domingo, 26 de outubro de 2014

Ariovaldo Ramos e os pobres de Mateus


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Por Ronaldo Vasconcelos


Ariovaldo Ramos disse em seu perfil no Facebook:
Mateus 11:3-6 - "És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho."
João, o Batista, na prisão, teve dúvida, pediu a seus discípulos que conferissem a messianidade de Jesus.
O Senhor, não precisava fazê-lo, mas, anuiu, e descreveu o que estava realizando, prova de que era o grande libertador.
Entre as suas credenciais estava a pregação do evangelho aos pobres, portanto, o anúncio da libertação destes, pela chegada do Reino de Justiça; o Reino de Deus.
Pobre naquela fala significava a parte do povo de Deus que, por causa da desobediência dos líderes de Israel de promover o jubileu, tinham perdido acesso à terra, à liberdade e à remissão de suas dívidas.
Como consequência de tanta desobediência, Israel, agora, não passava de um povo dominado, com líderes cooptados pelos opressores.
Não há, em nossa realidade, nenhum, sistema sócio-político-econômico-social, que possa implantar tudo o que estava preconizado no jubileu, que deveria se repetir a cada 50 anos, para garantir a equidade em Israel.
Há, contudo, no mandamento do jubileu um princípio: a demanda imperativa de luta pela erradicação do estado de pobreza.
Como diz o dístico da organização que presido: "Como seguidores de Jesus Cristo e súditos de seu Reino, lutamos por um mundo que não tolere a pobreza."
É por essa lógica que norteio o meu voto.
Fonte: Perfil do Ariovaldo Ramos no Facebook

A palavra “pobre” no texto de Mateus 11.5 é “prochós”. Ela é usada em diversos contextos. No livro de Mateus ela aparece 5 vezes. É a mesma palavra usada em Mateus 5.3 para falar dos “pobres de espírito” (prochoi to pneumati). Em Mateus 11.5 Jesus está claramente fazendo uma referência a Isaías 61.1: “o SENHOR me ungiu para pregar as boas novas aos quebrantados” (mashat YHWH ‘oti levasher ’anavim). O adjetivo (’anav) é usado para se referir a alguém que é humilde ou manso. “Este adjetivo enfatiza a condição moral e espiritual do crente com o objetivo de aflição, o que implica que este estado é unido a uma vida de sofrimento mais do que uma vida de felicidade e abundancia mundana”. (HARRIS, Theological Wordbook of the OT). 

Em Números 12.3, Moisés é descrito como o mais humilde que havia na terra. No caso de Isaías 61.1 é mais fácil ver o sentido que esta palavra está sendo usada. Há um paralelismo no texto, que faz referência a duas ideias desenvolvidas em quatro. Desta forma: (quebrantados X quebrantados de coração / cativos X algemados). Isso faz total sentido com os pobres de espírito porque deles é o Reino dos Céus. O Reino dos Céus não está aberto somente aos pobres pela sua pobreza, senão, as pessoas seriam salvas apenas jogando o seu dinheiro fora. A pobreza de espírito está ligada ao quebrantamento de coração, inclusive porque o Evangelho de Jesus estava sendo pregado aos publicanos, coletores de impostos, que certamente não eram pobres financeiramente. Portanto, voltando ao texto de Mateus 11.5, os pobres, ali mencionados, não são pobres financeiros, que seriam de alguma forma enfatizados na pregação do Evangelho de Jesus, mas os humildes, mansos e quebrantos de coração. Aqueles que o Evangelho trazia uma transformação radical interna, e que se dobravam perante o Rei dos reis. 

O contexto trazido sobre o ano de Jubileu, não faz sentido algum. Primeiro, porque não há nada no texto que mostre isso, segundo porque as poucas referências bíblicas sobre o assunto deveriam nos fazer temerários a uma associação precipitada. Flavio Josefo menciona, que tanto Alexandre como Julio César reconheceram o Jubileu e concederam remissão de tributo (Antiguidades XI, viii, 5, 6; XIV. X.6). Ainda que não se saiba ao certo como isso era aplicado.

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Fonte: Perfil do autor no Facebook

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