domingo, 26 de outubro de 2014

Perto do arrependimento - J. N Darby


Este é um assunto de extrema importância. Em Lucas 24:47 lemos que era necessário "pregar em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados em todas as nações começando em Jerusalém". Isto não se discute, mas chegou-se a pensar que o arrependimento antecede a fé, e isto debilitou a pregação, tanto entre nós quanto em outras partes. Todos nós podemos pender para um lado ou para outro, e deste modo, o verdadeiro lugar que tem o arrependimento obscureceu e a apresentação deste se debilitou. E nisso existe algo nocivo: os direitos de Deus são deixados de lado e diminuídos.



No presente, Deus reúne aos seus com prontidão, se posso me expressar deste modo: "O Senhor vem e ai de nós se dissermos que ele difere sua vinda! Deus rapidamente retira do mundo seus herdeiros, assim como no passado quando foi proclamar: "Sejam salvos dessa perversa geração (Atos 2:40) Então, Jerusalém seria destruída, Deus "agora manda a todos os homens em todo lugar, que se arrependam; pois estabeleceu um dia em que julgará ao mundo com justiça, por aquele homem respeitável a quem designou" para ele (Atos 17:30-31)
Deus exige o arrependimento e se ao pregar digo somente "Deus te ama, tú és um pobre pecador; aqui a graça está disponível para tí" (ainda seguramente que eu diga), e deixe de lado o arrependimento, estarei deixando de lado a consciência de homem.
O arrependimento é julgarmos a nós mesmos perto de tudo o que temos feito e o que temos sido, é julgarmos na presença de Deus, pelo efeito da graça ou ainda, mesmo quando perde-se a graça, possa haver lugar para o arrependimento em virtude da lei. Mas se o arrependimento é colocado antes da fé, colocamos todo o fundamento sobre o qual nos apresentamos diante de Deus, pois então é algo que tenho que agir em meu próprio coração e sou incapaz de fazê-lo. Quando prego o arrependimento, devo pregá-lo em nome de Cristo e em virtude de estar sob a graça.
Uma vez voltado para Deus, me vejo cada dia mais claramente em luz plena; é o amor infinito que fez sobreabundar a graça onde o pecado vivia; quando apresento aos outros a mensagem de Deus, devo apresentar os direitos de Deus, dizendo: "Se não te arrependeres e voltastes a Deus, estarás perdido". Mas se em nome de Cristo chamo as pessoas ao arrependimento é necessário que elas acreditem em Cristo.
Deus manda que todos se arrependam, se as pessoas o não fazem verão o julgamento. Como homem, tú tens que prestar contas a Deus. E em que estado tu te encontras diante dele? Se teu coração não há mudado terá algo conveniente para Deus?
Mas se suplico a um homem enfrentando com a presença de Deus, com os direitos de Deus pesando sobre ele, e o faço em graça (uma graça perfeita) então ele retorna e se volta a Deus. O arrependimento deve ser pregado como aquilo que Deus exige do homem, mas unindo esta exigência á pessoa do Senhor Jesus Cristo. Evidentemente, tú não podes ter teus olhos abertos e fixos sobre o Senhor Jesus Cristo e não te aborrecer como pecador.

J. N. Darby

DEUS SABE TUDO SOBRE NÓS


E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois (Mateus 10:30-31)

Que palavra! Tudo o que lhe acontece, inclusive o número de cabelos que você tem, é do conhecimento de Deus.

Nada acontece por acaso ou acidente.

A queda de uma folha, a morte de um pardal, a aniquilação do mundo – tudo é percebido por Ele.

Os homens classificam as coisas em “grandes” e “pequenas”, mas Deus não faz tal distinção.

E como é lindo perceber o amoroso cuidado com o qual Deus se refere aos Seus filhos!

Cada alegria, dor, momentos fáceis e difíceis, nada passa despercebido.

O que podemos considerar erros e fracassos, situações que preferiríamos esquecer, até isso pode ser usado por Deus para Sua glória e nossa alegria.

COMO VOCÊ OLHA PARA O FUTURO?

VOCÊ VÊ TANTAS INCERTEZAS E MISTÉRIOS QUE SE SENTE OPRIMIDO?

 Confie nEle – “O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; é um escudo para todos os que nele confiam” (Salmo 18:30).

Nenhum fio de seu cabelo será desnecessariamente tocado.

Deus nos guia, às vezes por caminhos sombrios, às vezes por caminhos dolorosos, e frequentemente por trilhas que jamais escolheríamos; mas o “caminho de Deus é perfeito”, e sempre há amor neles.

O próprio Senhor Jesus trilhou o caminho mais tenebroso de todos, por causa de Seu indescritível amor. E Ele não irá impor sobre nós qualquer fardo que nos possamos carregar, e nem exigir nenhum sacrifício por capricho.

Extraído Devocional Boa Semente

O relativismo destrói a família!



Por Pr. Julio Quirino


"A homossexualidade não é o desenho original de Deus para a raça humana e não ajuda no desenvolvimento da humanidade" - Tim Keller

Vejam neste vídeo a tática dos ateus e liberais, na tentativa de redefinir o que família significa. O que está por trás deste debate? Primeiro, eles ridicularizam quem não aprova a homossexualidade e afirmam que tudo deve ser resumido ao amor. O relativismo se torna a "regra absoluta". De acordo com eles, o propósito do casamento e da vida humana se resume somente em "tentar ser feliz". A regra deles é simples, se Deus ou o sagrado está te impedindo de "ser feliz", então, remova a ideia de Deus da sua vida. Neste modelo, o individualismo se torna a força motriz de uma sociedade.

