quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Nao seria egoismo de Deus querer ser adorado?

Quando alguém me perguntava por que Deus quer ser adorado, como se isso fosse algum tipo de atitude egoísta de sua parte (falo reverentemente), eu costumava responder "Porque sim" ou "Porque ele é Deus e tem esse direito" ou "Porque se não adorarmos a Deus vamos acabar adorando a nós mesmos" e coisas assim.

Porém, enquanto viajava ouvindo no carro uma gravação em mp3 de uma pregação em inglês de William MacDonald, ele citou um versículo que mudou toda a minha perspectiva. Em suma, o que ele disse foi que o Senhor quer ser adorado porque enquanto nós o adoramos vamos ficando cada vez mais parecidos com ele.

Você já viu o fã de algum artista, que adora tanto o seu ídolo que acaba se transformando à semelhança dele? Suas roupas, seus gestos, seu modo de falar vai gradualmente refletindo o modo de vestir, agir e falar do artista que ele tanto admira. De modo semelhante, porém muito mais sublime e elevado do que uma mera idolatria, adorar o Senhor causa em nós uma metamorfose que vai nos deixando cada vez mais parecidos com ele. Não à semelhança de sua imagem moral aqui na terra, mas de sua condição atual em glória, na qual ele está exaltado à destra de Deus. Portanto, esse desejo que o Senhor tem de ser adorado é por ele desejar o melhor para nós.

2 Co 3:18 "Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor."

No final de minha viagem decidi ir conferir no "Believer's Bible Commentary", também de William MacDonald, e lá ele desenvolve melhor o pensamento assim:

"À medida que nos ocupamos com a glória do Senhor Jesus Cristo ressuscitado, assunto aos céus e exaltado, somos transformados na sua própria imagem. Aqui, em suma, está o segredo da santidade cristã: ocupação com Cristo. Não pela ocupação de nosso próprio ego, que só traz derrota. Não pela ocupação com outros, que traz desapontamento. Mas pela ocupação com a glória do Senhor é que nos transformamso cada vez mais parecidos com ele.

"Este processo de transformação ocorre de glória em glória, isto é, gradualmente de uma glória para outra. Não é uma questão de mudança instantânea. Nenhuma experiência na vida do cristão irá reproduzir a imagem do Senhor instantaneamente. Trata-se de um processo, não de uma experiência traumática. Não é como a glória desvanecente da Lei (no rosto de Moisés), mas uma glória que fica cada vez maior.

"O poder desse maravilhoso processo é o Espírito Santo - 'como pelo Espírito do Senhor'. À medida que nos apropriamos do Senhor da glória; à medida que o estudamos, o contemplamos, focamos nele em adoração, o Espírito do Senhor opera em nossas vidas o maravilhoso milagre de nos conformar a Cristo. Darby indica como Estêvão foi transformado por essa contemplação: 

'Vemos em Estêvão, ao ser apedrejado, que ele levanta o seu olhar e vê a glória de Deus e Jesus. Cristo havia dito: 'Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem'; e a visão de Jesus na glória de Deus produz em Estêvão a oração, 'Senhor, não lhes imputes este pecado'. E mais uma vez, na cruz, Cristo diz: 'Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito', e Estêvão diz, 'Senhor Jesus, recebe o meu espírito". Estêvão está transformado à imagem de Cristo'. (J. N. Darby)

"Considere a glória transcendente da Nova Aliança. Enquanto na Velha Aliança apenas um homem tinha a glória sobre sua face, hoje este é um privilégio, comprado por sangue para cada filho de Deus. Além disso, ao invés de apenas refletirmos a glória de Deus em nossas faces, na Nova Aliança estamos todos sendo realmente transformados - literalmente "metamorforseados" - na mesma imagem, de glória em glória, como pelo Espírito do Senhor. Enquanto a face de Moisés meramente refletia glória, nossas faces irradiam glória vinda de dentro do nosso ser." - William MacDonald

por Mario Persona 

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