O grito de abandono – John Stott (1921-2011)
Abr06
E houve trevas
sobre toda a terra, do meio-dia às três horas da tarde.
Por volta das
três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz:
"...Meu
Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?".
Mateus 27.45-46
Oe as três primeiras
palavras da cruz retratam Jesus como nosso exemplo, a quarta e, mais adiante, a
quinta o retratam como aquele que carrega o nosso pecado. A crucificação
ocorreu às 9 da manhã ("a hora terceira"), e as três primeiras
palavras da cruz parecem ter sido pronunciadas perto do início desse período.
Então houve silêncio. Por volta do meio-dia ("a hora sexta"), quando
o sol estava em seu meridiano, uma escuridão inexplicável se instalou
sorrateiramente na região rural.
Não pode ter sido um
eclipse natural do sol, porque a festa da Páscoa era comemorada na lua cheia.
Foi um fenômeno sobrenatural, talvez planejado por Deus para simbolizar o
horror da profunda escuridão na qual a alma de Jesus estava sendo lançada. A
escuridão durou três horas, tempo em que nenhuma palavra saiu da boca do
Salvador sofredor. Ele carregou nossos pecados em silêncio.
Então de repente, por volta
das 3 da tarde ("a hora nona"), Jesus rompeu o silêncio e pronunciou
as quatro palavras restantes da cruz em uma rápida sucessão, começando com
"Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?". Esse grito terrível é
registrado por Mateus e Marcos apenas, e no original aramaico está escrito:
"Eloí, Eloí, lama sabactâni?". Os espectadores que estavam ali
disseram: "Ele está chamando Elias" (v. 47). E quase certo que
estavam caçoando dele, pois nenhum judeu poderia desconhecer tanto o aramaico a
ponto de dizer tamanho disparate.
Todos concordam que Jesus
estava citando o Salmo 22.1. Mas porque ele o citou e declarou-se abandonado?
Há duas explicações possíveis: ou Jesus estava enganado e não fora abandonado,
ou estava dizendo a verdade. Eu, de minha parte, rejeito a primeira explicação.
Para mim é inconcebível que Jesus, no momento de sua maior entrega, pudesse ter
se enganado e que ser abandonado por Deus fosse imaginação dele.
A explicação alternativa é
simples e direta. Jesus não estava enganado. A situação da cruz era a de Deus
abandonado por Deus — e a separação deveu-se aos nossos pecados e sua justa
recompensa. Jesus expressou essa terrível experiência de sentir-se abandonado
por Deus citando o único texto da Escritura que faz essa profecia e que ele
cumpriu de modo perfeito.
Para saber mais:
Gálatas 3.6-14
JOSEMAR BESSA | MARCADORES: ARTIGO, ARTIGO TEOLÓGICO, ARTIGOS, ARTIGOS TEOLOGICOS, DEVOCIONAL, JOHN STOTT, THEOLOGIA CRUCIS, TOMAR A CRUZ, VIDA CRISTA, VIDA CRISTÃ, VIDA CRISTÃ
PRÁTICA
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