sábado, 30 de novembro de 2013

Revivendo Cristianismo ou Cristandade?


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Por Michael Horton


Por quase um século, Cristãos conservadores têm visto o declínio do protestantismo histórico como um sinal do Julgamento Divino sobre os liberais por engatar seus caminhões ao espírito da época. Isso também é um sub-texto do Editor do New York Times, Ross Douthat Religião Má: Como nos tornamos uma nação de hereges. A ameaça da heresia tem sido sempre uma oportunidade para a igreja esclarecer e articular suas convicções. No passado, até mesmo os hereges eram claras em seus ensinos, Douthat explicou em uma entrevista: “Mas, em vez disso, precisamente por causa das heresias tendemos realmente a ser anti-heréticos, vagos sobre doutrina, e muito mais individualistas e “faça você mesmo” e auto conscientemente despreocupados com algumas das heresias do passado que você está fazendo referência, é difícil para as pessoas esclarecer o que realmente está em pauta nos debates religiosos, tanto para o Cristianismo como para a América como um todo”.

Liberais usavam o impacto da cultura para justificar suas perdas. Esta estratégia tem reaparecido nas semanas recentes, até mesmo como as principais denominações estão cortando orçamentos e a Igreja Episcopal está vendendo suas sedes no coração de Manhattan. Diana Butler Bass defende o liberalismo como a melhor esperança para reviver o cristianismo. 

O Rev. Samuel T. Lloyd III, ex-reitor da venerável Catedral em Washington, D.C, tem oferecido um argumento similar:

O que Douthat vê como uma crescente onda do liberalismo aumentando semanalmente nas principais igrejas está no fato de que uma onda de mudança social está lavando a face do cristianismo na América do Norte. De maneira simples, Americanos estão em muitos casos encontrando em suas igrejas pouco do alimento espiritual que já encontraram antes. Muitos tem perdido a confiança na própria instituição, e são muitas vezes encontrado pouco serviço nas igrejas que os mantenha longe no Domingo da corrida matinal, jardinagem, e jogos de futebol. 

Em resposta a tais reações, Sr Douthat tem qualificado sua análise enquanto mantém um enredo básico: isto é, que o Cristianismo liberal — por toda sua política e influência social  tem esvaziado a fé de seu conteúdo. Este é um argumento que fez em meados de 1920, com seu livro controverso, Cristianismo e Liberalismo

Ainda Dean Lloyd faz um bom argumento: 

Uma nação que vai somente para a Igreja no domingo transforma-se muito menos. Uma cultura que enfatiza realização pessoal, consumidores experientes, altas expectativas de consumo, e impaciência com as demandas das organizações, faz pouco para encorajar a paciência requirida para a vida nas congregações locais. E, crucialmente, muitas igrejas tornaram-se tão a vontade no estabelecimento da América que elas perderam o senso de urgência em nutrir uma fé pessoal firme em seus membros.

As igrejas tem muito que aprender neste tempo de transição, e a boa notícia é que a curva de aprendizado agora está afiada e muitos estão no jogo. Isso é verdade, como Bass e Lloyd observam, que igrejas conversadora estão enfrentando declínios também. Secularização é maior que a carteirinha do Protestantismo liberal. A cultura da realização pessoal que ele mencionou engloba os conservadores também, e evangélicos tem se sobressaído no marketing deste instinto cultural. Isto assinala o fato que é fácil secularizar igrejas as identificando com a cultura popular como as ligá-las com as tendências da alta cultura. Liberais foram pioneiros em usar a estratégia de marketing como uma “experiência de fé” aguada com uma aceitação cultural, transformando os radicais do pecado e da graça em novas categorias terapêuticas de bem-estar social e pessoal. Na medida em que os evangélicos seguem esta direção, embora com diferentes agendas culturais, isto também encontrará suas operações de relevância irrelevantes para aqueles que podem encontram entretenimento, política, e conselho para seus projetos de vida particulares em qualquer outro lugar. 

Mas o que exatamente significa estar “no jogo”? Aparentemente, isto continua a moldar a esquerda das guerras culturais. Não é a teologia que importa, mas a vitalidade espiritual. Como o Professor Bass, Mry Lloyd acredita que o núcleo da fé genuína é a moralidade: amar a Deus e seu vizinho. Isto não é apenas a lei que Cristãos sempre viram como essencial, mas o evangelho. E agora preocupa que isto é tudo o que resta depois de negações sucessivas da fé cristã histórica. Bass e Lloyd citam o legado social e político dos liberais, desde os movimentos dos direitos civis da década de 60 até os movimentos de direitos dos gays hoje em dia. “O assunto real não é quais igrejas são liberais ou quais são conservadoras, mas quais são espiritualmente vivas ou não”. Estando “no jogo” para os liberais sempre significou influência cultural significativa. Neste contexto, ironicamente, o liberalismo tem investido mais na “Cristandade” do que no Cristianismo.

Muito antes da controvérsia mordenista-fundamentalista, o Protestantismo Americano buscou ser a alma de uma América Cristã. De muitas  maneiras, o protestantismo liberal e conservador hoje representam dois descendentes gêmeos da religião civil da América — embora de diferentes alas políticas. Liberalismo não faz o evangelho, mas nossa resposta não deve ser autoconfiança presunçosa. Como eu argumentei em meu livro Cristianismo sem Cristo, muitas das mesmas tendências que corromperam o Protestantismo estão bem vivas no evangelicalismo moderno. 

