sexta-feira, 9 de agosto de 2013

REFORMA HOJE - Por Helbert Souza

Tendo sido profundamente influenciado pelas idéias dos pré-reformadores, Martinho Lutero  prega três sermões entre os anos de 1516 e 1517 contra as idulgências, doutrina amplamente propagada pelos romanistas na época, com a finalidade de angariar recursos financeiros através da exploração da fé. 

Os abusos aumentavam a cada dia, o Papa Leão X ofereceu indulgências para aqueles que dessem dinheiro para reconstrução da Basílica de São Pedro. Chegou-se ao ponto de surgirem “profissionais  perdoadores” que proclamavam a plenos pulmões:  

"Assim que uma moeda tilinta no cofre, uma alma sai do purgatório".

Um dos  maiores promotores da idéia, Johann Tetzel, através de seu marketing agressivo acendeu ainda mais a indignação de Lutero. Este acontecimento o leva à atitude que iniciaria a tão necessária Reforma: 


cravou, em 1517, na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, 95 teses contestando este e outros tantos ensinamentos da Igreja Católica Romana, os quais eram absurdos à luz, não só do ponto de vista ético, mas também da ortodoxia. Uma perversão da doutrina dos Apóstolos.
  
Lutero, Calvino e os demais reformadores sacudiram a Europa do século XVI. Estava 
começando uma nova fase na história da igreja cristã.
O pensamento reformado podia ser sintetizado pelas frases latinas, assim chamadas, cinco solas: 
Sola fide - somente a fé), 
Sola scriptura - somente a Escritura 
Solus Christus - somente Cristo
Sola gratia - somente a graça e 
Soli Deo gloria - glória somente a Deus.

Dentre estes pontos, a base parecia ser o sola scriptura, a Bíblia como a única, eficiente e suficiente fonte de verdade para todo cristão. Não mais a tradição nem a palavra do papa, considerado o vicário de Cristo pelo catolicismo. 

A importância e exclusividade da Escritura para Lutero, fica-nos clara através de suas conhecidas palavras:  
“Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para o que há de vir.”,

O reformador não estava tratando de teorias ou poetizando, ele havia sido liberto da grande decepção de não conseguir justificar-se por suas obras de justiça própria, o texto de Romanos 1:17 - "O justo viverá pela fé" – mudou a sua vida.

Martinho Lutero também demonstra crer na sua suficiência da Bíblia ao trabalhar para traduzi-la do latim para o alemão, com a finalidade torná-la acessível ao máximo de cristãos possível, o que ate então havia sido vetado pela igreja; a qual asseverava que a Escritura só poderia  ser autenticamente interpretada pela tradição católica, o magistério católico.

Em nossos dias, refletindo ainda o evento da reforma, o cristianismo é constituído basicamente por católicos e protestantes, porém apesar de o protestantismo ser um reflexo da reforma do Sec  XVI, muitos pastores evangélicos têm demonstrado grande ignorância com relação a história do protestantismo, se não com relação ao próprio Evangelho.

Parece que estamos vivendo na Idade Média novamente. 
O ensinamento de grande parte da igreja evangélica hodierna  assemelha-se com a doutrina católica daquela época:

- Temos o misticismo evangélico. "Cuidado para não atrair maldição para a sua vida, a palavra tem poder"

-  A fé em objetos. A "arquinha", o "cajadinho" de Moisés, o sal e a rosa ungida, dentre outros.

- O surgimento de novos apóstolos. Este fato se opõe à doutrina do sacerdócio universal dos crentes, pois muitos acham que a oração do "apóstolo" é ouvida por Deus mais rápido, é mais poderosa, ou que Deus resolverá fazer por ele, algo que não estava disposto a fazer por meio da oração de qualquer outro crente.
Também à suficiência da Escritura é ataca, pois se temos novos apóstolos, podemos ter novas doutrinas.
Por fim, refaz a distinção  entre clérigos e leigos.

- O legalismo. Este apregoa uma espécie de salvação por obras.
A idulgência agora não é mais para tirar um parente do purgatório. A mensagem atual de Tetzel é a teologia prosperidade financeira e a lei da recompensa.


Se  grande parte da liderança evangélica brasileira tem agido como os papistas medievais, os cristãos que repugnam este desdém à Escritura, assim como Martinho Lutero, João Calvino, Huldreich Zwínglio e Knox, estão diante de um grande desafio: 

é necessário fazer reforma novamente, voltar a afirmar e pregar à Igreja de Cristo e ao mundo, que somente a Escritura é a verdadeira, infalível e suficiente Palavra de Deus e não as novas revelações, sonhos e visões humanistas que emanam de coração errantes. 
Não precisamos de inovações nem modismos religiosos. Necessitamos urgentemente retornar àquela verdade, que não é ultrapassada nem moderna, é a eterna Palavra de Deus.

Que o Senhor faça de cada crente diligente, um novo reformador em nossos dias, que dê ousadia e poder e opere um avivamento genuíno em nossa nação!

Soli Deo Gloria!


Extraído de: http://www.materiasdeteologia.com

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