Se Deus ou o sagrado já não ditam mais as regras da sociedade, um outro "deus" tomará o seu lugar. O nome deste deus é "EU". Tudo o que EU quero fazer devera se tornar LEI.

Se o meu sentimento (o amor) é o que define uma família, então, se um indivíduo se apaixonar por um animal e, por exemplo, quiser se casar com o seu "cachorro, cavalo ou bode", eles seriam uma família? E se um homem ama uma criança de 4, 7 ou 9 anos? E se um homem ama 4 ou 10 mulheres ao mesmo tempo? ou se uma mulher ama 10 homens ao mesmo tempo? Ou se um gay ama 20 gays ao mesmo tempo? "Swing" poderia ser uma forma normal de se viver a vida? Seriam todos considerados "família"? Quem poderia provar que não existe amor entre eles? Quem poderia restringir estas demonstrações de "amor" e dizer que elas são erradas?

Quais seriam as consequências desastrosas da confusão psicológica e emocional nos filhos adotados por casais gays? E se estes casais gays se divorciam, quantos pais ou mães gays a criança terá? 4? Estamos dispostos a sacrificar estas crianças e usá-las como cobaias por causa de uma experiência social?

O que os defensores dos direitos gays querem dizer é que a humanidade estaria muito melhor se nos parássemos de insistir que a família é constituída somente de um homem, uma mulher e seus filhos (de acordo com o plano de Deus) e que nós deveríamos adotar o conceito deles (sem deus) de família na qual poderia incluir qualquer coisa.

Eles estão dizendo que o conceito deles é melhor do que o nosso. Eles estão querendo nos "converter" para a "religião" deles, que não tem um Deus, nem moral ou ética especifica. Neste modelo, você decide o que é melhor para a sua vida. Nesta religião ateísta, você se torna o seu próprio deus, o seu próprio salvador e você decide o seu próprio destino.

Qual o propósito da vida? Ser meu próprio deus ou encontrar ao único e verdadeiro Deus? Jesus disse que aqueles que querem "ser felizes" (salvar a sua própria vida) irão perde-la: "Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará. Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Marcos 8:35-36)

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Sobre o autor: Julio Quirino é pastor Batista e missionário no Quênia/África, onde faz um importante trabalho evangelístico - principalmente de muçulmanos - naquele país há quase 15 anos. Contatos: comunicacao@miaf.org.br

Fonte: Perfil do autor no Facebook
Divulgação: Bereianos

Os anciaos e os jovens - F. B. Hole

(1º Pedro 5:1-5)


"Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória. Rogo igualmente aos jovens: sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça."

Todos sabemos com que facilidade pode suscitar-se fricções entre os anciões e os jovens. Se uns e outros tomaram mais a serio a exortação que o apostolo Pedro lhes dirige em sua primeira epistola, as tensões no seio da Igreja de Deus cessariam e daria lugar à harmonia.
......O perigo de que se produzam fricções entre diferentes gerações existe sempre, mas nunca foi tão grande como na atualidade. Efetivamente, nestas ultimas décadas as transformações se sucederam a um ritmo tão veloz como nunca, e produziram consideráveis trocas de opiniões, hábitos e perspectivas durante o curso de uma só geração. Por sua vez os jovens são prejudicialmente instigados a pensar que seus pais são retrógrados e que seus avos são completamente antiquados. Por seu lado, as pessoas mais velhas tendem a considerar que os jovens, com suas novas idéias, são rebeldes.
Apascentar o rebanho de Deus
Pedro se dirige primeiramente aos anciões, pois estes, por causa de sua idade, tem uma responsabilidade muito maior. A exortação dirigida a eles é: “Apascentai o rebanho de Deus que esta entre vos”. Os anciões devem manifestar a seus irmãos mais jovens todo o cuidado que um pastor tem por suas ovelhas. Somente o amor de Deus vertido em seus corações pode produzir a vigilância que se requer para brindar tais cuidados. Por seu lado, os jovens crentes podem reconhecer nos cuidados que lhes brindam seus irmãos de maior idade, uma expressão do amor de Cristo, o Príncipe dos pastores, quem os recompensara ricamente por isso em Sua vinda.
É sumamente importante que os anciões exerçam sua autoridade espiritual de boa maneira e com espírito amável. Eles o poderão fazê-los se se estiverem as três condições expostas nos versículos 2 e 3: devem cumprir seu serviço voluntariamente e com animo pronto, sendo exemplos do rebanho. O fato de que é dirigida-nos estas exortações demonstra, ou ainda impulsados pelo desejo de obter poder e influencia.
Estar sujeito
Os jovens crentes devem prestar especial atenção ao versículo 5. um ancião pode estar bem disposto e mostrar cuidado no exercício da tarefa de supervisionar como convém, pode por em pratica o que recomenda aos demais e servir de exemplo, mas tudo isso sra inútil se os jovens não estão dispostos a escutá-los e sujeitar-se.
Cada jovem crente deveria recordar que se nos diversos campos do conhecimento humano se verifica um progresso tão grande que pode fazer que a geração precedente fique facilmente distanciada, não existe em evolução similar no campo da verdade que Deus revela. A maturidade espiritual é o fruto que provem sempre, e unicamente. Dos anos passados realmente na escola de Deus, quer dizer, o resultado do estudo de sua Palavra, completado e enriquecido pela experiência da vida cristã e do serviço para o Senhor.
Um jovem crente poderia ter muito zelo, energia, resistência e talvez faculdades intelectuais superiores as de um ancião; no entanto, servira melhor a seu Senhor se sujeita-se a recomendação impregnada da maturidade e da sabedoria de um ancião que, baixo os outros aspectos, pode estar em inferioridade de condições.
Tudo isso é fácil se prevalece à humildade espiritual. O versículo 5, falando de nossas relações mutuas, disse: “Todos submissos uns aos outros, revestidos de humildade”. Uma pessoa humilde de espírito não está cheia de si mesma, pelo tanto não se deixa arrastar facilmente para opor-se aos demais. E o que é também mais importante, não se opõe a Deus, “porque deus resiste aos soberbos e da graça aos humildes”.