Com o devido respeito a Dean Lloyd, estar “no jogo” de uma perspectiva cristã tem a ver com a pregação fiel da Palavra, administração dos sacramentos, e cuidado temporal e espiritual dos santos. Para começar, tem de haver um evangelho que responda a profunda crise entre Deus e a humanidade que refle em si mesmo a crise entre os seres humanos. Apenas o Deus encarnado pode nos salvar, por sua vida, morte e ressurreição. Jogue isto fora e não há razão para a igreja existir.Entregar esta mensagem—para os crentes ao longo da vida e bem como para aqueles que estão “longe” é a missão da igreja, conforme estende a mão, atrai, e cresce em círculos cada vez maiores. Com este evangelho, até uma pequena igreja  numa floresta selvagem está no meio do campo de ação de Deus. Sem isto, nós não estamos no jogo, mas sim jogando em outro time.

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Tradução: Equipe Bereianos

O Estupro dos Cânticos de Salomão - 3/4


Por John MacArthur

[Nota do Editor: O leitores devem ser advertidos que este artigo contém material ofensivo. No entanto, ele está incluído aqui com o objetivo de fundamentar a tese deste artigo.]

Eu enfaticamente concordo com aqueles que dizem que os Cânticos de Salomão não são mera alegoria. Ele é melhor entendido quando o tomamos como de fato se propõe a ser, como qualquer outro texto da Escritura. Muitos intérpretes a quem, em outro caso, mantenho em alta estima (incluindo Spurgeon e a maioria dos Puritanos), infelizmente fizeram mais para confundir do que para esclarecer a mensagem dos Cânticos ao tratá-la de uma maneira puramente alegórica que acaba por eliminar seu sentido primário.

Os Cânticos de Salomão são, como tenho dito desde o princípio, um poema de amor entre Salomão e sua noiva, celebrando o amor mútuo de um pelo outro, incluindo os prazeres do leito conjugal. Interpretar esta — ou qualquer outra porção da Escritura— de uma maneira puramente alegórica é tratar a própria imaginação do intérprete como mais autoritativa do que o sentido literal do texto.

De qualquer modo, aqueles que fingem saber o significado dos símbolos poéticos que não estão claramente identificados a partir do próprio texto cometem o mesmíssimo erro. Suas especulações são igualmente um modo de exaltar suas próprias imaginações a um nível de autoridade superior ao sentido literal do texto.

É um problema particular quando o interprete vê um mandato para sexo oral numa simples metáfora acerca do fruto de uma árvore, ou imagina que a melhor maneira de contextualizar e ilustrar porções do texto é despindo verbalmente sua própria esposa a fim de fazer o ponto tornar-se o mais vívido possível.

Num caso como este, o orador não apenas tem dado peso demasiado a sua própria imaginação especulativa; ele tem dado um sinal bastante claro de que sua imaginação não é totalmente pura (Lucas 6:45).

E este é um problema muito mais sério do que meramente alegorizar o texto.

De maneira alguma desejo minimizar os perigos de se alegorizar o texto. Essa aproximação hermenêutica é cheia de prejuízos, mesmo nas mãos de homens de mente pura, que geralmente são saudáveis em sua doutrina. Eu não aprovo os vôos da fantasia alegórica, especialmente com um texto como os Cânticos de Salomão, o qual impõe bastante dificuldade com as, obviamente embutidas, metáforas e linguagem poética que possui.

Alegorizadores dos Cânticos de Salomão geralmente o vêem como uma expressão de terno amor mútuo entre Cristo e Sua igreja. A maioria deles diria que Cristo é representado pela voz de Salomão; a igreja é representada pela voz de Sulamita. Alguns intérpretes vão ainda mais longe e dizem ouvir três ou mais vozes falando do texto. (Invariavelmente, aqueles que multiplicam as vozes tentam fazer com que os versículos se encaixem em algum libreto complexo que se levanta mais de suas próprias agendas pessoais do que do texto em si).

Ainda assim, independentemente de quantas vozes sejam ouvidas e quem esteja supostamente falando, quase todos os que alegorizam este poema vêem-no como um cântico de amor entre Cristo e a igreja. É provavelmente adequado dizer que esta visão alegórica sobre Cristo e a igreja tem sido a interpretação dominante do poema através da história da igreja.

Isto, é claro, não é o certo a ser feito. Acontece que penso não ser esta a abordagem correta para interpretar este texto. Mas esta não é uma visão que deva ser rejeitada com desprezo vulgar — especialmente com uma piada grosseira atribuindo comportamento homossexual a Cristo.

Se você já ouviu qualquer dos estudos de Mark Driscoll sobre os Cânticos de Salomão, certamente terá ouvido sua piada naquele sentido. Por exemplo, no sermão que me impulsionou a escrever estes artigos, Driscoll diz, “Alguns têm alegorizado este livro, e assim fazendo, eles o têm destruído. Eles dirão que ele é uma alegoria entre Jesus e sua noiva, a igreja. O que, se for verdade, é estranho. Porque Jesus está fazendo sexo comigo e pondo sua mão sobre minha camisa. E isto parece estranho. Eu amo Jesus, mas não desse jeito.”

Drsicoll disse quase exatamente a mesma coisa nos últimos três outros sermões. Por exemplo: “Jesus continua fazendo comigo e me tocando em locais impróprios”. “Agora eu sou gay, ou altamente perturbado, ou ambos”. “Como um cara, eu não me sinto confortável com Jesus, como você sabe, me beijando, me tocando e me levando para a cama. Ok? Acho que essa espécie de visão acerca dos Cânticos de Salomão é muito homo-erótica.”

