impuro.


“Sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14).


IV – A vontade de Deus é que você se submeta a Ele.

“Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7).


A submissão não é uma imposição, mas um gesto voluntário de amor e confiança.


Razões para nos submetermos (Tiago 4:1-10):

Vencemos desejos destrutivos (v.1-2).

Paramos de pedir mal (v.3).


Rompemos com o mundo (v.4).

Recebemos graça (v. 6).


Resistimos ao diabo (v. 7).

Deus nos exalta no tempo certo (v. 10).


V – A vontade de Deus é que sejamos gratos.

“Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Ts 5:18).


Gratidão é o termômetro da nossa confiança em Deus.

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28).


Concluindo: Vontade de Deus, um Caminho Revelado.

“Rogo-vos… que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus… E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente…”      (Romanos 12:1-2)


A vontade de Deus não é um enigma, mas um caminho claro:


Salvação.

Plenitude do Espírito.

Santificação.

Submissão.

Gratidão.


Ela é “boa, perfeita e agradável”, e já está revelada em Sua Palavra.


Um pequeno comentário de um sábio sobre Deuteronômio 30:14 é profundamente relevante:


“A palavra está muito próxima de ti” – Aqui aprendemos que a Torá não foi dada para ser impossível de cumprir.

Ela está acessível, ao alcance, nas ações e no coração. Esse princípio se aplica à vontade de Deus revelada nas Escrituras – não está longe, mas perto e praticável.

Se você deseja viver dentro da vontade de Deus, comece hoje:

Arrependa-se, creia, se entregue, busque o Espírito Santo, consagre-se e seja grato.

A vontade de Deus não está escondida de você.

ESTÁ DIANTE DE SEUS OLHOS!


sábado, 28 de junho de 2025

A Revelação de Yeshua o Messias- Resumo capitulos 1 à 3

 

Apocalipse: A Revelação de Yeshua o Messias

O livro de Apocalipse, cujo nome em grego é Apokalypsis, significa "revelação" ou "desvelamento". É a revelação de Yeshua HaMashiach (Jesus o Messias), e não primariamente um livro de enigmas indecifráveis, embora contenha simbolismos ricos. João, o apóstolo, escreveu este livro enquanto exilado na ilha de Patmos, por causa da Palavra de Elohim (Deus) e do testemunho de Yeshua.


Capítulo 1: A Visão do Messias Glorificado

O primeiro capítulo nos apresenta a majestosa e gloriosa visão de Yeshua. João não vê um Messias sofredor, mas sim o Soberano de tudo, aquele que tem as chaves da morte e do Sheol (sepultura).

  • Versículos 1-3: A Fonte da Revelação e a Bem-Aventurança A revelação é dada por Elohim a Yeshua, que a transmite por meio de seu anjo a João. Há uma bem-aventurança especial para quem lê, ouve e guarda as palavras desta profecia. Isso indica que o livro foi feito para ser compreendido e aplicado.

  • Versículos 4-8: Saudação e Declaração da Soberania do Messias João saúda as sete comunidades messiânicas na Ásia Menor. Yeshua é apresentado como a "Testemunha Fiel", o "Primogênito dos mortos" e o "Soberano dos reis da terra". Ele é aquele que nos amou, nos lavou de nossos pecados por seu sangue e nos fez "reino e sacerdotes para Elohim e seu Pai" (Apocalipse 1:5-6). Essa linguagem ecoa o conceito de Israel como um reino de sacerdotes em Êxodo 19:6, mostrando a continuidade da aliança através do Messias. A declaração "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o transpassaram" (Apocalipse 1:7) remete a Daniel 7:13 e Zacarias 12:10, apontando para sua segunda vinda e o reconhecimento por parte de Israel.

  • Versículos 9-20: A Visão do Filho do Homem João, estando em Patmos "no dia do Senhor" (provavelmente o Shabat, o dia do Senhor em sua essência, ou um dia especial de revelação), ouve uma grande voz e se vira para ver. A descrição de Yeshua é rica em simbolismo judaico:

    • Vestes talares (Atire - um manto sacerdotal) e cinto de ouro no peito: Símbolo de sua autoridade sacerdotal e realeza.

    • Cabelos brancos como lã: Símbolo de antiguidade e sabedoria, como visto em Daniel 7:9.

    • Olhos como chama de fogo: Penetração, discernimento e juízo.

    • Pés semelhantes a bronze polido, como que queimado na fornalha: Firmeza, pureza e juízo divino.

    • Voz como de muitas águas: Autoridade e poder irresistível.

    • Sete estrelas na mão direita: Representam os anjos (mensageiros) ou líderes das sete comunidades messiânicas.

    • Espada afiada de dois gumes saindo da boca: Sua Palavra que julga e discerne (Hebreus 4:12).

    • Rosto como o sol brilhando em sua força: Glória e majestade inatingíveis.

    • Ele segura as chaves da morte e do Hades: Autoridade sobre a vida e o juízo final.

    Essa visão estabelece a autoridade de Yeshua sobre sua comunidade e sobre toda a criação, sendo Ele o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último (Apocalipse 1:17-18), ecoando as descrições de Elohim em Isaías 44:6.


Capítulos 2 e 3: As Mensagens às Sete Comunidades Messianicas

As sete comunidades messiânicas eram comunidades literais na Ásia Menor, mas também representam diferentes estágios ou tipos de comunidades ao longo da história. As mensagens seguem um padrão:

  1. Destinatário: "Ao anjo (mensageiro/líder) da comunidade em..."

  2. Auto-revelação de Yeshua: Uma característica específica da visão do capítulo 1.

  3. Conheço as tuas obras: Yeshua conhece profundamente a realidade de cada comunidade.

  4. Elogios: Aspectos positivos.

  5. Críticas (se houver): Problemas a serem corrigidos.

  6. Exortação/Advertência: Chamado ao arrependimento e ação.

  7. Promessa: Para aquele que vencer.

  8. Chamado universal: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às comunidades."

Vamos ver um resumo de cada uma:

1. Éfeso: A Comunidade que Perdeu o Primeiro Amor (Apocalipse 2:1-7)

  • Elogio: Perseverança, rejeição de falsos apóstolos (como os nicolaítas, grupo com doutrinas e práticas imorais).

  • Crítica: Deixaram o primeiro amor (o fervor inicial, a paixão por Yeshua e uns pelos outros).

  • Exortação: Lembrar de onde caíram, arrepender-se e praticar as primeiras obras.

  • Promessa: Comer da árvore da vida no Paraíso de Elohim (Gênesis 3:22).

2. Esmirna: A Comunidade Sofredora e Fiel (Apocalipse 2:8-11)

  • Elogio: Rica na fé, apesar da pobreza material e da perseguição (da "sinagoga de Satanás", referindo-se a judeus não messiânicos que perseguiam os crentes).

  • Crítica: Nenhuma.

  • Exortação: Ser fiel até a morte.

  • Promessa: Receber a coroa da vida e não sofrer o dano da segunda morte.

3. Pérgamo: A Comunidade Onde Satanás Habita (Apocalipse 2:12-17)

  • Elogio: Mantinham o nome de Yeshua e não negaram a fé, mesmo onde "está o trono de Satanás" (provavelmente uma referência ao culto imperial ou a rituais pagãos).

  • Crítica: Permitia a doutrina de Balaão (compromisso com a idolatria e imoralidade, Números 25) e a doutrina dos nicolaítas.

  • Exortação: Arrependimento.

  • Promessa: Comer do maná escondido e receber uma pedra branca com um novo nome (símbolos de provisão divina e nova identidade/redenção).

4. Tiatira: A Comunidade Tolerante ao Mal (Apocalipse 2:18-29)

  • Elogio: Obras, amor, fé, serviço, paciência e que as últimas obras são maiores que as primeiras.

  • Crítica: Tolerava a "mulher Jezabel", que se dizia profetisa e ensinava e seduzia os servos de Yeshua à imoralidade e à idolatria (1 Reis 16:31, 21:25).

  • Exortação: Arrependimento para Jezabel e seus seguidores; manter o que têm para os fiéis.

  • Promessa: Autoridade sobre as nações e receber a "estrela da manhã" (o próprio Yeshua, 2 Pedro 1:19).

5. Sardes: A Comunidade Morta (Apocalipse 3:1-6)

  • Crítica: Tinha nome de que vivia, mas estava morta. Faltava a compleição das obras.

  • Elogio: Alguns poucos que não contaminaram suas vestes.

  • Exortação: Ser vigilante, fortalecer o que resta, lembrar como recebeu e ouviu a Palavra e guardá-la, arrepender-se. Caso contrário, Yeshua viria como ladrão.

