“Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós” Gn 45.5
Introdução
De início, gostaria de fazer um breve resumo sobre a história de José do Egito. No entanto, acredito ser importante lembrar alguns pontos da história do pai de José, Jacó. Creio que todos se lembram que ele precisou sair fugido de sua cidade porque havia roubado o direito de primogenitura e a bênção de seu irmão, Esaú. Ele foi, então, morar na casa do primo de sua mãe, Labão. Depois de algum tempo lá, Jacó se encantou pela filha mais moça de Labão, Raquel. Para poder se casar com ela, ele fez um trato com Labão: trabalharia por sete anos nas terras do primo.
Apaixonado, ele cumpriu fielmente a sua parte no trato. Porém, Labão o enganou, trocou Raquel por Lia, sua irmã mais velha, e a deu em casamento a Jacó, que consumou a união sem ter percebido a troca. Por conta disso, Jacó se sujeitou a trabalhar por mais sete anos para se casar com sua amada, Raquel. Após 14 anos, enfim, ele conseguiu seu objetivo.
Se sentindo preterida, Lia usava seus filhos para zombar de Raquel, uma vez que essa era estéril. Por conta disso, Raquel muito se entristecia, assim como se entristecia Jacó. Então, depois de orar a Deus, Raquel finalmente deu luz a dois filhos, José e Benjamin.
Por ser o primogênito de Raquel (que falecera após o nascimento de Benjamim), José tinha certa preferência do pai e, por consequência, o ódio e inveja dos irmãos. Um dia, José começou a ter sonhos esquisitos, nos quais ele governava sobre seus pais e irmãos. Esse foi o estopim para que seus irmãos, movidos por inveja e rancor, planejassem sua morte.
Todavia, Rúben, um dos irmãos de José, o livrou convencendo os demais a joga-lo numa cisterna, ao invés de tirar-lhe a vida. Ao verem uma caravana passando, decidiram vende-lo como escravo. Depois, José foi levado ao Egito, onde foi comprado por um homem importante, Potifar. O jovem, então, passou a servir fielmente na casa desse homem. Não demorou muito para que ele se destacasse e ganhasse a confiança de seu senhor. Porém, a esposa de Potifar buscava constantemente o seduzir e uma vez a situação saiu do controle. Ela o agarrou e retirou suas vestes. Diante dessa difícil situação, José saiu correndo, mas deixara suas vestes ainda com a mulher. Essa, mentindo, disse que ele tentara agarra-la a força.
O jovem, então, foi mandado para a prisão. Lá, ele ganhou a confiança do carcereiro e passado algum tempo interpretou corretamente os sonhos do copeiro e padeiro real. Conforme José havia dito, o copeiro real retornou ao palácio. Contudo, ele se esqueceu da promessa feita a José ainda na prisão.
Somente quando o Faraó teve um sonho que ninguém pudera interpretar, o copeiro se lembrou do rapaz. Esse o interpretou corretamente e, por conta disso, foi colocado como o segundo homem mais importante do Egito.
Quando a região experimentou um período muito duro de escassez, os irmãos de José foram até o Egito para buscar algum alimento. E acabaram se reencontrando com José. Na primeira vez, José não se revelou aos seus irmãos. Na segunda, porém, ele não resistiu e lhes contou sua identidade. O momento em que José se revela é justamente retratado aqui no texto que lemos.
1) O Deus soberano
O que veremos nesse texto (Gn 45.1-8), irmãos, pode ser bem resumido no versículo 5. Ao olhar para ele, eu vejo José revelando duas verdades importantíssimas para nós. A primeira é a soberania de Deus. José estava plenamente convencido de que Deus era o responsável por toda a cadeia de eventos que o levara até aquela posição. José acreditava verdadeiramente na plena soberania de Deus. Ele não tinha dúvidas quanto ao “Deus me enviou adiante de vós” (Gn 45.5b)!