Mesmo em sua série mais recente, Peasant Princess, ele repete uma versão daquela mesmíssima piada:

Agora, o que acontece é que alguns dizem “Bem, nós cremos no livro [dos Cânticos de Salomão], e o ensinaremos, mas o faremos alegoricamente.” E há então uma interpretação alegórica e uma literal. Eles dirão, “Bem, a interpretação alegórica não é entre um marido e sua esposa, Cânticos de Salomão, amor, romance e intimidade; do que ela trata? Sobre nós e Jesus.” Realmente? Eu espero que não. [Risos da platéia] Se eu chegar no céu e ele desabar, não sei o que farei. Quero dizer que este será um mau dia. Certo? Eu falo sério. Vocês caras, sabem do que eu estou falando. É como, “Não, eu não estou fazendo isto. Você sabe que eu não estou fazendo isto. Eu O amo [Jesus], mas não deste jeito.” [Risos da platéia].

Driscoll escapa da crítica a respeito deste tipo de piada alegando que não é blasfêmia pelo fato de não ter nada a ver com o “verdadeiro” Jesus. Ele diz que está simplesmente tirando sarro de uma falsa noção sobre Jesus. E ele continua fazendo a piada. Aqui está o problema com isto: a Escritura claramente ensina que o amor entre marido e mulher em todos os seus aspectos é uma metáfora de Cristo e a igreja (Efésios 5:31-32).

Assim, mesmo uma interpretação não alegórica dos Cânticos de Salomão (simplesmente tomando a canção de amor entre Salomão e Sulamita no sentido em que ela se propõe a ser), em última análise aponta-nos a Cristo e seu amor pela igreja. O texto deve ser manuseado pelo pregador, portanto, não como um pretexto para se banhar na sarjeta de nossa cultura obsessiva por descontração, com uma conversação grosseira acerca de sexo e descrição de imagens sexuais.

Alguns dos que tem comentado esses artigos sugeriram que eu deveria fazer uma exposição completa dos Cânticos de Salomão ao invés de simplesmente criticar os maus intérpretes e condenar a fixação da igreja contemporânea por sexo.

Isto exigiria uma série longa, e eu preferiria não devotar semanas de tempo neste blog a um tópico que levantei apenas com o objetivo de uma simples admoestação particular. Mas aqueles que desejam conhecer minha exposição dos Cânticos de Salomão ficarão felizes em encontrar notas completas sobre o texto na Bíblia de Estudo MacArthur.

Aquelas notas devem ser uma resposta suficiente àqueles que pretendem saber se o que estou falando é que seria melhor não comentar os Cânticos de Salomão de maneira alguma.

É claro que não é o que estou dizendo, nem pode alguém asseverar que tenho afirmado implicitamente qualquer coisa do tipo — sem torcer minhas palavras ou colocar suas palavras em minha boca. (Isto aconteceu literalmente numa série de comentários em outro blog onde este artigo estava em discussão. Um comentarista precipitadamente me acusou de oposição a exposição linha-por-linha dos Cânticos. Em metade dos comentários, as pessoas estavam pondo esta alegação entre aspas, atribuindo-a a mim.)

O que estou dizendo é que os limites da decência — especialmente quando se lida com temas como sexo — devem ser aplicados a qualquer texto com o qual estejamos lidando. Interpretar a bela poesia de modo a transformá-la num indecente pornô soft é corromper a intenção primordial do texto.

Isto está longe de ser tão difícil de entender como alguns estão imaginando, mas talvez um simples paralelo seja suficiente: Existem outras funções privadas do corpo e partes do corpo “menos honrosas” ou “indecorosas” (1 Coríntios 12:23). Encontramos estas mencionadas ou aludidas às vezes nas Escrituras sem, contudo, serem demasiadamente especificadas. Todos nós seríamos certamente ofendidos se o pregador fizesse um longo discurso descritivo, ou desse instruções do tipo “como-é”, no culto de Domingo, sublinhando aquelas coisas “indecorosas”.

Por razões mais fortes que a simples modéstia, certos atos envolvendo fornicação, auto-erotismo e outras coisas que as pessoas geralmente “fazem em segredo”, são vergonhosas para serem discutidas em qualquer contexto público (Efésios 5:12), muito menos num culto da igreja. Elas podem ser temas adequados para uma sessão de aconselhamento privado, para um consultório médico ou para uma aula de biologia da faculdade, mas não são temas apropriados para um culto onde Deus deve ser glorificado, onde Cristo deve ser exaltado, onde respeito deve ser mostrado para com as mulheres, onde a inocência das crianças deve ser resguardada e onde as curiosidades luxuriosas de pessoas solteiras não devem ser inflamadas desnecessariamente.

Quando um orador deliberadamente desperta desejos que não podem ser realizados com retidão em universitários solteiros, ou quando suas ilustrações pessoais deixam de preservar a privacidade e honra de sua própria esposa, isto já é algo bem pior do que meramente inapropriado. Quando feito repetidamente e com o comportamento de um bad boy imaturo, tal prática reflete um defeito de caráter maior, que é a desqualificação espiritual. Qualquer homem que faz tais coisas demonstra simplesmente que a marca registrada de seu estilo não está realmente acima de qualquer reprovação.

Tão recentemente como há uma década, este ponto de vista não teria levantado um pio de controvérsia.

O fato de que isto é tão controverso agora é simplesmente uma prova a mais de que os evangélicos têm se tornado parecidos demais com o mundo, e muito confortáveis com as características maléficas de nossa cultura.

Amanhã, se o Senhor quiser, postarei o capítulo final desta série. Várias perguntas têm chegado repetidamente de pessoas que têm comentado sobre estes artigos, e no capítulo final de amanhã quero responder o maior número delas possível.