  • Promessa: Vestir-se de branco, ter seu nome não riscado do livro da vida, e ser confessado diante de Elohim e seus anjos.

6. Filadélfia: A Comunidade Fiel e Perseverante (Apocalipse 3:7-13)

  • Elogio: Pouca força, mas guardou a Palavra de Yeshua e não negou seu nome. Foi fiel e perseverante.

  • Crítica: Nenhuma.

  • Exortação: Guardar o que têm para que ninguém tome sua coroa.

  • Promessa: Ser coluna no templo de Elohim, com o nome de Yeshua, o nome da nova Jerusalém e o novo nome de Yeshua gravados nele. Uma porta aberta que ninguém pode fechar.

7. Laodiceia: A Comunidade Morna e Autossuficiente (Apocalipse 3:14-22)

  • Crítica: Morna (nem fria nem quente), nem útil, e se considerava rica e sem necessidade de nada, mas Yeshua a via como miserável, pobre, cega e nua.

  • Exortação: Comprar de Yeshua ouro refinado pelo fogo (fé verdadeira), vestes brancas (justiça) e colírio para os olhos (discernimento espiritual). Arrepender-se e ser zeloso. Yeshua está à porta e bate.

  • Promessa: Sentar-se com Yeshua em seu trono, como ele venceu e se assentou com o Pai em seu trono.


Conexões e Aplicações Práticas

  • A Soberania de Yeshua: Do início ao fim, Yeshua é apresentado como o Messias Glorificado, o Senhor da história e da sua comunidade. Ele conhece as obras de cada um, seus desafios e suas necessidades.

  • A Importância da Fidelidade: As mensagens às comunidades destacam a necessidade de fidelidade (Emunah) a Yeshua e à sua Palavra, mesmo em meio à perseguição, heresias e acomodação.

  • O Chamado ao Arrependimento (Teshuvah): Para as comunidades que se desviaram, o chamado ao arrependimento é claro e urgente. Não há espaço para a estagnação espiritual.

  • Perseverança e Recompensa: Aqueles que vencem, que perseveram na fé e nas boas obras, recebem promessas maravilhosas, que se estendem à vida eterna e à participação no Reino do Messias.

  • Relevância para Hoje: Embora escritas para comunidades específicas, essas mensagens são atemporais. Elas nos desafiam a examinar a nós mesmos e as comunidades das quais fazemos parte: estamos perdendo o primeiro amor? Somos fiéis na tribulação? Toleramos o erro? Estamos espiritualmente mortos ou mornos?

domingo, 22 de junho de 2025

Quando Yeshua Entra na História: Uma Intervenção Divina em Marcos 9:14-27


Marcos 9:14-27

¹⁴ E, quando se aproximou dos discípulos, viu ao redor deles grande multidão, e alguns escribas que disputavam com eles.

¹⁵ E logo toda a multidão, vendo-o, ficou espantada e, correndo para ele, o saudaram.

¹⁶ E perguntou aos escribas: Que é que discutis com eles?

¹⁷ E um da multidão, respondendo, disse: Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo;

¹⁸ E este, onde quer que o apanhe, despedaça-o, e ele espuma, e range os dentes, e vai definhando; e eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.

¹⁹ E ele, respondendo-lhes, disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei ainda? Trazei-mo.

²⁰ E trouxeram-lho; e quando ele o viu, logo o espírito o agitou com violência, e, caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, espumando.

²¹ E perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse-lhe: Desde a infância.

²² E muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós, e ajuda-nos.

²³ E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê.

²⁴ E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade.

²⁵ E Jesus, vendo que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e não entres mais nele.

²⁶ E ele, clamando, e agitando-o com violência, saiu; e ficou o menino como morto, de tal maneira que muitos diziam que estava morto.

²⁷ Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou. 


Introdução: O Efeito da Intervenção Divina

Amados, a vida está repleta de eventos que desafiam nossa compreensão natural. São fenômenos que a ciência, com todo o seu avanço, não consegue explicar: comas irreversíveis que se revertem, doenças incuráveis que desaparecem, tumores que se desvanecem. Nós, em nossa linguagem, chamamos a isso de milagres. A Torá (Instruções) e os Profetas, e depois a B'rit Chadashá (Novo Testamento), estão repletas desses relatos: cegos que veem, coxos que andam, e até mesmo os mortos que retornam à vida. Mas, ao contrário das explicações humanas, a Palavra de Hashem (O Nome, D'us) nos dá a verdadeira razão para esses acontecimentos extraordinários: os milagres ocorrem porque o Eterno, Bendito seja Ele, decide intervir na história humana. Milagres são a manifestação da presença ativa de Adonai em nosso mundo.