F. B. Hole

Uma denominacao em uma cidade e' a igreja no local?


Não, uma denominação em uma determinada localidade não tem o mesmo status das igrejas que encontramos no Novo Testamento. As igrejas que nas epístolas vemos denominadas pela cidade ou região eram "a igreja" de Deus que estava naquelas cidades, tanto quanto um quartel ou "Tiro de Guerra" em uma cidade brasileira é o Exército Brasileiro naquela cidade, mesmo que abrigue apenas dois ou três soldados. 

É certo que essas denominações podem ter em seu meio muitos salvos, mas não são "a igreja" de Deus naquela localidade. Voltando ao exemplo do exército, se alguns soldados decidissem formar numa cidade um "Clube do Sargento Tainha" (tirei o nome de um gibi de minha época apenas para exemplo) eles poderiam fazê-lo. Mas se dissessem que aquilo era o Exército ou que teria qualquer representatividade como Exército Brasileiro seriam todos presos por amotinação. Uma decisão tomada numa assembleia local como eram as do Novo Testamento era respeitada por todas as assembleias em todo o mundo de então. Do mesmo modo, o que um quartel local faz afeta todo o Exército Brasileiro, mas o que os membros do "Clube do Sargento Tainha" fizerem não representa o modo de agir e pensar do Exército Brasileiro. 

Para entender por que uma denominação não pode ser biblicamente "a igreja" em uma localidade, basta entender que ao crer a pessoa é acrescentada ao corpo de Cristo, a única Igreja reconhecida por Deus. Isso é uma obra divina, não humana. "Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular." (1 Co 12:27)  

Em uma denominação você precisa se fazer membro dela por decisão sua, mesmo depois de já ter sido acrescentado ao corpo de Cristo quando creu. As decisões tomadas na filial local de uma denominação não têm a chancela do céu, porque não foram tomadas em nome do Senhor, mas em nome da organização ali representada e em nome da qual aquelas pessoas estão reunidas. A elas não estão sujeitos todos os salvos em toda a terra, como vemos acontecer na igreja do Novo Testamento (leia em Atos 15 e 16 como uma decisão tomada em uma assembleia afetava a todas elas). Não se pode atribuir a isso o que o Senhor expressou em Mat 18:20 "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." Existe uma exclusividade no nome do Senhor que não pode ser compartilhada com nenhum outro nome. 

Na cristandade o termo "igreja" é usado no sentido de uma organização à qual você se filia, ou mesmo a um edifício ao qual você vai para adorar a Deus (como era o templo de Jerusalém). Essas ideias não encontram qualquer respaldo na doutrina dos apóstolos. Extraí do livro "A ordem de Deus", de Bruce Anstey, o texto a seguir que mostra o absurdo de usarmos a palavra "igreja" para qualquer outra coisa que não sejam as próprias pessoas que Cristo salvou: 

"Uma irmã das Antilhas, que havia aprendido algo sobre a verdade da igreja, foi questionada pelo "Ministro" de uma denominação local da razão de ela não 'ir mais à igreja'. Sua resposta foi: 'A única igreja que encontro na Bíblia é aquela que se lançou ao pescoço de Paulo e o beijou', referindo-se a Atos 20:37. Então, apontando para o edifício no final da rua, continuou: 'Se aquela coisa ali se lançar ao meu pescoço, ela vai me matar!". (extraído do livro "A ordem de Deus", de Bruce Anstey) 

Se quiser entender melhor este assunto visite estes links. No final dois links em inglês falando especificamente de Igreja e das "igrejas" que os homens inventaram. 

http://www.stories.org.br/textos/qde.html 
http://www.stories.org.br/textos/idh.html 
http://www.stories.org.br/textos/principios.html 
http://www.stories.org.br/gather_p.html 
http://www.stories.org.br/textos/vpp.html 
http://www.stempublishing.com/.../7subjcts/churches.html 
http://stempublishing.com/authors/fereday/Church.html#a3 

A Reforma como Movimento Religioso


Por Rev. Hermisten Maia


“Nos fins da Idade Média pesava na alma do povo uma tenebrosa melancolia”, constata o holandês Huizinga (1872-1945). [12] Os séculos anteriores a Reforma são descritos como período de grande ansiedade. [13]

Lutero (1483-1546) e as suas famosas angústias espirituais espelhavam “a epítome dos medos e das esperanças de sua época.” [14] Calvino, ainda que não sendo dominado por esse sentimento, refletia uma constatação natural: a fragilidade humana. Sobre os perigos próprios da vida, relaciona:

Incontáveis são os males que cercam a vida humana, males que outras tantas mortes ameaçam. Para que não saiamos fora de nós mesmos: como seja o corpo receptáculo de mil enfermidades e dentro de si, na verdade, contenha inclusas e fomente as causas das doenças, o homem não pode a si próprio mover sem que leve consigo muitas formas de sua própria destruição e, de certo modo, a vida arraste entrelaçada com a morte.