Continua...
***
Fonte: Grace to you
Tradução: Nelson Ávila

Chegou a hora de cruzar o seu Jordão

Referência: Josué 1.1-9
INTRODUÇÃO
1. O raiar de um novo ano abre diante de nós novos desafios. Atravessamos o deserto, enfrentamos lutas, tentações, batalhas, perigos. Nesse ano que se passou tivemos dias de festa e dias de luto; dias de celebração e dias de choro; dias em que a nossa cabeça estava untada pelo óleo da alegria e dias em que estávamos cobertos pelas cinzas da tristeza.
2. Como o povo de Israel agora chegou a hora de cruzar o nosso Jordão. Há uma terra a ser conquistada. Há inimigos a serem vencidos. O povo de Israel ansiava por esse momento desde a promessa feita a Abraão. Mais de 500 anos haviam se passado. Mas, agora, chegara o momento. O tempo da oportunidade batia à porta. O tempo oportuno de Deus havia chegado. Era hora de tomar posse da herança.
3. Há muitos sonhos que você tem nutrido há anos: no seu casamento, na sua família, no seu trabalho, nos seus estudos, na sua vida financeira, na sua vida espiritual. Agora, chegou a hora de você também cruzar o seu Jordão, entrar na sua terra prometida.
4. O que você precisa fazer para cruzar o seu Jordão?
I. É PRECISO TIRAR OS OLHOS DA CRISE E SABER QUE DEUS ESTÁ NO CONTROLE – V. 1-2
1. Moisés está morto, uma crise real está instalada – v. 1-2
Moisés o grande líder, o grande libertador, o grande legislador, o grande intercessor está morto. A crise chega repentinamente. Ela vem a todos. Vivemos um crise internacional. O terrorismo ainda é uma ameaça. A paz mundial parece cada vez mais distante. A violência campeia bem ao nosso lado. A miséria convive com a fartura. O desemprego assusta os pais de família. O tráfico de drogas parece resistir a todo expediente da lei e da justiça. O desmoronamento dos valores morais e a desintegração das famílias são verdadeiros terremotos. Os fenômenos da natureza parecem anunciar que estamos mais perto do fim do que jamais imaginamos.
2. Moisés está morto, mas Deus continua no trono – v. 1-2
A obra continua. Precisamos assumir o nosso papel histórico. Às vezes, damos desculpas, dizendo para Deus que não estamos preparados para cruzar o nosso Jordão e tomar posse da terra prometida. Mas com a nossa idade, alguns homens já tinham influenciado o mundo: 1) Alexandre, o Grande já havia conquistado o mundo aos 23 anos de idade; 2) Mozart já havia sido consagrado como o grande gênio da música mundial; 3) Cristóvão Colombo já tinha seus planos feitos para entrar na Índia aos 28 anos; 4) Lutero iniciou a Reforma com 38 anos e Calvino com 21 anos; 5) Joana D’arc fez todos os seus trabalhos e terminou sua missão na fogueira aos 19 anos; 6) Billy Graham aos 40 anos já tinha pregado ao mundo inteiro.
3. Moisés está morto, mas o povo precisa cruzar o Jordão e conquistar a terra prometida – v. 2
Nossa confiança está no Senhor. Nossa vitória não vem dos homens, mas de Deus. Os homens passam, mas Deus continua no trono. Cada geração precisa se levantar e cruzar o seu Jordão, manter o ideal aceso.
João Wesley disse: “Senhor, dá-me 100 homens que não temam outra coisa senão o pecado, não amem ninguém mais do que a Deus, e eu abalarei o mundo”. Ashbell Green Simonton ao morrer aos 34 anos disse para sua irmã: “Deus levantará os seus próprios instrumentos para continuar a sua obra.”
II. PRECISAMOS SAIR DO DESERTO E CRAVAR OS OLHOS NOS NOVOS DESAFIOS – V. 1-2
1. O deserto estéril não é o nosso paradeiro
Não fomos chamados para fazer do deserto o nosso cemitério, mas para conquistar a terra que Deus nos prometeu. Aqueles que duvidaram da promessa foram enterrados no deserto. A incredulidade nos planta no deserto, mas a fé nos leva a cruzar o Jordão.
2. O Jordão precisa ser atrevessado
Aquilo que é impossível para você, é possível para Deus. O Senhor pode realizar o seu sonho neste ano. Você pode cruzar o seu Jordão. Você pode tomar posse da sua terra prometida. Este pode ser o ano da sua vitória: vitória na vida familiar, vitória na vida financeira, vitória na vida espiritual. Aquilo que parecia impossível para você, pode se abrir diante do seus olhos, como o Jordão se abriu para o povo que creu.
Quando abraçamos o projeto de Deus nossos sonhos deixam de ser medíocres. Precisamos ter grandes sonhos, grandes alvos, grandes anseios. João Wesley pregou mais de uma vez por dia durante 54 anos. Viajou a cavalo 200.000 Km. Publicou um comentário de 4 volumes sobre a Bíblia, 1 dicionário de inglês, 5 volumes sobre Filosofia, 4 volumes sobre História da Igreja. Escreveu 3 volumes sobre Medicina e 6 volumes sobre Música Clássica. Seu Jornal ao fim da sua vida, totalizou 50 volumes. No final da sua vida a Igreja Metodista era a terceira maior força evangélica do mundo e a maior igreja evangélica dos Estados Unidos no século XIX.
3. As cidades fortificadas precisam ser conquistadas