O texto de Marcos 9:14-27 nos apresenta uma dessas intervenções divinas, um cenário de profunda aflição. Vemos um menino que, desde a infância, sofria com convulsões severas, resultado da opressão de um espírito maligno. Essa condição, para o povo judeu daquela época, não era vista apenas como uma doença física, mas como uma evidência da influência de forças espirituais malignas. 

A Torá, em Deuteronômio 28, já apontava que algumas doenças poderiam ser consequências de desobediência, e o Livro de Enoque, embora não canônico, amplia a compreensão sobre a origem de muitos males através da ação de espíritos.

O pai desse menino havia buscado ajuda repetidamente, mas suas tentativas foram infrutíferas. A desesperança certamente se acumulava. Contudo, a narrativa muda radicalmente quando ele traz seu problema diante de Yeshua, o Messias. É nesse momento que a libertação e a cura se manifestam. Esta passagem nos revela verdades profundas sobre a intervenção de Yeshua em nossa história pessoal e coletiva.


1. O Impossível Torna-se Possível com Yeshua (Jesus)

Aquele pai testemunhava o sofrimento de seu filho desde a tenra idade. A situação parecia uma realidade imutável, uma sentença sem fim. A frustração, a impotência, o desespero — tudo isso devia pesar sobre seu coração. No entanto, mesmo diante de anos de decepções, ele não perdeu a última centelha de esperança e buscou a Yeshua. É crucial notar que a chegada de Yeshua muda o curso da história daquele menino.

O ensinamento rabínico frequentemente nos lembra da perseverança na oração e na busca por Hashem, mesmo quando a resposta parece distante. Como Rashi comenta sobre diversas passagens da Torá, a fé em Hashem é o fundamento para se ver o impossível se tornar realidade. Assim, quando Yeshua entra na história, o que era considerado difícil, ou mesmo humanamente impossível, acontece.

Para a Reflexão Prática: Você carrega em seu coração alguma situação que parece intransponível, uma montanha que não pode ser movida? Um problema familiar, uma doença crônica, uma dívida esmagadora, um relacionamento desfeito? A Palavra de Deus nos convida a trazer essas impossibilidades a Yeshua. Ele é o El Shaddai, o Deus Todo-Poderoso, para quem nada é difícil demais. Traga Yeshua para a sua história e testemunhe a Sua intervenção.


2. Yeshua nos Ampara em Nossa Luta com a Fé

Após inúmeras tentativas falhas e um longo período de espera, a esperança humana pode se esvair. O coração daquele pai estava dividido, uma mistura complexa de fé e incredulidade. Ele acreditava na capacidade de Yeshua para curar, mas ao mesmo tempo, havia um receio, um temor de que a libertação não acontecesse para seu filho. Sua declaração "Eu creio, ajuda a minha incredulidade!" () é um grito honesto que ecoa em muitos de nós.

Yeshua, com sua rachamim (compaixão) e chesed (amor leal), não repreendeu a dúvida sincera daquele homem. Pelo contrário, Ele o amparou em sua fragilidade. O Messias entende nossas lutas internas, as batalhas que travamos entre o que cremos e o que sentimos. Como o Rabino Yossef Baruch frequentemente enfatiza, Hashem é paciente com nossa humanidade.

Para a Reflexão Prática: Você se encontra em um lugar onde a fé parece escassa, onde as dúvidas se levantam como gigantes? A experiência daquele pai nos ensina que podemos ser honestos com Yeshua sobre nossa falta de fé. Não precisamos fingir uma fé que não temos. Ele não nos despreza; Ele nos ajuda a crer. Traga Yeshua para a sua história e peça a Ele que fortaleça sua fé.


3. A Sinceridade: Um Caminho para a Intervenção de Yeshua

A beleza da interação entre Yeshua e o pai do menino reside na total sinceridade do pai. Ele não tentou esconder suas hesitações ou sua dificuldade em crer plenamente. Ele expôs sua alma, com suas crenças e suas dúvidas. Essa vulnerabilidade abriu a porta para a intervenção divina.