Que outra cousa, pois hajas de dizer, quando nem se esfria, nem sua, sem perigo? Agora, para onde quer que te voltes, as cousas todas que a teu derredor estão não somente não se mostram dignas de confiança, mas até se afiguram abertamente ameaçadoras e parecem intentar morte pronta. Embarca em um navio: um passo distas da morte. Monta um cavalo: no tropeçar de uma pata a tua vida periclita. Anda pelas ruas de uma cidade: quantas são as telhas nos telhados, a tantos perigos estás exposto. Se um instrumento cortante está em tua mão ou de um amigo, manifesto é o detrimento. A quantos animais ferozes vês, armados estão-te a destruição. Ou que te procures encerrarem bem cercado jardim, onde nada senão amenidade se mostre, ai não raro se escondera uma serpente. Tua casa, a incêndio constantemente sujeita, ameaça-te pobreza durante o dia, durante a noite até mesmo sufocação. A tua terra de plantio, como esteja exposta ao granizo, a geada, a seca e a outros flagelos, esterilidade te anuncia e, dela a resultar, a fome. Deixo de referir envenenamentos, emboscadas, assaltos, a violência manifesta, dos quais parte nos assedia em casa, parte nos acompanha ao largo.

Em meio a estas dificuldades, não se deve o homem, porventura, sentir assaz miserável, como quem na vida apenas semivivo, sustenha debilmente o sôfrego e lânguido alento, não menos que se tivesse uma espada perpetuamente a impender-lhe sobre o pescoço? [15]

Não há parte de nossa vida que não se apresse velozmente para a morte. [16]

E o que mais somos nós senão um espelho da morte? [17]

Pascal mais tarde constataria que “Só o homem é miserável” [18] e, ao mesmo tempo grande, porque “ele se conhece miserável.” [19]

No entanto, Calvino não termina o seu argumento numa descrição “existencialista” da vida, mas, na certeza própria de um coração dominado pela Palavra de Deus. Assim, ele conclui falando da “incalculável felicidade da mente piedosa.”[20] “Quando, porém, essa luz da Divina Providência uma vez dealbou ao homem piedoso, já não só está aliviado e libertado da extrema ansiedade e do temor de que era antes oprimido, mas ainda de toda preocupação. Pois assim como, com razão, se arrepia de pavor da sorte, também assim ousa entregar-se a Deus com plena segurança.”[21]

Calvino admite que para qualquer lado que olharmos encontraremos sempre desespero, até que tornemos para Deus, em Quem encontramos estabilidade no meio de um mundo que se corrompe. [22] A Reforma Protestante do século 16 foi um movimento eminentemente religioso [23] e teológico [24] (pelo menos em sua origem); [25] estando ligada a insatisfação espiritual de dezenas de pessoas - que certamente expressavam o sentimento de milhares de outras anônimas - que através dos tempos não encontravam na igreja romana espaço para a manifestação de sua fé nem alimento para as suas necessidades espirituais. As insatisfações não visam criar uma nova igreja mas, sim, tornar a existente mais bíblica. Portanto, a Reforma deve ser vista não como um movimento externo mas, sim, como um movimento interno por parte de “católicos” piedosos [26] - que diga-se de passagem, ao longo dos séculos tinham manifestado a sua insatisfação, quer através do misticismo, [27] quer através de uma proposta mais ousada que desejavam reformar a sua Igreja, revitalizando-a, transformando-a na Igreja dos fieis.

Todavia, não podemos nos esquecer que as mudanças causadas pelo Renascimento e Humanismo contribuíram para ela; afinal, a Reforma ocorreu na história, dentro das categorias tempo e espaço, onde o homem está inserido. Isto não diminui as causas e muito menos o valor intrínseco da Reforma; pelo contrário, vem apenas demonstrar o que a Palavra de Deus ensina e no que creram os reformadores: Deus é o Senhor da história. De fato, o que é a história, senão o palco onde Deus efetiva o Seu Reino?! “A chave da história do mundo é o Reino de Deus.” [28] Toda a relação “natural histórico” não e casual nem cegamente determinada: É dirigida por Deus, o Senhor da História. [29] O propósito de Deus na história como realidade presente faz parte da essência de nossa fé. [30]

A concepção da Reforma como um movimento originariamente religioso não implica na compreensão de que ela esteve restrita a apenas esta esfera da realidade; pelo contrário, entendemos que a Reforma foi um movimento de grande alcance cultural, institucional, social e politico na história da Europa [31] e, posteriormente, em todo o Ocidente. A amplitude da influência da Reforma em diversos setores da vida estava implícita em sua própria constituição: Era impossível alguém abraçar a Reforma apenas no campo da religião e continuar em tudo o mais a ser um homem de uma ética medieval, com a sua perspectiva da realidade e prática intocáveis. A Reforma em sua própria constituição era extremamente revolucionaria: “A Reforma ocupou, e deve continuar a ocupar, um legítimo e significativo lugar na história das ideias,” [32] Não deixa de ser significativo o testemunho de dois estudiosos católicos, Abbagnano e Visalberghi, quando afirmam que a “contribuição fundamental a formação da mentalidade moderna foi a reforma religiosa de Lutero e Calvino.” [33]