Deus não nos chamou para contar os inimigos, mas para vencê-los. Há inimigos que nos espreitam. Há batalhas que precisam ser travadas. Mas a vitória vem do Senhor. Ele vai à nossa frente. Ele quebra o arco e despedaça a lança. Nenhuma arma forjada contra você vai prosperar. Deus é o seu escudo. Possua a sua terra. Desaloje o inimigo. Entre nessa peleja sabendo que o Senhor é quem o conduz em triunfo.
4. O tempo de agir é agora
A vida não é um ensaio. Muitos vivem como se a vida fosse um ensaio. Muitos entram em cena e fazem as coisas sem excelência, pensando que poderão repetir aquele ato. Ledo engano. A vida não se repete. A vida não espera. O que você precisa fazer, deve fazer agora, porque é mais tarde do que você imagina.
III. PRECISAMOS SABER QUE A VITÓRIA VEM DE DEUS, MAS SOMOS NÓS QUE TEMOS QUE CRUZAR O JORDÃO – V. 2
1. Precisamos desromantizar a vida, pois entre a promessa e a terra prometida há um Jordão
Entre nós e os nossos sonhos há sempre um Jordão. Sempre haverá um Jordão a atravessar para tomarmos posse da terra prometida. Não há vitória sem luta. Deus nos promete força e consolo e não ausência de lágrimas.
Há obstáculos em nossa vida que poderíamos chamar do nosso Jordão pessoal: uma pessoa, uma doença, um relacionamento quebrado, um problema financeiro, um pecado, um sonho não realizado.
Deus mostrou o Jordão e lhe deu ordem para atravessá-lo, mas não lhe disse como. Deus não lhe mostrou uma ponte. A ponte para atravessar o Jordão é a fé. Devemos cruzar o nosso Jordão mesmo quando somos fracos, doentes, sozinhos.
Charles Spurgeon – Ele sempre exerceu suas múltiplas atividades quando estava doente. Sofria de gota e atravessava crises terríveis de depressão. Houve época em que sua saúde se achava tão abalada que teve de passar a maior parte do tempo no sul da França para se recuperar. Sua esposa, que ficou inválida após o nascimento dos filhos gêmeos, também superou suas limitações . Embora paralítica, ela dirigiu da cama, um trabalho pioneiro de distruibuição de livros do seu marido. Com 20 anos Spurgeon atraía pessoas de longe para ouvi-lo. Então decidiu construir um templo para 5.500 pessoas. Chamou sua liderança e disse que, se alguém duvidasse de que Deus poderia realizar aquele plano, que saísse. 23 líderes de Spurgeon o deixaram e só ficaram 7. Veja o Jordão de Spurgeon. Ele levou o seu sonho adiante com aqueles 7 líderes. Construiu o templo e durante 30 anos, lotou manhã e noite o Tabernáculo Metropolitano de Londres.
Irmãos, há sempre um Jordão a ser atravessado. Mas o que é o Jordão para aquele que lançou os fundamentos da terra? Que é o Jordão para o Senhor que a mede as águas do oceano na concha da sua mão?
2. Precisamos saber que a vitória vem de Deus e não da nossa força – v. 2
Saber que a vitória vem de Deus nos torna destemidos.
Saber que a vitória vem de Deus nos ajuda a enfrentar os gigantes com ousadia. Podemos dizer aos Golias: “Tu vens contra mim com espada com e com escudo, mas eu vou contra ti em nome do Senhor dos exércitos”.
Saber que a vitória vem de Deus nos impede de cair na fogueira das vaidades. Isso nos mantém humildes.
IV. PRECISAMOS DISCERNIR A VISÃO DE DEUS PARA A NOSSA VIDA – V. 2-4
1. Josué recebeu visão clara sobre o que fazer, onde ir e a quem levar – v. 2-4
O chamado de Deus para Josué foi claro. Deus não o estava chamando para outra coisa, senão para cruzar o Jordão e conduzir o povo à terra prometida. Aquela era a meta de Deus para a sua vida. Josué tinha absoluta certeza acerca daquilo que Deus queria da sua vida.
Deus respondeu três perguntas de Josué:
a) A quem? Todo o povo.
b) Aonde? À terra que eu dou aos filhos de Israel, Canaã.
c) Quando? Agora.
Deus mostra os limites da ação de Josué (v. 2-3): “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu prometi a Moisés. Desde o deserto e o Líbano até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus e até ao mar Grande para o poente do sol será o vosso termo” – Josué não deveria digirir-se à Mesopotâmia, Índia, China nem para a Europa. É importante discernir onde devemos colocar o nosso pé. O mesmo Deus que disse que todo lugar que pisar a planta do vosso pé, delimita a geografia da bênção.
2. Qual é o grande propósito de Deus para a sua vida?
O que Deus chamou você para fazer? O que ele colocou em suas mãos para realizar? Qual é a visão de Deus para você? Você está no centro da vontade de Deus? Tem fugido como Jonas? Quem caminha com base na visão, caminha com objetividade. Paulo disse: Uma coisa eu faço. Quem caminha com base na visão caminha com propósito.
Qual é a paixão da sua vida? O que inflama o seu coração?? A visão de Deus para sua vida está relacionado com aquilo que lhe pesa no coração. Deixe de reclamar. Deixe de murmurar. Há um chamado de Deus para você. Há uma obra a ser feita. Qual é a visão de Deus para sua vida?
a) Minha paixão é pregar! Há alguns anos eu tiro parte das férias para pregar. Eu preguei em média uma vez por dia este ano. Preguei pouco.
b) No peito de Hudson Taylor ardia a evangelização da China.
c) John Knox sonhava com a Escócia sendo ganha para Jesus.
d) William Wilberforce sonhava com o término da escravidão na Inglaterra.