Como aprendemos nas Mishneh Torah (Leis da Torá) e nos ensinamentos dos sábios, a teshuvá (arrependimento e retorno a Hashem) genuína começa com a sinceridade. Não podemos nos apresentar a Adonai com máscaras ou pretensões. Se desejamos que Yeshua entre verdadeiramente em nossa história, precisamos nos despir de orgulho e pretensão. Não esconda suas dificuldades, seus defeitos, seus pecados, suas dores mais profundas. A luz de Yeshua só pode penetrar onde há honestidade.

Para a Reflexão Prática: Você está disposto(a) a ser completamente sincero(a) com Yeshua? A expor suas fraquezas, seus erros, suas decepções, suas feridas? A sinceridade é o ponto de partida para a verdadeira transformação e para a manifestação do poder de Yeshua em sua vida.


Conclusão: Um Convite à Intervenção de Yeshua

Amados, a história do menino em Marcos 9 é um convite claro à intervenção de Yeshua em nossas vidas. Queremos que Yeshua entre em sua história? Precisamos de Sua ajuda, de Sua libertação e de Sua cura? Estamos dispostos(as) a ser sinceros(as) com Ele e a permitir que Ele trabalhe em nós, transformando o que for preciso?

Lembre-se que Yeshua não é apenas um taumaturgo, mas o Messias de Israel, que veio para restaurar todas as coisas e nos reconciliar com o Pai. Sua entrada em nossa história não é apenas para resolver problemas, mas para nos levar a uma relação mais profunda com Hashem.

Se você sente o chamado para trazer Yeshua para sua história de forma mais profunda, para entregar a Ele suas impossibilidades, suas dúvidas e sua sinceridade, convido você a levantar a mão. Vamos orar juntos, buscando a intervenção dAquele que transforma o impossível em realidade, fortalece a fé fraca e acolhe o coração sincero.

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Diz o tolo em seu coração: Não há Deus! Salmo 14

Shalom! Que a paz de Yeshua esteja sobre você.


É uma honra e um privilégio mergulhar nas profundezas do Salmo 14, um texto que, carrega uma mensagem poderosa e atemporal. 


Vamos analisá-lo verso por verso, buscando a compreensão que o Ruach HaKodesh (Espírito Santo) nos pode conceder, conectando-o com a Torá (Instruções - AT) e a B'rit Chadashá (Aliança Renovada - NT).


Estudo Verso por Verso do Salmo 14


Salmo 14:1 – "Diz o tolo em seu coração: 'Não há Deus.' Corrompem-se e cometem abominações; não há quem faça o bem."


Este primeiro verso nos apresenta a figura central do salmo: o tolo. A palavra hebraica aqui é נָבָל (navál). O Navál não é apenas alguém sem inteligência, mas sim uma pessoa que se recusa a reconhecer a soberania de Elohim (Deus) e vive de forma moralmente corrupta. 


Rashi, em seus comentários sobre a Torá, muitas vezes enfatiza a conexão entre a negação de Deus e a prática da iniquidade. 

O tolo, em seu coração, não está apenas fazendo uma declaração intelectual de ateísmo, mas está vivendo como se Deus não existisse ou como se Ele não fosse digno de obediência. 


Essa atitude leva à corrupção e à prática de abominações, atos que são detestáveis aos olhos de HaShem (O Nome - D'us).

O resultado é claro: "não há quem faça o bem", pois a fonte de todo o bem é o próprio Adonai.


No Novo Testamento, o apóstolo Paulo ecoa essa verdade em Romanos 1:21-23 e 28-32, onde descreve a degeneração moral daqueles que, conhecendo a Deus, não o glorificaram nem lhe deram graças, entregando-se à depravação e à prática de toda sorte de maldade. 


A negação de Deus, seja explícita ou prática, sempre resulta em um desvio do caminho da retidão.


Salmo 14:2 – "O Senhor olha desde os céus para os filhos dos homens, para ver se há alguém que entenda, alguém que busque a Deus."


Aqui vemos um contraste marcante. Enquanto o tolo nega a Deus, HaShemestá ativamente observando a humanidade. 

A imagem de "o Senhor olha desde os céus" remete à onisciência de Elohim. 


Ele perscruta os corações dos "filhos dos homens" (בְּנֵי אָדָם - b'nei Adam) com uma pergunta clara: "Há alguém que entenda, alguém que busque a Deus?"

