Por Denis Monteiro
Os reformadores lutaram contra o sistema católico em vista à Sagrada Escritura. A igreja católica crê que a Escritura é a Palavra de Deus, mas ela também acredita que as decisões nos concílios e o papado falam oficialmente em matéria de fé e moral. Ou seja, a Escritura não é a voz definitiva para a igreja católica, mas a tradição e o Papa têm a mesma autoridade.
Para os reformadores, somente a Escritura tem a voz definitiva no que concerne a moralidade e fé. E a forma que os reformadores creem na Escritura, foi expressa na Confissão de Fé de Westminster:
Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamento,... todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática... A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus... O Velho Testamento em Hebraico... e o Novo Testamento em Grego..., sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um supremo tribunal... O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura. (I, 2,4,8,10).
Aplicação
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” II Timóteo 3:16, 17
Somente por meio das Escrituras - a revelação tanto da Pessoa quanto da vontade de Deus - o homem pode conhecê-Lo, ser salvo e habilitado para a boa obra do Senhor. Entretanto, cresce em nossos dias uma visão da irrelevância das Escrituras onde ela não é mais a autoridade final em questões espirituais entre o Homem e Deus, mas apenas uma dentre muitas fontes de autoridade a respeito de Deus e a prática cristã.
Quando iremos tomar qualquer decisão, quem fala mais alto: A nossa concepção baseado em “achismos” ou a Sagrada Escritura é quem dita o nosso viver? Em sua busca por santificação, a Bíblia tem tomado um lugar de destaque? Você tem resistido à tentação com suas próprias forças ou usando a Palavra de Deus, assim como Jesus?
Solus Christus – Somente Cristo
Em 431 d.C o catolicismo instituiu o culto a Maria, em 787 foi instituído o culto às imagens e em 933 foi instituído a canonização dos santos. Também foi instituído que a figura do sacerdote (líder religioso) como um representante de Cristo na terra, onde que, os pecados a ele deveriam ser confessados.
O catolicismo crê da mesma forma que nós cremos: Que Cristo nasceu sem pecado e de uma virgem. Mas o catolicismo colocou Maria como co-redentora e os santos com o mérito de intercessão.
Certamente esse não é o ensino da Escritura, pois ela declara: “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2:5) e que “por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25) e que “não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4:12).
A Reforma trouxe à Igreja o Evangelho simples dos apóstolos, centrado na suficiência e exclusividade da obra de Cristo para a salvação. A velha confissão de Paulo foi de novo a confissão dos reformadores: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2:2).
Aplicação
“Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo: a ele ouvi. Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo. Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos, e não temais! Então eles, levantando os olhos a ninguém viram senão só a Jesus.” Mateus 17:5-8
Numa época onde muitos ídolos estão aparecendo no meio evangélico, numa época onde a atitude de muitos seria de montar uma tenda para Jesus e outras para os pastores e cantores famosos, temos aqui um direcionamento dado por Deus sobre quem devemos buscar ouvir e ver: Somente a Cristo. Somente em Cristo, e apenas nEle a satisfação de Deus está depositada. O Senhor disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Não há nada e nem ninguém fora de Cristo e nem além dEle que possa satisfazer a Deus. O Senhor se compraz em Seu filho, apenas. Unicamente por imputar a justiça de Cristo sobre seu povo que Deus se alegra em nós.
Quando você prega, conversa, se relaciona, etc, você tem Cristo como o centro, tentando sempre expor Sua encarnação, vida, morte, sacrifício, exaltação e Soberania?
Sola Gratia – Somente a graça
Para a Igreja Católica todo aquele que permanecia fora da Igreja Católica estaria perdido, os quais padeceriam no fogo eterno. O único modo para que esses que estão fora da igreja poderiam ser salvos seria: Se unindo à Igreja Católica, participando dos sacramentos, jejuns, esmolas, outros trabalhos piedosos os quais proporcionarão recompensas eternas e até alguns sacrifícios estabelecidos pela igreja.
Dizer que a salvação é pela graça não é só afirmar o caráter sobrenatural da salvação, mas excluir todo e qualquer esforço humano para que o mesmo seja salvo. A Reforma insistia nesse conceito teocêntrico, exaltando a eleição divina. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece... Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.