e) Spurgeon dizia para os seus alunos: “Meus filhos, se o mundo os chamar para serem reis, não se rebaixem deixando a posição de embaixadores do céu”.
Deus diz para Josué: “Não to mandei eu? Por que estamos ainda acomodados? Por que ainda não colocamos a mão no arado? Por que ainda não cruzamos o nosso Jordão? Por que ainda não tomamos posse da Terra Prometida?
V. É PRECISO VIVER COM O PEITO ENCHARCADO DE ÂNIMO E CORAGEM – V. 6,7,9
1. Deus é contra o desânimo – v. 6,7,9
Deus falou três vezes para Josué ser forte, ter coragem e ânimo. O desânimo é contagioso. Foi por causa dele que toda uma geração de 2 milhões de pessoas morreram no deserto. Sem ânimo ninguém se levanta na crise. Sem ânimo ninguém cruza o Jordão. Sem ânimo ninguém enfrenta o inimigo. Sem ânimo ninguém toma posse da terra prometida. Sem ânimo não se restaura casamento. Sem ânimo não se evangeliza nem se experimenta o avivamento da igreja.
Sem coragem, podemos ter visão que não sairemos do lugar. Quem crê corre riscos. Quem confia sai à batalha em nome do Senhor. Quem crê no Senhor vence os Golias da vida. Josué ganhou tremendas batalhas. Ele não temeu. Ele confiou que do Senhor vem a vitória.
Exemplo: Davi em Ziclague: “… mas Davi reanimou no Senhor seu Deus”.
2. O desânimo nos impede de cruzar o nosso Jordão
a) Há pessoas que são desanimadas por uma causa física – A mulher hemorrágica estava anêmica há 12 anos. Quando Jesus a curou, disse para ela: “Tem bom ânimo” . Por que? Porque ela já tinha cacuete de desanimada. Adquiriu o hábito de desânimo. Agora ela tinha que adotar outro estilo de vida. Tem gente que vive reclamando.
b) Há pessoas que precisam ser curadas do desânimo antes da cura física – O paralítico de Cafarnaum. Além de deficiente, era desanimado. Chegam os 4 amigos e dizem: “Olha, nós vamos te levar até Jesus.” – Ah! Eu quero ficar na cama. – “Você vai então com cama e tudo”. Chegam na casa e a multidão socada na porta e o homem diz: – Eu não falei, tem muita gente. Me leva para casa. Mas eles insistem. Abrem um buraco no telhado. Os amigos têm ânimo, mas ele está desanimado. Quando chega, Jesus antes de curá-lo, diz: “Homem tem bom ânimo”. O que adianta Jesus curar o homem se ele iria continuar desanimado? Ele nem iria fazer festa.
3. O ânimo precisa ser cultivado no coração
O texto nos mostra que o ânimo é gerado no coração de 3 formas:
a) O que produz o ânimo é a promessa de Deus – v. 6 “Sê forte e corajoso, porque tu farás este povo herdar a terra que, sob juramento prometi dar a seus pais”.
b) O que gera o ânimo é agir de acordo com a vontade de Deus – v. 7 “…”. O ânimo é resultado da obediência.
c) O que mantém o ânimo é a consciência da presença de Deus – v. 9: “Porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares.” Deus oferece a Josué uma base histórica para a sua confiança: “Assim como fui com Moisés, assim serei contigo” (v. 5). Deus também oferece a ele sua presença contínua e manifesta: “Eu serei contigo, eu não te desampararei”.
VI. PRECISAMOS NOS CONDUZIR SEGUNDO A PALAVRA DE DEUS – V. 7-8
1. Para cruzar o Jorão não basta apenas coragem, é preciso ter também santidade
A geração atual tem sido chamada a geração coca-cola, a geração shopping center, a geração virtual, mas também tem sido chamada a geração analfabeta da Bíblia.
Se queremos cruzar o Jordão precisamos ter uma vida conduzida pela Palavra de Deus. Josué nos dá três princípios e um resultado:
a) Meditar (v. 8) – Quando? Dia e noite.
b) Fazer (v. 7-8) – Como? Não se desviando nem para direita…
c) Falar (v. 8) – De que forma? Sem cessar.
d) Resultado (v. 8b) – Sucesso e prosperidade.
2. Sucesso e prosperidade sem santidade não sucesso nem prosperidade segundo Deus
Deus é quem chama, desafia, dá visão, dá poder e dá vitória. Ele promete um fim glorioso, mas também estabelece os meios. Precisamos agir segundo a Palavra. Precisamos conhecer, viver e proclamar a Palavra. Há poder na Palavra de Deus.
Ilustração: Na pequena cidade de Rochester, Inglaterra, o presbítero John Egglen observava da janela a nevasca. Ele precisava ir abrir a igreja porque o pastor certamente náo conseguiria chegar à igreja naquela noite. Havia poucas pessoas na igreja devido à nevasca. Ele não era pregador, mas abriu a Bíblia no profeta Isaías e pregou: “Olhai para Mim sede salvos, diz o Senhor”. Ali estava um rapaz de 13 anos e essas palavras atingiram o seu coração. O nome do adolescente era Charles Haddon Spurgeon. Quando a Palavra de Deus é anunciada, há virtude do alto!
CONCLUSÃO
1. Estamos no apagar das luzes de um novo ano. Nosso peito se enche de novas esperanças. Temos novos desafios na igreja, na família, no trabalho. Precisamos atravessar o nosso Jordão. Há uma terra a ser conquista e possuída.
2. Ao seu redor há crise. Mas, chama você e lhe faz promessas. É tempo de se levantar e obedecer. É tempo de experimentar os milagres de Deus, pois quando agimso em nome de Deus e para glória de Deus, o Jordão se abre, os inimigos fogem e nós possuímos a terra da Promessa.

