Sempre que alguém me diz que fazer seguro é falta de fé fico com vontade de perguntar: "Seu computador tem antivírus? Sua casa tem fechadura nas portas? Você tranca o carro na rua? Se for paraquedista, salta sem o reserva? Tem no armário algodão, esparadrapo, mertiolate, aspirinas, antiácidos etc?". Faria sentido perguntar, porque todas essas coisas são "seguros" que nos custam algo.
Apesar de ser possível instalar antivírus grátis, eles irão custar em desempenho da máquina, portanto pessoas "de fé" deveriam navegar sem antivírus. E mais: deveriam vender o pneu estepe do carro e usar o dinheiro para algo útil. Afinal, para uma pessoa de fé o computador nunca irá pegar vírus, as portas não precisariam de fechaduras, o carro poderia ficar aberto na rua mais escura e seria desperdício ter remédios em casa ou levar um paraquedas de reserva. A fé seria suficiente para evitar todos os males. Mas sabemos que a coisa não é tão simples assim.
Se alguém acredita realmente que Deus irá guardá-lo em todas as situações acima isso será um exercício da pessoa com Deus. Não caberá a mim julgar se ela tem ou não fé suficiente ou se Deus irá ou não guardá-la nessas circunstâncias. Devemos nos lembrar sempre do que Paulo diz em Romanos 14:5: "Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente... Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova".
Portanto, se alguém acredita que não deve fazer seguro do carro ou de saúde, então esse será um exercício dessa pessoa para com o Senhor e não caberá a mim dizer se está certa ou errada, desde que não venha depois pedir meu carro emprestado em caso de roubo, ou dinheiro em caso de doença.
Mas vamos à sua dúvida que surgiu depois de ler a passagem em Esdras 8:21-32 na qual ele relata que teve vergonha de pedir proteção ao exército do rei gentio para a viagem que pretendiam fazer a Jerusalém. Segundo Esdras, seria incoerente fazer tal pedido depois de ter afirmado que "A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas o seu poder e a sua ira contra todos os que o deixam". Seria isto um argumento contra fazermos seguro de vida, de saúde, do carro, da casa, de viagem etc.? Vamos ler a passagem toda:
"Então apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos diante da face de nosso Deus, para lhe pedirmos caminho seguro para nós, para nossos filhos e para todos os nossos bens. Porque tive vergonha de pedir ao rei, exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo pelo caminho; porquanto tínhamos falado ao rei, dizendo: A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas o seu poder e a sua ira contra todos os que o deixam. Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações. Então separei doze dos chefes dos sacerdotes: Serebias, Hasabias, e com eles dez dos seus irmãos. E pesei-lhes a prata, o ouro e os vasos; que eram a oferta para a casa de nosso Deus, que ofereceram o rei, os seus conselheiros, os seus príncipes e todo o Israel que ali se achou. E pesei em suas mãos seiscentos e cinqüenta talentos de prata, e em vasos de prata cem talentos, e cem talentos de ouro, E vinte bacias de ouro, de mil dracmas, e dois vasos de bom metal lustroso, tão precioso como ouro" (Ed 8:21-32).
Considerando que eles iriam viajar com um carregamento de seiscentos e cinquenta talentos de prata, mais cem talentos de prata na forma de vasos além de cem talentos de ouro, fora as vinte bacias de ouro, mil dracmas e dois vasos de um metal valioso, certamente seria sensato fazer tal viagem em um carro forte, se tal coisa existisse na época. Digo isto porque um talento equivaleria a 34 quilos, e multiplicando teríamos ali um carregamento de umas 25 toneladas de prata e mais três toneladas e meia de ouro.
Se Esdras agiu como agiu podemos ter certeza de que Deus assim quis que fizesse. Não se tratava de uma viagem de Esdras e sua família à praia, mas de todo um mover de Deus no sentido de restaurar o testemunho que estava em ruína em Jerusalém. Lendo a partir do capítulo um de Esdras você percebe o quanto estava envolvido naquela empreitada. Deus estava movendo não apenas Esdras, mas todo o remanescente judeu, seus profetas, sacerdotes e até mesmo reis e autoridades entre os pagãos. Daquela situação bem podia ser dito: "Porque ELE completará a obra" (Rm 9:28).
Sempre que usamos de uma passagem que foi o exercício individual de alguém na Bíblia para transformá-la em doutrina é preciso pensar nas implicações disso. E uma das implicações de dizer que é falta de fé fazer seguros, com base na experiência específica de Esdras e da obra que Deus estava para fazer por intermédio dele, é dizer que todos os cristãos que fazem seguro são pessoas de pouca fé.