Aplicação
Quando reconhecemos a graça de Deus em nossas vidas, essa graça não nos deve levar a pensar que somos super-crentes, que possamos reivindicar algo de Deus ou decretar algo. Mas reconhecer que antes éramos por natureza filhos da ira, que desde o ventre nascemos alienados de Deus merecedores da ira Divina. Mas Deus, por sua infinita graça, nos elegeu derramando a Sua ira sobre Seu Santo Filho.
Será que reconhecemos que a cada dia é em Deus que nós vivemos, nos movemos e existimos? O teólogo John Newton, compôs, dizendo sobre a graça de Deus:
Graça Maravilhosa, como é doce o som.
Que salvou um miserável como eu!
Eu estava perdido, mas agora fui achado,
Era cego, mas agora eu vejo.
Foi a graça que ensinou meu coração a temer.
E a graça aliviou meus medos;
Como preciosa essa graça apareceu,
A hora em que eu acreditei!
Através de muitos perigos, labutas e armadilhas, Eu cheguei;
É a graça que me trouxe em segurança até o momento,
E graça vai me levar para casa.
Sola Fide - Somente a Fé
A igreja Católica dizia, sobre as indulgências, que “ao som de cada moeda que cai neste cofre, uma alma se desprende do purgatório e voa até o paraíso”. Hoje existem as “novas indulgências”, onde que há alguns trabalhos para que as penas no purgatório fossem aliviadas, por exemplo: um dia sem fumar, rezar com o Papa em frente à televisão, ajudar refugiados, orar mentalmente com surdos-mudos, não comer carne, etc. Assim como as obras de caridade faziam com que a pessoa fosse salva, assim também o era as indulgências.
Logo, não são as nossas obras que nos salva da ira de Deus. Mas a graça de Deus em nossas vidas e uma fé única e sincera em Cristo Jesus e em Sua obra consumada na cruz. Nós não precisamos fazer algo diante de Deus para nos justificar, a fé dada por Deus que Ele mesmo nos justifica.
Por isso, quando Lutero leu “O justo viverá pela fé” ele entendeu que o meio pelo qual o pecador vive diante de Deus é pela fé, a qual é dada pelo próprio Deus.
A única obra que nos salvou foi à obra de Cristo feito na cruz do calvário.
Aplicação
As obras são resultados de uma fé sincera. Será que você descansa unicamente na obra de Cristo?
A justificação pela fé somente é o progresso para a santificação. Toda e qualquer obra que façamos para sermos aceitos diante de Deus é um pecado. Faça obras que reflita a sua fé em Cristo Jesus, pois fomos salvos pela fé e para as boas obras as quais Deus de antemão nos preparou.
Que oremos como Augustus M. Toplady:
Nada trago em minhas mãos,
Apenas me agarro à tua cruz;
Nu, venho a ti para me vestir,
Dependente, busco graça em ti;
À tua fonte vou correr.
Lava-me, Senhor, ou vou morrer!
Rocha Eterna, partida por mim,
Deixa-me esconder em ti.
Soli Deo Gloria – Somente a Deus a glória
Coroando estes temas da Reforma que vimos, este é o Somente Deus a Glória. Dar glória a Deus é entender e confessar que não há nada neste mundo que possa ocupar o lugar que pertence a Deus.
Assim, quando o catolicismo colocava santos, papas, relíquias e sacerdotes no lugar de Deus desobedecia o princípio Bíblico que Deus não divide sua glória com outra coisa qualquer.
No entanto, os reformadores partiram de uma visão teocêntrica (Deus no centro) para falar da salvação do pecador, o qual o próprio Paulo expõe e conclui dizendo: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” (Rm 11.33-36)
Assim como Paulo louva a Deus por tão grande obra, assim são os reformadores em expor as doutrinas bíblicas para a igreja. Eles colocaram, novamente na agenda da igreja, um culto voltado somente para Deus, reconhecendo que a criação inteira vem de Deus, por Deus e para Deus. Uma vida voltada para Deus, porque “dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas”, e glorificando a Deus em tudo que venhamos fazer.
Aplicação
Será que a nossa única satisfação está em Deus?
Será que, como parte da criação, nós proclamamos a glória de Deus juntamente com as Suas obras?
Será que o nosso fim, é como diz a Bíblia, assim como, o catecismo, de glorificar a Deus e alegramos nEle para sempre?
Fonte: Bereianos
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