Noutético vem da palavra de origem grega “nouthesia”, que literalmente significa “o ato de pôr em mente” (formado de nous, “mente”, e tithemi, “pôr”). O termo nouthesia é “o treinamento pela palavra”, quer por incentivo, ou, se necessário, por reprovação ou reclamação. Em contraste com isso, o sinônimo “Paideia” enfatiza treinar por ação, embora as palavras sejam usadas em cada aspecto.
O aconselhamento Noutético é um tipo de admoestação cujo objetivo é proporcionar orientação para uma vida correta diante de Deus. O que subentende também correção e a denúncia a qualquer padrão que seja incoerente com o viver cristão. A atividade noutética conforme ensina o Novo Testamento, indica que todos os cristãos, e não somente os pastores, devem ocupar-se no ensino e confrontar-se mutuamente (Rm 15.14). Porém, a atividade noutética caracteriza-se principalmente como parte integrante do ministério pastoral. Ao se despedir dos presbíteros de Éfeso, Paulo descreve, em (Atos 20.31), a atividade que desenvolvera enquanto estivera com eles, e os exortou a continuarem a mesma obra entre o povo.
Paulo foi um missionário, e onde quer que demorasse um pouco mais, atirava-se à sólida obra pastoral necessária para a edificação das pessoas na fé, sendo a atividade noutética parte proeminente dessa obra, razão porque suas cartas estão cheias de nomes de pessoas específicas, com as quais se envolvera muito intimamente. Ele não se limitava a pregar nas praças, mas lidava com as pessoas como indivíduos, grupos e famílias, confrontando-as nouteticamente. Existem três elementos da confrontação noutética que precisamos considerar aqui. Quais sejam:
1 – A atividade noutética e a sua conjunção com “didaskõ”.
Didaskõ é uma palavra grega e significa “Dar instrução” “ Ensino” (Cl 3.16). Em outros textos, contudo, o termo vai além do conceito de “ensino”. A confrontação noutética sempre envolve um problema e pressupõe um obstáculo que tem que ser vencido. A palavra didaskõ não envolve, necessariamente, um problema. Sugere, simplesmente, a comunicação de informação. Não inclui coisa alguma que diga respeito ao ouvinte, mas se refere exclusivamente à atividade do instrutor. A pessoa que está sendo ensinada pode estar ansiosa ou não por receber a instrução. Pode ter gastado razoável quantia ou ter percorrido longas distâncias para recebê-las ou então pode reagir como o típico aluno recalcitrante.
A noutese localiza aquele que faz a confrontação e aquele que a sofre, pressupondo, especificamente, a necessidade que se verifique mudança na pessoa confrontada, a qual pode opor ou não alguma resistência. A idéia de alguma coisa errada, algum pecado, alguma obstrução, algum problema, alguma necessidade que precise ser reconhecida e tratada, é uma idéia fundamental. O propósito básico da noutese é o de efetuar mudança de conduta e de personalidade.
2 - A atividade noutética e a sua conjunção com a “palavra”.
O segundo elemento inerente ao conceito de confrontação noutética é que os problemas são resolvidos por meios verbais. É o treinamento mediante a palavra de encorajamento, quando isso basta, ou de admoestação, de reprovação, de censura, quando estas se fazem necessárias. Assim, ao conceito de noutese deve-se acrescentar a dimensão adicional de confrontação verbal pessoa a pessoa, cujo objetivo é realizar mudança de comportamento e de caráter no consulente. No seu uso cristão, visa pôr em ordem o indivíduo, mediante a mudança de seus esquemas de conduta, de modo que estes se enquadrem nos padrões bíblicos. A mudança de personalidade, segundo as Escrituras, envolve confissão, arrependimento e o desenvolvimento de novos padrões de conduta. Tudo entendido como obra do Espírito Santo, pois tudo o que constitui esse ministério é por Ele tornado eficaz. Os métodos comuns de aconselhamento recomendam longas “excursões” retrospectivas rumo às confusões dos porquês e para-quês da conduta. O aconselhamento noutético aplica-se intensamente à discussão do o quê. O que foi feito? O que precisa ser feito para corrigi-lo? O que deverá constituir as futuras reações e respostas? A ênfase é no o quê, visto que já se sabe o “porquê’, antes de iniciar-se o aconselhamento. A razão pela qual as pessoas se envolvem em problemas em suas relações com Deus e com o próximo está em sua natureza pecaminosa.
3 - A atividade noutética e a sua conjunção com o “benefício ou ajuda”.
O motivo subjacente à atividade noutética é que sempre se tem em mente que a correção verbal visa beneficiar o interessado. Esse terceiro elemento implica em mudar aquilo que, na vida do consulente, o está ferindo. A meta deve ser a de enfrentar diretamente os obstáculos e vencê-los verbalmente, não com o fim de puni-lo, mas sim o de ajudá-lo. A idéia de castigo, mesmo o de cunho disciplinar, não é contemplada no conceito de confrontação noutética. A noutese é motivada pelo amor e profundo interesse, sendo que os consulentes são aconselhados e corrigidos por meios verbais para seu bem. O objetivo final é que Deus seja glorificado.
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