Tendo sido profundamente influenciado pelas idéias dos pré-reformadores, Martinho Lutero prega três sermões entre os anos de 1516 e 1517 contra as idulgências, doutrina amplamente propagada pelos romanistas na época, com a finalidade de angariar recursos financeiros através da exploração da fé.
Os abusos aumentavam a cada dia, o Papa Leão X ofereceu indulgências para aqueles que dessem dinheiro para reconstrução da Basílica de São Pedro. Chegou-se ao ponto de surgirem “profissionais perdoadores” que proclamavam a plenos pulmões:
"Assim que uma moeda tilinta no cofre, uma alma sai do purgatório".
Um dos maiores promotores da idéia, Johann Tetzel, através de seu marketing agressivo acendeu ainda mais a indignação de Lutero. Este acontecimento o leva à atitude que iniciaria a tão necessária Reforma:
cravou, em 1517, na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, 95 teses contestando este e outros tantos ensinamentos da Igreja Católica Romana, os quais eram absurdos à luz, não só do ponto de vista ético, mas também da ortodoxia. Uma perversão da doutrina dos Apóstolos.
Lutero, Calvino e os demais reformadores sacudiram a Europa do século XVI. Estava
começando uma nova fase na história da igreja cristã.
O pensamento reformado podia ser sintetizado pelas frases latinas, assim chamadas, cinco solas:
Sola fide - somente a fé),
Sola scriptura - somente a Escritura
Solus Christus - somente Cristo
Sola gratia - somente a graça e
Soli Deo gloria - glória somente a Deus.
Dentre estes pontos, a base parecia ser o sola scriptura, a Bíblia como a única, eficiente e suficiente fonte de verdade para todo cristão. Não mais a tradição nem a palavra do papa, considerado o vicário de Cristo pelo catolicismo.
A importância e exclusividade da Escritura para Lutero, fica-nos clara através de suas conhecidas palavras:
“Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para o que há de vir.”,
O reformador não estava tratando de teorias ou poetizando, ele havia sido liberto da grande decepção de não conseguir justificar-se por suas obras de justiça própria, o texto de Romanos 1:17 - "O justo viverá pela fé" – mudou a sua vida.
Martinho Lutero também demonstra crer na sua suficiência da Bíblia ao trabalhar para traduzi-la do latim para o alemão, com a finalidade torná-la acessível ao máximo de cristãos possível, o que ate então havia sido vetado pela igreja; a qual asseverava que a Escritura só poderia ser autenticamente interpretada pela tradição católica, o magistério católico.
Em nossos dias, refletindo ainda o evento da reforma, o cristianismo é constituído basicamente por católicos e protestantes, porém apesar de o protestantismo ser um reflexo da reforma do Sec XVI, muitos pastores evangélicos têm demonstrado grande ignorância com relação a história do protestantismo, se não com relação ao próprio Evangelho.
Parece que estamos vivendo na Idade Média novamente.
O ensinamento de grande parte da igreja evangélica hodierna assemelha-se com a doutrina católica daquela época:
- Temos o misticismo evangélico. "Cuidado para não atrair maldição para a sua vida, a palavra tem poder"
- A fé em objetos. A "arquinha", o "cajadinho" de Moisés, o sal e a rosa ungida, dentre outros.
- O surgimento de novos apóstolos. Este fato se opõe à doutrina do sacerdócio universal dos crentes, pois muitos acham que a oração do "apóstolo" é ouvida por Deus mais rápido, é mais poderosa, ou que Deus resolverá fazer por ele, algo que não estava disposto a fazer por meio da oração de qualquer outro crente.
Também à suficiência da Escritura é ataca, pois se temos novos apóstolos, podemos ter novas doutrinas.
Por fim, refaz a distinção entre clérigos e leigos.
- O legalismo. Este apregoa uma espécie de salvação por obras.
A idulgência agora não é mais para tirar um parente do purgatório. A mensagem atual de Tetzel é a teologia prosperidade financeira e a lei da recompensa.
Se grande parte da liderança evangélica brasileira tem agido como os papistas medievais, os cristãos que repugnam este desdém à Escritura, assim como Martinho Lutero, João Calvino, Huldreich Zwínglio e Knox, estão diante de um grande desafio:
é necessário fazer reforma novamente, voltar a afirmar e pregar à Igreja de Cristo e ao mundo, que somente a Escritura é a verdadeira, infalível e suficiente Palavra de Deus e não as novas revelações, sonhos e visões humanistas que emanam de coração errantes.
Não precisamos de inovações nem modismos religiosos. Necessitamos urgentemente retornar àquela verdade, que não é ultrapassada nem moderna, é a eterna Palavra de Deus.
Que o Senhor faça de cada crente diligente, um novo reformador em nossos dias, que dê ousadia e poder e opere um avivamento genuíno em nossa nação!
Soli Deo Gloria!
Extraído de: http://www.materiasdeteologia.com
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