Rev. Hernandes Dias Lopes

Jesus, o Deus que vestiu pele humana

O apóstolo João, mais do que os outros evangelistas, falou-nos acerca da divindade de Jesus Cristo. No prólogo de seu evangelho já deu o rumo de sua obra: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus" (Jo 1.1). Depois de falar que esse Verbo foi o agente criador e também o doador da vida, anunciou de forma magistral: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai" (Jo 1.14). Destacamos, portanto, aqui, quatro grandes verdades sobre o Verbo de Deus.

Em primeiro lugar, a eternidade do Verbo. "No princípio era o Verbo…" (Jo 1.1). Quando tudo teve o seu começo, o Verbo estava lá, não como alguém que passou a existir, mas como o agente de tudo o que veio à existência. O Verbo não foi causado, mas ele é causa de tudo o que existe. O Verbo não foi criado antes de todas as coisas, mas é o criador do universo no princípio (Jo 1.3). Se antes do princípio descortinava-se a eternidade e se o Verbo já existia antes do começo de tudo, o Verbo é eterno. A eternidade é um atributo exclusivo de Deus. Só Deus é eterno!

Em segundo lugar, a personalidade do Verbo. "… e o Verbo estava com Deus…" (Jo 1.1). No princípio o Verbo estava em total e perfeita comunhão com Deus. A expressão grega pros ton Theon traz a ideia que o Verbo estava face a face com Deus. Como Deus é uma pessoa e não uma energia, o Verbo é uma pessoa. O Verbo é Jesus, a segunda Pessoa da Trindade. Isso significa que antes da encarnação do Verbo, ele já existia e, isso, desde toda a eternidade e em plena comunhão com o Pai. Jesus não passou a existir depois que nasceu em Belém. Ele é o Pai da eternidade. Nas palavras do Concílio de Nicéia, ele é co-igual, co-eterno e consubstancial com o Pai.

Em terceiro lugar, a divindade do Verbo. "… e o Verbo era Deus" (Jo 1.1). O Verbo não é apenas eterno e pessoal, mas, também, divino. Ele é Deus. Ele é a causa não causada. A origem de todas as coisas. O criador do universo. Ele é o verbo, ou seja, o agente criador de tudo que existe, das coisas visíveis e invisíveis. O Deus único e verdadeiro constitui-se em três Pessoas distintas, porém, iguais; da mesma essência e substância. O Verbo não é uma criatura, mas o criador. Não é um ser inferior a Deus, mas o próprio Deus. Embora, distinto de Deus Pai, é da mesma essência e substância. Ele é divino!

Em quarto lugar, a encarnação do Verbo. "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (Jo 1.14). Aqui está o sublime mistério do Natal: O eterno entrou no tempo. O transcendente tornou-se imanente. Aquele que nem o céu dos céus pode contê-lo foi enfaixado em panos e deitado numa manjedoura. Deus se fez homem, o Senhor dos senhores se fez servo. Aquele que é santo, santo, santo se fez pecado por nós e o que é exaltado acima dos querubins, assumiu o nosso lugar, como nosso fiador. Ele se fez maldição por nós e, sorveu, sozinho, o cálice amargo da ira de Deus, morrendo morte de cruz, para nos dar a vida eterna. Jesus veio nos revelar de forma eloquente o amor de Deus. Não foi sua encarnação que predispôs Deus a nos amar, mas foi o amor de Deus que abriu o caminho da encarnação. A encarnação do Verbo não é a causa da graça de Deus, mas seu glorioso resultado. Jesus veio ao mundo não para mudar o coração de Deus, mas para revelar-nos seu infinito e eterno amor. Essa é a mensagem altissonante do Natal. Esse é o núcleo bendito do Evangelho.

Rev. Hernandes Dias Lopes

Justificados, pois, pela fé



a.  O que quer dizer justificação?
É uma palavra forense. Refere-se a uma pessoa acusada que é declarada justa e publicamente absolvida. Quando Deus justifica uma pessoa, declara a pessoa justa e olha para ela como se não tivesse pecado.

b.  Qual a fonte da justificação?
A causa, ou o motivo interior que a estimula ou a base da justificação é a livre graça de Deus: “Sendo justificados livremente por sua graça”. Ambrósio, expondo sobre a justificação, diz que ela não é “da graça produzida internamente por nós, mas da livre graça de Deus”.

A primeira engrenagem que põe todo o restante em funcionamento é o amor e o favor de Deus, assim como um rei livremente perdoa um delinquente. A justificação é uma misericórdia provinda das entranhas da livre graça. Deus não nos justifica porque temos valor, mas ao nos justificar nos faz de grande valor.

c.  Qual é o fundamento pelo qual o pecador é justificado?
O fundamento de nossa justificação é a satisfação que Cristo proporciona às exigências de Deus Pai. Pode-se perguntar: “Como se relacionam a justiça e a santidade de Deus quando ele nos declara inocentes visto que somos culpados?” A resposta é: “Quando Cristo satisfez nossas faltas, Deus pôde, em equidade e em justiça, declarar-nos justos”. É uma coisa justa um credor perdoar alguém que deve uma grande quantia quando ela é paga por um fiador.

d.  A satisfação obtida por Cristo tem mérito suficiente para justificar?
Sim, plenamente na natureza divina de Cristo. Como homem, Cristo sofreu, como Deus, satisfez. Pela morte e pelos méritos de Cristo, a justiça de Deus foi mais abundantemente satisfeita do que se tivéssemos sofrido as dores do inferno para sempre.

e. Qual é o método de nossa justificação?
Pela imputação da justiça de Cristo em nós: “Será este o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa” (Jr 23.6). “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça” (1 Co 1.30). Essa justiça de Cristo, que nos justifica, é melhor que a dos anjos, pois a justiça deles é das criaturas e essa é de Deus.

f. Qual é o meio ou instrumento de nossa justificação?
O instrumento é a fé. “Justificados… mediante a fé” (Rm 5.1). A dignidade não está na fé como uma graça, mas de modo relativo, na medida em que se apega aos méritos de Cristo.

g. Qual é a causa eficiente de nossa justificação?
Toda a Trindade, visto que todas as pessoas da bendita Trindade participam da justificação de um pecador: Deus, o Pai, justifica: “É Deus quem os justifica” (Rm 8.33). Deus, o Filho, justifica: “E, por meio dele, todo o que crê é justificado” (At 13.39).

Deus, o Santo Espírito, justifica: “Mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.11). Deus, o Pai, justifica ao nos declarar retos; Deus, o Filho, justifica ao impor sobre nós sua justiça; e Deus, o Espírito Santo, justifica ao esclarecer nossa justificação e nos selar até o dia da redenção.

h. Qual é o propósito de nossa justificação?

I. A glorificação eterna de Deus
A finalidade é que Deus receba louvores: “Para louvor da glória de sua graça”(Ef 1.6). Pela justificação, Deus levanta os eternos troféus de sua própria honra. Como o pecador justificado proclamará o amor de Deus e fará os céus a ressoarem com os louvores ao nome do Senhor!

II. A glorificação eterna do justificado.
O fim de nossa justificação é que a pessoa justificada receba a glória. “Aos que chamou, a esses também justificou”(Rm 8.30). Deus, quando justifica, não somente absolve a alma culpada, mas dignifica. Como José, que não foi somente solto da prisão, mas feito senhor do reino, a justificação é coroada com a glorificação.

POR THOMAS WATSON / Traduzido por André Lima | Reforma21

A maratona da vida



Hebreus 12.1 a 3

A carta de Hebreus tem como propósito mostrar a supremacia de Cristo sobre todas as coisas e motivar os cristãos a não desistir. Ela é dirigida a judeus que se converteram ao cristianismo e, por causa da fé em Cristo Jesus, enfrentavam uma severa perseguição (10.32-39). 

Perseguição que fez, muito provavelmente, alguns apostatarem da fé (6.4-8). Outros deixaram de congregar (10.24,25). Assim, o autor desta epístola, lembra seus leitores que a vida cristã é semelhante a uma maratona e nos dá alguns motivos para não desistir.

1. Lembre-se do testemunho dos heróis da fé
"Uma tão grande nuvens de testemunhas". Essa frase se refere ao Capitulo 11 onde nos são apresentados os heróis da fé que, a despeito de não terem visto as promessas se cumprirem, permaneceram fiéis.

Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. - Hb. 11.13. 

Apesar das lutas este heróis da fé continuaram firmes na caminhada:aa

Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois preparou-lhes uma cidade - Hb 11.16. 

Assim, o autor coloca o heróis da fé na arquibancada como exemplos a serem seguidos. Eles correram e venceram. E em seguida, nos convida a permanecer firmes na corrida que nos está proposta. 

Nossa vida é semelhante a uma maratona. Muitas vezes, enfrentamos lutas e dificuldades e somos tentados a desistir, como por exemplo: acontecimentos da vida, palavras ações e decepções com pessoas e muitas outras coisas. 

Mas o exemplo dos heróis do passado que atravessaram várias adversidades sem, contudo, negar a sua fé, permanecendo firmes deve nos motivar a continuar constantes. Não devemos esquecer que nós, os corredores de hoje, já vimos a promessa cumprida.

2. Livre-se daquilo que atrapalha sua caminhada com Deus
Agora o autor chama a nossa atenção para um aspecto importante no desempenho da corrida. Todo o atleta precisa abandonar o peso excessivo que pode ocorrer de duas maneiras distintas: 

a) Tudo o que nos atrapalha. Se referindo as coisas que não são pecados em si, mas que podem acarretar um peso extra. Uma amizade, um hábito, uma profissão que pode nos tirar o foco e nos levar para longe do nosso Senhor. 

Em outras palavras, o autor nos convida a observar em mossa vida a existência de algo que nos separa da presença de Deus. Convida-nos a abrir mão de tudo o que impede a jornada com Cristo. F. F. Bruce nos diz que “há muitas coisas que podem ser boas em si mesmas, mas que estorvam um competidor na carreira da fé; são pesos que devem ser deixados de lado” 

b) O pecado que nos envolve. Toda a vez que eu desobedeço a Deus e vivo em caminhos que o desagradam me impedindo de percorrer bem a jornada fé, isso é pecado. Se há algo que impede ou retarde a nossa caminhada com Cristo é o pecado e precisa ser deixado. 

3. Olhe firmemente para Jesus.
Note que Jesus está na reta de chegada. Somos convidados a olhar firmemente para Ele, que é o autor e consumador da nossa fé. Muitas coisas podem chamar a atenção do atleta; as pessoas que estão a nossa volta; o barulho que vem da arquibancada; os prazeres transitórios de vida. Olhar para Jesus é fundamental para não perdermos o foco. 

Como afirmou J. C. Ryle: “deixar de olhar para outros objetos e olhar um, apenas um, e observá-lo com um olhar firme, fixo e intenso”. 

Jesus não ficou na eternidade, mas Ele entrou na historia, passando pelos mesmos sentimentos que nós passamos. Jesus entende o nosso sofrer como ninguém e nos convida a ser perseverantes. Ele é a maior motivação para continuar correndo a carreira que nós está proposta. 

Imagine Jesus no final da reta de chegada dizendo: filho não desista eu estou aqui você vai conseguir, mesmo que pareça difícil agora, continue correndo, não perca o foco continue correndo, olhe para Mim.

Por isso, corramos com perseverança a corrida da fé, estimulados pelo testemunho dos heróis da fé, desembaraçando-nos de todo peso do pecado e olhando firmemente para Jesus.

Para pensar
Como os exemplos dos heróis do passado nos ajudam a vencer as adversidades da nossa vida hoje? O que precisa ser abandonado? Quais os pesos desnecessários você tem carregado ao longo de sua jornada? Você tem olhado para Jesus para vencer todos os obstáculos?