Na minha opinião dizer que alguém que faz seguro não tem fé é o mesmo que dizer que todos os que instalam antivírus no computador, verificam a pressão dos pneus antes de viajar, ou que saem de casa levando um guarda-chuva, ou que trancam a porta antes de dormir, ou colocam o carro no estacionamento, ou colocam cinto de segurança e a criança na cadeirinha do carro, ou até instalam um guarda-corpo na varanda, são pessoas que não confiam que Deus seja capaz de guardá-las do perigo. Transfira o conceito para a segurança no trabalho e teríamos cristãos abrindo mão dos EPI (Equipamentos de Proteção Individual) por acharem que aquilo só deve ser usado por incrédulos ou crentes de pouca fé.
Uma vez eu tive a mesma dúvida que você e um irmão leu uma passagem em Salmos que estabelece um princípio valioso para o cristão. Basicamente é o mesmo princípio que o Senhor menciona ao dizer que não devemos tentar a Deus. Ou seja, se eu sei que algum mal ou incidente inesperado pode acontecer, se tenho os recursos necessários para me precaver contra ele, e mesmo assim insisto em desafiar as probabilidades isso não pode ser considerado fé, mas sim indiferença para com o perigo. Se Deus me deu um carro e sei que existe a possibilidade de um pneu furar, vou viajar com estepe. Se existe a possibilidade de perdê-lo por roubo ou acidente e tenho recursos também vindos de Deus para segurá-lo, por que não fazê-lo? Vamos ao versículo que aquele irmão me indicou:
Sl 127:1 "Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela".
Quem edifica a casa é o Senhor, mas alguém precisa pegar na massa. Quem guarda a cidade é o Senhor, mas mesmo assim há uma sentinela. Portanto não há nada de errado em um cristão fazer seguro do carro ou de saúde. E se sofrer um acidente ou ser roubado isso nem sempre significa que lhe faltou fé, mas pode ser o Senhor querendo ensinar algo a ele, à outra vítima ou ao assaltante. Devemos ser simples nessas coisas. Lembre-se de que José fez, por assim dizer, um "plano de previdência" para sua família ao criar uma "poupança" de grãos durante os sete anos de vacas gordas para salvar seu povo quando chegassem os sete anos de vacas magras.
Gn 41:33-36 "Portanto, Faraó previna-se agora de um homem entendido e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito. Faça isso Faraó e ponha governadores sobre a terra, e tome a quinta parte da terra do Egito nos sete anos de fartura, E ajuntem toda a comida destes bons anos, que vêm, e amontoem o trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem. Assim será o mantimento para provimento da terra, para os sete anos de fome, que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome".
Apesar de ser possível instalar antivírus grátis, eles irão custar em desempenho da máquina, portanto pessoas "de fé" deveriam navegar sem antivírus. E mais: deveriam vender o pneu estepe do carro e usar o dinheiro para algo útil. Afinal, para uma pessoa de fé o computador nunca irá pegar vírus, as portas não precisariam de fechaduras, o carro poderia ficar aberto na rua mais escura e seria desperdício ter remédios em casa ou levar um paraquedas de reserva. A fé seria suficiente para evitar todos os males. Mas sabemos que a coisa não é tão simples assim.
Se alguém acredita realmente que Deus irá guardá-lo em todas as situações acima isso será um exercício da pessoa com Deus. Não caberá a mim julgar se ela tem ou não fé suficiente ou se Deus irá ou não guardá-la nessas circunstâncias. Devemos nos lembrar sempre do que Paulo diz em Romanos 14:5: "Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente... Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova".
Portanto, se alguém acredita que não deve fazer seguro do carro ou de saúde, então esse será um exercício dessa pessoa para com o Senhor e não caberá a mim dizer se está certa ou errada, desde que não venha depois pedir meu carro emprestado em caso de roubo, ou dinheiro em caso de doença.
Mas vamos à sua dúvida que surgiu depois de ler a passagem em Esdras 8:21-32 na qual ele relata que teve vergonha de pedir proteção ao exército do rei gentio para a viagem que pretendiam fazer a Jerusalém. Segundo Esdras, seria incoerente fazer tal pedido depois de ter afirmado que "A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas o seu poder e a sua ira contra todos os que o deixam". Seria isto um argumento contra fazermos seguro de vida, de saúde, do carro, da casa, de viagem etc.? Vamos ler a passagem toda:
"Então apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos diante da face de nosso Deus, para lhe pedirmos caminho seguro para nós, para nossos filhos e para todos os nossos bens. Porque tive vergonha de pedir ao rei, exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo pelo caminho; porquanto tínhamos falado ao rei, dizendo: A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas o seu poder e a sua ira contra todos os que o deixam. Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações. Então separei doze dos chefes dos sacerdotes: Serebias, Hasabias, e com eles dez dos seus irmãos. E pesei-lhes a prata, o ouro e os vasos; que eram a oferta para a casa de nosso Deus, que ofereceram o rei, os seus conselheiros, os seus príncipes e todo o Israel que ali se achou. E pesei em suas mãos seiscentos e cinqüenta talentos de prata, e em vasos de prata cem talentos, e cem talentos de ouro, E vinte bacias de ouro, de mil dracmas, e dois vasos de bom metal lustroso, tão precioso como ouro" (Ed 8:21-32).
