“Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” (Marcos 8.34)
Em nossos dias tem sido pregado um cristianismo barato que não se exige uma vida mudada de seus “seguidores”. Nesse evangelho sem cruz, o arrependimento não é mais o requisito para a entrada no Reino de Deus. Quanto maior a sua oferta, maior a sua fé. E nesses sermões “água com açúcar” não se destaca a depravação do homem, pelo contrário ele é colocado como senhor de tudo. Frases de autoajuda é chamariz para esse cristianismo: “você é capaz”, “determine sua bênção”, “dê uma chance pra Jesus” etc. O homem não é mais transgressor da lei de Deus, mas “vítima do sistema”. Essa pregação não levará ninguém ao conhecimento de Deus. E como afirmou J.C. Ryle “Um cristianismo barato, sem cruz, no final será um cristianismo inútil, sem uma coroa!". Custa bastante ser um crente verdadeiro, se os padrões da Bíblia tiverem de ser seguidos.
No capítulo 8 do evangelho de Marcos Jesus está pregando o evangelho ao povo de fora de Israel, aos gentios. Nos versos que lemos Jesus ensina como devem ser os seus discípulos. Ele fala sobre o preço para o discipulado cristão. O Senhor nos ensina que para segui-lo é necessário abrir mão de algumas coisas. Jesus diz: “… Se alguém quer vir após mim…”(v.34). Qual é a exigência para se tornar um discípulo de Jesus?
Negar a si mesmo (v.34)
Negar a si mesmo significa dar adeus ao seu velho eu não regenerado pela graça de Deus. É renunciar toda a confiança em si mesmo. Depender unicamente de Deus para a sua salvação. É afastar-se dos pensamentos como também de todo hábito pecaminoso. Os ídolos são despedaçados e o Senhor se torna o único em nosso coração. O centro de nossas vidas não é mais o eu, mas o Senhor Jesus. O apóstolo Paulo nos dá um exemplo de negar a si mesmo: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. (Gálatas 2.20). E também ele declara: “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.”(Filipenses 3.7). O que permanece no coração de quem nega a si mesmo é fazer a vontade de Deus: “agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei.”(Salmo 40.8). Nós não seremos discípulos de Jesus se não abandonarmos nossa velha natureza.
Mas o texto de Marcos nos mostra outra exigência para ser um discípulo do Senhor:
Tomar a cruz de Cristo (v.34)
A imagem aqui é de um condenado que carrega sua cruz para a sua própria execução. Porém, o discípulo de Cristo leva a cruz de boa vontade e não sob coação. Ele aceita sem nenhuma reserva a dor, a vergonha e a perseguição por causa do nome de Cristo (cf Atos 5.41). Sofrer por Cristo passa a ser sua alegria. Tomar a cruz, às vezes, é passar pelo sofrimento que o mundo pecador oferece, é ser odiado por ele (cf João 15.19). Tomar a cruz é esquecer o mundo: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.”(Gálatas 6.14). É viver para o Senhor Jesus e para sua Palavra: “Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á.” (Marcos 8.35). E o próprio Cristo nos diz que se não tomarmos a sua cruz não podemos ser seus discípulos (cf Lucas 14.27). E ainda no relato de Lucas lemos: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.”(Lucas 9.23). Não esporadicamente, mas “dia a dia” devemos tomar a nossa cruz. É impossível alguém dizer que é cristão e não ser disposto a pagar o preço para isso. Ou seja, levar a sua cruz. O cristianismo não é um “mar de rosas” como alguns prometem. A alegria está em servir ao Senhor e não a este mundo.
E por fim, o texto afirma que para ser discípulo de Cristo, precisamos:
Seguir a Cristo (v.34)
Para ser um discípulo é necessário seguir Jesus e manter-se firme. O sentido da expressão “seguir”, no texto, é de confiar no Senhor e caminhar nos seus passos: “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos”(1Pedro 2.21). É obedecer a voz do Senhor (cf Jo 15.14) e ser grato pela salvação que Ele deu (cf Ef 4.32 – 5.2). É ser fiel e não negá-lo diante dos homens (cf Marcos 8.38). Pois aquele que se envergonha das palavras de Cristo não segue a Cristo (cf Marcos 8.38).
Conforme a Palavra de Deus, não podemos ter deuses diante do Senhor (cf Êxodo 20:3, Deuteronômio 5:7, Marcos 12:30). Seguir verdadeiramente a Jesus significa que somente ele deve ser adorado em nosso coração. Não somente isso, mas também devemos nos esforçar para ser como Ele é; imitar o Senhor em tudo (cf Efésios 5.1).
Portanto, seguir a Jesus é estar compromissado com Ele e com sua Palavra. É fazer cumprir a Sua vontade levando ao mundo a mensagem de salvação. É viver um cristianismo cheio de vida, testemunho e santificação.
Conclusão: Qual será o perfil do verdadeiro discípulo do Senhor Jesus? De acordo com o texto lido, ele deve negar a si mesmo; todos os seus desejos devem glorificar a Deus em tudo. Ele deve tomar a sua cruz e assim como Cristo se humilhou o discípulo também deve se humilhar. É preciso também que o servo de Cristo siga os passos do Senhor com fidelidade e, de maneira alguma, deve negar o Senhor Jesus. Em outras palavras, esse é o preço de ser discípulo de Jesus e desfrutar da salvação eterna que só ele tem.
Alguns erros que precisamos evitar:
Primeiro, nós devemos tomar cuidado para não imaginarmos essa autonegação de uma forma cronológica, como se o Senhor estivesse exortando seus ouvintes para praticarem a autonegação por um tempo, e então, depois de um período, tornar a carregar a cruz, e, depois de haver carregado esse peso por um outro período, então, seguir a Cristo. A ordem é lógica e não cronológica. Quando considerado juntamente, esses passos indicam uma conversão verdadeira, seguida por uma vida inteira de santificação.
Um segundo erro que precisamos evitar é a noção de que uma pessoa poderia, em seu próprio poder, negar a si mesma, tomar a cruz e seguir o Senhor. Todo o processo de conversão é impossível sem a ação soberana do Senhor (cf Jo 3.3,5). É preciso a ação do Espírito Santo na nova vida. Entretanto, o verso 34 de Marcos 8 destaca a responsabilidade e atividade humana nesse processo (w. Hendriksen).
Qual o preço pra ser um discípulo de Cristo? A autonegação! Você está disposto a negar a si mesmo, tomar a sua cruz e segui o Senhor?! Só assim seremos verdadeiros discípulos de Cristo.
Por Rev. Ronaldo P Mendes
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