quarta-feira, 7 de agosto de 2013

No Céu, Descansaremos de Todas as Tentações - Richard Baxter

Descansaremos também de todas nossas tentações a que somos submetidos pelo mundo e pela carne,
bem como por Satanás; e elas são incontáveis, e seu peso, se não olhássemos para a graça que nos sustenta, seria intolerável. [...] Para nós, todos os sentidos, todos os membros, todas as criaturas, todas as misericórdias e todas as responsabilidades são um laço. Mal podemos abrir os olhos, e já estamos em perigo. Se consideramos os outros acima de nós, corremos o risco da inveja; se os consideramos inferiores a nós, corremos o risco do desdém. Se o que vemos são prédios suntuosos, casas agradáveis, honras e riquezas, corremos o risco de nos deixar levar pelos desejos cobiçosos; se o que vemos são os trapos e a pobreza dos outros, corremos o risco da inclemência e dos pensamentos em que aplaudimos a nós mesmos; se o que vemos é a beleza, essa é uma isca para a cobiça; se o que vemos é a deformidade, essa é uma isca para o desprezo e a aversão. Mal podemos ouvir uma palavra, e já ela representa um motivo para a tentação. E, por essa passagem, muito rapidamente relatos difamadores, zombarias vis, falas devassas insinuam-se em nosso coração! 


Como nosso apetite pela tentação é forte e dominante, e como isso exige vigilância firme e constante! Temos graça e beleza? Que combustível para o orgulho. Temos alguma deformidade? Que oportunidade para o lamento. Temos bom raciocínio e facilidade para aprender? Como é difícil não se orgulhar disso! Impulsionar a nós mesmos; caçar aplauso; desprezar nossos irmãos; desgostar-se da simplicidade que há em Cristo: tanto na essência quanto no estilo das Escrituras, na doutrina, na disciplina, na adoração e nos santos; prestigiar um culto pomposo, carnal e ilusório a Deus e exaltar a razão acima da fé. Somos pessoas cujas mentes são superficiais e incultas e cujos membros são insuficientes? Como somos aptos a desprezar o que não temos e a subestimar o que não conhecemos; e a errar confiantes graças a nossa ignorância: e se a presunção e o orgulho se fizerem presentes, tornamo-nos, com o pretexto da santidade e da verdade, zelosos inimigos da verdade e principal perturbador da paz na igreja. Somos homens eminentes e ocupamos cargos de autoridade? Quão forte é nossa tendência de diminuir nossos irmãos, de abusar de nossa confiança, de impulsionar a nós mesmos, de fundamentar-nos em nossa honra e privilégios; de ignorar a nós mesmos, a nossos irmãos pobres e ao bem de todos: como é difícil devotar nosso poder à glória do Senhor, de quem o recebemos; como somos propensos a tornar nosso desejo nossa lei e a eliminar toda a alegria dos outros, tanto religiosos quanto leigos, por intermédio de nossas malditas regras e detestáveis modelos que apenas buscam satisfazer nosso próprio interesse e diretriz! Somos inferiores e vassalos? Como somos propensos a julgar a importância dos outros e tomar a liberdade de apresentar todas suas ações no tribunal de nosso incompetente julgamento; e a censurá-los, e a difamá-los, e a murmurar a respeito das medidas adotadas! Somos ricos e não somos muito exaltados? Somos pobres e não estamos descontentes e tornamos nossas necessidades um pretexto para roubar a Deus em todo seu serviço? [...]

Mas para sempre seja abençoado o amor onipotente que nos salva disso tudo, e que faz com que nossas restrições e dificuldades resultem nos benefícios da glória de sua graça salvadora. [...] No céu, o perigo e os problemas ficam para trás; não há nada exceto o que promove nossa alegria.

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