É natural que tenhamos certa resistência à ideia da soberania de Deus. Em nós reside o pecado, que é uma vontade de se rebelar contra Deus, de rejeitar sua soberania, de querer ser independente, ser o senhor do próprio destino. Não foi exatamente isso que levou o primeiro homem a comer da árvore do conhecimento do bem e do mal? Por conta desse sentimento de independência, o ser humano tem a extrema dificuldade em aceitar que Deus está no controle de tudo o que existe e acontece. A grande verdade é que estamos acostumados a uma cosmovisão antropocêntrica e não teocêntrica.
Porém, ao olharmos para a Bíblia vemos que a soberania (e majestade) de Deus é um ponto pacífico. Não há discussão acerca disso! Nas palavras de A.W. Pink:
Como Pink menciona, a Bíblia revela a soberania de Deus em diversos momentos, tanto no A.T. como no N.T. Vejamos alguns versículos:
Podemos ver a soberania de Deus, ainda, em algumas histórias relatadas na Bíblia. Por exemplo, quando o povo de Israel estava perante Faraó, Deus fez valer a sua vontade soberana e subjugou o império mais poderoso da terra para que seu povo pudesse ser livre. Deus usou o seu poder para derrubar as muralhas de Jericó. Deus usou o seu poder para derrotar Golias. Quando Daniel encarou a morte certa, Deus interviu e fechou a boca dos leões para que a Sua santa vontade prevalecesse. Quando os amigos de Daniel enfrentaram a fornalha ardente, Deus enviou seu anjo para impedir que eles fossem consumidos.
O nosso Deus é soberano sobre a terra, Ele é o senhor dos céus e do universo! Como A. Kuyper disse certa vez: “não há um só centímetro quadrado em todo o universo sobre o qual o Cristo ressurreto não declare: ‘é meu’”! Deus é soberano na maneira como usa o seu poder. Ele o usa quando quer e da forma que deseja. Ele é soberano na maneira como mostra sua misericórdia. Ele é soberano na maneira como mostra a sua graça.
Não há nada que fuja do controle de Deus. Portanto, precisamos compreender, assim como José compreendeu, que Deus está no controle até das mais difíceis situações que venhamos a enfrentar. E precisamos aprender a encontrar conforto nessa verdade.
O Deus amoroso
Esse conforto tem relação direta com outro ponto relatado por José no versículo 5. Na visão dele, Deus permitiu que diversas coisas ruins acontecessem em sua vida para que mais tarde ele pudesse salvar os seus irmãos e muitos outros da morte. O que José defende aqui é uma das verdades mais belas acerca de Deus. Ele nos ama! E faz com que todas as coisas cooperem para o nosso bem. Paulo coloca da seguinte forma:
Talvez nesse ponto você esteja pensando “Pedro, você não tem ideia do que eu estou passando” ou “você não faz ideia do que eu passei. Não é justo que você venha aqui e me diga que tudo coopera para o meu bem”. E, bom, eu acho que, de alguma forma, você tem razão em dizer isso. Verdadeiramente eu desconheço suas dores, as marcas e cicatrizes que podem fazer parte do seu passado. Eu não tenho como conhecer o mais íntimo e profundo do seu coração.
No entanto, o Espírito Santo, por meio da palavra de Deus, pode toca-lo porque ele o conhece no seu íntimo e tem poder para sarar as suas feridas. Então, eu te peço que considere o que a palavra de Deus fala a respeito disso e, eu oro para que ela traga descanso ao seu coração.