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Notas:
[12] Johan Huizinga, O Declínio da Idade Média, São Paulo, Verbo/EDUSP., 1978, p. 31.
[13] Vd. Johan Huizinga, O Declínio da Idade Média, passim. Tillieh denomina a ansiedade predominante nos fins da Idade Média de “ansiedade moral” e “ansiedades da culpa e da condenação.” (Paul Tillich, A Coragem de Ser, pp. 44 e 45). Ver também: Paul Tillich, A Coragem de Ser44ss; Paul Tillich, História do Pensamento Cristão, p. 210ss; Rollo May, O Significado de Ansiedade, Rio de Janeiro, Zahar, 1980, p. 175ss; Timothy George, A Teologia dos Reformadores, p. 25ss; Jean Delumeau , História do Medo no Ocidente1300-1800, uma cidade sitiada. 2' reimpressão, São Paulo, Companhia das Letras, 1993, passim.
[14] Timothy George, A Teologia dos Reformadores, p. 26
[15] João Calvino, As Institutas, 1.17.10. Em outro lugar: “Se considerarmos a enorme quantidade de acidentes aos quais estamos sujeitos, veremos o quão necessários e exercitarmos nossa mente desta maneira.” “Enfermidades de todos os tipos tocam nossos debeis corpos, uma atrás da outra: ou a pestilencia nos enclausura, ou os desastres da guerra nos atormentam.” “Em outra ocasião, as geadas e os granizos destroem nossas colheitas, e ainda somos ameaçados pela escassez e a pobreza.” “Em vista destes acontecimentos, as pessoas maldizem suas vidas, e até o dia em que nasceram; culpam o sol e as estrelas, e ainda censuram e blasfemam a Deus, como se Ele fora cruel e injusto.” (João Calvino, A Verdadeira Vida Cristã, São Paulo, Novo Século, 2000, p. 43).
[16] João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo, Parakletos, 2002, Vol. 3, (Sl. 102.25), p. 585.
[17] João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 3, (Sl 102.26), p. 586.
[18] Blaise Pascal, Pensamentos, São Paulo, Abril Cultural, (Os Pensadores, Vol. XVI), 1973, V1.399. p. 136.
[19] Blaise Pascal, Pensamentos, V1.397. p. 136. “O homem nao passa de um canico, o mais fraco da natureza, mas e um canico pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água, bastam para mata-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que quem o mata, porque sabe que morre e a vantagem que o universo tem sobre ele; o universo desconhece tudo isso.” (Blaise Pascal, PensamentosVI.347. p. 127-128).
[20] João Calvino, As Institutas, 1.17.10.
[21] João Calvino, As Institutas, I.I7.11. “ ... o homem crente e fiel e levado a contemplar, mesmo nessas coisas, a clemencia de Deus e Sua bondade paternal. E assim, ainda que se sinta consternado pela morte de todos os que lhe são chegados e veja sua casa deserta, não deixara de bendizer a Deus. Antes se dedicara a meditar: Visto que a graça de Deus habita em sua casa, não a deixara triste e vazia; ainda que as suas vinhas e suas lavouras sejam destruídas pela geada, pela saraiva ou por qualquer outro tipo de tempestade, prevendo-se por isso o perigo de fome, ainda assim ele não perdera o animo e não ficara descontente com Deus. Em vez disso, persistira em sua firme confiança, dizendo em seu coração: Apesar disso tudo, estamos sob a proteção de Deus, somos ‘ovelhas de sua mão’ e ‘rebanho do seu pastoreio’. Por mais grave que seja a improdutividade da terra, Ele sempre nos dará o sustento. Mesmo que o crente padeça enfermidade, não se deixara abater pela dor nem se deixara arrastar pela impaciência e queixar-se de Deus. Ao contrário, considerando a justiça e a bondade do Pai celestial nos castigos que nos ministra, o crente fiel se deixará dominar pela paciência.” [João Calvino, As Institutas, (1541), IV. 17].
[22] João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 3, (Sl. 102.26), p. 586.
[23] Vd. Andre Bieler, O Pensamento Econômico e Social de Calvino, São Paulo, Casa Editora Presbiteriana, 1990, pp. 43, 67; Andre Bieler, A Força Oculta dos Protestantes, São Paulo, Editora Cultura Crista, 1999, pp. 49-51; David S. Schaff, Nossa Crença e a de Nossos Pais, 2” ed. São Paulo, Imprensa Metodista, 1964, p. 66; Felipe Fernandez-Armesto & Derek Wilson, Reforma: O Cristianismo e o Mundo 1500-2000, Rio de Janeiro, Record, 1997, p. 11; Timothy George, A Teologia dos Reformadores, p. 20. O filosofo católico Batista Mondin disse: “A Reforma protestante foi um acontecimento essencialmente religioso, mas causou ao mesmo tempo profundas transformações politicas, sociais, econômicas e culturais.” (B. Mondin, Curso de Filosofia, São Paulo, Paulinas, 1981, Vol. II, p. 27). Em outro lugar reafirma: “Como dissemos no início do capitulo, a Reforma protestante foi antes e acima de tudo um acontecimento religioso. Em consequência disso, ela deve ser estudada e julgada segundo critérios religiosos, mais precisamente, segundo os critérios da fé cristã, cujo espirito original a Reforma se propunha restabelecer.” (B. Mondin, Curso de Filosofia, Vol. II, p. 41). O antigo professor de História Eclesiástica da Universidade de Yale, Roland H. Bainton (1894-?), diz que “A Reforma foi acima de tudo um reavivamento da religião.” [Roland H. Bainton, The Reformation o fth e Sixteenth Century, Boston, Massachusetts, Beacon Press. 1985 (Enlarged Editon), p. 3].
[24] Partilho da ideia de Tom Nettles, de que “Tentativas de Reforma através do tratamento de dimensões morais, espirituais e eclesiológicas, ignorando a teologia, sempre falharam.” (Tom Nettles, Um Caminho Melhor: Crescimento de Igreja através de reavivamento e reforma: ln: Michael Horton, org. Religião de Poder, São Paulo, Editora Cultura Cristã, 1998, p. 134).
[25] Vd. A. Bieler, O Pensamento Econômico e Social de Calvino, pp, 47-48; Andre Bieler, A Força Oculta dos Protestantes, pp. 50-51.
[26] Vd. Emile G. Leonard, O Protestantismo Brasileiro, 2a ed. Rio de Janeiro/Sao Paulo, JUERP/ASTE, 1981, pp. 27-28; Felipe Fernandez-Armesto & Derek Wilson, Reforma: O Cristianismo e o Mundo 1500-2000, pp. 10-11.
[27] Lutero, por exemplo, foi grandemente influenciado por Agostinho (354-430), Mestre Eckhart (c. 1260- c. 1327) (Vd. Paul Tillich, História do Pensamento Cristão, p. 188), Johannes Tauler (c. 1300-1361) - a quem se refere com grande apreço - (Vd, Obras Selecionadas de Martinho Lutero, São Leopodo/Porto Alegre/RS., Sinodal/Concórdia, 1987, Vol. I, p. 98; Ph. J. Spener, Mudança para o FuturoPia Desideria, Curitiba, PR./São Bernardo do Campo, SP., Encontrão Editora/Instituto Ecumênico de Pós-Graduação em Ciências da Religião, 1996, p. 112ss) e Johannes von Staupitz (c. 1465-1524), este, que antes da Reforma, era seu mestre, amigo e incentivador. (Vd. Philip Schaff, History o fth e Christian Church, Vol. VIII, p. 259).
[28] D. Martyn Lloyd-jones, Do Temor à Fé, Miami, Editora Vida, 1985, p. 23. “As nações podem levantar-se e cair, todavia o plano de Deus prossegue, firme e sem interrupção.” (D. Martyn Lloyd-Jones, /4.v Insondáveis Riquezas de Cristo, São Paulo, PES., 1992, pp. 69-70). M Vd. Benjamin Wirt Farley, “A Providência de Deus na Perspectiva Reformada” : ln: Donald K. Mckim, org. Grandes Temas da Tradição Reformada, São Paulo, Pendão Real, 1999, p. 74.
[29] Veja-se A.A. Hoekema, A Bíblia e o Futuro, São Paulo, CEP. 1989, p. 39ss. “O Reino de Deus e no Novo Testamento, a vida e a meta do mundo que correspondem as intenções do Criador.” (Karl Barth, La Ora tion , Buenos Aires, La Aurora, 1968, p, 51).
[30] Aliás, este e o pressuposto fundamental do jovem brilhante estudioso, Alister McGrath. (Vd. Alister E. McGrath, The Intellectual Origins o fThe European Reformation, p. 4).
[31] Alister E. McGrath, The Intellectual Origins o f The European Refonmition, p. 4.
[32] N. Abbagnano & A. Visalberghi, Historia de la Pedagogia, Novena reimpresion, México, Fondo de Cultura Econômica, 1990, p. 253.
[33] Alister E. McGrath, The Intellectual Origins o f The European Refonmition, p. 4.
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Fonte: COSTA, Hermisten M.P. Raízes da teologia contemporânea – São Paulo: Cultura Cristã, 2004. Págs.: 73-77.
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A RENDIÇÃO DE UM HOMEM A DEUS