A palavra "entenda" (שׂכל - sakál) não se refere apenas à compreensão intelectual, mas a uma sabedoria prática que leva à ação correta.


Buscar a Deus (דָּרַשׁ אֱלֹהִים - darash Elohim) implica em uma procura ativa por Sua vontade, Sua presença e Seus caminhos, como instruído em Deuteronômio 4:29: "Mas de lá buscarás ao Senhor teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma."


Esta vigilância divina é um tema recorrente tanto na Torá, onde Adonai observa as ações de Seu povo e das nações, quanto na B'rit Chadashá, que nos revela que Ele está sempre atento aos corações daqueles que O buscam de verdade (Mateus 7:7-8).


Salmo 14:3 – "Todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há quem faça o bem, nem um sequer."


Este verso é um eco do primeiro e intensifica a constatação da corrupção universal.

A expressão "Todos se desviaram" (הַכֹּל סָר - hakol sar) indica um afastamento do caminho reto, do caminho de HaShem.

Eles "igualmente se corromperam" (נֶאֱלָחוּ יַחְדָּו - ne'elachu yachdav), sugerindo uma podridão generalizada.


A repetição enfática "não há quem faça o bem, nem um sequer" (אֵין עֹשֵׂה טוֹב אֵין גַּם אֶחָד - ein oseh tov ein gam echad) sublinha a totalidade da depravação humana fora da graça divina.


Esta passagem é citada pelo apóstolo Paulo em Romanos 3:10-12 como parte de sua argumentação sobre a pecaminosidade universal da humanidade, tanto judeus quanto gentios, para mostrar a necessidade da justificação pela fé em Yeshua HaMashiach (Jesus o Messias).

Sem a intervenção divina, a humanidade está perdida em sua própria inclinação para o mal.


Salmo 14:4 – "Porventura não têm conhecimento todos os que praticam a iniquidade, os que devoram o meu povo como quem come pão, e não invocam ao Senhor?"


Aqui, a pergunta é retórica e carregada de indignação divina. "Porventura não têm conhecimento" (הֲלֹא יָדְעוּ - halo yade'u)?


A palavra "conhecimento" (יָדַע - yad'a) aqui implica não apenas em informação, mas em uma compreensão relacional e experiencial. Aqueles que "praticam a iniquidade" (פֹּעֲלֵי אָוֶן - po'alei áven) agem deliberadamente, apesar de terem, em algum nível, a capacidade de conhecer o certo.


A imagem de "devoram o meu povo como quem come pão" é vívida e chocante, descrevendo a opressão e a destruição que os ímpios infligem sobre o povo de Adonai com a mesma facilidade e naturalidade com que alguém come seu alimento.


A frase "e não invocam ao Senhor" (וְאֶל יְהוָה לֹא קָרָאוּ - ve'el YHVH lo kar'au) revela a causa raiz de sua maldade: a ausência de uma relação com HaShem.

Eles não clamam a Ele, não buscam Sua ajuda, nem Sua orientação, vivendo em total autossuficiência e rebeldia.


Este comportamento é contrastado com a Torá, que exorta constantemente o povo de Israel a invocar o nome de Adonai em todas as suas aflições (Deuteronômio 4:7).


Salmo 14:5 – "Ali se acharam em grande temor, porque Deus está com a geração dos justos."


De repente, a cena muda. O medo (פַּחַד - pachad) atinge os malfeitores. "Ali se acharam em grande temor" (שָׁם פָּחֲדוּ פַחַד - sham pachadu pachad) sugere um pavor súbito e inesperado, que pode ser o resultado da intervenção divina.


A razão desse terror é revelada na segunda parte do verso: "porque Deus está com a geração dos justos" (כִּי אֱלֹהִים בְּדוֹר צַדִּיק - ki Elohim b'dor tzadik).


A palavra "justos" (צַדִּיק - tzadik) se refere àqueles que são retos e vivem em conformidade com a vontade de HaShem. A presença de Elohim com os justos é a garantia de sua segurança e, ao mesmo tempo, a causa do pânico dos ímpios.

A presença divina é uma fonte de consolo e proteção para os que buscam a Adonai, e uma fonte de terror para aqueles que se opõem a Ele.