Primeiramente, eu queria olhar para a história de José do Egito. Assim como fez José, quando olhamos para trás fica fácil perceber que Deus tinha tudo planejado. Quando nós conhecemos o fim da história, fica mais fácil perceber qual era o plano de Deus nisso tudo. E foi assim não somente com José do Egito, mas com Jó, com Daniel, com Sansão, com Elias, com Davi, com Paulo e com todo servo de Deus que passou por momentos de tribulação. Olhem o que relata o profeta Isaías:
Assim, a primeira coisa que devemos buscar frente a uma situação de dor, dificuldade ou complexidade extrema é o conforto na verdade de que os caminhos de Deus são mais elevados; e mesmo que não entendamos no momento (ou nunca venhamos a entender) o motivo de nossas dores, Ele é soberano e nos ama. Além disso, o confiar em Deus nas tribulações pode nos levar a aprofundar o nosso relacionamento com Ele. Como Paulo diz:
Vejam que coisa maravilhosa! A esperança gerada pelo Espírito Santo no meio das tribulações não confunde por conta do amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo! Irmãos, eu sei que é muitas vezes difícil acreditar que tudo coopera para o nosso bem quando vemos nosso mundo desabar*. Porém, a palavra de Deus nos manda buscar forças n'Ele para perseverar e a garantia que temos de Paulo aqui é que essa perseverança nos conduzirá à experiência e, por fim, à esperança. E todo esse processo será regado por muito amor, com muito cuidado da parte de Deus. Como a palavra também nos confirma:
Um dos motivos, portanto, para descansarmos na soberania de Deus é que Ele nos ama e cuida de nós!
Buscando esperança na eternidade
A segunda coisa que a Bíblia nos manda fazer é pensar nos céus, na eternidade, na Glória. Isso nos ajudará a lidar com os sofrimentos do presente. Vejam o que Pedro e Paulo dizem sobre isso:
Deus é bom, irmãos! E por mais que o amor de Deus seja tão banalizado hoje em dia, ao buscarmos nas Sagradas Escrituras a verdade a respeito desse assunto, encontraremos descanso, consolo e conforto, porque não há amor maior do que o amor de Deus. Ele, sendo o criador e sustentador do universo, enviou o seu primogênito para morrer por nós, para tomar sobre si as nossas dores e a nossa culpa, para assumir o nosso lugar na Aliança, para ser nosso representante e advogado fiel! Como o profeta Jeremias coloca, essa é a promessa de Deus para nós:
Portanto, se a soberania de Deus não for capaz de trazer conforto ao seu coração por conta do seu cuidado e amor para conosco, pense, no ato maior de amor de Deus; pense na cruz de Cristo; pense na promessa do TODO PODEROSO; pense na plenitude de alegria que experimentaremos no céu! Que a alegria da salvação seja o combustível para reaquecer o seu coração (Sl 51.12).
Conclusão
Assim, irmãos, para todo aquele que lê esse texto e enfrenta um momento difícil em sua vida ou carrega consigo profundas dores e cicatrizes, procure consolo e conforto na soberania de Deus, sabendo que; (1) Ele te ama e cuida de você e que (2) o amor Dele é tão infinitamente grande que Ele se fez homem para um dia te levar ao céu, onde não mais haverá choro e ranger de dentes; onde encontraremos plenitude de alegria Nele.
Alegra o teu coração, pois o Deus soberano, criador e sustentador de todo universo, te ama, cuida de ti e vai te levar um dia ao céu!
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Referência:
Deus é soberano, A.W. Pink.
* Um dos motivos de não acreditarmos que tudo coopera para o nosso bem é uma compreensão inexata do que significa “bem” nessa passagem. No entanto, esse é um assunto para um próximo texto.
Introdução
De início, gostaria de fazer um breve resumo sobre a história de José do Egito. No entanto, acredito ser importante lembrar alguns pontos da história do pai de José, Jacó. Creio que todos se lembram que ele precisou sair fugido de sua cidade porque havia roubado o direito de primogenitura e a bênção de seu irmão, Esaú. Ele foi, então, morar na casa do primo de sua mãe, Labão. Depois de algum tempo lá, Jacó se encantou pela filha mais moça de Labão, Raquel. Para poder se casar com ela, ele fez um trato com Labão: trabalharia por sete anos nas terras do primo.
Apaixonado, ele cumpriu fielmente a sua parte no trato. Porém, Labão o enganou, trocou Raquel por Lia, sua irmã mais velha, e a deu em casamento a Jacó, que consumou a união sem ter percebido a troca. Por conta disso, Jacó se sujeitou a trabalhar por mais sete anos para se casar com sua amada, Raquel. Após 14 anos, enfim, ele conseguiu seu objetivo.