"Ele alivia o nosso coração da culpa e do medo!" O Deus que escolhe soberanamente, ama incondicionalmente, também chama irresistivelmente. Deus escolheu Jacó antes dele nascer. Amou-o apesar de seus desvios e salvou-o gloriosamente.

VEJAMOS OS PASSOS DADOS POR JACÓ EM RESPOSTA A OBRA DE DEUS NA SUA SALVAÇÃO.

O RECONHECIMENTO DA NECESSIDADE DA SALVAÇÃO (GN 32:26)
Jacó se agarra a Deus e diz: “eu não te deixarei ir se tu não me abençoares”. Ele tem dinheiro, tem família, tem o direito de primogenitura, mas agora ele quer Deus. Sua maior necessidade é de Deus. Jacó sem Deus é nada. Jacó sem a bênção de Deus é vazio. Jacó agora tem pressa para ser transformado por Deus. Ele ora com intensidade, com senso de urgência. Ele não pode perder a oportunidade. Ele anseia por Deus mais do que por qualquer outra coisa na vida.

O CHORO DO ARREPENDIMENTO (OS 12:4)
Jacó agora tem o coração quebrantado. Ele agarra-se a Deus com senso de urgência e com os olhos molhados de lágrimas. Jacó se quebranta, se humilha, chora e reconhece que não pode mais viver sem um encontro profundo e transformador com Deus. Como Pedro, Jacó chora, o choro do seu arrependimento. Ele instou com Deus em lágrimas. Ele pediu a bênção de Deus com pranto. Seus olhos estão molhados e sua alma ajoelha diante do Senhor.

E por que Jacó chora? O que ele pede com tanta urgência e com tanta sofreguidão? Ele não pede coisas. Ele pede que Deus mude a sua vida. Ele quer Deus e quer vida nova!

UMA CONFISSÃO NECESSÁRIA (GN 32:27)
Quando Deus lhe perguntou: “Qual é o teu nome?” Ele respondeu: “Jacó”. Aquela não foi uma resposta, mas uma confissão. O nome Jacó significa suplantador, enganador. Jacó não podia ser transformado sem antes reconhecer quem era. Ele não podia ser convertido sem antes sentir convicção de pecado. Ele não podia ser uma nova criatura sem antes reconhecer que era um enganador, um suplantador. 

A história de Jacó era crivada de engano e mentira. Ele tinha nome de crente, mas ainda não era salvo. Jacó era um patriarca, ele conhecia a aliança de Deus. Ele tinha as promessas de Deus, mas Jacó não vivia como um filho de Deus. O engano era a marca da sua vida. Seu nome era um espelho da sua vida. Seu nome era aquilo que ele era e vivia. Mas, agora, ele abre o coração. Ele admite o seu pecado. Ele toca no ponto de tensão, no nervo exposto da sua alma.

