domingo, 17 de novembro de 2013

Eu era cego - Mario. Persona

Todos aqueles que já conhecem ao Senhor Jesus como Salvador se identificam com o cego de nascença de João 9, pelo fato de terem sido também libertados das trevas. Mas há nesta passagem alguns detalhes que revelam ter ela uma aplicação mais ampla e de grande significado para os dias em que vivemos.

Encontramos o cego curado pelo Senhor, mas o povo não consegue entender como aquilo havia acontecido. Certamente os sábios fariseus teriam uma explicação para aquilo. Mas não têm. Os líderes religiosos não conseguem entender como Alguém, que não fazia parte do clero, e que "não guarda o sábado" (Jo 9:16), podia ter feito tal coisa fora do sistema religioso que eles tanto prezavam. O que fora cego, a princípio, também não entende muita coisa, mas de uma coisa ele tem certeza: ele era cego, mas agora vê. Seus pais, por prezarem mais a religião exterior do que a verdadeira obra que Deus estava fazendo, não querem se indispor com os sacerdotes e fariseus. Afinal, é preferível ficar do lado do sistema religioso oficial, reconhecido por toda a sociedade, do que dar um testemunho comprometedor. Quem iria querer ser discípulo dAquele pobre filho de carpinteiro que diziam ser o Messias? Com todas as vantagens que o convívio social e religioso lhes oferecia, não poderiam nem pensar na possibilidade de serem expulsos da sinagoga.
E assim, ignorado por sua família e rejeitado pela religião de seus pais, o que era cego acaba sendo expulso pelos líderes religiosos. Dizem-lhe eles: "Tu és nascido todo em pecados, e nos ensinas a nós?" (Jo 9:34). Todavia o veneno nas palavras dos fariseus indica também o antídoto: somente aquele que tomou consciência de sua natureza pecaminosa, está apto a aprender de Deus. O apóstolo Paulo, que fora mestre em Israel, considerou como lixo toda a bagagem religiosa que trazia (Fp 3). Ele entendeu que, dentre os pecadores, ele era o principal (1 Tm 1:15).
O cego já está curado; pode enxergar perfeitamente a luz. Mas é só depois de deixar para trás todo o sistema religioso de sua época - depois de ser expulso até - que ele passa a conhecer melhor Aquele que o havia curado. "Jesus ouviu que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de Deus? Ele respondeu, e disse: Quem é Ele, Senhor, para que nEle creia? E Jesus lhe disse: Tu já O tens visto, e é Aquele que fala contigo. Ele disse: Creio, Senhor. E O adorou" (Jo 9:35-38). Uma adoração completa não teria sido possível enquanto ele fosse cego, figura do estado em que nos encontrávamos quando ainda incrédulos. Mas também, mesmo depois de ver, ele continuava em um sistema religioso de homens que, embora zelosos de Deus e portadores das Escrituras, não reconheciam plenamente os direitos e reivindicações de Cristo. Foi preciso que saísse, ou fosse expulso, para conhecer melhor o Filho de Deus. O Senhor Jesus estava fora, e é nesse lugar de rejeição que Ele vai encontrar o que fora cego. O Senhor sabia que o tinham expulsado, e sabia também que ele havia permanecido numa posição de corajosa fé diante dos líderes religiosos, não temendo as conseqüências. Prostrando-se aos pés de Jesus, ele O adora, numa atitude que (qualquer menino judeu sabia disso) era reservada exclusivamente a Deus (compare com Atos 10:25-26). Certamente ele acabara recebendo uma medida especial de revelação.
Quão precioso é estar na posição daquele que fora cego poder adorar ao Senhor fora de tudo o que é do homem e, mesmo diante da incompreensão e ataques recebidos, poder permanecer firme junto a Cristo, professando: Eu era cego e agora vejo!

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