terça-feira, 4 de julho de 2017

Jó: Um estudo sobre o sofrimento do justo (parte 2) por John Piper

Jó, lutando com o sofrimento (parte 2) por John Piper

Jó: Um estudo sobre o sofrimento do justo (parte 2) por John Piper

Jó, lutando com o sofrimento (parte 2) por John Piper

Uma coisa é experimentar uma súbita tragédia - como a perda de um filho ou a descoberta de alguma doença temida em seu corpo. E outra coisa, bem diferente, experimentar a miséria contínua e implacável daquela perda por meses ou até mesmo anos.

Quando a miséria se arrasta por meses

Sabe-se de histórias em que mulheres levantaram automóveis que estavam esmagando seus maridos após acidentes e, posteriormente, entraram em colapso sob o choque do que aconteceu. Há uma contrapartida espiritual para este fenômeno físico. No momento do tumulto e da tragédia é dado a muitos a graça de suportar o peso com uma fé genuína. Mas, então, mais tarde, sob o peso implacável das consequências os mesmos valentes entram em colapso e em desespero. Sabe-se de soldados que, após ter uma das pernas arrancadas por uma mina terrestre, voltaram correndo para local seguro, mas depois choraram como bebês com a dor da cirurgia e da reabilitação. É uma coisa viver uma tragédia repentina. É outra coisa sofrer a mesma dor por semanas, meses e até anos. Em apenas uma tarde Jó perdeu seus dez filhos e toda a sua riqueza. Pouco depois ele foi afligido com uma doença de pele horrível. Em ambas as tragédias ele manteve sua fé e reverenciou a mão soberana de Deus. Em 1:21, ele disse, "Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR." Em 2:10 ele disse: "receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal?" Ele confirmou o absoluto controle de Deus sobre todas as coisas, e ele curvou-se em submissão a esses golpes pesados que recebeu.

A Perda de Sarah Edwards

Jó fez o que Sarah Edwards fez quando ela recebeu a notícia de que seu marido Jonathan tinha morrido na idade de 54 anos depois de tomar uma vacina contra a varíola no mês seguinte de se tornar o presidente da faculdade de Princeton em 1758. Ela pegou a caneta e escreveu a sua filha Esther cujo marido Aaron Burr havia morrido seis meses antes: Minha filha muito querida, o que hei-de dizer! Um Deus santo e bom nos cobriu com uma nuvem escura. Ó que nós possamos beijar a vara que nos açoita, e que possamos colocar nossas mãos sobre a boca! O Senhor fez isso. Ele me fez adorar a sua bondade, pois permitiu que nós tivéssemos seu pai por tanto tempo. Mas o meu Deus vive, e Ele é dono do meu coração. Ó que legado meu marido nos deixou! Somos todos submissos a Deus. Sua mãe carinhosa, Sarah Edwards. (O casamento com um homem difícil, por Elizabeth Dodds, p. 196)

Por que uma miséria tão longa para Jó?

Mas a fé e a reverência de Jó não foram recompensadas com uma rápida cura de sua doença. Ele diz em 7:2-3, "Como o servo que suspira pela sombra, e como o jornaleiro que espera pela sua paga, Assim me deram por herança meses de vaidade; e noites de trabalho me prepararam." A miséria de Jó se arrastava há meses. Então, a questão agora é: Por quê? Jó não tinha mostrado que Deus era seu tesouro mais precioso, mais precioso do que a própria saúde? A honra de Deus havia sido confirmada. Então, por que Deus não restaurou a sorte de Jó? Por que não pulamos diretamente para o capítulo 42, onde temos o final feliz? A resposta é certamente que Jó tem muito ainda o que aprender sobre o sofrimento e sobre Deus. E aqueles dentre nós que tiveram que suportar meses de miséria iriam sentir que se a história se encerrasse no capítulo 2 seria ingênua e pouco verdadeira.

Os meses miseráveis de Jó

Então, vamos olhar juntos para os meses de sofrimento de Jó. Começamos em 2:11. Quando Elifaz o temanita, Bildade o suíta, e Zofar, o naamatita, três amigos de Jô, ouviram falar de todo este mal lhe havia acontecido, vieram visitá-lo. Eles combinaram de ir visitá-lo para se condoerem com ele e consolá-lo. E quando eles o avistaram de longe, não o reconheceram. Eles levantaram suas vozes e choraram, e rasgaram as suas vestes e jogaram pó sobre as suas cabeças clamando aos céus. E sentaram-se com ele na terra sete dias e sete noites, e ninguém falou uma palavra, pois viram que o seu sofrimento era muito grande.