Qual é o seu nome? Quem é você? É hora de você depor as armas. É hora de você deixar de resistir o amor de Deus. É hora de você confessar não apenas o que você faz, mas quem você é, a fim de que você também seja salvo!

A CONTEMPLAÇÃO DE DEUS (GN 32:30)
Até este tremendo encontro, Deus era apenas o Deus de seu avô Abraão e de seu pai Isaque, mas agora Deus passa a ser conhecido como o Deus de Jacó. Jacó tem os olhos da sua alma abertos. Ele vê a Deus face a face. Jacó tem seus pecados perdoados, sua alma liberta, seu coração transformado, sua vida salva. Tudo se fez novo na vida de Jacó.

UM FUTURO ABENÇOADO (GN 32:31; 33:4)
Depois de ter vivido uma vida inteira de trevas, o sol nasceu para Jacó e a luz brilhou no seu caminho. As trevas ficaram para trás. Tudo se fez novo na vida dele: um novo coração, uma nova mente, uma nova vida. Ele saiu manquejando, mas sua alma estava livre! Esaú deve ter lhe perguntado: “Por que você está manquejando Jacó?” – Jacó deve ter respondido: “Ah! Meu irmão, Deus me salvou. Hoje eu sou um novo homem, tenho uma nova vida! Aquele velho Jacó morreu e foi sepultado no vau de Jaboque. Agora sou uma nova criatura. O sol nasceu para mim!” 

Deus transformou o ódio de Esaú em amor; o medo de Jacó em alegria. E aquele encontro temido, que prenunciava uma briga, uma contenda, uma guerra, transformou-se numa cena de choro, abraços, beijos e reconciliação.

Deus transforma a nossa vida completamente. Ele nos reconcilia com os nossos inimigos. Ele alivia o nosso coração da culpa e do medo!

Autor: Hernandes Dias Lopes

A analogia do endividado


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Por Thiago Oliveira


Um homem simples está devendo um valor xis a um homem proeminente. O credor então cobra-lhe a dívida dando-lhe um ultimato. Ou se paga, ou o fim do devedor será trágico. Ao homem endividado só resta temer o seu destino, pois ele tem o número da conta do seu credor em mãos, todavia, não conseguirá fazer nenhum depósito, ele não possui e nunca possuirá tal quantia. Quando menos se espera, um outro homem, que não tinha nada a ver com aquela dívida, deliberadamente paga o valor exato para livrar o devedor da sua severa punição.

Ao ver todo aquele dinheiro depositado em sua conta, o credor não tem mais nada para cobrar. Foi pago tim-tim por tim-tim. E o homem que estava prestes a ser arruinado, agora folga por não ter mais aquele débito. Estava livre. Agora imagine você, caro leitor, que mesmo após ver a importância depositada em sua conta, o credor mandasse um encarregado seu ir atrás de quem lhe devia e perguntasse:

- Alguém pagou a dívida para você. Agora cabe a ti aceitá-la.

Neste momento você deve estar achando improvável tal pergunta. E de fato é. Agora, imagine que além disso, a resposta do endividado fosse:

- Não, eu não quero aceitar.

Absurdo. Não há uma outra palavra para adjetivar tal desfecho. No entanto, é assim que se baseia a teologia arminiana quando diz que a Graça é resistível e que o homem pode rejeitar a oferta da salvação. Para entendermos isso de uma maneira melhor, é necessário estar ciente de outros basilares conceitos da soteriologia (doutrina da salvação) reformada. A saber: Total Depravação e Expiação Limitada.

A depravação total consiste em dizer que todos os homens estão numa situação decaída. Eles estão em rebelião contra Deus e por isso estão espiritualmente mortos (Ef 2:3; Rm 3:12; Jo 8:34). Mas, Deus em Sua soberana vontade, para o louvor de Sua glória, escolheu alguns destes pecadores mortos e os vivificou em Cristo. Por que Ele fez isso? Efésios 1 nos diz que foi para “o louvor da Sua glória” (v. 6, 12 e 14).  Seus eleitos, não tiveram mérito algum, por isso não podem se vangloriar (Ef 2:8-9, Rm 3:27). Daí o questionamento: e quanto aqueles que não se convertem quando anunciamos o sacrifício do calvário? Não estariam eles resistindo?

Aparentemente eles estão rejeitando sim. Contudo voltemos a analogia do homem endividado. Porque ele não podia negar o pagamento feito por um terceiro elemento em seu favor? Porque aquele pagamento salvaria sua pele. Por isso não há como rejeitar o sacrifício de Cristo, a não ser que este não tenha morrido por aqueles que continuam mortos. A expiação limitada ensina justamente isto: A cruz não redimiu todos os homens, apenas os eleitos. Da mesma forma, o homem de nossa estória pagou a dívida de um devedor e não de todos os devedores. Por isso, os que aparentemente rejeitam a mensagem da cruz, na verdade não foram por ela alcançados. Em outras palavras, a dívida deles não foi paga por Jesus.

Quando a Bíblia diz que o sangue de Jesus é suficiente para nos purificar de todo o pecado (Tt 2:14, 1Pd 1:18-23 e Ap 1:5), não podemos conceber a ideia de que tais homens desprezariam sua morte, tornando-a em vão. Se estes continuam na sua condição pecaminosa, é porque não receberam a fé salvífica e não foram alcançados quando Cristo expirou no gólgota. Eles são espiritualmente cegos e não enxergam que são pecadores. Obstinados continuam devendo e acham que está tudo quite. A revelação de que devíamos um exorbitante valor, e que nossa dívida foi paga, chegou até nós. Regozijamos com esta boa-nova. Porém, alguns continuam com os olhos vendados para esta realidade (2Co 4:3-4). 