Se sentindo preterida, Lia usava seus filhos para zombar de Raquel, uma vez que essa era estéril. Por conta disso, Raquel muito se entristecia, assim como se entristecia Jacó. Então, depois de orar a Deus, Raquel finalmente deu luz a dois filhos, José e Benjamin.
Por ser o primogênito de Raquel (que falecera após o nascimento de Benjamim), José tinha certa preferência do pai e, por consequência, o ódio e inveja dos irmãos. Um dia, José começou a ter sonhos esquisitos, nos quais ele governava sobre seus pais e irmãos. Esse foi o estopim para que seus irmãos, movidos por inveja e rancor, planejassem sua morte.
Todavia, Rúben, um dos irmãos de José, o livrou convencendo os demais a joga-lo numa cisterna, ao invés de tirar-lhe a vida. Ao verem uma caravana passando, decidiram vende-lo como escravo. Depois, José foi levado ao Egito, onde foi comprado por um homem importante, Potifar. O jovem, então, passou a servir fielmente na casa desse homem. Não demorou muito para que ele se destacasse e ganhasse a confiança de seu senhor. Porém, a esposa de Potifar buscava constantemente o seduzir e uma vez a situação saiu do controle. Ela o agarrou e retirou suas vestes. Diante dessa difícil situação, José saiu correndo, mas deixara suas vestes ainda com a mulher. Essa, mentindo, disse que ele tentara agarra-la a força.
O jovem, então, foi mandado para a prisão. Lá, ele ganhou a confiança do carcereiro e passado algum tempo interpretou corretamente os sonhos do copeiro e padeiro real. Conforme José havia dito, o copeiro real retornou ao palácio. Contudo, ele se esqueceu da promessa feita a José ainda na prisão.
Somente quando o Faraó teve um sonho que ninguém pudera interpretar, o copeiro se lembrou do rapaz. Esse o interpretou corretamente e, por conta disso, foi colocado como o segundo homem mais importante do Egito.
Quando a região experimentou um período muito duro de escassez, os irmãos de José foram até o Egito para buscar algum alimento. E acabaram se reencontrando com José. Na primeira vez, José não se revelou aos seus irmãos. Na segunda, porém, ele não resistiu e lhes contou sua identidade. O momento em que José se revela é justamente retratado aqui no texto que lemos.
1) O Deus soberano
O que veremos nesse texto (Gn 45.1-8), irmãos, pode ser bem resumido no versículo 5. Ao olhar para ele, eu vejo José revelando duas verdades importantíssimas para nós. A primeira é a soberania de Deus. José estava plenamente convencido de que Deus era o responsável por toda a cadeia de eventos que o levara até aquela posição. José acreditava verdadeiramente na plena soberania de Deus. Ele não tinha dúvidas quanto ao “Deus me enviou adiante de vós” (Gn 45.5b)!
É natural que tenhamos certa resistência à ideia da soberania de Deus. Em nós reside o pecado, que é uma vontade de se rebelar contra Deus, de rejeitar sua soberania, de querer ser independente, ser o senhor do próprio destino. Não foi exatamente isso que levou o primeiro homem a comer da árvore do conhecimento do bem e do mal? Por conta desse sentimento de independência, o ser humano tem a extrema dificuldade em aceitar que Deus está no controle de tudo o que existe e acontece. A grande verdade é que estamos acostumados a uma cosmovisão antropocêntrica e não teocêntrica.
Porém, ao olharmos para a Bíblia vemos que a soberania (e majestade) de Deus é um ponto pacífico. Não há discussão acerca disso! Nas palavras de A.W. Pink:
“A Bíblia nos ensina que Deus criou todas as coisas, e que Ele exerce um controle completo e soberano sobre tudo o que fez. A vontade de Deus não pode ser mudada. Ele é o Rei soberano sobre todas as coisas e nunca pode ser surpreendido por nada do que acontece. Ele reina sobre tudo, fazendo com que todas as coisas operem juntas para o bem de todos aqueles que O amam e que têm sido chamados por Ele para ser Seu povo.”
Como Pink menciona, a Bíblia revela a soberania de Deus em diversos momentos, tanto no A.T. como no N.T. Vejamos alguns versículos:
“Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos.” 1 Cr 29.11
“Pois Tu, SENHOR, és o Altíssimo sobre toda a terra; tu és sobremodo elevado acima de todos os deuses.” Sl 97.9
“Excelso é o SENHOR, acima de todas as nações, e a sua glória, acima dos céus.” Sl 113.4
“Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste”. Cl 1.16-17
“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as cousas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade...” Hb 1.3
“nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as cousas conforme o conselho da sua vontade...” Ef 1.11
“... dele, por meio dele e para ele são todas as coisas”. Rm 11.36
Podemos ver a soberania de Deus, ainda, em algumas histórias relatadas na Bíblia. Por exemplo, quando o povo de Israel estava perante Faraó, Deus fez valer a sua vontade soberana e subjugou o império mais poderoso da terra para que seu povo pudesse ser livre. Deus usou o seu poder para derrubar as muralhas de Jericó. Deus usou o seu poder para derrotar Golias. Quando Daniel encarou a morte certa, Deus interviu e fechou a boca dos leões para que a Sua santa vontade prevalecesse. Quando os amigos de Daniel enfrentaram a fornalha ardente, Deus enviou seu anjo para impedir que eles fossem consumidos.
O nosso Deus é soberano sobre a terra, Ele é o senhor dos céus e do universo! Como A. Kuyper disse certa vez: “não há um só centímetro quadrado em todo o universo sobre o qual o Cristo ressurreto não declare: ‘é meu’”! Deus é soberano na maneira como usa o seu poder. Ele o usa quando quer e da forma que deseja. Ele é soberano na maneira como mostra sua misericórdia. Ele é soberano na maneira como mostra a sua graça.
Não há nada que fuja do controle de Deus. Portanto, precisamos compreender, assim como José compreendeu, que Deus está no controle até das mais difíceis situações que venhamos a enfrentar. E precisamos aprender a encontrar conforto nessa verdade.
O Deus amoroso
Esse conforto tem relação direta com outro ponto relatado por José no versículo 5. Na visão dele, Deus permitiu que diversas coisas ruins acontecessem em sua vida para que mais tarde ele pudesse salvar os seus irmãos e muitos outros da morte. O que José defende aqui é uma das verdades mais belas acerca de Deus. Ele nos ama! E faz com que todas as coisas cooperem para o nosso bem. Paulo coloca da seguinte forma:
“Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” Rm 8. 28-29
Talvez nesse ponto você esteja pensando “Pedro, você não tem ideia do que eu estou passando” ou “você não faz ideia do que eu passei. Não é justo que você venha aqui e me diga que tudo coopera para o meu bem”. E, bom, eu acho que, de alguma forma, você tem razão em dizer isso. Verdadeiramente eu desconheço suas dores, as marcas e cicatrizes que podem fazer parte do seu passado. Eu não tenho como conhecer o mais íntimo e profundo do seu coração.
No entanto, o Espírito Santo, por meio da palavra de Deus, pode toca-lo porque ele o conhece no seu íntimo e tem poder para sarar as suas feridas. Então, eu te peço que considere o que a palavra de Deus fala a respeito disso e, eu oro para que ela traga descanso ao seu coração.
Primeiramente, eu queria olhar para a história de José do Egito. Assim como fez José, quando olhamos para trás fica fácil perceber que Deus tinha tudo planejado. Quando nós conhecemos o fim da história, fica mais fácil perceber qual era o plano de Deus nisso tudo. E foi assim não somente com José do Egito, mas com Jó, com Daniel, com Sansão, com Elias, com Davi, com Paulo e com todo servo de Deus que passou por momentos de tribulação. Olhem o que relata o profeta Isaías:
“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” Isaías 55.8-9
Assim, a primeira coisa que devemos buscar frente a uma situação de dor, dificuldade ou complexidade extrema é o conforto na verdade de que os caminhos de Deus são mais elevados; e mesmo que não entendamos no momento (ou nunca venhamos a entender) o motivo de nossas dores, Ele é soberano e nos ama. Além disso, o confiar em Deus nas tribulações pode nos levar a aprofundar o nosso relacionamento com Ele. Como Paulo diz:
“... E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.” Rm 5.3-5
Vejam que coisa maravilhosa! A esperança gerada pelo Espírito Santo no meio das tribulações não confunde por conta do amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo! Irmãos, eu sei que é muitas vezes difícil acreditar que tudo coopera para o nosso bem quando vemos nosso mundo desabar*. Porém, a palavra de Deus nos manda buscar forças n'Ele para perseverar e a garantia que temos de Paulo aqui é que essa perseverança nos conduzirá à experiência e, por fim, à esperança. E todo esse processo será regado por muito amor, com muito cuidado da parte de Deus. Como a palavra também nos confirma:
“... lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” 1 Pe 5.7
“Confia os teus cuidados ao SENHOR, e ele te susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado.” Sl 55.22
Um dos motivos, portanto, para descansarmos na soberania de Deus é que Ele nos ama e cuida de nós!
Buscando esperança na eternidade
A segunda coisa que a Bíblia nos manda fazer é pensar nos céus, na eternidade, na Glória. Isso nos ajudará a lidar com os sofrimentos do presente. Vejam o que Pedro e Paulo dizem sobre isso:
“... nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo. Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações,..., obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.” 1 Pe 1.3-6 e 9
“Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas cousas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” 2 Co 4.16-18
Deus é bom, irmãos! E por mais que o amor de Deus seja tão banalizado hoje em dia, ao buscarmos nas Sagradas Escrituras a verdade a respeito desse assunto, encontraremos descanso, consolo e conforto, porque não há amor maior do que o amor de Deus. Ele, sendo o criador e sustentador do universo, enviou o seu primogênito para morrer por nós, para tomar sobre si as nossas dores e a nossa culpa, para assumir o nosso lugar na Aliança, para ser nosso representante e advogado fiel! Como o profeta Jeremias coloca, essa é a promessa de Deus para nós:
“Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim. Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma. Porque assim diz o Senhor: Assim como fiz vir sobre este povo todo este grande mal, assim lhes trarei todo o bem que lhes estou prometendo.” Jr 32.40-41
Portanto, se a soberania de Deus não for capaz de trazer conforto ao seu coração por conta do seu cuidado e amor para conosco, pense, no ato maior de amor de Deus; pense na cruz de Cristo; pense na promessa do TODO PODEROSO; pense na plenitude de alegria que experimentaremos no céu! Que a alegria da salvação seja o combustível para reaquecer o seu coração (Sl 51.12).
Conclusão
Assim, irmãos, para todo aquele que lê esse texto e enfrenta um momento difícil em sua vida ou carrega consigo profundas dores e cicatrizes, procure consolo e conforto na soberania de Deus, sabendo que; (1) Ele te ama e cuida de você e que (2) o amor Dele é tão infinitamente grande que Ele se fez homem para um dia te levar ao céu, onde não mais haverá choro e ranger de dentes; onde encontraremos plenitude de alegria Nele.
Alegra o teu coração, pois o Deus soberano, criador e sustentador de todo universo, te ama, cuida de ti e vai te levar um dia ao céu!
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Referência:
Deus é soberano, A.W. Pink.
* Um dos motivos de não acreditarmos que tudo coopera para o nosso bem é uma compreensão inexata do que significa “bem” nessa passagem. No entanto, esse é um assunto para um próximo texto.
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Sobre o autor: Pedro Franco, 23 anos, é estudante de farmácia pela UFRJ e diácono na Igreja Presbiteriana Adonai (RJ).
Divulgação: Bereianos
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