Na B'rit Chadashá, vemos essa verdade manifestada na vida de Yeshua e seus discípulos. Aqueles que estão em Cristo têm a promessa da presença de Deus (Mateus 28:20), e essa presença é uma barreira contra o mal, trazendo julgamento para os ímpios.


Salmo 14:6 – "Envergonhais o conselho do pobre, mas o Senhor é o seu refúgio."


Este verso aponta para a opressão social. Os ímpios "envergonham o conselho do pobre" (עֵצַת עָנִי תָבִישׁוּ - etzat ani tavishu).

A palavra "conselho" (עֵצָה - etzah) pode se referir aos seus planos, à sua esperança ou até mesmo à sua fé em HaShem. Eles desprezam e ridicularizam a confiança do pobre em Deus. Essa atitude é uma manifestação direta da maldade descrita nos versos anteriores.


No entanto, a segunda parte do verso oferece a esperança: "mas o Senhor é o seu refúgio" (כִּי יְהוָה מַחְסֵהוּ - ki YHVH machasehu).

A palavra "refúgio" (מַחְסֶה - machaseh) significa um lugar de proteção e segurança. Embora os ímpios tentem abalar a fé do oprimido, Adonai permanece fiel como o protetor e abrigo daqueles que Nele confiam.


Este tema é profundamente enraizado na Torá, onde HaShem demonstra repetidamente Sua preocupação com os pobres e necessitados (Deuteronômio 15:7-11).


Yeshua também enfatizou a importância de cuidar dos pobres e oprimidos (Mateus 25:31-46).


Salmo 14:7 – "Oh, quem dera que de Sião viesse a salvação de Israel! Quando o Senhor fizer voltar os cativos do seu povo, então se regozijará Jacó, e se alegrará Israel."


Este verso final é uma oração fervorosa e um anseio pela redenção. "Oh, quem dera que de Sião viesse a salvação de Israel!" (מִי יִתֵּן מִצִּיּוֹן יְשׁוּעַת יִשְׂרָאֵל - mi yiten miTzion yeshuat Yisra'el!) Sião, sendo o monte onde o Templo estava localizado, é um símbolo da presença de Adonai e do centro de Sua intervenção redentora.


A palavra "salvação" (יְשׁוּעָה - yeshu'ah) é a mesma raiz do nome de Yeshua.

Há um anseio pela intervenção divina que traria libertação e restauração completa.


A segunda parte do verso profetiza um tempo de grande alegria: "Quando o Senhor fizer voltar os cativos do seu povo, então se regozijará Jacó, e se alegrará Israel."


A referência a "fizer voltar os cativos" (בְּשׁוּב יְהוָה שְׁבוּת עַמּוֹ - b'shuv YHVH shevut ammo) aponta para a restauração completa, seja do exílio físico ou da escravidão espiritual. Esta é uma promessa de redenção messiânica.


O retorno dos cativos não é apenas um evento histórico, mas uma imagem da libertação final do pecado e da morte que Yeshua proporcionou.


Esta oração e profecia encontra seu cumprimento em Yeshua HaMashiach, que veio de Sião (Jerusalém) para trazer a verdadeira salvação a Israel e a todas as nações. Ele é a Yeshu'ah prometida que liberta os cativos do pecado e traz alegria e regozijo eterno para aqueles que creem Nele (Lucas 1:68-69; Romanos 11:26-27).


Yeshua a esperança de Israel.


Conexões Espirituais e Aplicações Práticas


O Salmo 14 é um espelho que nos confronta com a realidade da depravação humana e, ao mesmo tempo, nos aponta para a soberania e a justiça de HaShem.

Ele nos lembra que a negação de Deus, em sua essência, leva à corrupção e à opressão.


A Realidade do Pecado: O salmo reafirma a verdade bíblica da pecaminosidade universal, destacada por Paulo em Romanos.

Ninguém está imune à inclinação para o mal sem a graça de Deus.


A Soberania de Deus: Mesmo quando o mundo parece estar mergulhado na escuridão, Adonai está nos céus, observando, agindo e protegendo os Seus.


A Esperança no Messias: O clamor por Yeshu'ah vinda de Sião aponta diretamente para Yeshua HaMashiach.

Ele é a resposta divina para a condição caída da humanidade, o único que pode trazer salvação verdadeira e restaurar a alegria a Israel e a todos os que Nele confiam.


Que este estudo aprofunde seu entendimento do caráter de Adonai e da necessidade da Yeshu'ah que Ele nos oferece em Yeshua!