Dizer que Jesus morreu por todos os homens, porém muitos não serão salvos porque vão recusá-lo é tornar os sofrimentos do Senhor inúteis, sendo necessário fazer mais alguma coisa. Restringir a cruz a vontade humana é tão absurdo como acreditar que o devedor da nossa analogia escolheria continuar devendo um débito que já fora saldado.

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Divulgação: Bereianos

5 ARGUMENTOS CONTRA OS APÓSTOLOS MODERNOS

O problema do analfabetismo bíblico



Por Thomas Magnum


Historicamente temos no Brasil uma considerável diminuição no analfabetismo, mas nas igrejas temos um crescente índice de analfabetismo bíblico e isso é sempre preocupante. Os crentes não leem mais a Bíblia de forma sistemática. 

Ao usar o termo analfabetismo bíblico estamos designando uma falta de conhecimento das Sagradas Escrituras, não meramente um conhecimento intelectual, mas, experimental, um crescimento na graça e no conhecimento como disse o Apóstolo Pedro em sua segunda epístola (2 Pedro 3.18). 

Estamos inseridos numa geração pragmática, onde vigora o “funciona”, uma geração que busca resultados imediatos, mas sem estrutura, sem cerne, sem fundamento sólido. Uma geração que tem edificado sobre a areia, que não tem sustentação e nutrição. Temos uma crescente influência da “cultura gospel”, que transforma artistas em ícones e gurus que através de redes sociais tem ‘discipulado’ muitos. 

O analfabetismo bíblico não se limita a onda da cultura pop que envolve jovens cristãos. A exaltação de experiências místicas e revelações que ultrapassam os ensinos bíblicos têm sido também um fator que contabiliza pontos negativos para o crescimento espiritual da igreja no Brasil. Outro fator que podemos mencionar é a carência de genuíno ensino bíblico, muitas igrejas têm substituído o ensino e exposição das Escrituras por entretenimento. A centralidade em músicas, teatro, dança ou qualquer manifestação artística é um fator negativo para o crescimento de uma igreja. O centro do culto deve ser o Deus trino, sua Palavra nos foi dada para seguirmos sua vontade, a infidelidade do culto de muitas igrejas tem sido sua chaga. Tudo no culto deve ser gerido pela Escritura e ao que ela determina. Devemos apreciar artes e incentivar nosso povo a desenvolver uma leitura cultural baseada na Escritura e na graça comum, mas o culto é determinado por quem o aceita e não por quem o oferece.

O profeta Oséias nos diz:

O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos. Oséias 4.6

Vemos no texto de Oséias que o povo é destruído pela falta de conhecimento, quando esse conhecimento está ausente, quando ela falta ao povo, isso acarreta sérias consequências. Observamos que inicialmente a responsabilidade do desvio do povo é responsabilidade do sacerdote, pois o sacerdote se esqueceu da lei do Senhor, se o líder está longe da palavra o povo sofrerá por isso, o povo será influenciado por isso. Mas o julgamento de Deus não se limita aos líderes infiéis, o povo é responsável por seus descaminhos, pois a lei de Deus foi dada para que seja observada pelo povo como nos diz Deuteronômio: 

ESTES, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR vosso Deus para ensinar-vos, para que os cumprísseis na terra a que passais a possuir; Para que temas ao SENHOR teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e que teus dias sejam prolongados. Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os guardares, para que bem te suceda, e muito te multipliques, como te disse o SENHOR Deus de teus pais, na terra que mana leite e mel. Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.  Deuteronômio 6.1-9

Na leitura de Oséias ainda lemos: 

Por isso, como é o povo, assim será o sacerdote; e castigá-lo-ei segundo os seus caminhos, e dar-lhe-ei a recompensa das suas obras. V.9

Note que o castigo de Deus não é somente ao líder que negligenciou a lei, mas  também ao povo, o povo tem responsabilidade diante de Deus.

Muitas vezes ao olharmos para a situação da igreja evangélica brasileira, podemos deduzir erroneamente que muitos seguem os ensinos neopentecostais por ignorância somente, mas na prática não é assim. Muitos deixam igrejas históricas e migram para os arraiais do neopentecostalismo em busca de prosperidade financeira, cura física para alguma enfermidade ou qualquer outro interesse que se tenha. Tais pessoas também são culpadas por seus pecados, elas respondem diante de Deus por sua apostasia. O homem não é um coitadinho, ele é pecador, inimigo de Deus, que tem prazer em pecar. Ninguém será julgado pelo pecado de outro, mas, pelos seus próprios pecados. 

A Bíblia nos recomenda a lermos a lei do Senhor todos os dias, ela é nosso alimento, nosso pão, ela nos sacia: 

Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. Josué 1.8

Devemos estudá-la:

Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam. João 5.39

Devemos julgar qualquer ensino pelas Escrituras: 

Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. Atos 17.11

Devemos ser praticantes da Palavra: 

E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Tiago 1.22

A Palavra deve saturar nossas vidas:

A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao SENHOR com graça em vosso coração.” Colossenses 3.16

Os sérios problemas que temos hoje nas igrejas são decorrentes da falta de conhecimento das Escrituras Sagradas, como vimos no inicio, não um mero conhecimento intelectual, mas, conhecimento prático também. Temos muita música, muito entretenimento e uma escassez exposições e pregações bíblicas.

Com o profeta Oséias aprendemos muito sobre isso e a solução para o analfabetismo bíblico: 

Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra. Oséias 6.3
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Divulgação: Bereianos