Três momentos de conversa

Nos próximos 29 capítulos (até o capítulo 31) nos é mostrado o que estes três amigos têm a dizer sobre o sofrimento de Jó. Existem três momentos da conversa desses amigos.

Momento 1
Elifaz (cap. 4 e 5)
Jó (cap. 6 e 7)
Bildade (cap. 8)
Jó (cap. 9 e 10)
Zofar (cap. 11)
Jó (cap. 12 a 14)

Momento 2
Elifaz (cap. 15)
Jó (cap. 16 e 17)
Bildade (cap. 18)
Jó (cap. 19)
Zofar (cap. 20)
Jó (cap. 21)

Momento 3
Elifaz (cap. 22)
Jó (cap. 23 e 24)
Bildade (cap. 25)
Jó (cap. 26 a 31)
Zofar (cap.silêncio)

Com essas longas conversas devemos nos perguntar: o que o autor deste livro quer que a gente aprenda com os discursos dos três amigos e com as respostas de Jô? Como ele suporta mês após mês de miséria?

O primeiro momento de conversa começa por causa do desabafo de Jó

O que dá início aos discursos dos amigos de Jó é o desabafo que ele faz no capítulo 3. Após sete dias de silêncio (e provavelmente semanas de sofrimento), "abriu Jó a sua boca, e amaldiçoou o seu dia. E Jó, falando, disse: Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido um homem!" (3: 1-3). As semanas de dor implacável tinham abalado a serenidade de Jó. Ele agora questiona a Deus. Versículo 11-12: "Por que não morri eu desde a madre? E em saindo do ventre, não expirei? Por que me receberam os joelhos? E por que os peitos, para que mamasse?" Versículo 20: "Por que se dá luz ao miserável, e vida aos amargurados de ânimo?" Jó não consegue entender a razão de ter nascido ou por que sua vida foi preservada se ele viria a ter tanta miséria. E assim ele protesta contra o dia de seu nascimento. E é claro que isso é um protesto contra Deus, porque, ele mesmo disse "O Senhor dá e o Senhor tira" (1:21).

Elifaz intervem

Quando os três amigos de Jó ouviram estas reclamações, eles decidem não mais ficar em silêncio. Então, Elifaz fala nos capítulos 4 e 5 e dá oportunidade para Bildade e Zofar também falarem. Ele expõe um princípio que está descrito em todos os discursos daí em diante.

Princípio Teológico de Elifaz

Vemos isso pela primeira vez no capítulo 4:7-8: "Lembra-te agora qual é o inocente que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destruídos? Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade, e semeiam mal, segam o mesmo." Em outras palavras, problema vem para aqueles que pecam, mas os inocentes não perecem. O sofrimento é o resultado do pecado, e a prosperidade é o resultado da justiça. Mas Elifaz é cuidadoso em observar em 4:17 que todos os homens são pecadores, "Seria porventura o homem mais justo do que Deus? Seria porventura o homem mais puro do que o seu Criador?" Assim, ele também admite no capítulo 5:17 que um pouco de sofrimento é o castigo amoroso de Deus. "Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus repreende; não desprezes, pois, a correção do Todo-Poderoso."

A aplicação insensível e superficial de sua Teologia

Mas, a aplicação que ele faz dessa teologia é insensível e superficial. Ele repreende Jó (4:5-6) por ser impaciente e por estar desanimado. "Mas agora, que se trata de ti, es impaciente; e tocando-te a ti, te desanima. Porventura não é o teu temor de Deus a tua confiança, e a tua esperança a integridade dos teus caminhos?" Esta foi uma repreensão desnecessária a um homem justo em agonia. Essa é a parte insensível de aplicação Elifaz. Em seguida, ele insinua que Jó não tem realmente buscado a Deus da maneira que deveria. Ele diz em 5:8, "Porém eu buscaria a Deus; e a ele entregaria a minha causa.", como se Jó precisasse aprender com Elifaz como fazer isso! E ele implica que Jó (5:18-19) seria liberto se ele se comprometesse o seu caminho para Deus. "Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam. Em seis angústias te livrará; e na sétima o mal não te tocará." Esta é a parte superficial da aplicação Elifaz. É muito simples de dizer, "Apenas se comprometa ao Senhor e sua sorte será restaurada."

Jó protesta a sua inocência

Jó sabe que a explicação de Elifaz é muito simples porque não responde as perguntas difíceis. Não responde por que alguns sofrem de uma forma extraordinária, mesmo que não tenham pecado de modo extraordinário. Não responde por que alguns prosperam de forma extraordinária, embora sejam pecadores extraordinários. Então, Jó alega sua inocência em 6:10, "porque eu não tenho negado as palavras do Santo." Ele retorna a repreensão de Elifaz em 6:24, "Ensinai-me, e eu me calarei; e fazei-me entender em que errei." Ele não consegue entender como o simples princípio de Elifaz responde ao seu caso.

A dura resposta de Bildade e uma admoestação

Bildade responde no capítulo 8 de forma bem menos suave do que Elifaz. Ele vigorosamente insiste no princípio de justiça de Elifaz até mesmo para os filhos de Jó. Em 8:3-4 ele diz: "Porventura perverteria Deus o direito? E perverteria o Todo Poderoso a justiça? Se teus filhos pecaram contra ele, também ele os lançou na mão da sua transgressão." Elifaz dizia: seus filhos eram culpados de algum pecado escondido, e por isso eles foram esmagados. E o mesmo vale para Jó (8:11-13). O problema deve ser porque Jó não está puro e não tem clamado a Deus como deveria. Então Bildade admoesta Jó em 8:6-7: "Se fores puro e reto, certamente logo despertará por ti, e restaurará a morada da tua justiça. O teu princípio, na verdade, terá sido pequeno, porém o teu último estado crescerá em extremo."

Jó não se rende

Jó considera que esta linha de pensamento está totalmente fora de sincronia com a maneira que as coisas realmente são. Em 9:22-24, diz ele, " A coisa é esta; por isso eu digo que ele consome ao perfeito e ao ímpio. Quando o açoite mata de repente, então ele zomba da prova dos inocentes. A terra é entregue nas mãos do ímpio; ele cobre o rosto dos juízes; se não é ele, quem é, logo?” Jó não abre mão da sua crença na soberania de Deus, mas ele sabe que é muito simples dizer que as coisas vão melhor nesta terra para todos os justos. Jó insiste que não é culpado. Ele é justo. Ele ora em 10:6-7: "Para te informares da minha iniquidade, e averiguares o meu pecado? Bem sabes tu que eu não sou iníquo; todavia ninguém há que me livre da tua mão".

A dura repreensão de Zofar

Zofar repete a linha de pensamento com mais rigor ainda (capítulo 11). Ele repreende Jó por afirmar ser inocente (v. 4-6) e lhe diz para abandonar o seu pecado para que Deus possa restaurá-lo (11:14-15): "Se há iniquidade na tua mão, lança-a para longe de ti e não deixes habitar a injustiça nas tuas tendas. Porque então o teu rosto levantarás sem mácula; e estarás firme, e não temerás." Assim, de acordo com os seus amigos, Jó está sofrendo, porque ele se recusa a abandonar a iniquidade.

As respostas sarcásticas de Jó

Jó responde com sarcasmo nos capítulos 12 a 14. “Também eu tenho entendimento como vós, e não vos sou inferior; e quem não sabe tais coisas como essas?” (12:3). “As vossas memórias são como provérbios de cinza; as vossas defesas como defesas de lodo.” (13:12) “Vós, porém, sois inventores de mentiras, e vós todos médicos que não valem nada.” (13:4). Ele deseja defender o seu caso com Deus, porque ele sabe que Deus é justo e está convencido de que é inocente. "Mas eu falarei ao Todo-Poderoso, e quero defender-me perante Deus." (13:3).

Os próximos momentos de conversa

Esse é o fim do primeiro momento da conversa. Os próximos dois momentos não revelam quaisquer argumentos novos, mas eles mostram os três amigos se tornando mais duros e menos credíveis em face a integridade de Jó. Por diversas vezes os três amigos insistem que o sofrimento segue a maldade. Elifaz diz: “é o ímpio que se contorce de dor” (15:20). Bildade: “Na verdade, a luz dos ímpios se apagará, e a chama do seu fogo não resplandecerá.” (18:5). Zofar: “O júbilo dos ímpios é breve, e a alegria dos hipócritas momentânea” (20:5).

A impotência da teologia dos amigos de Jó

No último discurso de Elifaz no capítulo 22:5, o ex-amigo de Jó ataca com brutalidade: "Porventura não é grande a tua malícia, e sem termo as tuas iniquidades? Porque sem causa penhoraste a teus irmãos, e aos nus despojaste as vestes. Não deste ao cansado água a beber, e ao faminto retiveste o pão. Mas para o poderoso era a terra, e o homem tido em respeito habitava nela. As viúvas despediste vazias, e os braços dos órfãos foram quebrados" Nada disso é verdade. Tudo isso foi imaginado por Elifaz, forçado por sua inadequada teologia. Mas tudo isso é tão absurdo que, quando Bildade faz seu último discurso no capítulo 25, ele só consegue falar seis versos sobre a pecaminosidade geral do homem. E quando é finalmente sua vez, Zofar não tem mais nada a dizer. E a simetria do livro foi quebrada porque a teologia dos amigos de Jó não pôde se sustentar até o fim. Seu simples princípio de justiça não foi capaz de suportar. Jó é um homem bom. No entanto, ele sofre muito mais do que muitas pessoas más. A correlação entre maldade e sofrimento neste mundo simplesmente não se sustenta.

Uma mudança na conversa de Jó sobre a morte

Algo acontece com Jó através desta longa conversa com seus três amigos. Ele começa no capítulo 3, com desânimo total e ele clama contra a sabedoria de Deus em conceder-lhe o nascimento. A duração de sua doença quase derrotou a fé que ele teve inicialmente (1:22; 2:10). Mas pouco a pouco podemos ver sua fé recuperar a força no modo como ele luta contra a teologia superficial de seus amigos. Sua fé, finalmente, se transforma em vitória no capítulo 19. Em cada discurso, até então, Jó tinha expressado a convicção de que ele certamente morreria na miséria. Ele anseia por isso. Mas há uma mudança gradual na forma como ele fala sobre a morte. No início do 7:9-10 (resposta a Elifaz), ele tem certeza de que a morte é o fim de tudo, "Assim como a nuvem se desfaz e passa, assim aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir. Nunca mais tornará à sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá." Já no capítulo 10:20-22 (resposta a Bildade) ele ainda está afundado em desespero sobre a morte, "Porventura não são poucos os meus dias? Cessa, pois, e deixa-me, para que por um pouco eu tome alento. Antes que eu vá para o lugar de que não voltarei, à terra da escuridão e da sombra da morte; Terra escuríssima, como a própria escuridão, terra da sombra da morte e sem ordem alguma, e onde a luz é como a escuridão." Então, em 14:7-14 (resposta a Zofar) Jó volta a enfrentar a certeza de sua morte em sofrimento e clama para ser liberado para morrer (v. 13). Mas desta vez ele faz uma pergunta no versículo 14: "Morrendo o homem, porventura tornará a viver?" Também em sua segunda resposta a Elifaz (17:13-16) a referência a sepultura é uma pergunta e não um clamor de desespero.
No capítulo 19:25-27, Jó chega a uma resposta. "Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, Vê-lo-ei, por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros o contemplarão; e por isso os meus rins se consomem no meu interior." Jó finalmente tem certeza de que além do túmulo, ele vai se encontrar com Deus como seu Redentor e não como um juiz irritado. Ele vai ser resgatado de toda a sua miséria, mesmo que seja depois da morte. Haverá vida e luz, não apenas a morte e as trevas. Essa confiança não responde a todas as perguntas de Jó e nem ao menos resolve todos os seus problemas teológicos. Ele ainda está totalmente perplexo sem saber por que ele deveria sofrer tanto. Seu sofrimento continua indefinidamente. Deus parece totalmente arbitrário na forma em que Ele distribui o sofrimento e o conforto nesta vida.

Jó silencia seus amigos

Mas a confiança de Jó em uma nova vida após a morte permite que ele se apegue a três de suas convicções mais queridas, ou seja, o poder soberano de Deus, a bondade e a justiça de Deus, e a fidelidade de seu próprio coração. Com essas convicções ele se nega a crer na doutrina simplista de justiça que seus amigos apresentaram. Jó finalmente consegue silencia seus amigos. E ficamos a partir daí com a voz de Jó (nos capítulos 26-31) ampliando o poder misterioso de Deus: “Eis que isto são apenas as orlas dos seus caminhos; e quão pouco é o que temos ouvido dele! Quem, pois, entenderia o trovão do seu poder?” (26:14) E a magnificação da insondável sabedoria de Deus: “Porém onde se achará a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência? O homem não conhece o seu valor, e nem ela se acha na terra dos viventes. (...) Deus entende o seu caminho, e ele sabe o seu lugar.” (28:12-13, 23) E a afirmação incansável de sua própria integridade: “À minha justiça me apegarei e não a largarei; não me reprovará o meu coração em toda a minha vida.” (27:6)

Cinco Lições

Agora, quais são as lições que podemos tirar dessa longa passagem da Escritura?

1) Declarações teológicas verdadeiras podem ser falsas.


Se você pegar a maioria das declarações dos amigos de Jó, separadamente, elas soam como uma boa teologia. Mas sua aplicação é superficial e insensível. “Como o espinho que entra na mão do bêbado, assim é o provérbio na boca dos tolos." (Provérbios 26:9). Nós devemos colocar uma grande importância na boa teologia. Mas devemos estar cientes: a boa teologia pode se tornar falsa pela maneira como ela é aplicada, e pode até ser destrutiva na boca dos tolos. Beba profundamente na fonte da verdade de Deus. E deixe o amor ficar como vigia no portão de sua boca.

2) O sofrimento e a prosperidade não são distribuídos no mundo em proporção ao mal ou ao bem que uma pessoa faz.

Jó está certo: os maus são preservados no dia da calamidade (21:30). Mas o homem justo e irrepreensível é motivo de chacota (12:4). Portanto, não nos julguemos uns aos outros antes do tempo. Aqueles que sofrem mais podem ser os melhores. E aqueles que prosperam mais podem ser os piores entre nós.

3) No entanto, Deus ainda reina sobre todos os assuntos dos homens, desde o maior ao menor

É surpreendente que o argumento mais comum utilizado pelas pessoas hoje em dia para resolver o mistério do sofrimento não passou pela cabeça de Jó ou de seus três amigos, ou seja, a limitação do controle soberano de Deus sobre todas as coisas. Hoje em dia limitamos Deus de forma muito fácil. Pensamos assim: ‘Ah, mas Deus não poderia ter desejado essa doença, ou aquela explosão ou a morte daquela criança!’). Assim, estamos dizendo que Ele não está no controle das coisas. Ele é um Deus limitado. Mas Jó e seus amigos têm esse grande fundamento em comum: eles acreditam que Deus reina. E uma solução para o problema do sofrimento que questiona a soberania de Deus nunca vai satisfazer o coração de um santo. “Com ele está a sabedoria e a força; conselho e entendimento tem. Eis que ele derruba, e ninguém há que edifique; prende um homem, e ninguém há que o solte. Eis que ele retém as águas, e elas secam; e solta-as, e elas transtornam a terra. Com ele está a força e a sabedoria; seu é o que erra e o que o faz errar.” (12:13-16)

4) Existe sabedoria por trás da aparente arbitrariedade do mundo, mas ela está escondido do homem.

“Porém onde se achará a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência? O homem não conhece o seu valor, e nem ela se acha na terra dos viventes. Deus entende o seu caminho, e ele sabe o seu lugar.” (28:12-13, 23) Nós vemos por espelho em enigma, mesmo a partir de uma perspectiva do Novo Testamento (1 Coríntios 13:12). Mas a fé sempre afirma que não importa o quão caóticas e absurdas as coisas possam parecer para a nossa visão limitada, elas são na verdade táticas de sabedoria divina infinita.

5) Portanto, nos apeguemos firmemente a Deus.

Se tu sofrer, Deus irá guiar-te,
Tenha fé n’Ele em todos os teus caminhos,
Ele vai te dar força, e te livrar,
E irá levar-te através dos dias maus
Quem confia no amor imutável de Deus
Constrói sobre a rocha que não se abala com nada.

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