Acredito que um dos grandes problemas dos ministros evangélicos contemporâneos está na maneira com que expressam seu afã de fazer grandes coisas para Deus.
É quase lugar-comum crer que a contrapartida de um grande ministério é a construção de uma grande estrutura ministerial.
E, por estrutura ministerial, entenda-se também estrutura midiática e política.
Todavia, não basta apenas construir uma grande estrutura ministerial. É necessário sustentá-la.
É como alimentar um monstro – pois para sustentar tal estrutura ministerial, o ministro se vê forçado a agir cada vez menos como ministro, a dedicar cada vez menos tempo de seu ministério em ministrar. É necessário captar recursos para sustentação da estrutura ministerial (editora, programa de rádio, TV, plataforma política). É necessário pedir, pedir, e pedir; fazer alianças e acordos; apadrinhar e ser apadrinhado; entrar no jogo do poder e do mercado.
E o ministro vira escravo de sua própria estrutura ministrerial.
E a própria estrutura ministerial corrompe o ministro.
Ninguém precisa vender a alma ao Diabo para fazer a obra de Deus.
Se o preço de ter um programa de rádio ou TV é gastar a maior parte do tempo implorando por contribuições, a opção é simples: não tenha um programa de rádio e nem de TV. Não vale a pena. O preço cobrado é alto demais; sua dignidade enquanto ministro e enquanto pessoa.
Se o preço de aparecer na televisão é propagar uma teologia ruim, subserviente aos caprichos humanos, a opção é simples: não vá à televisão. Não vale a pena. O preço cobrado é alto demais; sua dignidade enquanto ministro e enquanto pessoa.
Se o preço de entrar na política é o de submeter-se alianças escusas, a opção é simples:não entre na política. Não vale a pena. O preço cobrado é alto demais; sua dignidade enquanto ministro e enquanto pessoa.
Se o preço de criar uma “empresa cristã” é o de jogar segundo as regras do mercado, e não segundo a ética e justiça do Evangelho, a opção é simples: não crie uma empresa cristã. Não vale a pena. O preço cobrado é alto demais; sua dignidade enquanto ministro e enquanto pessoa.
Se o preço de estar em evidência é o de alimentar o culto à sua personalidade e ao mesmo tempo despersonalizar-se, a opção é simples: prefira o anonimato. Não vale a pena. O preço cobrado é alto demais; sua dignidade enquanto ministro e enquanto pessoa.
Se o preço de criar uma grande estrutura ministerial é o de se tornar um caudilho, a opção é simples: não tenha uma grande estrutura ministerial. Não vale a pena. O preço cobrado é alto demais; sua dignidade enquanto ministro e enquanto pessoa.
Em suma, se o preço de “fazer coisas grandiosas para Deus” é sua dignidade, a opção é simples:não faça coisas grandiosas para Deus.
Apenas pregue o Evangelho. Com fidelidade.
O Evangelho ganha mais quando seus ministros não perdem sua dignidade.
E o Deus grandioso sabe apreciar a simplicidade. Principalmente quando a vê cercada de dignidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário