INTRODUÇÃO AOS LIVROS DE SABEDORIA
De tudo que podemos aprender dos chamados livros de sabedoria, a saber, de Provérbios e de Eclesiastes, é que vai bem ao que é reto de coração, e que vive na sabedoria do Senhor, rejeitando a toda forma e aparência de mal.
Porque tudo o mais que obtém ou que se viva nesta vida, fora do modo previsto por Deus para os Seus filhos, é pura vaidade, ou seja, vazio, coisas que se desfarão e que serão destruídas pelo tempo.
Além disso, devemos considerar que há uma forma de existência que foi planejada por Deus para o homem, e não é possível viver de modo aprovado tanto diante dele, quanto daqueles que tenham um caráter reto e aprovado, quando não se vive dentro deste modelo que deve ser seguido, e que o temos na pessoa do próprio Cristo.
Estes livros de sabedoria nos chamam a refletir que não é verdadeira sabedoria aquela que não nos conduz a viver de modo reto.
Que depõe contra a unidade em amor que Deus deseja para todos os Seus filhos, que alguns deles vivam na prática do pecado, manifestado em suas variadas formas, conforme as obras da carne que são relacionadas por Paulo em Gál 5.19-21:
“19 Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia,
20 a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos,
21 as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus.” (Gál 5.19-21).
Há muitas outras obras da carne além das que são relacionadas por Paulo neste texto, pelo que se infere do que ele próprio afirma: “...e coisas semelhantes a estas...”.
Ele diz que havia prevenido a Igreja, e que lhe continuaria prevenindo, quanto ao perigo de se viver na prática de tais obras, por causa das quais os seus praticantes não podem herdar o reino de Deus.
Ele não citou a mentira, a falsidade e o engano entre os crentes, por exemplo, nesta passagem, conforme faz em outras, não porque tais obras da carne sejam menos graves do que as que havia relacionado, mas é necessário ter um especial cuidado em relação a isto, porque é por um andar na mentira, na hipocrisia, que melhor se define o mau caráter.
Não foi sem motivo que Jesus havia alertado os discípulos para não se deixarem contaminar pelo fermento dos escribas e fariseus que é a hipocrisia.
Eles viviam, pela hipocrisia, enganando e sendo enganados, por conveniências pessoais, e até mesmo por interesses corporativos. No entanto, nosso Senhor, nos adverte que não deve ser assim entre aqueles que Lhe pertencem, que devem ter a devida diligência de se despojarem de todo vestígio deste maldito fermento que é a hipocrisia.
Muitos males são oriundos de outros, como por exemplo os que procedem da cobiça, do amor ao dinheiro, e que se manifestam na forma de violência, engano, traição e tantos outros, para que seja atingido o fim almejado.
E a cobiça não é somente por dinheiro, como também por fama, poder, notoriedade, domínio sobre pessoas e bens, e por tanta outras coisas.
Isto é um laço do qual poderão se desvencilhar somente aqueles que andam em amor, submissão, humildade, e que andam no Espírito, debaixo do temor do Senhor, quanto a guardar todos os Seus mandamentos.
Temos nestes livros de Provérbios e de Eclesiastes, nem tanto, mandamentos diretos e absolutos, como os temos por exemplo na Lei de Moisés, mas o modo de vida aprovado para o qual apontam, são mandamentos para o povo de Deus, ainda que apresentados de forma indireta.
Necessitaremos de sabedoria divina para poder entender estes dois livros e discernir entre o que é comportamento aprovado, e comportamento reprovado por Deus.
Além disso, além do comportamento propriamente dito são apontadas atitudes de coração, e situações de vida, que faremos bem em atentar para moldarmos o nosso caráter num modo de vida que nos leve a separar o precioso do vil, e a escolher aquilo que sirva para a nossa edificação, ao mesmo tempo que rejeitamos aquelas realidades e situações que trarão inevitavelmente complicações para o nosso próprio viver, especialmente no nosso relacionamento com o próximo.
No final do comentário bíblico de Mattew Henry há uma tabela que apresenta um resumo do conteúdo dos assuntos dos capítulos 10 a 29, que estamos apresentando a seguir de forma adaptada.
REFERÊNCIAS
|
ASSUNTOS
|
10.1; 15.20; 17.21, 25; 19.13, 26; 23.15, 16, 24, 25, ; 27.11; 29.3
|
Conforto, ou aflição dos pais em relação aos filhos, quanto a serem sábios, tolos, religiosos ou descrentes
|
10.2, 3; 11.4; 15.16, 17; 16.8, 16; 17.1; 19.1; 28.6, 11
|
Sobre a insuficiência do mundo, e a suficiência da religião
|
6.6; 10.4, 5, 26; 12.11, 24, 27; 13.4, 23; 15.19; 16.26 ; 18.9; 19.15, 24; 20.4, 13; 21.5, 25, 26; 22.13, 29, ; 24.30-34; 26.13-16; 27.18, 23, 27; 28.19
|
Sobre preguiça e diligência
|
10.6, 9, 16, 24, 25, 27-30; 11. 3, 5-8, 18-21, 31, ; 12.2, 3, 7, 13, 14, 21, 26, 28; 13.6, 9, 14, 15, 21, 22, 25; 14.11, 14, 19, 32; 15. 6, 8, 9, 24, 26, 29; 20. 7; 21.12, 15, 16, 18, 21; 22. 12; 28.10, 18; 29.6
|
A felicidade do justo e a miséria do ímpio
|
10.7; 12. 8, 9; 18.3; 25.14,27; 26. 1; 27.2, 21
|
Honra e desonra
|
10.8, 17; 12.1, 15; 13.1, 13, 18; 15.5, 10, 12, 31, 32, ; 19.16; 28. 4, 7, 9
|
A sabedoria da obediência, e loucura da desobediência
|
10.10, 23; 11. 9-11, 23, 27; 12. 5, 6, 12, 18, 20; 13.2 ; 14.22; 16.29, 30; 17.11; 21.10; 24.8; 26.23, 27
|
Sobre ímpios
|
10.11, 13, 14, 20, 21, 31, 32; 11.30; 14. 3 ; 15.2, 4, 7, 23, 28; 16. 20, 23, 24; 17. 7; 18. 4, 7, 20, 21, ; 20.15; 21.23; 23.9; 24.26; 25.11
|
O louvor do bom uso da língua, e o prejuízo e vergonha de uma língua desgovernada
|
10.12; 15.17; 17.1, 9, 14, 19; 18.6, 17-19; 20.3 ; 25.8; 26.17, 21; 29.9
|
Amor e ódio, paz e contenda
|
10.5, 22; 11.28; 13.7, 8; 14.20, 24; 18. 11, 23, ; 19.1, 4, 7, 22; 22. 2, 7; 28.6, 11; 29.13
|
Sobre ricos e pobres
|
10.18; 12.17, 19, 22; 13.5; 17.4; 20.14, 17; 26.18, 19, 24-26, 28
|
Mentira, fraude, dissimulação, verdade e sinceridade
|
10.18; 16.27; 25.23
|
Sobre calúnia
|
10.19; 11.12; 12.23; 13.3; 17.27, 28; 29.11, 20
|
Sobre verbosidade
|
11.1; 12.16; 16.8, 11; 17.15, 26; 18.5; 20.10, 23, ; 22.28; 23.10, 11; 29.24
|
Justiça e injustiça
|
11.2; 13.10; 15.25, 33; 16.5, 18, 19; 18.12; 21. 4 ; 25.6, 7; 28.25; 29.23
|
Orgulho e humildade
|
11.12; 14.21
|
Menosprezar e respeitar outros
|
11.13; 16.28; 18.8; 20.19; 26.20, 22
|
Difamação
|
11.14; 15.22; 18.13; 19.2; 20.5,18; 21.29; 22. 3; 25.8-10
|
Precipitação e deliberação
|
11.15; 17.18; 20.16; 22.26, 27; 28.13
|
Fiador
|
11.16, 22; 12.4; 14.1; 18.22; 19.13, 14, ; 21.9, 19; 25.24; 27. 15, 16
|
Mulheres de bem ou ruins
|
11. 17; 12. 10; 14. 21; 19. 17; 21. 13 .
|
Misericórdia
|
11. 24-26; 14. 31; 17. 5; 22. 9, 16, 22, 23; 28. 27; 29. 7
|
Caridade com os pobres
|
11. 29; 15. 16, 17, 27; 23. 4, 5
|
Cobiça e satisfação
|
12. 16; 14. 17, 29; 15. 1, 18; 16. 32; 17. 12, 26, ; 19. 11, 19; 22. 24, 25; 25. 15, 28; 26. 21; 29. 22
|
Ira e mansidão
|
12. 25; 14. 10, 13; 15. 13, 15; 17. 22; 18. 14; 25. 20, 25
|
Melancolia e alegria
|
13. 12, 19
|
Esperança e expectativa
|
13. 16; 14. 8, 18, 33; 15. 14, 21; 16. 21, 22; 17. 24 ; 18. 2, 15; 24. 3-7; 7. 27; 26. 6-11; 28. 5
|
Prudência e tolice
|
13. 17; 25. 13, 19
|
Deslealdade e fidelidade
|
13. 20; 14. 7; 28. 7; 29. 3
|
Má e boa companhia
|
13. 24; 19. 18; 20. 11; 22. 6, 15; 23. 12; 14. 14; 29. 15, 17
|
Educação de crianças
|
14. 2, 26, 27; 15. 16, 33; 16. 6; 19. 23; 22. 4; 23. 17, 18
|
Temor do Senhor
|
14. 5, 25; 19. 5, 9, 28; 21. 28; 24. 28; 25. 18
|
Verdadeiro e falso testemunho
|
14. 6, 9; 21. 24; 22. 10; 24. 9; 29. 9
|
Escarnecedores
|
14. 15, 16; 27. 12
|
Credulidade e cautela
|
14. 28, 34, 35; 16. 10, 12-15; 19. 6, 12; 20. 2, 8, 26, 28, ; 22. 11; 24. 23-25; 2010. 2-5; 28. 2, 3, 15, 16; 29. 5, 12, 14, 26
|
Sobre reis e os seus assuntos
|
14. 30; 23. 17, 18; 24. 1, 2, 19, 20; 27. 4
|
Sobre inveja
|
15. 3, 11; 16. 1, 4, 9, 33; 17. 3; 19. 21; 20. 12, 24; 21. 1, 30, 31; 29. 26
|
Onisciência de Deus, e a Sua providência universal
|
15. 30; 22. 1
|
Sobre o bom nome
|
14. 12; 16. 2, 25; 20. 6; 21. 2; 26. 12; 28. 26
|
Da opinião dos homens sobre si mesmos
|
16. 3; 18. 10; 23. 26; 27. 1; 28. 25; 29. 25
|
Da devoção a Deus, e da dependência a Ele
|
16. 7; 29. 26
|
Sobre o favor de Deus
|
16. 16; 18. 1; 19. 8, 20; 22. 17-21; 23. 15, 16, 22-25, ; 24. 13, 14; 27. 11
|
Esforços para adquirir sabedoria
|
16. 17; 29. 27
|
Precauções contra tentações
|
16. 31; 17. 6; 20. 29
|
Velhice e mocidade
|
17. 2; 19. 10; 29. 19, 21
|
Sobre servos
|
17. 8, 23; 18. 16; 21. 14; 28. 21
|
Suborno
|
17. 10; 19. 25, 29; 20. 30; 21. 11; 25. 12; 26. 3 ; 27. 5, 6, 22; 28. 23; 29. 1
|
Reprovação e correção
|
17. 13
|
Sobre ingratidão
|
17. 17; 18. 24; 27. 9, 10, 14, 17
|
Sobre amizade
|
21. 17; 23. 1-3, 6-8, 19-21; 27. 7
|
Sobre prazeres sensuais
|
20. 1; 23. 23, 29-35
|
Sobre embriaguez
|
20. 9
|
Da corrupção universal da natureza
|
20. 19; 26. 28; 28. 23; 29. 5
|
Sobre lisonja
|
20. 20; 28. 24
|
Filhos ingratos
|
20. 21; 21. 6, 7; 22. 8; 28. 8
|
Da curta duração do que é mal adquirido
|
20. 22; 24. 17, 18, 29
|
Sobre vingança
|
20. 25
|
Sobre sacrilégio
|
20. 27; 27. 19
|
Sobre consciência
|
15. 8; 21. 3, 27
|
Preferência aos deveres morais antes dos cerimoniais
|
21. 20
|
Sobre prodigalidade e desperdício
|
21. 22; 24. 15, 16
|
Os triunfos da sabedoria e da piedade
|
22. 14; 23. 27, 28
|
Sobre impureza
|
24. 10
|
Desmaio na aflição
|
14. 11, 12
|
Ajuda ao aflito
|
24. 21, 22
|
Lealdade ao governo
|
25. 21, 22
|
Perdão dos inimigos
|
26. 2
|
Maldição sem causa
|
26. 4, 5
|
Sobre responder aos tolos
|
28. 1
|
Covardia e coragem
|
28. 12, 28; 29. 2, 16; 11. 10, 11
|
O interesse do povo nos seus governantes
|
28. 13, 14
|
O benefício do arrependimento e temor santo
|
28. 17
|
Castigo de assassinato
|
28. 20, 22
|
Desejo de ser rico
|
29. 10, 27
|
A inimizade do ímpio contra o religioso
|
29. 18
|
A necessidade dos meios da graça
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário