Se Deus não fosse um espírito peremptoriamente puro, as suas outras criaturas como os anjos, por exemplo, poderiam ser mais perfeitas do que ele. Em geral, podemos notar que há mais sinais de imperfeições e limitações nas criaturas corpóreas do que nas espirituais, isto é, os anjos. Deus, como um ser espiritual, não pode ser menos perfeito do que suas próprias criaturas. Se fosse assim, Deus não seria um ser supremo.
É a plena natureza espiritual de Deus que lhe dá o caráter perfeito que tem. Mesmo as suas criaturas espirituais como os anjos, todavia, são limitados, sujeitos a imperfeições e mudanças, como o caso dos anjos que se rebelaram (2 Pe 2.4; Jd 6). Deus, porém, é espírito perfeito, e não um ser contingente. Portanto, a espiritualidade perfeita de Deus faz dEle um ser que difere absolutamente de todas as suas criaturas. Senão vejamos algumas caracterísiticas acerca da Espiritualidade de Deus:
1. DEUS É UM SER INCORPÓREO
Como um ser espiritual, Deus é um ser incorpóreo, isto é, ele não é dotado de um corpo como os seres humanos. Deus não tem forma, não é mensurável espacialmente, nem possui qualquer tipo de aparência.
Esta verdade está subjacente no segundo mandamento em (Ex 20). Entretanto, é por esta razão, por Deus não possuir uma forma física aparente, que ele não permite e abomina a imagem de escultura e a adoração prestada a ela como se fosse à imagem da divindade.
Haja vista que Deus pode tomar formas temporariamente, como o fez várias vezes para comunicar-se com os homens revelacionalmente, seja com o propósito de redenção ou de juízo (veja Gn 18.20-22; cáp 19; 32.22-30; Ex 3.2; Js 5.13-15). Essas formas que Deus assume são chamadas de teofanias, mas não são formas essenciais de Deus. Ele assumiu estas formas no passado no AT apenas para fazer-se conhecido dos seres humanos.
Por conseguinte, existem inúmeras passagens na Escritura que expressam que Deus possuí aspectos físicos como mãos, pés, olhos, ouvido e rosto. Como então entender estas passagens? Vejamos algumas dentre várias:
Ezequiel 3.22 - A mão do SENHOR veio sobre mim, e ele me disse: Levanta-te e sai ao vale, onde falarei contigo. ARA
Apocalipse 1.15 - E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. ACF
1 Pedro 3.12 - Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos às suas orações; Mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal. ACF
Precisamos entender que, nestas passagens que enfatizam Deus como tendo partes humanas são antropomórficas, isto é, uma linguagem ou um meio humano que Deus se utilizou para falar conosco para que pudéssemos entendê-lo plenamente na sua maneira de Ser e de agir. Noutras palavras, é Deus falando e se expressando através de formas humanas.
Contudo, não podemos atribuir formas a Deus, porque se fizermos isso, estaremos incprrendo num erro grotesco negando a sua natureza espiritual que lhe é essencial. Se Deus fosse um ser corpóreo, Ele não poderia ser infinito, imutável, onipresente, independente etc.
2. DEUS É UM SER INVISÍVEL
Uma das características da espiritualidade de Deus é ser invisível. Note as palavras de Paulo em (1 Tm 1.17) Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém! ARA
Deus não é somente invisível, mas também é imperceptível aos nossos sentidos, ao contrário do vento. Não vemos o vento, mas o sentimos, porque a invisibilidade do vento não faz com que ele se choque com os seres corpóreos. Em contraste com eles, Deus é incapaz de ser visto e percebido pelos sentidos humanos, a não ser que se comunique com os seres humanos e se faça perceptível.
Portanto, é impossível para o ser humano ver a Deus, porque Deus não pode ser percebido pelos nossos sentidos visuais. Não é uma questão de falta de oportunidade, mas de incapacidade. É propriedade divina não poder ser contemplado por olhos humanos.
1 Timóteo 6.16 - Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém. ACF
A invisibilidade de Deus se deve ao fato de que Ele é um ser eminentemente espiritual, ou seja, que não possui forma conforme o próprio Jesus declarou em (Jo 5.37): E o Pai que me enviou, ele mesmo testemunhou a meu respeito. Vocês nunca ouviram a sua voz, nem viram a sua forma. NVI
3. DEUS É UM SER IMORTAL
A mesma passagem de (1Tm 6.16) menciona que Deus é o único que possui a imortalidade. Literalmente, Ele é o único ser imortal. Todos os outros seres, homens e anjos, são mortais, isto é, são passíveis de serem separados de Deus, como também no caso dos anjos que se rebelaram. Entretanto, há um sentido em que o homem é imortal, porém, não no sentido literal.
A questão da imortalidade deve ser entendida no sentido de que o homem vai existir para sempre, isto é, que ele nunca cessará de existir, mesmo depois da morte, ou vivendo eternamente com Deus salvo ou vivendo eternamente perdido em condenação, nessa perspectiva, o homem então é imortal.
No entanto, se entendermos a questão da imortalidade no sentido de que o homem não morre literalmente, não obstante isto é impossível, porque indubitavelmente o homem morre literalmente devido ao pecado. Adão se não tivesse pecado ele viveria para sempre, isto é, Deus o conservaria neste estado (Gn 2.16-17).
Os homens também são mortais porque não somente são separados de Deus por causa de seus pecados, mas são separados de si mesmos, quando o corpo (que é o homem) se separa do espírito (que é o homem) na morte, visto que o homem é uma totalidade, uma unidade psicossomática, um ser unipessoal, e não um ser dividido em duas ou três partes conforme a dicotomia e tricotomia ressaltam.
Todavia, existe o caso de homens (mortos espiritualmente) que não foram vivificados ou regenerados e morreram (fisicamente). Estes, depois da ressurreição, continuarão mortos (espiritualmente) para sempre, quando serão lançados no lago de fogo, porém ao mesmo tempo vivos e conscientes para sofrerem a condenação eternamente.
Os homens morrem porque recebem vida e a vida lhes é tirada, porque a vida não é a parte da sua essência. Mas a vida é essencial em Deus. Se Deus morre, ele perde a sua própria essência. Por isso é que ele é o único imortal. A sua imortalidade está ligada ao fato de ele ser infinito, espiritual, independente, etc.
Obs: Este artigo contém algumas citações extraídas do livro: O Ser de Deus e Seus Atributos de Heber Carlos de Campos.
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Extraído de: http://www.materiasdeteologia.com
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