Considerando que eles iriam viajar com um carregamento de seiscentos e cinquenta talentos de prata, mais cem talentos de prata na forma de vasos além de cem talentos de ouro, fora as vinte bacias de ouro, mil dracmas e dois vasos de um metal valioso, certamente seria sensato fazer tal viagem em um carro forte, se tal coisa existisse na época. Digo isto porque um talento equivaleria a 34 quilos, e multiplicando teríamos ali um carregamento de umas 25 toneladas de prata e mais três toneladas e meia de ouro.
Se Esdras agiu como agiu podemos ter certeza de que Deus assim quis que fizesse. Não se tratava de uma viagem de Esdras e sua família à praia, mas de todo um mover de Deus no sentido de restaurar o testemunho que estava em ruína em Jerusalém. Lendo a partir do capítulo um de Esdras você percebe o quanto estava envolvido naquela empreitada. Deus estava movendo não apenas Esdras, mas todo o remanescente judeu, seus profetas, sacerdotes e até mesmo reis e autoridades entre os pagãos. Daquela situação bem podia ser dito: "Porque ELE completará a obra" (Rm 9:28).
Sempre que usamos de uma passagem que foi o exercício individual de alguém na Bíblia para transformá-la em doutrina é preciso pensar nas implicações disso. E uma das implicações de dizer que é falta de fé fazer seguros, com base na experiência específica de Esdras e da obra que Deus estava para fazer por intermédio dele, é dizer que todos os cristãos que fazem seguro são pessoas de pouca fé.
Na minha opinião dizer que alguém que faz seguro não tem fé é o mesmo que dizer que todos os que instalam antivírus no computador, verificam a pressão dos pneus antes de viajar, ou que saem de casa levando um guarda-chuva, ou que trancam a porta antes de dormir, ou colocam o carro no estacionamento, ou colocam cinto de segurança e a criança na cadeirinha do carro, ou até instalam um guarda-corpo na varanda, são pessoas que não confiam que Deus seja capaz de guardá-las do perigo. Transfira o conceito para a segurança no trabalho e teríamos cristãos abrindo mão dos EPI (Equipamentos de Proteção Individual) por acharem que aquilo só deve ser usado por incrédulos ou crentes de pouca fé.
Uma vez eu tive a mesma dúvida que você e um irmão leu uma passagem em Salmos que estabelece um princípio valioso para o cristão. Basicamente é o mesmo princípio que o Senhor menciona ao dizer que não devemos tentar a Deus. Ou seja, se eu sei que algum mal ou incidente inesperado pode acontecer, se tenho os recursos necessários para me precaver contra ele, e mesmo assim insisto em desafiar as probabilidades isso não pode ser considerado fé, mas sim indiferença para com o perigo. Se Deus me deu um carro e sei que existe a possibilidade de um pneu furar, vou viajar com estepe. Se existe a possibilidade de perdê-lo por roubo ou acidente e tenho recursos também vindos de Deus para segurá-lo, por que não fazê-lo? Vamos ao versículo que aquele irmão me indicou:
Sl 127:1 "Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela".
Quem edifica a casa é o Senhor, mas alguém precisa pegar na massa. Quem guarda a cidade é o Senhor, mas mesmo assim há uma sentinela. Portanto não há nada de errado em um cristão fazer seguro do carro ou de saúde. E se sofrer um acidente ou ser roubado isso nem sempre significa que lhe faltou fé, mas pode ser o Senhor querendo ensinar algo a ele, à outra vítima ou ao assaltante. Devemos ser simples nessas coisas. Lembre-se de que José fez, por assim dizer, um "plano de previdência" para sua família ao criar uma "poupança" de grãos durante os sete anos de vacas gordas para salvar seu povo quando chegassem os sete anos de vacas magras.
Gn 41:33-36 "Portanto, Faraó previna-se agora de um homem entendido e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito. Faça isso Faraó e ponha governadores sobre a terra, e tome a quinta parte da terra do Egito nos sete anos de fartura, E ajuntem toda a comida destes bons anos, que vêm, e amontoem o trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem. Assim será o mantimento para provimento da terra, para os sete anos de fome, que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome".
por Mario Persona
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